DEPOIS DAS FÉRIAS, PREFEITURA DE GASPAR VOLTA A “TRABALHAR” E COM NOVA ZOMBARIA MARQUETEIRA

Bom dia. Este espaço não ficou de férias. E nem por isso, teve diminuído os acessos dos leitores e leitoras. Ou seja, teve demanda. Talvez, admito, por falta de opção e concorrência. A prefeitura de Gaspar parou no dia 18 de dezembro. E quando voltou, hoje, mostrou o desprezo pela cidade, cidadãos e cidadãs. E isto em pleno ano de eleições municipais. Ela resolveu vender de que o “povo de Gaspar está feliz” com a atual administração e sua cidade. Ignorou às demandas básicas e principalmente às reiteradas queixas de mais de sete anos da população nas áreas de saúde, educação, manutenção, assistência social, integração e desenvolvimento sustentável. 

Mais do que isso, dobrou a aposta na errática, falsa e distância do povo na comparação da realidade com mais uma ação marqueteira. É o novo “avança Gaspar”. O que avançou e se comprovou nos últimos meses foi o capim sobre a cidade, como expoente do desleixo da simples e obrigatória manutenção e em área que tem um candidato a vereador usufruindo de supostos resultados. Inacreditável! Diante disso, a prefeitura de Gaspar, virou a verdadeira prefa. Vale o apelido no diminutivo.

Retomando.

Segundo a capa do site oficial, reproduzida acima e de boas-vindas a 2024, naquilo que espalhou para esconder às suas fraquezas, falhas e incapacidades: Ser feliz é morar aqui. Parabéns moradores por escreverem a história desta terra, diz o título e o subtítulo da propaganda oficial alusiva aos 90 anos de emancipação de Blumenau – feito pelo gasparense interventor de lá, e que quase provocou revolta e quebra-quebra por lá, Jacob Alexandre Schmitt, o sempre esquecido por aqui. Nem rua, nem beco, nem nome de equipamento, nem praça, nem busto para ele- a serem comemorados neste 18 de março, com o selo da Capital Nacional da Moda Infantil, título dado pelos políticos e que ninguém sabe, ninguém viu, ninguém acessa esses produtos quando vem à nossa cidade.

“Ser feliz é morar aqui” e não ter vagas nas creches para as trabalhadoras e desempregados a procura de emprego? Hum! Quando vencem a fila, ganham meio período, e precisam se virar em comprar vagas em creches particulares, cuidar da logística em transferir os filhos em pleno expediente de um local para o outro, aumentando as despesas, os riscos e os desgastes físicos e emocionais, isso quando não deixam sob improviso e insegurança de suas casas, nas de vizinhos ou de parentes, enquanto trabalham, por conta disso, sem foco naquilo que estão fazendo e sendo remunerados nas empresas.

“Ser feliz é morar aqui” e ter um dos piores Ideb já apurados nas escolas públicas municipais e antes da pandemia, não ter escola integral, não ter contraturno – só agora, e de mais de sete anos de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, Marcelo de Souza Brick, PP, e a Bancada do Amém onde estão onze dos 13 vereadores (MDB, PP, PDT, PSD e PSDB), criou-se há um espaço de criatividade numa única escola no ambiente digital, fato que mostra o tamanho do nosso atraso? 

“Ser feliz é morar aqui” e não ter o professor em sala de aula durante o ano inteiro? A secretaria de Educação é tocada por um curioso vindo de Blumenau, irmão de templo, aparentado e a mando do novo prefeito de fato daqui o deputado Federal, Ismael de Souza, PSD, o jornalista Emerson Antunes. E a encrenca parece que vai continuar. Na semana passada na escolha de vagas pelos ACTs concursados, muita confusão. Foi dar na Polícia e no Ministério Público. Anularam provas de titulação que já tinham sido consideradas como válidas. As nossas crianças não merecem que marmanjos e políticos, inventem continuados “motivos”, e por isso, trabalhem contra o futuro delas. Tristeza!

“Ser feliz é morar aqui” e constatar que a secretaria de Assistência Social, onde 90% do seu Orçamento é de custeio da estrutura, tornou-se uma aberração de resultados, exatamente por ser um cabide de emprego ao titular, um curioso na área, e que a ocupou por ter sido um suplente de vereador do PP, Salésio Antônio da Conceição, apelidado de Nem, ou seja, nem isso, nem aquilo? Negociações de campanha e que não foram esclarecidas antes à cidade. Se a Educação falha em contraturno, a Assistência Social poderia ser um escape. Mas, não. Destrói programas sociais para sobreviver como máquina a marmanjos, poder e política partidária.

Eu exagero? Vou colocar dois vídeos ilustrativos abaixo. O primeiro é de Gaspar. É do ex-secretário de Assistência Social do governo petista de Pedro Celso Zuchi, Ednei de Souza, funcionário do judiciário da Comarca, quando estava no PV. Hoje ele é o presidente do Novo daqui. Encurto o meu textão. O vídeo e Ednei são autoexplicativos.

   

O outro, vídeo, está nas redes sociais desde a semana passada. É do prefeito de Criciúma, no quarto mandato, foi cassado em um; e duas vezes ex-deputado estadual (tentou quatro), duas vezes vereador de Siderópolis, Clésio Salvaro, PSD (ex-PSDB). Ele sabe o que faz. Ele não é refém de acordos. Ele lidera acordo, ideias, prioridades e execução. Ele também não tem medo de críticas, principalmente de conceitualistas da esquerda do atraso, os quais criam mecanismos de dependência para esmolas permanentes às pessoas, esmolas feitas da piedade de uns, da discriminação de alguns e dos pesados impostos de todos nós. Esmolas não promovem à verdadeira inclusão social, a dignidade humana e liberdade de escolhas com o amparo do estado.

Perceberam a diferença entre Criciúma e Gaspar, onde morar aqui, na marquetagem oficial, é ser feliz? Em Criciúma, pela propaganda daqui, é uma tristeza de dar dó. E talvez por falta de prefeito, instituições fiscalizadoras, oposição, lideranças e iniciativas mínimas para as pessoas de lá, ou até as que aportam por lá, para serem, inclusive, simples pedintes.

“Ser feliz é morar aqui” onde a saúde nos postinhos é uma lástima, nas farmácias básicas antes do Natal faltavam remédios de uso contínuo, na Policlínica onde a fila de exames só aumenta, apesar de vários mutirões feitos no ano passado quando o secretário de saúde expurgado pelo sistema, o advogado e vereador Francisco Hostins Júnior, MDB?

“Ser feliz é morar aqui” e saber que o Hospital de Gaspar, sob marota intervenção municipal, além de ser o grande ambulatório da cidade exatamente por falharem os postinhos de saúde, também é uma caixinha de surpresas e segredos? Atende muito mal como se constata nas reclamações recorrentes nas re4des sociais e até na imprensa vigiada. É um poço sem fundo de recursos públicos na contrapartida ruim a cidade, os cidadãos e cidadãs enfermos e esperançosos de cura, além impedir ele de sair do buraco e se estabelecer na sua vocação 

No ano passado, diretamente foram para lá oficialmente a exorbitante quantia de R$44.005.155,44 (empenhados, ou seja, a dívida deve ser bem maior então) e R$43.812.934,54 (efetivamente pagos). Exorbitante diante do retorno à sociedade e naquilo que se esconde dela pelos políticos e gestores públicos. Isto sem falar que tudo isso pode ser milhões a mais. Podem estar em outras rubricas como material hospitalar, medicamentos, material laboratorial, serviços médicos, contribuições previdenciárias sobre serviço de terceiros, vale de transportes etc, pagos pela própria prefeitura como se vê no Orçamento. E qual a razão dessa dúvida infeliz? Não há transparência. Há desencontros. E quanto mais confusa a situação, mais felicidade para a cidade e seus políticos.

“Ser feliz é morar aqui” onde a prefeitura ficou de férias – e já antes dela – tudo era tomado pelo capim, incluindo o cemitério – criadouro de dengue e taxas- o qual deram uma raspada na semana passada? Nem a bandeira do Mirante do Marco Zero que se rasgou antes das férias foi ao menos retirada para não dar vexame na cidade e aos visitantes do relaxo oficial.

A lista é longa. Hoje paro por aqui neste deja vu. Afinal, ser feliz é morar aqui onde os que moram em ruas sem pavimentação tiveram dias de buracos, mato, lama e poeira permanente. Outubro está chegando. Quem pode mudar é quem reclama. Este blog não vota. Apenas registra. E estará triste se nada mudar, inclusive nos comentários repetitivos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

“Ser feliz é morar aqui” e ver os políticos abraçados hipocritamente na causa animal? Tudo para falsamente cabalar votos com ajuda dos irracionais e ao mesmo tempo testemunhar que o “Abrigo Anjos de 4 Patas” anunciou que vai encerrar as suas atividades, exatamente para preservar os animais, que em Gaspar não possuem nem política pública, nem uma área de zoonoses e nem a compaixão das próprias pessoas que um dia se rotularam de tutores, pois eram donos irresponsáveis.

E por que o “abrigo” vai fechar? Porque o dono dele, a alma bondosa e abusado exatamente por possuir esta qualidade, Rogério da Silva, está chegando aos 60 anos e quer se aposentar sem a obrigação de sustentar, sem condições e talvez saúde, sem ajuda, dependente hoje de outros corações aflitos, os animais que ainda possuir em 2033. Vergonha.

O descarte de animais, no “abrigo” e principalmente na rua onde mora o dono dele, sabedores da piedade dele, é uma rotina. Ela revela à crueldade das pessoas com bichinhos que julgam ser velhos, problemáticos, descartáveis de uma moda passageira, uma briga familiar ou uma decisão impensada. Esta “desova” cruel, mostra, acima de tudo, o caráter das pessoas e não somente de gasparenses, pois sabe-se que vem gente de outros municípios para lá abandonarem seus pets, que alguns diziam serem “parte da família”. Vergonha. Vergonha.

Já a Agapa – Associação Gasparense de Amparo e Proteção dos Animais – por não se submeter aos caprichos do aparelhamento político do governo de plantão e na falta de uma política governamental, teve sua atividade diminuída. E no dia 22, às 19h30min, vai fazer uma reunião ordinária no Salão Cristo Rei para se reinventar e assim para suportar mais este ano. Vergonha. Vergonha. Vergonha.

“Ser feliz é morar aqui” onde um único produtor rural é capaz de mobilizar máquinas, equipamentos e operadores para dias de produção de toneladas de silagem para o ano inteiro, enquanto outros – de menor porte e mais precisados – chupam o dedo, e precisam meter a mão no bolso para fazer igual “comida” para os animais, numa concorrência comercial explicitamente desigual?

E isto é repetido. Muda secretário, mas a prática e a concentração aos mesmos beneficiários da secretaria de Agricultura e Aquicultura não muda. Interessante este mel.

O artigo de sexta-feira FATORES EXTERNOS FAZEM AINDA DAS ELEIÇÕES DE OUTUBRO EM GASPAR UM JOGO DE FORÇAS, DÚVIDAS E ESCARAMUÇAS rendeu. O próprio delegado Paulo Norberto Koerich, sem partido, considerou tudo especulação, mesmo tendo ele participado de um jantar onde tudo o que foi exposto no artigo, foi discutido abertamente e para surpresa do presidente do PL de Gaspar, Bernardo Leonardo Spengler Filho.

Paulo Norberto Koerich foi enfático comigo: “as pessoas têm comentado, mas, eu não sentei e não acordei nada”. Bingo. Isto também escrevi de que Paulo tem fundados receios de que esta aventura enterre uma bem sucedida carreira policial. Mais, do que isso, de que as entranhas dela em Gaspar estejam tão comprometidas, a tal ponto de que ele não possa ser o Paulo que sempre foi até aqui. E os políticos que fazem a cidade retroceder e os donos de Gaspar estranhados nela tenham em Paulo apenas u, instrumento de continuidade ao que está aí, deploravelmente. Simples assim!

Mudando de assunto. “Estamos em 2024, com os mesmos problemas de anos passados. Contudo, este ano, é ano de eleição para o cargo de gestor municipal e de seus fiscais/legisladores”, escreveu na área de comentários do mesmo artigo, o ex-procurador geral do município de Gaspar, Aurélio Marcos de Souza. “Hoje é visível que afloram e ressuscitam pré-candidatos em todas as partes, aqueles que ressuscitam são os mesmos que nada ou pouco realizaram do que apresentaram com propostas anteriormente, já os que se afloram me parece que não tomaram ciência do que é necessário para Gaspar”.

E ele continuou: “aos candidatos fica a sugestão de que Gaspar precisa de mais propostas exequíveis e menos Quinhões a serem partilhados por quem chega ao Poder”.

E eu retruquei no mesmo espaço, porque normalmente, mantenho este diálogo com os leitores e leitoras. “Verdade. Os que surgiram, NADA OU POUCO FIZERAM – E OLHA QUE TINHAM A OPORTUNIDADE – para impedir o caos em que estamos metidos. A primeira coisa, os que não são da banda que está tocando desafinada neste coreto, é a pedir desculpas aos gasparenses, se explicar e dizer porque ficaram omissos”. 

“Depois, e só depois disso, dizer como pode e se vai mudar o que está caótico para todos. Acorda, Gaspar, porque por enquanto o que avança é o capim…” Aurélio Marcos de Souza finalizou: “Verdade mesmo. Capim ao povo e Quinhão aos que comem à mesa”.

Presenças e ausências. A foto ao lado mostra o prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, numa reunião sábado em Itajaí. O presidente do MDB catarinense, deputado Federal Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul (à esquerda) foi conversar com o presidente do diretório do MDB de Itajaí, Wilson Rebelo Júnior, (à direita), sob o testemunho do deputado e secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, Jerry Comper, de Ibirama (de frente e camisa branca).

As perguntas são: se se tratou de assunto relacionado ao MDB de Gaspar, qual o motivo da ausência da presidente do MDB daqui a vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti? Se se tratou de assunto relacionado à candidatura do MDB daqui, por que o vestido vereador Ciro André Quintino, aliás cabo eleitoral de ambos deputados que estavam na reunião, não estava lá com diária e assessor para a produção holiudiana? Ou será que como Itajaí, o MDB de Gaspar está tramando importar um candidato porque nos seus quadros daqui tudo está bichado por ter imitado o MDB de Blumenau, o histórico, a referência, o que nem vereador possui mais por lá? Acorda, Gaspar!

Mais uma enquete, travestida de pesquisa eleitoral a prefeito de Gaspar circulou numa conta privada do Instagram. Primeiro: qualquer enquete que não tenha um nome do PL não pode ser levada sério. Esta não tinha. Segundo, feita num domingo, de verão, onde uma parcela ponderável dos “votantes” está na praia, no descanso, no churrasco, na piscina, na caipirinha, na cervejota, na viagem é coisa de espertalhão mobilizado antecipadamente.

E que pareceu que não deu certo. Como dizia Tancredo de Almeida Neves, ” quando a esperteza é demais, ela come o dono”. Não tem mais bobo nesta terra. Até eu, recebi um alerta de um dos quatro participantes da enquete para “votar” e estimular meus conhecidos. Coisa de doido. De gente que precisa mentir e enganar. Se mente e engana agora… O velho e o novo juntos, novamente.

Acima toquei num assunto sensível que se chama causa animal. Os políticos sabem disso também. Principalmente, em época de arrecadação de votos. O deputado Egídio Maciel Ferrari, eleito pelo PTB e de muda para o MDB, de Blumenau, fez um anúncio na sua rede social dizendo que arrumou mais de R$4 milhões de emendas parlamentares para a tal causa animal, da qual é defensor. Excelente. Eu não vou ensinar a missa ao deputado, mas sem uma política pública clara de estado e de municípios – e estrutura – neste ambiente, esta verba acaba indo para o ralo.

O ex-prefeito de Gaspar, Adilson Luiz Schmitt (2005/2009), eleito pelo MDB, mas com passagens pelo PPS (já extinto), PSB (que teve Ciro Gomes como padrinho aqui), inscrito no DEM (já extinto também) e defenestrado dele por decisão autoritária de um dirigente à época, definiu que vai ser candidato a vereador. Conversou com Bernardo Leonardo Spengler filho e estará se filiando ao PL nos próximos dias.

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11 comentários em “DEPOIS DAS FÉRIAS, PREFEITURA DE GASPAR VOLTA A “TRABALHAR” E COM NOVA ZOMBARIA MARQUETEIRA”

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  2. EXTREMA POBREZA (HIPOSUFICIENTE)

    Em reportagem do dia 22 de Dezembro de 2023 o prefeito de Criciúma demonstra toda a sua truculência e falta de respeito aos moradores de rua.
    Nesse sentido, deixa claro o quanto precisamos nos desenvolver em educação e respeito ao ser humano se pretendemos alcançar uma posição de destaque no mundo desenvolvido e um bom começo seria o de investir em inclusão social, não na transferência do problema ao município vizinho.
    Assim, a solução do problema exige que combatemos principalmente a maldade humana e a omissão do Estado.
    Diante desse cenário, a hostilidade em forma de auto promoção através de palavras de horror que foram proferidas por esse senhor, demonstradas no vídeo ainda levam a aplausos de seus seguidores e de quem vive da banalização da própria maldade e promovem a exclusão social.
    A esse respeito, já discorre Hannah Arendt—filosofa alemã – que desenvolveu o conceito de “BANALIDADE DO MAL” segundo o qual as sociedades modernas praticam o mal sem perceber.
    Sob essa lógica, o comportamento discriminatório contra indivíduos hipossuficientes, ou seja, “moradores de rua” manifestado por e principalmente de quem se diz representante do povo, o que é o acesso à justiça?
    Assim, não é razoável que a exclusão dos brasileiros em condição de pobreza extrema seja moeda de troca e sirva como promoção de políticos em época de eleição em um país que almeja ser uma nação desenvolvida.
    A demais, é valida a afirmação de “Lasalle” A constituição é um mero pedaço de papel, pois a omissão do Estado dará ensejo a continuidade dessa descriminação aos moradores de rua.
    Nesse sentido, em 1976, Norberto Bobio — expoente filosofo italiano– em “Dicionário da Política”. O Estado não deve apenas garantir os direitos básicos, a exemplo da inclusão, mas assegurar que a população usufrua.
    Todavia, não há políticas públicas eficientes para interromper o comportamento excludente e enquanto o preconceito e a marginalização for a regra, a inclusão do hipossuficiente será uma exceção.
    Nesse viés, o Estado necessita promover a inclusão social: através de reabilitação, acesso a saúde, educação, profissionalização, ou seja, oportunizar o indivíduo a um recomeço, pois quem vive em pobreza extrema não tem um acesso a justiça real.
    A garantia da dignidade humana de quem vive em uma caixa de papelão não é dar uma passagem para a cidade vizinha, garantir a dignidade humana é promover uma condição de voltar ser inserido a sociedade, recomeçar.

  3. Pingback: O POLÍTICO CIRO É O ANTICANDIDATO DELE MESMO - Olhando a Maré

  4. O péssimo exemplo de Santa Catarina

    DE MORDOMIAS A PENDURICALHOS, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

    Há anos, ou décadas, o nosso Estadão grita contra o que era conhecido como “mordomias” do setor público e contra o que é apelidado de “penduricalhos” para magistrados, procuradores, promotores que, assim, não apenas multiplicam seus salários muitas vezes como furam as leis que são pagos para garantir. Os Poderes e os responsáveis fingem não ouvir o grito. Eles vão levando e nós vamos pagando.

    O texto constitucional do funcionalismo é o salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e nenhum agente público, de qualquer poder ou cargo, pode receber mais do que R$ 41,650,92. Está na Constituição. E na prática? Bem… Quem exige dos cidadãos e cidadãs que estejam dentro da lei é craque em criar atalhos para fugir dela.

    Segundo o repórter Tácio Lorran, com base no mês de outubro de 2023, não é um ou outro, nem as exceções, mas sim 47,3% dos 11,2 mil procuradores e promotores estaduais que ganham acima do teto. Em oito Estados, mais de 75% deles. Essa multiplicação, não de pães, mas de salários, é graças a indenizações livres de impostos, vantagens eventuais, auxílios educação, creche, saúde, moradia, alimentação, transporte… E o salário, serve para o quê?

    O campeão em salários, ou em driblar o teto, é o MP de Santa Catarina, com uma média – atenção, média! – de R$ 106.582,99, mais que o dobro do que a Constituição autoriza e permite. O segundo, ora, ora, é o do Rio de Janeiro, com média de R$ 93.322,98, e o terceiro, o de Rondônia, com R$ 86.374,98. E quanto ganharam os procuradores e promotores do pobre Maranhão, em média, em outubro? “Só” R$ 59.292,25.

    Em outra reportagem, a repórter Rayssa Motta foca numa desembargadora em particular: Tânia Garcia de Freitas Borges, aposentada compulsoriamente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, com proventos proporcionais ao tempo de serviço, depois de… usar o peso do cargo para tentar soltar o filho, preso por tráfico de drogas. Afinal, prisão, na prática, é para os filhos dos outros, principalmente pobres, pretos, de periferia.

    A Dra. Tânia foi punida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por violar os princípios de integridade, dignidade, honra, decoro e independência, com uma aposentadoria vitalícia calculada, hoje, em R$ 36.282,27 por mês. Isso foi em dezembro de 2021, mas ela recebeu R$ 925 mil no ano de 2023, incluindo R$ 489 mil em “extras”. Façam as contas, senhores e senhoras. Ela fez um bom negócio ao violar tantos princípios… Aliás, penduricalhos são sempre ótimos negócios, mas para quem recebe, não para quem paga: você

  5. CABEÇA DE JUIZ, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    “Cabeça política”, para usar expressão de Luiz Inácio da Silva, é atributo essencial aos que, como ele, exercem a Presidência da República ou quaisquer cargos em chefias no Poder Executivo. Se o governante não tiver a referida “cabeça”, é caminho (mais que meio) andado para o fracasso das respectivas gestões.

    Não é, como disse Lula ao anunciar o nome de Ricardo Lewandowski para o Ministério da Justiça e ao mesmo tempo celebrar, e justificar, a nomeação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, critério exigido a magistrados. Quaisquer que sejam as instâncias de seus postos.

    O predicado a eles imposto é a boa reputação aliada ao saber jurídico. E muito mais ainda se espera daqueles com direito à última palavra nas decisões de interesse da nação, muito além das conveniências do Palácio do Planalto.

    Lula não lustra a biografia, mas faz o que é de sua vontade quando usa o critério da fidelidade pessoal para indicar ministros ao STF. Isso não obriga os indicados a atenderem à expectativa presidencial, cujo “sonho” confesso era ver no tribunal alguém com “experiência de deputado, de senador, de ganhar e perder eleições”.

    Vários dos indicados em governos do PT não atenderam. Um deles, Luiz Fux, foi alvo de admoestação pública —com ares de denúncia— porque não “matou no peito” o julgamento do mensalão como supôs o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, em sondagem prévia à indicação.

    No início do atual mandato, o presidente disse que não repetiria “erros do passado”, e agora fez como quis. Cabem aos juízes fazerem as coisas ao modo constitucional, não ao molde das vontades presidenciais.

    Podem se manter à altura institucional de suas funções ou podem se apequenar dando respaldo à ideia de Lula de transpor as dificuldades com o Congresso buscando facilidades no Supremo.

    Tudo na vida são escolhas. Há liberdade para fazê-las. Já as consequências são inevitáveis. Para o bem e para o mal.

    1. SONIA MARTINELLI ANDRADE

      Nossa, que tristeza ler tudo isso e ter que dizer “é verdade”. Gaspar não é nem de longe o que deveria ser em todos os sentidos. Esperamos que as coisas mudem pra valer num futuro próximo. Nossa cidade está afundando.

  6. TOFFOLI ABRE A PORTEIRA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Para a surpresa de ninguém que acompanhe o noticiário, a Novonor, nome de rebatismo da antiga Odebrecht, pleiteou no Supremo Tribunal Federal a suspensão dos pagamentos à União dos valores previstos no acordo de leniência que a empresa firmou em 2016.

    A multa, de R$ 6,8 bilhões, foi fixada para ressarcir o erário pelos desfalques do esquema de corrupção confessado na esfera penal por 77 ex-executivos da companhia. Autoridades nacionais dos Estados Unidos e da Suíça selaram pactos concomitantes com a Odebrecht.

    Não há indício de que norte-americanos e suíços estejam dispostos a voltar atrás nas sanções aplicadas. Já no Brasil uma larga porteira para a suspensão dessas reparações bilionárias foi aberta pela vontade monocrática do ministro Dias Toffoli, da corte constitucional.

    O primeiro ato do solilóquio, embalado num libelo de bajulação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu-se em setembro, com a anulação das provas colhidas pela Lava Jato que embasaram o acordo de leniência com a Odebrecht.

    O ministro acatou o argumento de que os métodos empregados por procuradores e juiz da Lava Jato —expostos pela ação de um hacker— tornavam imprestáveis todas as provas da corrução escandalosa obtidas pela investigação. Não se acautelou de exigir análise detalhada de cada prova. Pressionou o botão da destruição em massa.

    A decisão soou como toque de clarim para o ataque aos acordos de leniência. A primeira a avançar foi a J&F, que obteve de Toffoli a interrupção do ressarcimento à União —a despeito de o conglomerado manter sob contrato a mulher do ministro, advogada que atua numa disputa empresarial afetada pelos termos da leniência.

    Agora a própria sucedânea da Odebrecht requer o benefício, na esteira do raide da J&F. Está fadada a consegui-lo, a julgar pela boa vontade do ministro com a causa.

    É um despautério que um juiz singular do Supremo, com 11 integrantes, continue concentrando tamanho poder. Desfazer num rabisco o que dezenas de autoridades em várias instâncias judiciais e administrativas construíram em quase uma década deveria exigir necessariamente o convencimento de outros cinco colegas ao menos.

    O atual presidente do tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, foi um dos que resistiram ao revisionismo açodado que está estimulando novamente a corrupção. Deveria ser do seu interesse levar ao plenário decisões monocráticas sobre o tema, como as de Toffoli.

    O Congresso Nacional também tem legitimidade para aprovar leis que assegurem a colegialidade nas deliberações da corte suprema, desde que se paute por racionalidade e equilíbrio, não pela vingança.

  7. A FALÁCIA DO GOLPE, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo

    Golpe é coisa séria. Uma ruptura institucional repentina com a derrubada de um governo legítimo e a tomada do poder por grupos que não haviam sido designados legalmente para o comando do Estado.

    Mas, para o PT, tal fenômeno parece ser banal. O partido ainda trata o impeachment de Dilma Rousseff como golpe, mas mantém alianças com quem teria contribuído para a tal quebra do regime democrático.

    O atual vice-presidente da República apoiou o impeachment; Marta Suplicy, chamada por Lula para compor chapa com Guilherme Boulos, também. Coalizões com fins eleitorais são normais, mas golpeados unidos a golpistas? Imagino Salvador Allende, caso não tivesse morrido, em chapa com Augusto Pinochet.

    Aqui surge o golpe branco, uma conspiração que usa táticas de desestabilização do governo para derrubá-lo sem uso de violência. Artigo de 2020 de Marsteintredet e Malamud, que mapeou a frequência de golpes e o uso do termo na academia desde 1804, concluiu que quando golpes tornam-se mais raros, em 1990, os termos adjetivados, como golpe branco, passam a ser mais usados.

    Os autores alertam para os riscos desse alargamento conceitual. Tratar mudanças legais de governo como golpes pode ser usado por forças à direita e à esquerda para invalidar transformações políticas legítimas.

    No caso de Dilma, nem mesmo a tese de golpe branco faz sentido, já que seu próprio governo foi o responsável por desestabilizá-lo, com uma política econômica intervencionista que causou grave recessão e desemprego. Em agosto de 2015, sua taxa de reprovação era de 71%.

    Crise econômica gera crise política que dá brecha ao impeachment, cujo processo seguiu os ritos legais, com amplo direito à defesa. Foi supervisionado pelo então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que agora acaba de ser indicado por Lula para o Ministério da Justiça.

    A narrativa de golpe, seja lá de qual cor, é, portanto, um escárnio que apenas mentes distorcidas por ideologia conseguem acatar.

  8. FORMAÇÃO DE FICIENTE DE PROFESSORES EXPLICA ENSINO PÚBLICO INSATISFATÓRIO, editorial do jornal O Globo

    Mais de 40% dos professores que davam aula nos anos finais do ensino fundamental em 2022 e quase um terço dos que lecionavam no ensino médio não tinham formação adequada à disciplina que ministravam, constatou um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicado no Caderno de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais. Sul e Sudeste são as regiões em que mais professores tinham a qualificação necessária (cerca de 70%). Ainda assim, quase um terço padecia de formação deficiente.

    O estudo dos pesquisadores Alvana Maria Bof, Luiz Zalaf Caseiro e Fabiano Cavalcanti Mundim ajuda a entender por que os estudantes brasileiros continuam mal avaliados em testes internacionais como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Parece evidente que uma das causas da má qualidade do ensino que aflige as escolas públicas é a formação insatisfatória dos professores.

    Nem São Paulo, estado mais rico da Federação, escapa das deficiências. Em 2022, 63,3% dos professores de física das escolas paulistas não tinham licenciatura nem formação acadêmica na disciplina. Pernambuco, Tocantins, Bahia, Goiás, Acre e Santa Catarina também ultrapassavam os 50% na proporção de docentes sem formação. O estágio de desenvolvimento da região não guarda relação com a qualificação dos professores no ensino público. Ela depende de políticas definidas pelo governo local.

    A diferença de qualidade entre ensino urbano e rural é outro problema. Enquanto apenas 30% dos professores das escolas rurais têm licenciatura e formação acadêmica compatível com o que ensinam nos anos finais do ensino fundamental e 52% no ensino médio, nas áreas urbanas os índices se aproximam de 70%.

    Há também descompasso entre a procura por professores e a oferta dos cursos de licenciatura. Em 2022, os graduados com licenciatura em matemática correspondiam a apenas metade da demanda por professores em sete estados: Pará, Amapá, Maranhão, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e São Paulo. Para piorar a situação, apenas um terço dos que fazem licenciatura vai dar aula no ensino básico. Numa sondagem com 1.500 estudantes feita pela Fundação Victor Civita e pela Fundação Carlos Chagas, citada no estudo, apenas 2% escolheram como primeira opção pedagogia ou licenciatura com a intenção de ser professores.

    Para reverter o esvaziamento da carreira de professor, os governos precisam encontrar meios concretos de valorizar a profissão. Não se trata de questão salarial, mas de uma perspectiva de carreira que reconheça os melhores profissionais com base nos resultados obtidos no ensino — e não na preservação e ampliação de benesses, pautas corporativas defendidas com frequência pelos sindicatos.

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