FOI À FALTA DE OBJETIVOS E RESULTADOS DA GESTÃO, SOMADOS À VINGANÇA QUE DESTRUIRAM A MARQUETAGEM DO GOVERNO DE KLEBER E MARCELO

Se você é leitor ou leitora habitual deste espaço, você já leu esta observação abaixo, MUITAS outras vezes. Então, vou repeti-la ou refrescar à memória dos “esquecidos”, ou para os novos por aqui.

AVISO NECESSÁRIO E REPETIDO MAIS UMA VEZ: este blog não é e nunca foi impulsionado, não montou nenhum grupo de whatsapp – ou outros aplicativos de mensagens – para dar volume de acessos, não é e nunca foi monetizado pelos acessos que recebe, não é e nunca foi patrocinado por particulares, empresas, dinheiro público ou de políticos, também nunca “pediu ajuda de custos” a políticos e empresários para se manter. Acrescento: não monta premiações e também, não dá assessoria privada para políticos locais. Se você quer republicar os artigos, por favor, só na íntegra para não descontextualizar o comentário ou à crítica. E ao final de cada artigo, há botões facilitadores para replicar estes artigos via aplicativos de mensagens, e-mails e redes sociais. Estes botões fazem isso automaticamente para você. Há também espaço para a sua opinião.

Alterado o texto e corrigida às 16h03min, a informação que um dos áudios é de autoria do secretário de Obras e Serviços Urbanos de Gaspar, Roni Jean Muller, MDB. Ambos são do mesmo autor: Alfredo Soares, MDB, diretor de Serviços Gerais da secretaria de Obras e Serviços Urbanos, cujo titular nada contestou sobre o referido pronunciamento. Sobre o título do artigo desta sexta-feira, quando estamos escapando de mais uma enchente em tão poucas horas de outra que nos ameaçou… 

Há tantos exemplos sobre à falta de objetivos e descontroles da gestão do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, ou PP, talvez. O blog está repleto deles. E há anos. Desde que Kleber assumiu com o agente de trânsito e ex-vereador Luiz Carlos Spengler Filho, PP, agora encostado na Chefia de Gabinete depois de se complicar na secretaria de Obras e Serviços Urbanos. Foi em 2017. Já se vão quase sete anos. Mas, neste artigo, vou pinçar poucas das muitas incoerências – e intimidações, uma rotina – decorrentes destas enchentes que ameaçaram Gaspar e que assolaram o Vale do Itajaí como um todo nos últimos dias. 

É claro que não vou repetir o que já detalhei nos artigos ESPERANDO À ENCHENTE ALTA, PORQUE ESPERAMOS PELOS POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS. ELES NÃO FIZERAM A PARTE DELES. VERDADEIRAMENTE? NEM NÓS, ou A NOSSA INDEFESA CIVIL, O CABIDE DE EMPREGOS A POLÍTICOS E CURIOSOS. SÓ CONFUSÕES E IRRESPONSABILIDADES. NÃO BASTA A FÚRIA DA NATUREZA. É PRECISO PIORÁ-LA COM A INSENSATEZ HUMANA . Eles podem ser revisitados clicando sobre os títulos que os coloquei em caixa alta.

Retomando.

Na propaganda oficial do governo de Gaspar e da Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) na Câmara, a nossa Defesa Civil é referência no estado. Devido a esta avaliação caseira e para encurtar, deixo de comentá-la. Cubro com exemplos. E os leitores e leitoras façam o melhor juízo que lhes convém. Para se contrapor à enxurrada de queixas que quase afogaram Kleber, Marcelo e os vereadores da Bancada do Amém nas redes sociais e principalmente aplicativos de mensagens, mostraram um único áudio de agradecimento. Era de quem estava se afogando no Sertão Verde. E exatamente por não ter a prefeitura via a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, a secretaria de Planejamento, e a Defesa Civil, atuado preventivamente – e por anos e este governo está há sete anos no poder – criando comportas para barrar as águas do Rio Itajaí Açu à localidade. 

E onde elas já existem – por ação comunitária ou governamental – como nos bairros da Margem Esquerda e do Bela Vista?

Ninguém sabia se elas funcionariam. Faltou manutenção. Faltou prevenção. Faltou ação. Se NÃO fossem os próprios moradores e os abnegados voluntários comunitários de sempre, todos teriam ficado debaixo d’água. Até óleo diesel para tocar a engenhoca do Bela Vista o povo de lá teve que meter a mão no bolso para os motores funcionarem.

O prefeito e o vice – de sapatênis – só apareceram muito mais tarde para as fotos, para fazer papagaiada marqueteira nas redes sociais e salvar os seus interesses políticos. Usou-se da desgraça e se promoveu pela ação voluntária dos moradores de lá. Tudo olhando à eleição do ano que vem, que por enquanto, corre contra Kleber, Marcelo e os que se intoxicam com a sina errática deles contra a cidade, cidadãos e cidadãs. E bastou a enchente voltar em poucas horas desta cena patética, que o esforço voluntário sob improvisos, praticamente deixou os moradores do Bela Vista à mercê das cheias. Triste.

Voltando, mais uma vez.

Eu exagero? Olha só o depoimento do morador do Bela Vista, o vereador Alexsandro Burnier, PL, que sem fazer politicalha barata, a que permeia o governo de Kleber e Marcelo, não escondeu à importância da ação feita pelo também morador de lá, o vereador Giovano Borges, PSD, seu adversário político, o que exclui propositalmente dos protocolos oficiais quando o governo anuncia algum benefício para o bairro.

Ontem, horas depois do esforço voluntário ter sido bem-sucedido, exatamente por falta de prevenção, o Bela Vista viu a sua desprezada comporta falhar. Só ao final do dia, e assim sim, tardiamente, com ajuda do Samae, a improvisada bomba recomeçou à tarefa de bombear a água que não deveria ter ficado do lado de dentro da comunidade que não escoa porque a comporta tem a função de evitar a enchente do Rio Itajaí Açú.

Pelo jeito o bairro Bela Vista já não conta mais com outro morador ilustre, o vereador licenciado e secretário de Agricultura e Aquicultura, Cleverson Ferreira dos Santos, PP.

Continuando. Vamos ao outro exemplo.

E o que aconteceu com o sistema criado para impedir que a água do Rio Itajaí Açu inundasse parte do bairro da Margem Esquerda?

A mesma coisa do que ocorreu no Bela Vista. Abnegados da família Simon e seus amigos, emergencialmente, não sabendo se a operação iria dar certo, diante de tanto abandono da prefeitura na simples manutenção do equipamento, tomaram à frente da ação em favor da comunidade. E quando este ato voluntário – só depois de bem-sucedido lá na Margem Esquerda se espalhou por Gaspar com gente criticando a inércia da prefeitura – e não pela imprensa que a prefeitura controla com migalhas, intimidação ou vingança – quem apareceu por lá? O ex-morador de lá da Margem Esquerda, o líder do governo na Câmara, Francisco Solano Anhaia, MDB. E foi para minimizar a ação dos particulares, seu ex-vizinhos. Impressionante!

Veja o vídeo e conclua como funciona a marquetagem do abafa na prefeitura de Gaspar para salvar a pele do prefeito, vice e dos que querem continuar vivos politicamente em meio ao caos que eles próprios instalaram contra eles mesmos no governo, onde não admitem oposição, questionamentos e cobranças, tão necessárias para a cidade, os cidadãos, cidadãs e até mesmo para os políticos no poder de plantão.

Pois bem. O que aconteceu? De sapatênis o prefeito e o vice-prefeito, acompanhado do secretário de Obras e Serviços Urbanos, morador do bairro, e investido para ser candidato a vereador, Roni Jean Muller, apareceram também por lá e largaram fotos nas redes sociais como se a prefeitura estaria à frente de tudo isso.

E ai de quem dissesse o contrário. Essa gente vive em permanente contradição e não suporta ser contrariada. E este senso de incapacidade resolutiva, esperteza – aquela que come o próprio dono. Soma-se isso tudo à vingança, e de gente que anda com bíblia debaixo do braço, e que no fundo, está matando o governo e seus aliados em Gaspar.

NO DIA A DIA A PRESSÃO É IGUAL.

Veja esse outro exemplo. É algo antigo, mas que se tornou muito comum por estes dias, à medida que se aproxima as eleições de outubro do ano que vem e aumenta os inconformados com o desempenho do governo a cidade e a desigualdade que favorece aos próximos dele. Este gesto diz muito bem, por outro lado, como será o tom de desespero da próxima campanha municipal. Assista o vídeo abaixo. Nele com alguma dose de humor, crítico, mas sem ofensas ao governo e pessoas. É um vídeo que escapou de um grupo de WhatsApp e rolou pela cidade. É de Wilson Wan-Zuit, conhecido como Periquito. Ele está observando uma obra, supostamente recém acabada, de revitalização da Rua Prefeito Leopoldo Schramm e que a prefeitura empreende no Gaspar Grande.

Agora, observe a reação que está normalizada e desproporcional do diretor geral Alfredo Soares da secretaria de Obras e Serviços Urbanos de Gaspar e cujo titular é Roni Jean Muller, MDB. Resta saber Alfredo se fez isso em nome do titular, de Kleber e Marcelo. Até agora, nenhum deles desmentiu, fez reparo ou se desculpou. Então pode-se dizer que é a linguagem usual de contestação e o que pensa o governo (este texto foi alterado e corrigido).

No mesmo tom de ironia, Periquito, respondeu (áudio abaixo). E parece que acertou. Essa gente quando aceita um cargo em confiança ou mesmo comissionado, automaticamente se torna um ente politicamente exposto. A crítica da população é parte do jogo jogado. Sair dela também. E neste caso, a secretaria deveria ter esclarecido de que a obra não estaria pronta, apesar da marquetagem da prefeitura sugerir exatamente o contrário. Ou seja, estão colhendo o que estão plantando. Roni, Alfredo, Kleber, Marcelo e o padrinho de Roni, Anhaia estão no mesmo bolo. Sobre a obra não se deu à transparência necessária. Não se esclareceu. O assessor de Roni – e não só ele – preferiu à má educação e à intimidação. Ela passou ser a marca do governo. Esta gente detesta crítica, transparência e mudanças. Algo muito ruim para quem quer ser candidato a vereador e estar a serviço de qualquer governo (este texto foi alterado).

E o poder de plantão em Gaspar insiste em não enxergar e se reinventar – administrativa e politicamente – enquanto há, pelo menos, um tempo mínimo para contornar o desastre que está anunciado.  Escute este áudio abaixo do mesmo funcionário comissionado da secretaria de Obras e Serviços Urbanos. Há ameaças explícitas. Ou seja, é um método. E continuado. E mais do que isso, fazer obras para ele, é um favor de Kleber, Marcelo e a secretaria estaria fazendo para a população e não uma obrigação do poder público, do gestor público e sua equipe que ganharam no voto para isso e prometendo resultado diferente do que estão entregando. Tudo invertido. Então não se trata de um fato isolado, mas reiterado. E assim há outros exemplos que rolam nos grupos de aplicativos de mensagens. É neles que o governo está perdendo a batalha naquilo que não pode o seu caro marketing consertar (texto alterado).

Quem não consegue cuidar sequer das tábuas de uma pinguela, a ponte pênsil – que já deveria ter sido substituída por uma estrutura fixa há anos – aqui no Centro, entre outras, não pode ser dinâmico nas exigências emergenciais e principalmente porque não possui ação executiva manutenção e de planos de contingências (texto alterado)

Aliás, meia dúzia da turma do MDB rumou esta semana para lá na Rua Prefeito Leopoldo Schramm. Lá anunciou que recebeu verba estadual para fazer mais cem metros dela. A ausência sentida, na foto oficial comemorativa, foi do então vestido de candidato a prefeito e morador do bairro, Francisco Hostins Júnior, MDB, que providencialmente está descolando desta turma. Poderá ter sido tarde. 

E voltando para encerrar. 

Sinceramente, esta é mesmo uma das Defesas Civis referência do estado? Meu Deus! Se nem simples manutenção ela – em associação com a secretaria de Obras e Serviços Urbanos – foi capaz de fazer em equipamentos essenciais proteger as comunidades nas suas comportas de contenção das cheias? Mais do que isso. Nem plano de contingências para abrigos tinha. Andou procurando, que nem baratas tontas, na última hora, e também, sob espertezas para não ter custos apesar do dinheiro que a Defesa Civil precisa no Orçamento para este tipo de evento, sociedades e áreas comunitárias de entidades religiosas católicas, como se fossem obrigação delas [sociedades e comunidades] cederem estes espaços gratuitamente sem organização e responsabilidades definidas pela Defesa Civil.

De verdade? Apesar de ser de Gaspar, nem localizar ruas no bairro correto sabe. A Rua Manoel Pedra (foto de abertura do artigo) que se interditou por uma barreira nunca ficou no Gaspar Mirim, como estava ontem no site oficial da prefeitura. Mas, no Gasparinho Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O itajaiense, mas gasparense honorário, Álvaro Correia (foto ao lado), casado com a gasparense Isolde Schramn, radialista – foi assim que o conheci com o irmão João Pedro, locutor esportivo de fama e que ao se mudar para Curitiba se tornou um relevante comunicador na Volvo -, meu ex-vizinho, morador de Gaspar e Blumenau, três vezes deputado estadual pelo MDB, lançado que foi pelo ex-senador Evilásio Vieira, MDB, quando Álvaro trabalhava na Rádio Nereu Ramos. Álvaro foi ex-correspondente do jornal O Estado de S. Paulo (eu era Folha de S. Paulo), Morreu ontem aos 90 anos. O coração não resistiu. As homenagens de despedidas foram ontem.

Duas coincidências. A primeira delas, a morte dele se deu no dia em que se comemorava 31 anos da morte de Frei Godofredo, o alemão que foi, na minha opinião, o maior empreendedor social que Gaspar já teve (construção igreja matriz, colégio e hospital). A segunda é no dia em que se repetia mais uma enchente contra as quais, ele foi sempre um dos defensores ferrenhos da barragem norte, em Ibirama, para mitigar os danos das cheias no Médio Vale do Itajaí. Aos fracos daqui de liderança e memória, o novo fórum de Gaspar tem a marca de uma das últimas batalhas comunitárias de Álvaro por sua Gaspar.

Carlos Cezar Wagner, o empresário conhecido como Alemão da Alumetal, de Blumenau – nunca falei com ele ou votei nele e pelo que sei, não faz isso para ter votos – e outros como ele, me representam. Ele é vereador, do União Brasil – se elegeu no PSL. Isto é irrelevante, também. O apoio que ele possui é consequência e reconhecimento. É da sua dinâmica empreendedora e atuação comunitária. Por iniciativa dele, e de outros com o perfil dele, que populações abaixo da barragem de Ibirama – inclusive Gaspar -, livram-se de mais uma enchente anunciada como catastrófica.

Foi a insistência dele, a união dele com gente de Rio do Sul e depois a interferência do governador Jorginho Melo, PL, com amparo da Justiça Federal, que se conseguiu, acionar as comportas da barragem sem manutenção, bem como no desprezo dos políticos com os acordos feitos aos indígenas. Sem a barragem de Ibirama fechada, apenas como referência, a enchente em Blumenau poderia ter chegado ontem aos 13 metros acima do nível normal. Aqui em Gaspar é muito controverso tudo isso. Certamente, muito pior do que foi. Nesta sexta-feira, ela está com 96% da capacidade tomada. Está na hora do plano para abrir as comportas e esperar as novas chuvas e salvar cidades.

Todos os supostos candidatos a prefeito de Gaspar no ano que vem ficaram escondidos nesta enchente e as consequências da cidade mal preparada para o pior. Desde o engenheiro, ao entendido em gestão até que não tem a mínima noção do que é prevenção. Ninguém para contestar o errado. Ninguém para tomar iniciativas. Ninguém para apontar caminhos. Então começamos mal a campanha eleitoral do ano que vem. E no primeiro teste. Ninguém, pelo jeito quer mudar. Ou está com medo de ser confrontado. Ou esperto demais, está esperando a hora do bote.

Quer ver mais um mal sinal do descontrole e da omissão. Um Engenheiro Civil é nomeado para um cargo em comissão na secretaria de Assistência Social, tocada pelo curioso na área e só porque ele é suplente de vereador, Salezio Antônio da Conceição. O engenheiro civil vai ser diretor de proteção social do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, PL, ou sei lá, ou PP talvez. E aí entopem os meus canais de comunicação para denunciar esta aberração, incluindo gente que é pré-candidata a prefeito. Mas, por que eu?

Porque a cidade está dominada e todos com medo, como relatei no artigo acima. Aí pergunto ao meu interlocutor: você vai reagir? Os pré-candidatos com o silêncio neste e outros casos, na verdade, estão dizendo aos que estão no poder de plantão, que concordam com isso e que se eleitos, vão fazer a mesma coisa, pontuei ao meu interlocutor. E como resposta recebo: “Você tem razão. Por isto estou em tal partido. Ele [partido] condena tudo isso. E vamos combater no modo de governar”. Será? Se não é capaz de dar a cara à tapa e enfrentar a fera em campo aberto antes das eleições, é porque não serve – e não vai – para mudar.

Em Gaspar, vale a proximidade. No funcionalismo há a tal licença prêmio. São três meses em casa. Como nas férias, é possível vendê-la parte da licença prêmio. Para alguns isto é possível. Para outros não. E o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, Sintraspug, de olhos e ouvidos tapados para este tipo de descriminação. Alegação para alguns é que falta dinheiro no caixa da prefeitura. Para outros, que não são essenciais e não pode ficar longe do trabalho. Se falta dinheiro a regra é, mas não é assim que funciona. Para a segunda, a desculpa é esfarrapada. Vale o apadrinhamento.

Fim do terceiro capítulo. Não da novela. Feita a recontagem, a conselheira Mari Inês Testoni, por um voto, ficou como primeiro suplente no Conselho Tutelar. Foi ela quem pediu a recontagem dos votos dados em papelinhos num único local de votação. Flávia Poleza, com 460 votos ficou com a quinta e última vaga. Mas, a recontagem mostrou que havia sim uma diferença: Mayndra Tonet de Almeida, a segunda colocada, perdeu um voto e Marli Gonzaga, a 11ª colocada – e fora das vagas titulares e longe na suplência – ganhou um voto.

A ministra de Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, Rede Sustentabilidade, esteve no Vale olhando o quanto é grave a situação e como atuamos na prevenção. Igualmente, Waldez Goes, PT, Ministro do Desenvolvimento Regional, ex-governador do Amapá. Foi uma ação de mitigação do PT de Décio Neri [presidente do partido e do Sebrae] e da sua mulher, a deputada Ana Paula Lima, PT, na mitigação dos danos que os eventos estavam causando ao partido, Lula e ambos.

Hoje, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL, que estará provavelmente inelegível em 2026, promete vir a região. Como se vê, são jogos políticos e de aparências, sem resultados práticos a não ser para as torcidas dos nós e eles. São demarcações de territórios.

Precisamos, de verdade, de proteção. Barragens funcionando. Acordos com os indígenas valendo – sem chances de chantagens de um lado ou força de outro – e sendo cumpridos para a nossa segurança. Precisamos de Defesa Civil sem empreguismo de políticos que desconheçam a importância dela para a vida, patrimônio e produção, a que gera empregos, tributos e inclusão social. E isto falhou em Florianópolis e Gaspar. O execrado Ronaldo Coutinho, mais uma vez, foi mais útil e assertivo. Acorda, Gaspar!

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11 comentários em “FOI À FALTA DE OBJETIVOS E RESULTADOS DA GESTÃO, SOMADOS À VINGANÇA QUE DESTRUIRAM A MARQUETAGEM DO GOVERNO DE KLEBER E MARCELO”

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  2. O SUCESSO DO RESGATE DOS BRASILEIROS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Quem se lembra das trapalhadas ocorridas em 2021 para resgatar 34 brasileiros que estavam na China durante a pandemia de Covid e viu o resgate de centenas de pessoas que estavam em Israel em voos da Força Aérea pode perceber que o Brasil funciona.

    Os aviões da FAB partiram para Israel, e voltaram sem teatro. Poucos países conseguiram semelhante desempenho e nações vizinhas pediram ajuda ao governo brasileiro. Na quinta-feira, um dos aviões da presidência da República entrou na operação.

    A FAB e o Itamaraty funcionaram como um relógio, refletindo uma mudança ocorrida também no comportamento dos militares.

    Em 2021 os brasileiros eram apenas 34. Num primeiro momento a operação foi descartada, por cara. Quando ela foi autorizada, deu-se o seguinte, nas palavras de Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Saúde que seria abatido pela obsessão do presidente Bolsonaro com a cloroquina:

    “A operação foi montada para trazer 34 pessoas, mas foram usados quatro aviões e 120 pessoas para resgatá-las, um exagero. Eu disse aos militares que era prudente enviar o menor número de pessoas possível, mas mandaram gente do Exército até para filmar o resgate.”

    Num lance teatral, o resgate ganhou até um nome: “Regresso à Pátria Amada Brasil”.

    Os diplomatas que organizaram o resgate dos brasileiros que estavam em Israel e os tripulantes dos aviões fizeram seus serviços sem teatro. A operação superou inúmeras dificuldades logísticas e seu sucesso não teve exibicionismos.

    O serviço continua, com novos voos e com a delicada negociação para resgatar pelo menos 22 brasileiros que estão em Gaza. O Brasil funcionou, pela ação de seus servidores civis e militares.

    A VERDADE NUMA GUERRA

    O presidente americano Joe Biden condenou o Hamas e acusou os terroristas de terem degolado crianças: “Eu nunca pensei que veria fotografias confirmadas de terroristas degolando crianças.”

    A fala de Biden foi impropriamente associada a uma notícia segundo a qual quarenta bebês haviam sido degolados num kibbutz. Ela nunca foi confirmada, mas Israel divulgou fotografias de bebês assassinados.

    A sabedoria convencional ensina que, numa guerra, a primeira vítima é a verdade. A notícia dos quarenta bebês degolados era falsa, mas o Hamas matou famílias e crianças.

    Às vezes, a cautela contra o que pode ser um exagero acaba levando a um erro maior.

    Para quem acha que não pode, alguns exemplos:

    Em março de 1942, na Agência Judaica da Palestina, uma senhora polonesa contou a um funcionário o que estava acontecendo no seu país. O funcionário perguntou-lhe se ela não estava exagerando. Ela deu-lhe um bofetão e retirou-se. Anos depois ele seria um dos fundadores de Israel.

    Nos Estados Unidos, uma amiga de Golda Meir decidiu publicar o relato das câmaras de gás numa página interna do boletim que ela editava. O New York Times publicou a notícia de um massacre na Lituânia em 17 linhas, no pé da página 5.

    Em 1944, quando já se sabia a extensão do Holocausto, uma notícia do extermínio de judeus na Ucrânia saiu na página 6 do New York Times. Na primeira, entre outros, havia um texto sobre os charutos cubanos.

    (A decisão de exterminar sistematicamente os judeus foi tomada em janeiro de 1942, numa reunião em Berlim.)

    O SERPENTÁRIO DO ITAMARATY

    O serpentário do Itamaraty está excitado, apostando em intrigas para desfazer a dupla Mauro Vieira/Celso Amorim.

    É difícil que as futricas prosperem, por dois motivos:

    Primeiro, porque Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial de Lula, conviveu harmonicamente com o professor Marco Aurélio Garcia, que era o assessor de Lula nos seus primeiros mandatos.

    Finalmente, porque o ministro Mauro Vieira é um diplomata com horror a holofote.

    DÉFICIT ZERO EM 2024

    O ministro Fernando Haddad reitera sua espetaculosa promessa de déficit zero nas contas públicas de 2024.

    O FMI louva a gestão de Haddad, mas não confia na meta e diz que o déficit ficará em 0,2% do PIB.

    Já o Banco Central não faz previsão, mas constata que a meta só será atingida se forem tomadas medidas adicionais para aumentar a arrecadação no equivalente a 1,7% do PIB. Como? Não se sabe.

    As medidas tomadas até agora para engordar a arrecadação estão em 0,8% do PIB, com uma pequena queda em relação aos dois anos anteriores.

    Essa sucessão de estatísticas serve apenas para prenunciar o aparecimento de bodes expiatórios para explicar que uma promessa irreal, irreal era.

    A DEFESA DE ISRAEL

    A investigação da catatonia das forças de defesa de Israel diante dos ataques do Hamas no dia 7 revelará situações jamais imaginadas.

    No kibbutz de Nir Oz, onde foram massacrados dezenas de judeus, o socorro militar levou mais de oito horas para neutralizar os terroristas. Já no kibbutz de Be’eri o resgate demorou mais de 13 horas.

    Em janeiro de 1968, quando o Vietnã do Norte e o Vietcong abalaram o mito da invencibilidade dos Estados Unidos, com a ofensiva do Tet, o ataque mais espetacular deu-se contra a embaixada americana em Saigon. Ficou a impressão de que os combatentes ocuparam parte do prédio.

    O ataque começou por volta das 2h45 do dia 31 e foi contido em menos de meia hora. Às 9h20 o comandante das tropas americanas, general Westmoreland, deu uma entrevista coletiva na embaixada.

    O estrago estava feito.

    Em outras cidades do Vietnã os combates prosseguiram até abril.

    INTOLERÂNCIA NA PUC DO RIO

    Na terça-feira, o professor Michel Gherman, defensor da criação de um Estado palestino, foi obrigado a abandonar a sala onde se realizava um debate sobre a guerra em Israel. Havia sido hostilizado por alunos que discordavam dele.

    Mau exemplo para estudantes de uma universidade. Os estudantes que hostilizaram Gherman deveriam lembrar que, em 1963, uma assembleia de alunos da PUC do Rio ratificou a decisão da escola de expulsar os irmãos Ailton e Alcir Henrique da Costa, presos a quilômetros de distância porque pichavam uma parede saudando o 40º aniversário do Partido Comunista.

    Passou o tempo e poucos se orgulharam da posição assumida.

    OUTUBRO DE 1963

    No dia de hoje, há 60 anos, Lee Oswald conseguiu um emprego em Dallas, no prédio de seis andares onde funcionava um depósito de livros. Amanhã será seu primeiro dia de serviço.

    Dias depois, Oswald completou 23 anos e nasceu sua segunda filha.

    O agente do FBI que acompanha os passos de Oswald sabe que ele morava em Nova Orleans e esteve no México, mas deixou a cidade num carro com placa do Texas.

    Amanhã, completam-se 60 anos do dia em que o embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, pediu que se organizasse um plano de contingência para lidar com a instável situação política do Brasil, presidido por João Goulart. A Central Intelligence Agency acreditava que ele ainda tinha chances de concluir seu mandato.

  3. BEBÊS TERRORISTAS X COLONIALISTAS, por Antônio Prata, escritor e roteirista, no jornal Folha de S. Paulo

    As pessoas enlouqueceram? A humanidade inteira foi mordida por cães raivosos? Não estou falando dos horrores da última semana, em Israel e na Palestina, mas das reações a eles. Ou, deveria dizer, das comemorações por eles?

    Primeiro foi uma parte desmiolada da esquerda que, mundo afora, diante da barbárie do Hamas, soltou rojões. Não é uma metáfora: milhares de pessoas se reuniram diante da embaixada de Israel, em Londres e soltaram fogos de artifício, felizes. Aqui no Brasil, internet afora, também foi um foguetório. Afinal, na luta anticolonialista, vale tudo.

    Mal me recuperei do asco, vieram as reações da direita, legitimando a morte de civis na Faixa de Gaza. Dizendo que é isso aí mesmo, tem mais é que bombardear todo mundo. Cortar a água, a luz, a entrada de alimentos e remédios para dois milhões de pessoas. Afinal, na luta antiterrorista, vale tudo.

    Que que deu nessa gente? Eles não descendem de gerações e gerações que mataram ou morreram no Oriente Médio. Não tiveram um irmão, uma filha, uma mãe vitimada pelo outro lado. Tô falando de pessoas que nunca pisaram no Oriente Médio, pessoas cujas entranhas não fervem na pira da vendeta: brasileiros, pacatos alunos da PUC, senhoras patuscas da Pompeia, o taxista do aeroporto, meu primo.

    Estou há dias tentando escrever sobre o assunto. Estou há dias apagando o que escrevo. Uma hora o que leio na tela me parece pouco, diante da treva. Outra hora me soa apelativo. “Crianças queimadas” eu já escrevi e apaguei dez vezes. Mas como tentar chacoalhar essas macacas de auditório da selvageria, essas cheerleaders da crueldade sem descrever a realidade com a contundência que ela tem?

    Bebês degolados por adagas do Hamas. Um menino de uns oito anos, inteiro queimado por um míssil israelense. É apelativo dizer “poderia ser meu filho”? Ou “poderia ser seu filho”? (Uma vez que, pelo filho dos outros, estamos vendo, ninguém se compadece). A mulher com a calça ensanguentada. A mulher seminua na traseira de uma caminhonete. Escolas bombardeadas. E gente batendo palma, dando coraçãozinho, compartilhando artes descoladas, hypando a morte.

    Foram as redes sociais que nos jogaram neste fosso, incentivando um binarismo tacanho? Ou é esquerda ou é direita. Ou é colonizador ou é oprimido. Ou é LGBTQA+ ou é defensor do patriarcado. Ou é heterossexual ou é um invertido que deve ser curado, calado ou morto. Ou é preto ou é branco. Não existem tons de cinza, e qualquer ato do meu lado está certo, qualquer ato do outro lado está errado.

    Se um empresário espancar uma velhinha, boa parte da direita vai defendê-lo. Se uma pessoa trans envenenar a mãe, boa parte da esquerda vai defendê-la. Cada lado tem em seu Vade Mecum palavrinhas mágicas que, uma vez pronunciadas, acreditam eles, encerram qualquer discussão. Comunista. Decolonial. Vai pra Cuba. Heteronormativo. Ideologia de gênero. Lugar de fala. Lei Rouanet. Mansplaining. A lista é longa.

    Os rótulos, a serem colados em quem desvie um milímetro dos dogmas do grupo, têm um efeito duplo. Negam qualquer dignidade ao rotulado, ao mesmo tempo em que produzem uma total paralisia no raciocínio de quem os aplica. Se a doença acometesse apenas o cérebro, menos mal, mas também ataca o coração, que, todos sabem, é um órgão diretamente ligado à visão. Uns olham um menino palestino e enxergam “o” terrorismo. Outros olham um bebê israelense e enxergam “o” colonialismo. E todos vão pras redes. E bombardeiam violência. E depois voltam pra colher os likes, comentários e reposts —seus despojos de guerra. As pessoas enlouqueceram?

  4. LULA AINDA BUSCA FÓRMULA PARA LIDAR COM O NOVO MUNDO DO TRABALHO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

    Lula tinha uma ideia fixa antes de sair de cena para a cirurgia no quadril. Nos dez dias que antecederam a operação, o presidente falou oito vezes sobre o que já chamou de “novo mundo do trabalho”. Afirmou estar incomodado com empregos precários e bateu na tecla da regulação dos aplicativos de entregas.

    “Tem muita gente trabalhando em condições quase subumanas”, disse. “A gente não está naquela de exigir que tenha carteira profissional assinada se não quiser. […] O que a gente tem preocupação é garantir para ele um sistema de seguridade social, que, quando ele estiver numa situação difícil, tenha o Estado para dar um suporte de sobrevivência.”

    O mundo do trabalho é hoje bem diferente daquele com que Lula conviveu até 2010. Ainda que uma política para o salário mínimo e o incentivo à abertura de vagas na construção civil tenham efeitos positivos, formuladores petistas reconhecem que o governo precisa encontrar soluções que representem uma atualização de sua plataforma.

    A gestão de Lula ainda patina. Nas últimas semanas, o ministro do Trabalho lançou provocações aos aplicativos (propondo uma ideia incipiente de concorrência estatal e sugerindo que as empresas podem ir embora se quiserem) e retomou a pauta do financiamento de sindicatos.

    Aliados do presidente admitem que os desafios são maiores e que faltam planos para enfrentar temas como a qualificação profissional para a economia verde e para setores dependentes de novas tecnologias. No caso dos aplicativos, o perigo é aborrecer uma parcela de trabalhadores que temem perder autonomia e rejeitam o controle do governo.

    O PT considera o assunto delicado porque sua relação política com a classe trabalhadora mudou depois de 2013. Além das transformações nas relações entre patrão e empregado, a última década foi marcada por uma expansão de visões conservadoras sobre o papel do Estado, pelo enfraquecimento do movimento sindical e por uma perda de espaço do partido nas periferias.

  5. PERDEMOS A DECÊNCIA? por Pablo Ortellado, no jornal O Globo

    Logo após o ataque do Hamas a Israel, mensagens de apoio à causa palestina tomaram as mídias sociais. Primeiro, vieram as chocantes imagens de jovens massacrados num festival de música, famílias inteiras assassinadas em fazendas e kibutzim, sequestros de crianças e idosos. Minutos depois, chegaram mensagens entusiasmadas de apoio à causa palestina — vindas de ativistas, de lideranças políticas e de parlamentares de esquerda. Como chegamos ao ponto em que pessoas de bem celebram, como um ato justo de resistência, o terrorismo, o assassinato frio de civis?

    Podemos supor que essas mensagens apoiaram apenas a “resistência palestina”. Mas o Hamas não são os palestinos. O Hamas nem representa os palestinos — nem sequer os da Faixa de Gaza. O Hamas é um agrupamento político teocrático, não democrático, que não reconhece o Estado de Israel e pratica o terrorismo como forma de luta. Governa de fato a Faixa de Gaza, mas não se pode dizer que é um governo legítimo. O Hamas chegou ao poder por meio da via eleitoral em 2006, expulsou seu concorrente secular (o Fatah) e governa o território desde então sem eleições periódicas.

    O movimento que vimos não foi uma explosão espontânea de revolta da população civil palestina, foi uma ação militar friamente planejada por um agrupamento político-religioso para atingir propósitos políticos. Ao apoiar a ação “de resistência”, não se apoiam os palestinos, mas o Hamas.

    Tampouco se apoiam os palestinos ao apoiar uma ação contrária a Israel. A crítica às políticas de Israel para a Palestina inclui muitas posições, e o terrorismo teocrático do Hamas é a pior delas. Há um sem-número de motivos para criticar a política israelense que transformou a Faixa de Gaza numa espécie de prisão a céu aberto e que aos poucos ocupa todo o território da Cisjordânia com sucessivos assentamentos ilegais. Todas essas críticas são necessárias. E nenhuma delas precisa levar a apoiar o terrorismo.

    Isso posto, podemos discutir por que, afinal de contas, precisamos nos importar com o apoio ao Hamas se estamos no Brasil, tão longe da guerra. Importa pouco para o desenlace do conflito se o MST, o PT ou algum parlamentar brasileiro faz ou deixa de fazer uma declaração de apoio às ações do Hamas. A importância dessas declarações está noutro lugar.

    As declarações sinalizam uma complacência com a violência e com o terrorismo quando se considera que o adversário ou as ações do adversário são ilegítimas. O que preocupa nas declarações de apoio é que uma ação bárbara que assassinou friamente centenas de civis possa ser considerada legítima ou aceitável porque se entende que Israel oprime os palestinos.

    O raciocínio que leva a apoiar a ação do Hamas porque se condena a política de Israel não é diferente daquele que leva a apoiar as violações de direitos humanos na Venezuela porque se condena o golpismo da oposição. Também não é diferente daquele que apoia a invasão do Congresso brasileiro porque se considera que o STF e o TSE são parciais.

    Toda essa chocante onda de apoio à causa palestina no contexto das ações do Hamas preocupa porque, em nome do anti-imperialismo, jogamos fora o respeito aos mais fundamentais princípios de humanidade. E nada disso muda — na verdade, se agrava — se, nos próximos dias, viermos a testemunhar, do outro lado, apoio aos abusos das Forças de Defesa de Israel contra a população civil na Faixa de Gaza. Para enfrentar os adversários políticos, não estamos apenas fechando os olhos aos abusos —estamos renunciando à nossa decência.

  6. LIBERTAR OS REFÉNS: SEM ISSO NÃO TEM CONVERSA, por Carlos Alberto Sardenberg, no Jornal O Globo

    O presidente Lula e dirigentes do PT têm históricas relações com lideranças palestinas. Lula procura um lugar de destaque na diplomacia global. Logo, este é o momento para recorrer àqueles contatos. O governo brasileiro não reconhece o Hamas como organização terrorista. Assim, autoridades de Brasília podem, legalmente, conversar com dirigentes do Hamas. Só há um ponto para começar: o Hamas precisa liberar de maneira imediata todos os reféns que capturou durante os horrorosos ataques terroristas de 7 de outubro.

    Há hoje clara pressão sobre Israel. As demandas são variadas: suspensão dos bombardeios; fornecer ou permitir o fornecimento de alimentos, remédios e combustível para a população de Gaza; não invadir; não forçar o êxodo de moradores. Podem até ser demandas justificadas, mas nenhum governo israelense pode simplesmente se retirar, a troco de nada, quando sua população ainda está chocada por ter sido vítima do maior atentado terrorista depois do 11 de setembro. E quando o Hamas ainda dispara foguetes sobre cidades israelenses.

    O número de civis mortos em Nova York foi maior que as 1.300 pessoas assassinadas em Israel. Mas são 10 milhões de israelenses — de modo que o ataque de 7 de outubro é proporcionalmente muito mais ofensivo. A liberação imediata dos reféns abriria espaço para cobrar alguma moderação de Israel. O corredor que seria aberto para a retirada dos reféns poderia ser o mesmo para a entrada da necessária ajuda humanitária.

    Ajudando nisso, Lula poderia pleitear seu sonhado Nobel da Paz. Mas precisa ir muito além do pífio apelo para que o Hamas libere as crianças reféns. Não, presidente. Todos os reféns são igualmente vítimas do terror. O governo brasileiro demorou para se manifestar — e quando se manifestou apenas citou o “falecimento” de brasileiros. Foram assassinados, quando dançavam numa festa. E demorou de novo para falar em ataque terrorista, sem citar o Hamas. Como se o crime tivesse acontecido sem autoria.

    A histórica posição pró-Palestina de Lula e do PT foi a causa dessa demora e dos comunicados que procuravam escamotear a realidade. Alguns chegaram a dizer que essa atitude procurava deixar em aberto linhas de negociação com lideranças palestinas. Mas qual negociação se faz? Alinhar-se? Pedir que os “dois lados” cessem hostilidades não faz sentido. Há um lado criminoso, que persevera no crime ao manter civis como reféns e escudos humanos.

    Não é só um problema de Israel. Há reféns de diversas nacionalidades. E manter civis como reféns é crime contra a humanidade. Sem a libertação dos reféns, não há ambiente para qualquer demanda sobre Israel.

    Há outros movimentos diplomáticos a fazer — especialmente para impedir uma ampliação dos conflitos. Também aqui, Lula teria um papel. Há poucas semanas, ele esteve com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, admitido no grupo do Brics. Em 2010, Lula esteve em Teerã, negociando com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad as bases de um acordo em torno do programa nuclear iraniano. Deu errado, mas as boas relações permaneceram. O Irã manda no Hamas e também no Hezbollah, grupo terrorista instalado em áreas do Líbano.

    Há, portanto, muito o que tratar numa conversa com Raisi. São poucos os que podem negociar com ele. A maior parte dos países árabes tem o Irã como inimigo. Qual seria o objetivo dessa conversa? Contenção, claro. Não faria sentido simplesmente alinhar-se.

    E para ficar claro: há questões humanitárias envolvendo a reação de Israel; governos israelenses mais recentes erraram na ocupação de territórios palestinos na Cisjordânia; o governo Netanyahu errou mais escandalosamente ao abrigar direitistas que propõem a anexação de todos os territórios. Mas, gente, neste momento, Israel é a vítima de um ataque brutal. Aliás, em todas as guerras, Israel foi atacado por exércitos árabes.

    O atentado de 7 de outubro é um crime contra a humanidade. Matar 1.300 pessoas, a esmo, só porque são cidadãos de um país ou estão ali de passagem? Isso não tem perdão, nem ressalvas.

  7. O TERROR NÃO TEM IDEOLOGIA, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    Conciliador por natureza, o Brasil vem se deixando contaminar pela prática da desavença radical e inconciliável. Ao ponto de brasileiros perderem de vista, agora no contra-ataque de Israel ao ataque do Hamas, o sentido de urgência do combate ao terror que ameaça o mundo.

    Terrorismo não é de direita nem de esquerda. É selvageria em estado bruto de desumanidade. E como tal deve ser repudiado sem relativismos que busquem justificar os meios pelos quais os terroristas procuram alcançar os seus fins.

    Pela evidência de que o fim, no caso, é a extinção do outro. Seja ele de que nacionalidade for. Espraiado para além de fronteiras nacionais, o que se tem é o genocídio mundial. No momento, o cerne está no Oriente Médio. Amanhã, não se sabe.

    O governo brasileiro pisa em ovos na condenação à inominável agressão de caráter genocida iniciada sábado passado e, por isso, é —e deve— ser cobrado. Até agora o presidente Luiz Inácio da Silva não juntou na mesma nota as palavras “Hamas” e “terrorismo”; o fez em manifestações separadas.

    A cobrança por uma contundência à altura da realidade —e não em observância a uma posição da ONU já superada pelos fatos— não deve ignorar as providências das Forças Armadas, na figura da FAB, e do Itamaraty, instituições de Estado que atuam sob o comando do governo.

    Quebrar os ovos e sapatear sobre eles ao som das respectivas convicções ideológicas, reduzindo entre nós essa quadra da história à disputa entre lulismo e bolsonarismo, presta-se ao exercício da barbárie mesquinha desviante da emergência de que se cuida no momento.

    Quando se justifica a ação do Hamas a pretexto de apoiar a causa palestina, incorre-se na crueldade de igualar as aspirações legítimas dos palestinos aos propósitos de sanguinários que os oprimem. Neles, o objetivo é a guerra permanente em detrimento de uma convivência pacífica em busca da qual o mundo terá de se dedicar adiante.

  8. IRAEL, “O JUDEU DAS NAÇÕES”, por Demétrio Magnoli, no jornal Folha de S. Paulo

    “Como firme defensor dos direitos palestinos e defensor de uma solução por meios pacíficos, fiquei muito encorajado com as palavras finais do autor: ‘o Hamas pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos’.” A passagem foi escrita por Celso Amorim, na apresentação de um livro sobre o Hamas de autoria de Daud Abdullah publicado no Brasil em março. A referência de Amorim à “solução por meios pacíficos” não passa de disfarce ou autoengano: Abdullah é, há mais de uma década, um notório propagandista do Hamas e da luta armada contra Israel.

    No 7 de outubro, dia da infâmia, militantes do Hamas desfilaram uma refém israelense nua pelas ruas de Gaza, depois de exterminar a sangue-frio centenas de civis. No domingo, 8, em Nova York, 5 mil manifestantes de esquerda regozijaram-se com os bárbaros atentados. Amorim não estava –e não estaria– na Times Square. Contudo, como tantos, na sequência de uma ritual condenação da carnificina, apressou-se em mencionar a ocupação israelense, sugerindo uma motivação justa para a barbárie.

    A conexão entre a ocupação e o terror é, além de imoral, falsa: o Hamas não combate a ocupação da Cisjordânia, de Gaza ou de Jerusalém Leste, mas a existência do Estado de Israel. É essa posição, predominante entre setores da esquerda, que funciona como álibi preferido do governo Netanyahu para a sabotagem perene de negociações com os palestinos.

    Dois anos atrás, diversos deputados do PT, do PSOL e do PC do B assinaram um manifesto em defesa do Hamas sob o lema de que “resistência não é terrorismo” (shorturl.at/lqJP6). É por essa e outras que, na sua nota de repúdio aos atentados, Lula não mencionou a palavra Hamas. Boulos seguiu, inicialmente, a mesma linha ambígua, até corrigir-se sob pressão eleitoral. Tinha razão o socialista alemão August Bebel ao qualificar, no final do século 19, o antissemitismo como “o socialismo dos idiotas”.

    A deputada americana Alexandria Ocasio-Cortez, ícone da esquerda do Partido Democrata, teve o cuidado de apontar a imoralidade da manifestação da Times Square. Entretanto, sua nota de repúdio ao terror do Hamas encerra-se com um chamado ao “cessar-fogo imediato”. Não por acaso, o governo brasileiro adotou a mesma posição, em declaração do chanceler Mauro Vieira, na terça, 10.

    Trata-se de uma forma sofisticada de exercício da idiotia: exigir de Israel a renúncia à ação militar enquanto as estruturas terroristas estão intactas e conservam cerca de 150 reféns equivale a negar-lhe o direito à autodefesa. Nenhuma nação faria isso –mas o antissemitismo enxerga em Israel “o judeu das nações”, aplicando-lhe critérios excepcionais.

    A prolongada ocupação dos territórios palestinos envenenou a vida política israelense. Do solo da ocupação, nasceu o governo de Netanyahu, pontilhado de extremistas e supremacistas judaicos. A condenação desse governo e a defesa dos direitos nacionais palestinos não devem, porém, confundir-se com a negação dos direitos nacionais israelenses. Os amigos do Hamas, em Nova York ou aqui, são mãos simbólicas que ajudam a seviciar a jovem refém exibida em Gaza.

    Os EUA chamaram Israel a proceder segundo as regras de guerra. A União Europeia conclamou o governo israelense a circunscrever sua ação militar aos limites do direito humanitário internacional. A obrigação política e o direito legal de assestar golpes fatais no Hamas não conferem um passaporte para, deliberadamente, exterminar inocentes, promover bombardeios indiscriminados ou isolar por completo os 2,3 milhões de palestinos de Gaza.

    Olho por olho é inaceitável: Israel não tem o direito de guiar-se pelo compasso facínora do Hamas. Infelizmente, ao piscar para os terroristas, o governo Lula e os deputados idiotas da esquerda brasileira perderam a autoridade moral para subscrever tal advertência.

  9. Bom dia.

    Em Gaspar os políticos não estão disputando o cargo pra melhorar a vida dos cidadãos gasparenses; aqui eles se estapeiam é pra garantir os gordos salários que nós, os burros de carga, proporcionamos.
    O que falta pra gente mudar o jogo?
    Um balde de água fria no lombo.

  10. PAÍS SÓ TEM A GANHAR COM A REFORMA ADMINISTRATIVA, editorial do jornal Valor Econômico

    Instado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o governo Lula prepara uma reforma administrativa. Caso prospere, será uma mudança importante e bem-vinda. A principal sustentação sindical do PT hoje é o funcionalismo público, o que define limites políticos para os avanços possíveis. Mas os diagnósticos sobre a baixa produtividade e o mau serviço prestados pelo Estado, em todos os níveis (União, Estados e municípios), são tão coincidentes sobre o motivo – baixa qualidade – e as formas de mudar a situação que mesmo medidas parciais na direção correta poderiam fazer a diferença.

    A reforma administrativa proposta por Jair Bolsonaro, um presidente corporativista que não estava muito interessado no assunto, não previa mudanças para os atuais funcionários, de forma que suas eventuais virtudes só se manifestariam em décadas, caso fossem levadas a sério. O PT, por seu lado, considera tabu mexer na estabilidade do servidor público e parte dele considera a ênfase na avaliação do desempenho dos servidores na proposta da PEC 32/2020 muito “punitivista”.

    Este, no entanto, é um dos pontos centrais que terão de ser resolvidos. A Constituição, em seu artigo 41, admite que servidores sejam demitidos por insuficiência de desempenho, cuja mecânica deveria ser disciplinada por lei complementar. Nenhum governo quis mexer nesse vespeiro, e a lei não foi feita até hoje. As avaliações periódicas que existem em vários órgãos públicos são pró-forma e aprovam todos. Sem avaliação verdadeira, é impossível haver incentivo na progressão da carreira, outro ponto essencial para que os salários possam estar associados ao mérito, e, com ele, venha o aumento de produtividade.

    Ao contrário, com frequência as tentativas de progressão na carreira são burocráticas e típicas de castas. A simples permanência no serviço público, a cada cinco anos, daria direito a aumento de vencimentos. O tal do quinquênio, mesmo extinto, é uma reivindicação especialmente dos magistrados, que surge e ressurge de tempos em tempos. Outra forma de agradar a todos às custas dos cofres públicos é a jabuticaba de reajustar os aposentados pelos mesmos índices dos funcionários da ativa – com o detalhe de que mais de 95% dos aposentados federais o fizeram com o salário integral, ao contrário dos da iniciativa privada, que têm teto de R$ 7 mil. Há hoje tantos aposentados quanto servidores na ativa, cerca de 1 milhão de pessoas.

    Da mesma forma e com a função de aumentar salários, cuja média é maior do que os da iniciativa privada, há os penduricalhos, responsáveis pelo fato de hoje 25 mil servidores receberem acima do teto do funcionalismo, de R$ 41,6 mil. Em projeto de reforma de 2016, foram identificados 39 deles. Os deputados decidiram manter 32 privilégios, mas a peça legislativa felizmente não prosperou.

    A pirâmide de renda do funcionalismo público reflete a do país, com sua péssima distribuição. Há 70% dos servidores com salário de até R$ 5 mil (o dobro da média do setor privado), enquanto que o salário médio de um servidor do Judiciário é de R$ 18 mil, quase quatro vezes maior. A elite militar e a dos Três Poderes chega a ser tão bem remunerada quanto a de países ricos, enquanto servidores da saúde e educação, que atendem à população, recebem magros salários.

    Os altos salários levam a folha de pagamento de União, Estados e municípios a 13,5% do PIB, montante superior à média da OCDE, de 9,3%, e à de países com amplas burocracias, como a França. Um problema a eles relacionado está o fato de que os servidores chegam logo ao topo das carreiras, em 13 anos em média, e estacionam. A reforma em elaboração no governo pretende ampliar essa progressão para 20 anos, com, talvez, diminuição do salário inicial.

    Há uma Babel de carreiras no serviço público, cuja simplificação permitiria progressos importantes na qualidade do serviço prestado e na gestão de pessoal. Especialistas privados apontam três centenas delas na União, enquanto o secretário de Gestão e Inovação, Roberto Pojo, contabiliza 130. O problema disso é que muitas carreiras são afins, mas não idênticas, dificultando transferências para outras funções, criando excesso de funcionários em um canto e carência em outros – os primeiros em geral nas atividades-meio e o segundos, nas atividades-fins, isto é, os serviços prestados aos cidadãos. O governo crê que é possível racionalizar e reduzir o número de carreiras a 30 ou 40.

    Há obstáculos para uma ampla reforma. Os primeiros são vontade política e capacidade de resistir às fortes reações corporativas. Outro, mais importante, é que o Judiciário, onde se concentram boa parte dos privilégios, tem autonomia constitucional e tem de ser convencido a aderir a propostas do Legislativo. Estados e municípios também estão nesse caso. As barreiras não são intransponíveis – houve reformas antes -, e medidas incrementais bem estudadas, como fim dos penduricalhos e um rearranjo geral das carreiras, apresentariam bons resultados a médio prazo.

  11. O TERROR DO HAMAS ACUA A ESQUERDA NO BRASIL, por César Felício, no jornal Valor Econômico

    A dificuldade em distinguir a causa palestina da condenação clara ao terrorismo do Hamas acua a esquerda nas redes sociais e na opinião pública. Do ponto de vista político, essa é a principal consequência doméstica da barbárie desencadeada pelos extremistas palestinos em Israel em 7 de outubro, estopim de uma guerra com desdobramentos ainda imprevisíveis.

    Para ficar nas manifestações oficiais: o PT lamentou “a escalada de violência envolvendo palestinos e israelenses”. O PCdoB disse condenar “os ataques realizados por determinação do premier de Israel, Benyamin Netanyahu, contra a Palestina, como resposta ao contra-ataque organizado pelo Hamas”. O Psol deplorou “o apartheid sionista de Israel que vem empobrecendo o povo palestino”. O Rede disse condenar o terrorismo e o fundamentalismo de Netanyahu e do Hamas. O PDT não se manifestou. O PSB é a exceção, com o presidente da sigla, Carlos Siqueira se solidarizando com Israel em postagem nas redes. Salvo Siqueira, não se fez diferenciação entre culpados e vítimas.

    Política externa não costuma ser citada como assunto relevante no debate doméstico, mas esse é um conceito que precisa ser revisto. Tem se tornado cada vez mais importante, como constata o professor do Instituto de Relações Internacionais da USP Feliciano Sá Guimarães, orientador da pesquisadora Anna Mello em uma tese de doutorado sobre o tema que será apresentada também no Kings College de Londres.

    Mello monitorou 5 milhões de tuítes brasileiros sobre 50 temas de política externa entre 2018 e 2023. “Os temas internacionais são motivadores de engajamento e coesionam campos ideológicos, que constroem uma visão de política externa consistente”, comenta Feliciano. E a balança pende com força para a direita. Eles observaram que a causa palestina tinha praticamente sumido desse debate.

    Uma pesquisa de monitoramento nas redes sociais feito pela empresa Torabit, a pedido desta coluna, mostra a mescla da agenda internacional com a nacional. A plataforma analisou 85.192 postagens da data do começo dos ataques até as 11 horas de 11 de outubro no Facebook, Twitter e Instagram. Desse total, apenas 13% foram de caráter informativo, sem juízo de valor. Uma maioria de 68,6% das postagens foram de solidariedade ao Estado de Israel, 20,8% a causa palestina e apenas 10,6% deram apoio à solução de dois Estados, que é a tradicionalmente apoiada pela diplomacia brasileira. Hamas e terrorismo aparecem em 33% das menções. Citações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à esquerda partem do bloco solidário a Israel. Essas menções em geral ligam o atual governo e seus apoiadores ao Hamas.

    A guerra em Israel e Gaza não é um conflito comum. Não se trata apenas de uma guerra discutida por especialistas, que buscam compreender razões de Estado que levam o Itamaraty a emitir comunicados serenos, mesmo com a existência de vítimas brasileiras.

    Esta guerra move o imaginário nacional de uma forma mais intensa do que outro enfrentamento em curso, o da Ucrânia. E com facilidade maior na tomada de posições. A guerra no Leste Europeu divide a direita e a esquerda. A do Oriente Médio coloca a esquerda na defensiva e a direita no desafogo, depois da ressaca golpista de 8 de janeiro.

    O conflito entre árabes e israelenses há muito tempo nucleia a esquerda em torno do primeiro polo e a direita em torno do segundo. Isso se dá em duas camadas. A primeira é a política: de um lado há uma luta antiimperialista, contra a discriminação transformada em política de Estado; a favor da autodeterminação dos povos. Do outro, a defesa do Ocidente, em uma perspectiva de choque das civilizações.

    A segunda camada é a cultural e religiosa. Ainda que entre israelenses e árabes haja fundamentalismo dos dois lados, esta não é a realidade brasileira. A esquerda é em sua maioria laica e cada vez mais voltada para políticas identitárias, com pautas que conflitam com a visão religiosa. O Brasil é um país que se torna mais evangélico, e dentro do segmento evangélico, mais pentecostal. Esse é um dos pilares da direita no País.

    Não raro se vêem manifestantes cobertos pela bandeira da estrela de Davi em atos conservadores. É o sionismo cristão, que se alimenta do milenarismo. Guerras em Israel apontam para o fim dos tempos, a volta de Cristo. “Israel é visto como um relógio escatológico”, comentar o pastor batista Kenner Terra, do Rio de Janeiro. E também é a Terra Santa é o que os evangélicos têm de mais perto com a ideia de santuário, como aponta o pastor presbiteriano Valdinei Ferreira. Como observou o pastor batista Ed Kivitz, não se difencia o Estado de Israel moderno com o judaísmo do Velho Testamento. “Falta letramento à realidade”, afirmou.

    A barbárie do Hamas também dificulta o discurso pacifista que está na raiz da tradicional postura diplomática brasileira e complica o estabelecimento da equivalência entre os atos terroristas e o torpedeamento da solução de dois Estados arquitetada por Netanyahu. É difícil, para não dizer impossível, relativizar o episódio de agora como mais uma consequência da ocupação de territórios palestinos por Israel, condenada pela ONU desde 1967.

    Atos de agressão como o do Hamas legitimam guerras. Desta forma se legitimaram a Primeira Guerra Mundial, cujo estopim foi um ato terrorista, ou a Guerra contra o Talibã, em 2001, depois da queda das Torres Gêmeas. O desenrolar desses conflitos, com toda sua sucessão de infâmias, recoloca posteriormente o apelo pela paz

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