SECRETÁRIO DE GASPAR PEGO EM CONVERSAS CABULOSAS PEDE PARA SAIR. ALEGOU QUE FEZ ISSO QUE SUA FAMÍLIA ESTARIA SOFRENDO AMEAÇAS

Alterada a foto, acrescentado quatro parágrafos iniciais às 7h40min, deste 29.03. Uma informação-aviso aos leitores e leitoras. Hoje não vou produzir comentários sobre este assunto. Finalmente, depois de longo, incompreensível e tenebroso silêncio sobre no que foi dar neste escândalo, a imprensa de Gaspar e a regional acordaram, bem como parte dos órgãos de fiscalização e investigação. Pelo passado, não se sabe se isso vai dar em alguma coisa, pois os poderosos de plantão sempre se orgulharam do corpo fechado que possuem em todos os órgãos e instâncias.

Ontem, neste circo dos tiros nos próprios pés, os onze – dos 13 – vereadores da Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB que apoiam o poder de plantão incondicionalmente), montaram uma CPI fake. É, parece, a última tentativa de blindar o prefeito, sua turma e eles próprios, que dias antes recusaram um simples requerimento do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, e massacraram o voto a favor da convocação para esclarecimento do secretário enrolado, dado pelo vereador Alexsandro Burnier, PL. É que este assunto os contaminou e agora querem fingir distância nos prejuízos políticos eleitorais. E há mais áudio-vídeos sendo aguardados e com citações de outros empresários, alguns que ingenuamente acreditaram nas facilidades vendidas.

Na inventada CPI em cima do laço de ontem, feita em minutos no final da tarde, estranhamente, os autores da manobra, excluíram exatamente Dionísio e Alexsandro. Ou seja, é intencional, viciada e está marcada para se ter resultados, e está destinada ao mesmo final que teve a CPI da drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho, e que foi enterrada no voto para livrar o então presidente do Samae José Hilário Melato, PP, e o próprio governo de Kleber.

Como escrevi acima, como a imprensa acordou, vou dar chance para ela. E vou olhar a maré, para ver se ela também está sendo enganada outra vez, ou não quer enxergar o que se arma e se passa na sua própria comunidade. Para quem não leu, segue o artigo de ontem, sem alterações. Bom dia. E acorda, Gaspar!

O o conselheiro e super secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB (à esquerda na foto acima), pediu demissão ao prefeito e irmão de templo, Kleber Edson Wan Dall, MDB (à direita na foto acima). Está é uma notícia que a imprensa local e regional deu ontem, mas com outro viés e que esclareço mais adiante – já o fiz em caixa alta na área de comentário do artigo desta segunda-feira. Eu não dou notícias. Eu as comento.

A urgência e a pressão foram tão grandes que o pedido de demissão do secretário ocorreu na ausência do prefeito Kleber. Ele está em Brasília desde segunda-feira participando da Marcha dos Prefeitos. Um marcha lá. e outro aqui.

Jorge também pediu para sair da presidência da Comissão Interventora do Hospital de Gaspar. Isto também está no comunicado dele e da prefeitura que repudiou os supostos ataques que alegou estar sofrendo por conta dos vídeos-áudios que se tornaram a sensação na cidade, mas como alegaram em sessão, não conseguiram chegar aos ouvidos dos vereadores da bancada governista. O Hospital é um ralo de dinheiro público quando comparado com instituições de igual tamanho, em cidades parecidas com Gaspar e com intervenção municipal.

Ou seja, e repetindo, de nada adiantou o vexame da Bancada do Amém – onze dos 13 vereadores (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) – na rejeição há duas semanas do requerimento do vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, para que o secretário Jorge viesse a uma reunião reservada – penso que deveria ser pública e transmitida pela internet – na Câmara para se explicar sobre um dos vídeos-áudios com as conversas cabulosas dele com um anônimo. Elas sugeriam pagamentos de propinas nas transações envolvendo prefeitura, empresários e fornecedores de serviços. 

A defesa incondicional para a rejeição de tal requerimento, da alegada impropriedade do primeiro vídeo-áudio – só havia ele disponível naquele momento da discussão do requerimento -, bem como a defesa da lisura do secretário Jorge na função de secretário foi feita enfaticamente na tribuna da Câmara pelo vereador Roberto Procópio de Souza, PDT foram o estopim de tudo o que sucedeu até o pedido de demissão do secretário ontem.

Isto já é passado. Meus leitores já sabiam do assunto e de que ele teria desdobramentos. Ou seja, escrevi que aquela votação também que teria consequências. Revejam os artigos sobre isto no blog – líder de acessos. E teve. E por erro de cálculo, tanto o prefeito, como dos seus “çábios” no atual poder de plantão, da equivocada equipe de marketing em conteúdos que rebaixam à autoridade para torná-lo um comum e não um líder, assim como os vereadores governistas, calcularam mal.

O poder de plantão e seus braços, apostaram, mais uma vez, no cala boca, ou quem tem juízo, obedece. Só porque dominam a imprensa local com migalhas, ameaças e vinganças, acham que Gaspar é uma ilha para os poucos os quais resolveram usufruir dela como pouco nos últimos tempos sem entregar a necessária mínima contrapartida para desenvolvimento sustentável e infraestrutura capaz de suportar o crescimento quase desordenado. Esqueceram-se deste espaço e principalmente, dos aplicativos de mensagens. Silenciosamente, o whatsapp foi essencial, mais uma vez, para burlar à repressão que se faz nas redes sociais e assim quebrar estas amarras opressoras neste ambiente político administrativo.

Bingo!

Então na semana passada veio outro vídeo áudio denominado como 3. E mais explosivo e que comentei no sábado. Colocaram, suposta e perigosamente, no mesmo rolo a administração do prefeito de Blumenau, Mário Hildelbrandt, Podemos. E de lá, as instituições de fiscalização, investigações e a diversificada imprensa, imediatamente colocaram as lupas deles para olhar os fios desencapados. Pronto: Jorge, Kleber e o deputado Ismael dos Santos, o prefeito de fato de Gaspar, ficaram sem alternativas. O expurgo de Jorge era questão de horas. E e veio com um viés para desviar o foco do real motivo disso tudo. Impressionante como funciona esta máquina de criar cortinas de fumaça.

Jorge já tinha deixado onde, a secretaria de Planejamento Territorial, onde estava acumulativamente – foco dos problemas que se tornaram incontornáveis. A demissão veio só um mês depois quando as mensagens começaram a se espalhar pelos aplicativos de mensagens como pólvora em paiol sem controle. 

E ontem, depois que Jorge anunciou a saída da secretaria e da Comissão de Intervenção do Hospital, um novo vídeo-áudio, denominado de 2, apareceu na praça. Ligou Jorge, os problemas e a campanha do deputado Isamel. Não faltava mais nada. É briga de gente grande. E por coisa ainda maior. E poderá ficar ainda pior. Não devemos esquecer que se trata de uma história repetida. Foi quando enquadraram o contador e secretário de Fazenda do ex-prefeito Bernardo Leonardo Spengler, MDB, este já falecido, que o prefeito se tornou o único até agora a não terminar o mandado, concluído pelo vice de então, Andreone Cordeiro, PTB.

Quem está ileso até aqui é o vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, ex-PSD, Patriotas e que diz estar filiado do PL.

Mas, Marcelo vai ser trazido para o olho do furacão, prometem os que estão nele. Há quem acredite que se ele não é o mentor da trama, teria vantagens com a suposta vingança. É que o MDB, PP, Kleber e o próprio Jorge o teriam enganado ao trazê-lo em 2020 para ser vice de Kleber, desistir da candidatura solo com teóricas chances. Prometeram que Marcelo governaria Gaspar a partir de julho do ano passado, quando Kleber, pelo acordo deixaria o cargo para se candidatar a deputado estadual.

O acordo foi quebrado. Advertido Marcelo estava advertido – inclusive escrevi sobre isto aqui à época, e fui crucificado -desde o início em que foi celebrado o acordo. A primeira coisa que Marcelo perdeu no acordo, foi a secretaria de Educação, para um curioso vindo de Blumenau, o jornalista Emerson Antunes, apadrinhado pelo deputado Ismael dos Santos. E só piorou. Ele se tornou decorativo. Chegou até a ficar sem gabinete físico na prefeitura. Marcelo está calado.

A CARTA E A ACUSAÇÃO DE JORGE

No pedido de demissão, Jorge não explicou, esclareceu ou tocou em nada do que é acusado. Ao contrário, desviou o foco, criou nova notícia e partiu para o ataque. Mostrou um bilhete impresso onde há ameaças a filho e à mulher dele. “É o começo. Você vai pagar caro. Não vai ficar barato“, concluiu o bilhete de nove linhas. E é por ele, que a polícia deveria começar a investigação, até para ver a origem, sua autenticidade e como se estabelece esta trama sórdida. 

E pode ter sido este bilhete outro erro de cálculo. Enquanto não tinha este bilhete, o assunto estava correndo quase como proibido entre os com aplicativos de mensagens. O bilhete, por sua vez, foi uma forma da imprensa local e regional furar o bloqueio do medo para tratar deste assunto publicamente, mesmo sem muito detalhes e nem lembrar o que foi discutido nas duas mensagens até então conhecidas. Por isso mesmo, falhou mais uma vez. Não expôs a razão disso deste bafafá. Muitos leitores e leitoras nos comentários abertos desses veículos reclamam que não estariam entendendo nada.

Mas, no fundo, para parte deles, ligados à igreja ou ao convívio profissional, Jorge passou de vilão à vítima em assuntos – que se confirmados pelos órgãos de investigação e fiscalização  – são hediondos.

Hoje deixo a Prefeitura de Gaspar pela segurança da minha família“, ao reclamar que ele e o governo Kleber estão sendo alvos de quem só quer atingi-los. “Também fui vítima de outras ações, como vídeos e áudios falsos atribuídos a mim. Estou tomando as providências cabíveis e judiciais e estou encaminhando todos os materiais para perícia técnica. Ameaças deste tipo refletem o oportunismo e má fé de algumas pessoas, que certamente serão punidas pelos seus atos“.

A voz nos vídeos-áudios é indiscutivelmente de Jorge. E ele, certamente, sabe com que teve estes diálogos cabulosos. O que está mascarado é a intervenção do seu interlocutor e que ele deve saber também quem é, e talvez queira tornar público pela perícia para anulá-lo. O certo de verdade? É que o estrago está feito. A imagem do governo que ainda não possui uma identidade de realização, está muito próximo de ser marcado por estas dúvidas. Isto cola no prefeito, na igreja, nos apoiadores e nos parceiros que apostaram em mudanças. Pior mesmo, vai atrair vigilância interna amedrontada num esquema de corpo fechado que os do poder de plantão se orgulhavam tanto.

O terceiro vídeo-áudio de ontem, rotulado como 2, e que só saiu depois do pedido de demissão, não deixa dúvida que parte de tudo isso era feito pela eleição de Ismael a deputado Federal. As contas e o estratégico são de Jorge neste vídeo-áudio. “O Ismael tem um partido que se chama Assembleia de Deus“, foi categórico. “O Ismael tem nas costas 100 mil votos. A Assembleia de Deus tem em Santa Catarina 380 mil membros. Eu tenho feito este trabalho (sic) para o deputado. Eu tenho feito o deputado ser este seguimento (sic)“.

Concluindo.

Esta é uma briga de cachorro grande, por carne de primeira. E é do fogo amigo. Não adianta procurar na dita oposição, a qual não existe em Gaspar, está sufocada ou pior, tem rabo preso e não exatamente nestes esquemas e que revelam os vídeos-áudios. Mais. É fruto da ganância, arrogância, vingança e coisas mal amarradas devido ao olho grande. Foi o esfacelamento do tal projeto de 30 anos de poder que nem chegou aos dez. A ostentação e a exibição das redes sociais particulares explica muito disso. Há inveja latente. Gente ficou pelo caminho. Repito: é fogo amigo. E só isto poderia explicar a suposta autenticidade do bilhete que torna Jorge uma vítima e não exatamente um vilão.

Agora, nem bombeiro mais apaga o que já saiu de controle depois da reeleição de Kleber, que os próprios parceiros tratam como ingrato. Parte disso, está dentro da casa e da família do prefeito que se acharam empoderada e resolveram fazer exclusões seletivas e precipitadas. Agora, para muitos que estão sendo queimados nesta fogueira é se salvar com os menores danos possíveis dessas labaredas. Não querem nem saber de calor. Ele está levando gente para o inferno, como descreve a Bíblia. E de Bíblia, essa gente conhece. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Vem reajuste e aumento dos vencimentos dos servidores da prefeitura, Samae, Fundação de Esportes, vereadores e funcionários da Câmara de Gaspar. São 6%, sendo 5,71% de reposição e 0,29% de ganho real. O Vale Alimentação sai de R$575,00 para R$620,00. Os projetos dão entrada hoje na Câmara e provavelmente, será convocada uma sessão extraordinária para permitir que estes valores sejam incorporados já na folha de março.

Onde estava nesta terça-feira o presidente da Câmara de Gaspar, Ciro André Quintino, MDB? Em Florianópolis. Estava “visitando” ao secretário de Infraestrutura e Mobilidade, o deputado Jerry Comper, MDB, de quem é cabo eleitoral. Ao menos esta é a justificativa que deu para tomar os R$300,00 em diária.

Está difícil preencher mesmo que açodadamente, as vagas de coordenadores e professores para as escolas municipais de Gaspar. Depois do primeiro edital chamada pública aprovada em tempo recorde pela Câmara, a secretaria de Educação, duas semanas depois, está com novo edital na praça. Faltam 64 vagas para serem preenchidas. Estamos em abril. As aulas começaram na segunda quinzena de fevereiro.

Fica tudo como está. Para o lugar do ex-secretário Jorge Luiz Prucino Pereira, na Fazenda e Gestão Administrativa, assume o sub secretário, Marcos da Cruz. Ele também vai para a presidência da Comissão Interventora do Hospital. Jorge ainda não disse se também vai renunciar a presidência do PSDB gasparense.

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8 comentários em “SECRETÁRIO DE GASPAR PEGO EM CONVERSAS CABULOSAS PEDE PARA SAIR. ALEGOU QUE FEZ ISSO QUE SUA FAMÍLIA ESTARIA SOFRENDO AMEAÇAS”

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  2. Pingback: ONDE ESTÁ O EX-SECRETÁRIO JORGE LUIZ PRUCINO PEREIRA? QUEM O AMEAÇOU? POR QUE ELE NÃO DENUNCIOU E PEDIU PROTEÇÃO POLICIAL? A CIDADE AGUARDA RESPOSTAS HÁ UM MÊS - Olhando a Maré

  3. OS “SOCOS NA BOCA” QUE LULA TEM LEVADO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Mike Tyson tinha um soco formidável e uma perfeita definição do que é estratégia: “Todo mundo tem um plano até levar um soco na boca”. Supondo que Lula tenha como plano transformar o Brasil segundo suas visões políticas, já levou vários socos na boca. Em outras palavras, nenhum plano resiste ao primeiro contato com a realidade. É o que está acontecendo com os planos do presidente.

    Promessas de campanha não cabem no Orçamento. Não cabem na nova constelação de poder no sistema de governo, com a ampliação das prerrogativas do Congresso. Não cabem num ambiente político de polarização calcificada e enorme oposição social ao governo do PT.

    O cerne do plano de Lula é bem evidente. Trata-se de poder expandir sem muitos limites os gastos públicos esperando que tragam progresso para o País. Enquanto ele, árbitro e negociador máximo, acomoda no “gogó” interesses diversos e antagonismos que vão surgindo pelo caminho. Se deu certo antes, vai dar certo agora.

    Ocorre que a realidade mudou nos últimos 20 anos talvez além da capacidade de compreensão do presidente. O Brasil tem produtividade e competitividade (fora o agro) estagnadas há décadas. E, na média dos últimos dez anos, exibe crescimento pífio com dívida pública maior. As previsões para o crescimento neste ano são, no fundo, mais do mesmo.

    Instinto e experiência política dizem a Lula que sua popularidade vai se deteriorar rapidamente – portanto, sua capacidade de lidar com o Congresso –, se não apresentar resultados econômicos convincentes com muita brevidade. Daí a ânsia em martelar uma redução da taxa Selic, entendida por Lula como única condição agravante imediata da economia.

    De fato, as taxas de juros são perversas no Brasil, mas por outro motivo. Elas são altíssimas no curto prazo, mas também no longo. O que traduz expectativas baixas e percepção de risco alta por parte dos agentes econômicos.

    Quebrar esse “ferrolho” (que é, em parte, profecia que se autocumpre) exigiria de Lula brutal adaptação de seu plano – é o que implica a definição de

    Tyson. Seria aceitar regras rígidas e impopulares de limite de crescimento de gastos e renunciar a exceções da regra – o contrário do que vem tentando.

    Lula acha que os socos que está levando na boca vêm do presidente do BC e do presidente da Câmara. Na verdade, está sendo golpeado pela realidade de ele mesmo mandar menos, e ter dificuldades severas de coordenação política num país enfrentando desafios profundos que ele mal consegue entender.

    O pior do nocaute é não saber de onde vem.

  4. Bom dia.
    Sobre a gestão Municipal, com o senhor Chico Anhaia como Secretário de Planejamento,
    Cleverson como Secretário da Agricultura,
    Lu Spengler como Secretário de Obras e o Secretário da Educação, aquele que não gosta de escola pública,
    mostra o quanto somos reféns de gente sem QUALIFICAÇÃO pra definir os rumos da nossa cidade.
    A culpa?
    A culpa é nossa que permitimos a eles chegar onde chegaram.

  5. A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR, por Zeina Latif, no jornal O Globo

    Os ataques à política monetária não cessam. É inevitável a leitura de que o governo busca isolar o Banco Central na opinião pública, algo que dificulta o amadurecimento da sociedade quanto à importância da missão do BC de manter a inflação baixa, bem como o reconhecimento da qualidade técnica de seu trabalho.

    O governo busca visões externas para legitimar sua crítica, mas de forma viesada, recorrendo apenas àqueles que referendam sua defesa de corte dos juros. Foi o caso da participação do Nobel em Economia, Joseph Stiglitz, em seminário no BNDES.

    O economista é referência essencial na Teoria de Assimetria da Informação, que estuda o impacto nos mercados de alguns agentes terem informações relevantes que interessam aos demais. As consequências desse problema para o funcionamento do mercado financeiro são temas cruciais para reguladores, para proteger usuários pouco informados e mitigar riscos no sistema.

    Stiglitz não é, porém, uma referência acadêmica em temas de política monetária convencional, mas costuma discutir as consequências do impacto assimétrico dos juros altos sobre os segmentos sociais. Sua preocupação principal é com o aumento desigual do desemprego.

    É possível reduzir eventuais efeitos distributivos indesejados da alta dos juros, por meio de bons desenhos de políticas públicas, de modo a proteger os vulneráveis e suavizar a perda de renda dos trabalhadores. Quanto aos bancos centrais, a maior contribuição é justamente executar bem a tarefa de combater a inflação.

    No caso brasileiro, a crítica se encaixa ainda menos. Quando a inflação sobe, ela prejudica particularmente as classes populares, o que não é resolvido pela correção do salário-mínimo. Isso sem contar a elevada informalidade no mercado de trabalho.

    Outro ponto levantado por Stiglitz é que haveria efeitos assimétricos da política monetária, com a alta dos juros afetando mais a economia do que o contrário. Não há, porém, evidências empíricas nessa direção. No Brasil, o que temos é um país com baixo potencial de crescimento e que fica muito vulnerável a choques, inclusive relativos a erros de política econômica.

    A grande recessão entre meados de 2014-16 foi exemplo dramático das consequências de estimular artificialmente a economia, inclusive por meio de juros reais artificialmente baixos (2012-13), que exigiram correção posterior.

    Stiglitz defende que bancos centrais não podem seguir de forma rígida o regime de metas de inflação, sob pena de produzir mais instabilidade macroeconômica. A preocupação dele é maior com os países não-avançados, principalmente quando sofrem choques de oferta adversos, como a inflação “importada”, comumente fruto da alta de preços de commodities no mercado internacional.

    No entanto, são justamente países com menor amadurecimento institucional que mais se beneficiam da adoção de regras monetárias, em contraposição ao poder discricionário do banco central. O Brasil é importante exemplo do ganho proporcionado pelo regime de metas.

    Adotar alguma flexibilidade no regime de metas e fazer uso cuidadoso da política monetária são recomendações usuais na literatura. Talvez Stiglitz desconheça o processo de gestão do nosso BC. E sua crítica não é uma carapuça que o atual BC deveria vestir.

    Em meio aos muitos choques, a inflação ficou acima do limite superior da meta em 2021 e 2022, e a taxa de desemprego está em torno das mínimas históricas.

    Além disso, sendo o Brasil um exportador líquido de commodities, a alta desses preços produz um aumento na renda do país – em 2021, o PIB nominal da agropecuária aumentou 53% e da indústria extrativa, 115%. Dessa forma, nem toda inflação importada é choque de oferta adverso; pode ser choque benigno de demanda, recomendando a ação do BC.

    A surpresa do Nobel com a Selic elevada deveria ser menor tendo em vista a dívida pública brasileira muito superior à observada em países emergentes e a taxa de poupança mais baixa, fatores que limitam o espaço para juros estruturalmente baixos.

    Ele também desconsidera o momento atual do país, com uma mudança de regime fiscal na direção de mais gastos.

    Como qualquer ação estatal, a política monetária pode causar distorções. Desviar o uso desse instrumento, porém, sai mais caro. A questão é como permitir que o aperto monetário seja temporário e efetivo. Aguardemos a nova regra fiscal.

  6. LULA COM BOLSONARO NA CENA, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo

    Confirmadas as expectativas, a partir desta quinta Jair Bolsonaro estará no Brasil, procurando espaço para fazer contraponto a Lula. Será uma situação inédita, com um ex-presidente, derrotado nas urnas por pequena margem (1,8% ponto percentual), opondo-se ao titular. Até agora, os ex-presidentes recolheram-se em elegante silêncio. Além disso, Bolsonaro e o Lula 3.0 têm a marca comum de uma agressividade tóxica para a paz política.

    O ex-capitão mostrou-se um criador de casos em toda a sua carreira política. Nos quatro anos de governo, brigou com as vacinas, com a China e com as urnas eletrônicas, para citar apenas três exemplos. Já Lula, que se define como uma “metamorfose ambulante”, fez sua campanha prometendo uma pacificação política e entrou no Planalto brigando com o presidente do Banco Central e vendo uma “armação” do senador Sergio Moro numa investigação da Polícia Federal.

    Lula foi eleito por um arco de forças que defendiam a democracia. Quem acha que esse é um simples palavrório deve se lembrar da tarde de 8 de janeiro em Brasília. O arco democrático é algo diferente da frente de partidos que apoiou Lula. No primeiro estão pessoas como o ex-ministro Pedro Malan. No segundo está a força do Partido dos Trabalhadores. Bolsonaro e os golpistas juntaram esses dois blocos, mas, desde que chegou ao governo, Lula pouco fez para manter o arco. Pelo andar da carruagem, pouco fará.

    Bolsonaro foi alimentado pelo sentimento antipetista e foi batido pela sua agressividade irracional e errática. Regressando, ele quer liderar a direita que tirou do armário, mobilizou e acabou por avacalhar. Pode ser que ele sonhe ser um novo Carlos Lacerda, que o francês Charles De Gaulle chamou de “demolidor” de presidentes. Lacerda foi um grande governador da cidade do Rio de Janeiro. Falta ao ex-capitão um legado semelhante.

    Bolsonaro volta menor, até porque o conservadorismo nacional já dispõe de dois quadros racionais: os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e de Minas Gerais, Romeu Zema. O ex-presidente, contudo, precisa voltar a se alimentar com o antipetismo. Já se abasteceu nele, com sucesso. Precisa da colaboração do PT, e daquilo que se supõe ser a esquerda, para voltar a crescer.

    Num cenário no qual Lula 3.0 e Bolsonaro compartilhem a cena abundam os maus presságios. São trazidos pelas características de dois personagens atraídos pela onipotência. A do ex-capitão está no seu DNA. A de Lula é recente e, de certa forma, pontual. Por mais que se entendam as razões da malquerença de Lula por Sergio Moro, a sua elevação à categoria de ideia fixa é inútil e derrogatória para um presidente. As caneladas de Lula em Michel Temer mostram sua disposição de estreitar o arco de forças que se comprometeram com a democracia. O ex-presidente manteve-se neutro na disputa, defendendo seu governo, a democracia e a Constituição. Atacá-lo foi no mínimo uma inutilidade.

    Os maus presságios cristalizam-se no risco de um debate de polarizações irracionais. O Brasil já foi governado por um presidente que hostilizava a vacinação durante uma epidemia. Depois da derrota, Bolsonaro disse que teria feito melhor se deixasse a Covid por conta do seu ministro da Saúde. Pedir desculpas a Luiz Henrique Mandetta e a Nelson Teich? Nem pensar.

  7. republicado das 8:35
    A IMPRENSA DE GASPAR E REGIONAL “ACORDOU” PARA O ESCÂNDALO DOS VÍDEOS-ÁUDIOS SOMENTE ONTEM. ESTÁ SONOLENTA E CONTINUARÁ. O PRIMEIRO VÍDEO-ÁUDIO FAZ QUASE UM MÊS QUE SURGIU. HÁ DUAS SEMANAS, A BANCADA DO AMÉM (11 DOS 13 VEREADORES – MDB, PP, PSD, PDT E PSDB ) NA CÂMARA NEGOU O REQUERIMENTO DO SECRETÁRIO PIVÔ DA GRAVAÇÃO. A IMPRENSA IGNOROU.

    ENTÃO. SURGIU OUTRA GRAVAÇÃO NA SEMANA PASSADA E MAIS CABULOSA. NOVAMENTE A IMPRENSA LOCAL E REGIONAL IGNOROU. MENOS AQUI.

    E ESTA GRAVAÇÃO SE ENTRELAÇOU COM DÚVIDAS NA PREFEITURA DE BLUMENAU. E O BICHO ENTÃO PEGOU. RELATEI NO ARTIGO FORA DE TIMMING DO SÁBADO. TODOS OS FATOS SABIDOS FARTAMENTE PELAS REDES SOCIAIS E EXPLICITAMENTE IGNORADOS PELA IMPRENSA LOCAL E REGIONAL – MESMO AS REDAÇÕES TENDO OS MATERIAIS E AMPLO CONHECIMENTO DE TUDO.

    PREVALECEU A REITEIRADA E PERMANENTE SONEGAÇÃO DOS FATOS COMO ENTE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COM A CIDADADE, CIDADÃOS E CIDADÃS

    SEM SAÍDA, ONTEM O SUPERSECRETÁRIO DE FAZENDA E GESTÃO ADMINISTRATIVA, JORGE LUIZ PRUCINO PEREIRA, PSDB, QUE JÁ TINHA DEIXADO A INTERINIDADE DA SECRETARIA DE PLANEJAMENTO – FOCO DAS DÚVIDAS – PEDIU O BONÉ DA FAZENDAE GESTÃO ADMINISTRATIVA, BEM COMO DA PRESIDÊNCIA DA COMISSÃO INTERVENTORA DO HOSPITAL DE GASPAR, OUTRO RALO DE DINHEIRO PÚBLICO SEM O DEVIDO RETORNO QUANDO COMPARADO COM OUTROS HOSPITAIS ASSEMELHADOS.

    FOI AÍ QUE A IMPRENSA LOCAL E REGIONAL DEU A NOTÍCIA, MAS VEJAM SÓ, PELA ÓTICA DO SECRETÁRIO, JORGE,OU SEJA, COMO VÍTIMA DO PROCESSO. INCRÍVEL. OS LEITORES E LEITORAS DE SITES E BLOGS NÃO SABEM A ORIGEM DA RAZÃO DA RETALIAÇÃO. SÓ DO RESULTADO

    A MANCHETE É DE QUE ELE SAIU POR SUPOSTO ABOMINÁVEL BILHETE ANÔNOMIO CONTRA A INTEGRIDADE FÍSICA A SUA FAMÍLIA, E NÃO EXATAMENTE PELO QUE FOI REVELADO DAS TRÊS GRAVAÇÕES QUE SAIRAM NA PRAÇA E QUE PRECISA SER APURADO PORQUE ENVOLVE SUPOSTA GROSSA CORRUPÇÃO COM DINHEIRO PÚBLICO ENTRE GESTORES, POLÍTICOS E EMPRESÁRIOS.

    A ÚLTIMA GRAVAÇÃO SAIU FOI ONTEM E DEPOIS QUE JORGE ENTREGOU A CARTA DE DEMISSÃO A UM PREFEITO QUE ESTÁ EM BRASÍLIA MARCHANDO.

    ESTA GRAVAÇÃO ENVOLVE O DEPUTADO FEDERAL ISMAEL DOS SANTOS, PSD. AMBOS – JORGE E ISMAEL – SÃO DA MESMA DENOMINAÇÃO EVANGÉLICA NEOPENTECOSTAL, A MESMA DO PREFEITO KLEBER EDSON WAN DALL, MDB, A QUEM JORGE SERVIA.

    NO DESVIO DE FOCO, JORGE ESTÁ ATRÁS DO AUTOR DO BILHETE. E A SOCIEDADE AINDA NÃO SABE SE ALGUM ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO OU DE INVESTIGAÇÃO ESTÁ ATRÁS DA VEREACIDADE DAS SUAS CONVERSAS CABULOSAS. E A IMPRENSA – A LOCAL E A REGIONAL -, PAUTADA POR ELE, ATRÁS DO SEPULCRAL SILÊNCIO

  8. LIRA CONTRA A REPÚBLICA, por Carlos Andreazza, no jornal O Globo

    Não existe controvérsia sobre o rito para tramitação de medidas provisórias no Congresso. Isso é falso problema forjado por um oportunista da pandemia: Arthur Lira. Tampouco estão em disputa entendimentos sobre regimentos internos, embora os sucessivos saques de Lira aos regramentos da Câmara sugerissem que ele não tardaria a atacar a Constituição.

    É disto que se trata: de atentado de Lira contra a Constituição. Não será o caso de explicar o que a Carta estabelece como trâmite de MP no Parlamento. Já escrevi a respeito no artigo “O assalto de Lira à Constituição”, disponível em meu blog no site do GLOBO. Está tudo lá.

    Está tudo, claríssimo, na Constituição.

    O presidente da Câmara, aliás, admitiu em entrevista ao Valor que o rito que desrespeita é constitucional. Pondera, porém, que a forma excepcional vigente seria “muito mais” democrática. Voltarei a isso.

    Chamei Lira de oportunista da pandemia. Haverá outra maneira de se referir a quem manipula solução extraordinária estabelecida pelas duas Casas, de modo a que as deliberações legislativas pudessem ocorrer durante a emergência sanitária imposta pela peste, para ampliar o próprio poder?

    Poderia chamar o oportunista da pandemia de golpista. Porque é um golpe — contra Constituição — o que se arma. Não é hora para meias palavras.

    — Nossa constatação é que a pandemia trouxe alterações na vida do Parlamento que não retrocederão, como a votação pelos aplicativos.

    Compara avanços tecnológicos, cuja implementação cabe à burocracia administrativa, ao atropelamento de processo parlamentar previsto na Carta.

    A constatação de Lira sobre alterações trazidas pela peste não importa. O que não pode retroceder é o pacto republicano pela Constituição. De modo que, se quer a perenidade do rito atípico combinado para o período emergencial, o caminho é único: bancar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) conforme lhe apeteça e submeter — submeter sua onipotência — à apreciação do Congresso.

    Fora disso, não há — não poderá haver — conversa. Que papo é esse de o governo mediar uma solução —puxadinho, premiando mentalidade autocrática — para o tal impasse? Acordo? E a Constituição, como fica? Cuidado com a ideia de recuo por um absolutista. O que remedeia a doença autoritária é o cumprimento radical da Constituição. O que remedeia a doença autoritária é o cumprimento radical da Constituição. Mesmo a perspectiva de uma PEC, no verbo de Lira, trai a noção personalista que transforma o Parlamento na Câmara municipal de, sei lá, Teotônio Vilela, Alagoas:

    — O que estamos discutindo é que temos de mudar a Constituição porque as Casas não se entendem.

    Ele fabrica problema, força crise sangrando a lei e se refere a uma emenda à Constituição como solução — desde que com rito à sua maneira — para o que considera picuinha, as reações. Seria emenda à Constituição, por Lira, para pavimentar buraqueira produzida por Lira.

    — A comissão [mista, para primeira análise da Medida Provisória] existe na Constituição? Existe, mas, com todo o respeito ao Poder Judiciário, isso não é questão jurídica. É questão política.

    Não tem “mas”. O imperador reconhece a previsão constitucional do rito e então corre — já preparando a cartada da “judicialização da política” — para informar que matéria constitucional não cabe ao Supremo. Investe contra a Constituição, investimento que produz provocações ao Judiciário — e não quer que o STF faça o controle de constitucionalidade. No mundo de Lira, lá onde política é distribuir codevasfs, ele pode dilapidar a Constituição — a defesa da Constituição não sendo assunto do Poder encarregado de protegê-la.

    Destaque-se esta pérola, expressão de independência segundo coronéis:

    — Decisão judicial não se descumpre, mas ela não funciona para a política.

    É o presidente da Câmara declarando, enquanto esquarteja princípios da República, que driblará decisão do STF — sobre matéria que reconhece como de natureza constitucional — que contrarie sua compreensão do que seja atividade política. Foi o que fez — com Pacheco e governo Lula, enganando o Supremo — para que o orçamento secreto continuasse.

    Diz — faz — isso e vai a convescote com ministros da Corte. Todos satisfeitos.

    — Não abrimos mão de nossas prerrogativas — falou o parlamentar que aterrou os mecanismos de obstrução pela oposição legislativa e que tem suprimido o debate de projetos em comissões.

    Trata-se do mesmo deputado para quem o orçamento secreto seria orçamento municipalista. Existe glossário a ser escrito com a perversão das palavras por esses patrimonialistas autoritários e outros elmares.

    Existe método. Ele estica a corda; para logo vir com a proposta (uma concessão?) de acordo que, com a desculpa de defender interesses da Câmara, aumenta-lhe o controle sobre os deputados.

    Volto à democracia segundo Lira. Que considera “muito mais democrática” resolução definida por mesas diretoras em caráter extraordinário; “muito mais democrática” que o estabelecido na Constituição. Prerrogativa da Câmara — do presidente da Câmara — sendo tratorar o equilíbrio da atividade bicameral conforme disposto na Lei Maior.

    É tempo de o Supremo cessar com a social, cortar o “me engana que eu gosto” e reaver o exercício de suas prerrogativas.

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