DIONÍSIO MOSTRA AS RELAÇÕES PERIGOSAS CRIADAS NO DESASTRE E SUPOSTA SANGRIA DO HOSPITAL DE GASPAR. IMPRESSIONOU VEREADORES E PLATEIA. O LÍDER DE GOVERNO DE KLEBER E MARCELO DEBOCHOU DOS NÚMEROS, FATOS, DOCUMENTOS E DA INEXPLICÁVEL AUSÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO

Impressionante. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, desenhou, com uma clareza singular na noite da terça-feira passada, as relações dos políticos no poder de plantão com a gestora e fornecedora de serviços aos Hospital de Gaspar, a paulista Prime Medical, escolhida num processo aparentemente viciado, como já detalhei aqui. 

O líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, sei lá, e reenviado às pressas para a Câmara para este papel – aos que ardilosamente se escapam ou não possuem capacidade para tal -, Francisco Solano Anhaia, MDB, surpreendido e desconsertado, outra vez, ficou furioso, ao invés de produzir desmentidos e esclarecimentos consistentes. Já a maior parte da Bancada do Amém (MDB, PP, PDT, PSD e PSDB) e onde estão onze dos 13 vereadores, ficou calada e alguns espantados.

Esperei uma semana. Foi proposital. E nada, outra vez, na imprensa. Nas redes sociais, o mínimo. No escurinho dos aplicativos de mensagens, todavia, entupidos. E me tornei pela inépcia dos demais, exclusivo, naquilo que estava à disposição de todos e quase toda cidade sabe. I-na-cre-di-tá-vel!

A imprensa local não deu um pio ou uma linha. Nem pistas. Em qualquer lugar sério, as denúncias de terça-feira – que fazem parte de uma sequência iniciada quando o ex-vereador Amauri Bornhausen, PDT, ainda era vivo – feitas didaticamente num power point por Dionísio, seria manchete nacional, não só local, regional ou estadual. A assessoria de imprensa da Câmara que se incha a cada ano para fazer propaganda ao que interessa aos da mesa diretora, também colaborou. Ela não achou este assunto relevante. Ignorou-o, mais uma vez.

O vereador Dionísio desnudou as ligações perigosas naquilo que é o maior escândalo da falta de transparência para os altos gastos do Hospital de Gaspar, fato que o torna em perpétuo socorro e compromete profunda e economicamente o seu futuro. 

“Não sou contra o Hospital. Ao contrário. Quero-o forte para a nossa população. Mas, a sua gestão é temerária. É preciso esclarecer e mudar”, enfatizou mais uma vez o vereador, repetindo o vereador Amauri – que era da Bancada do Amém, ex-funcionário público municipal exemplar – para quem, este tipo de pedido de socorro sempre foi ignorando pela gestão de Kleber, Marcelo e a Bancada ao Amém. Ao contrário: PDT e o governo perseguiram o vereador – cadeirante, diabético, com problemas coronarianos e sem as duas pernas. Qual o pecado de Amauri? Ter esta coragem e esta pauta e que Dionísio continuou, mesmo não estando em lados ideológicos iguais.

Sempre escrevi aqui, desde os tempos do Amauri, que parte deste descalabro que se tornou o Hospital de Gaspar um ralo sem fundos para os recursos públicos e que nos dois últimos anos do governo de Kleber e Marcelo, só do Fundo Municipal de Saúde, engoliu quase R$70 milhões, tirou o ar de doentes para dar sobrevida a quem usa a Saúde e insiste num Hospital sob marota intervenção municipal sem transparência e controle gerencial, é da imprensa, dos próprios vereadores ajoelhados e silenciosos na Bancada do Amém e das instituições de fiscalização e investigação como o Ministério Público, Tribunais de Contas do Estado e da União, e até o Gaeco.

Hoje, vou encurtar o meu textão desta terça-feira. Estou postando acima, a apresentação-denúncia do vereador Dionísio, para que não me chamem de exagerado, repetidamente, como sempre faz esta gente que deve explicações por ser políticos e gestores públicos de dinheiro dos pesados impostos de todos nós.

O resumo é este. Jorge Luiz Prucino Pereira, presidente do PSDB de Gaspar, como presidente da Comissão de Intervenção – até então da secretário da Fazenda e Gestão Administrativa e que deu no pé após os áudios mostrarem que ele orquestrava em gabinetes conversas cabulosas – contratou a Prime Medical. Em dois anos já se repassou R$21 milhões para ela gerenciar tecnicamente o Hospital de Gaspar. O líder do governo contestou este número: para ele é só R$17 milhões, mas não apresentou a documentação contestativa.

O que estava sob suspeita aumentou ainda mais. É que o vereador Dionísio denunciou que o secretário de Saúde, o advogado e vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, vestido de candidato de Kleber para sucedê-lo na prefeitura, também contratou a empresa para prestar serviços a secretaria. E nos primeiros três meses deste ano foram repassados à ela, quase R$1,4 milhão.

Noves fora, somando o que a prefeitura paga via o Hospital e diretamente pela secretaria da Saúde, a paulista Prime Medical recebe mais de R$1,4 milhão por mês. Com o que já se pagou e o que está compromissado contratualmente, segundo os cálculos do vereador Dionísio, só a Prime Medical vai receber a assombrosa quantia de R$53 milhões até 2024.

Entretanto, o pior veio na sequência da apresentação de Dionísio, na terça-feira passada. Foi a relação pouco clara dos políticos no poder de plantão em Gaspar com a Prime Medical e dela com eles. Impressionante à mínima falta de cuidados -e ética – neste ambiente de trocas. Este fato, por si só, mostra como estão seguros do tal corpo fechado que sempre arrotaram perante as instituições de fiscalização e na intimidação, quando não perseguem ou se vingam, de quem trata deste assunto, como eu. E por isso, entende-se o silêncio da imprensa que depende de míseras verbas dessa gente, menos eu.

Dionísio deu pistas e colocou pela primeira vez no centro desta arena, ou trilha enlameada o ex-deputado estadual e deputado Federal, Ismael dos Santos, PSD, o novo prefeito de fato de Gaspar, bem como a igreja evangélica neopentecostal a que ele, o prefeito Kleber e indicados no primeiro escalão do governo, estão congregados, entre eles Jorge Pereira e o jornalista Emerson Antunes , de Blumenau, parente do deputado, titular na secretaria da Educação.

Ismael, no ano passado, conseguiu uma emenda parlamentar de R$1,2 milhão para o Hospital de Gaspar. Normal. Necessário. É o papel institucional dele.

O problema é que o proprietário da Prime Medical, Josué Sommer, maior tomador de recursos do Hospital e agora também na secretaria da Saúde, doou para a campanha do deputado Ismael R$50 mil; Jorge e sua mulher Queren – esta funcionária de Ismael na Assembleia Legislativa – R$8.435,00; Emerson Antunes, R$8 mil; Kleber e a esposa Leila, corretora de imóveis, R$10.150,00.

Pode não ter nada.

Contudo, estas doações colocam -e pode até ser desnecessariamente – mais gasolina nesta fogueira. Como escrevi, podem ter achado que estavam protegidos da curiosidade alheia e das ligações perigosas que elas insinuam por si só, mas também poder sinalizar ingenuidade, tese que vão tentar colar para os eleitores, eleitoras e para alguma autoridade que tentar se estabelecer no esclarecimento do que está mal explicado. Manjado. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Sinceramente? O vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, neste momento é o pior que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, Patriota, PL,  sei lá, poderia ter de líder na Câmara para combater o que se descobre nada republicano no governo deles. Anhaia é um pitbull. Está mal assessorado. Nervoso. E trôpego nos próprios argumentos. Não é mais levado a sério. Não está preparado para dar nó em pingo d’água que os casos requerem.

O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, teve que desenhar para o vereador líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, a diferença entre SPC do CDL e o Serasa. Tirou cópia da certidão onde consta 112 títulos protestados do Hospital de Gaspar, número desmentido e desmoralizado por Anhaia em sessão anterior. Com cópia do documento, Dionísio distribuiu aos vereadores.

O constrangimento aumentou à medida que o líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, sei lá, continuou no modo negação e recusou o documento. Ou seja, Francisco Solano Anhaia, MDB, deixou transparecer que sabia do espetáculo que fez para confundir à distinta plateia naquela e na outra sessão.

Dois vereadores da Bancada do Amém sentiram o golpe. O primeiro foi presidente da Casa, Ciro André Quintino, MDB. Ligeiro, repetiu o discurso de dias atrás. “Se alguém do MDB estiver envolvido em algum ato ilícito ou de corrupção, ou sacanagem, não contem comigo“. O outro que reafirmou discurso anterior, foi o Giovano Borges, PSD, mas se enrolou. E se insistir, ficará só no discurso.

O resto da Bancada do Amém está caladinho, incluindo o PP de José Hilário Melato, que já foi salvo de uma CPI enterrada pelo grupo de Kleber no primeiro mandado e referente a contratação da drenagem da Rua Frei Solano no Gasparinho, quando ele era o presidente do Samae. Também não se ouve nada, nadinha de nada de Franciele Daiane Back, sobre o que se acusa contra o presidente do diretório do seu partido, o PSDB de Jorge Luiz Prucino Pereira. Aliás, arrumado por ela própria.

Silêncio mesmo, é como se estabeleceu a CPI fake criada para dar em pizza e inocentar o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, sobre os áudios com conversas cabulosas comandadas pelo ex-secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, interino na secretaria do Planejamento e presidente da Comissão Interventora do Hospital de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB. Feita só de governista, todos os assuntos e passos desta CPI estão “guardados” como se estivessem num cofre. E sob a proteção da mesa diretora da Câmara, incluindo o seu presidente que se disse que não é conivente com atos obscuros.

Tudo errado. Uma funcionária foi admitida em abril de 2018 como efetiva, oriunda de um concurso público de 2014, como auxiliar técnica administrativo-financeiro na prefeitura de Ilhota. Virou dispensadora de medicamentos, que em tese, é diferente e exige – por responsabilidade regulada – conhecimentos específicos. A funcionária reclamou do desvio de função. Foi afastada sumariamente e a prefeitura quando se deu conta do abuso, inventou de consertá-lo, mas colocando culpa na funcionária, por meio de um Processo Administrativo Disciplinar, PAD.

O caso foi parar na Justiça. E em decisão liminar, a juíza Griselda Resende de Matos Muniz Capellaro, da segunda Vara da Comarca de Gaspar, mandou a prefeitura de Ilhota reintegrar a funcionária, exatamente na função para a qual está habilitada, prestou concurso e foi contratada, excluindo, logicamente, à dispensa de medicamentos. O escritório daqui Castro, Sansão e Vanz Advogado cuida do caso. Agora falta a intimação da prefeitura e o recurso à Justiça para contestar a decisão.

É espantosa à sucessão de equívocos, improviso e informalidades, se não for perseguição à servidora. A funcionária foi afastada por ato foi praticado por autoridade absolutamente incompetente e sem a publicação de ato indispensável à devida instauração do processo disciplinar; por meio de um “papelinho”, em 31/03/2023 a chefia imediata, que informou seu afastamento do exercício do cargo a partir de 03/04/2023, no prazo de 30 dias, devido a instauração de processo administrativo disciplinar; 

Mais. Não houve portaria informando o referido processo administrativo; embora no Memorando 1.494/2023 a Secretária de Saúde solicite à Comissão Processante o afastamento da autora, essa não é uma atribuição nem da Comissão nem de qualquer de seus integrantes; a Secretária de Saúde solicitou à Comissão o afastamento para depois simplesmente comunicar à autora que havia sido afastada, sem especificar qual ato em que se baseou para isso. 

E para completar, a chefia imediata da funcionária que se socorreu da Justiça, tratou o afastamento preventivo como conclusão lógica do pedido de instauração de processo disciplinar, sem explicar por qual razão a sua manutenção no cargo iria comprometer à instrução do processo disciplinar.

Ou seja, ficou evidente se tratar ser uma retaliação a quem se recusou fazer tarefa especializada e com a recusa, evitou possíveis danos a terceiros. Como frisou a juíza no despacho “que, além de aparente desvio de função, está-se a exigir da autora exercício de função privativa de farmacêutico, pois a responsabilidade técnica por estabelecimentos com dispensação de medicamentos é uma atividade privativa do farmacêutico desde 1973, quando foi regulamentada pela Lei n.º 5.991/73, o que torna a situação ainda mais grave“. Cada coisa!

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8 comentários em “DIONÍSIO MOSTRA AS RELAÇÕES PERIGOSAS CRIADAS NO DESASTRE E SUPOSTA SANGRIA DO HOSPITAL DE GASPAR. IMPRESSIONOU VEREADORES E PLATEIA. O LÍDER DE GOVERNO DE KLEBER E MARCELO DEBOCHOU DOS NÚMEROS, FATOS, DOCUMENTOS E DA INEXPLICÁVEL AUSÊNCIA DAS INSTITUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO”

  1. A indicação de pessoas incompetentes é o calcanhar de Aquiles para administração púbica e a pior das desgraças do serviço púbico, é um tema que deveria ser aprofundado tornar uma lei de estado, porque entra governo e sai governo é cada aberração, cada louco gritando em instituições que chega dar vergonha.
    O perfil do “líder” incompetente, independentemente do nível na organização, possui um estereótipo bem conhecido. Ele é inseguro, arrogante e narcisista e rouba seu tempo com reuniões improdutivas e prolongadas. Não sabe definir objetivos claro e não trabalha em equipe. Sabota a performance da equipe junto as lideranças tomando para si as glórias das boas ideias. Proíbe qualquer contato entre você e o chefe dele e se isso vier a ocorrer exige um relatório. Não sabe delegar pois acredita que concentrar as informações confere a ele o poder que não tem. É vaidoso e reforça rituais ultrapassados. Se possui uma sala, com certeza, trabalha com a porta fechada e faz questão que a secretaria anuncie qualquer visitante. Cria uma rede de “informações” para assegurar que controla.
    https://academiadeexecutivos.com/seu-chefe-e-incompetente-e-agora/

    1. Perfeito….está na cara
      Faltou acrescentar q parte da insegurança substitui por relações familiares, tão perigosas, qto incompetentes e vaidosas

  2. Dia 11, 15:30min. Põe na agenda. Câmara de Gaspar vai pegar fogo. Prestação de contas do hospital, aberto a comunidade. Estarei lá com a pipoca e uma coca-cola bem gelada na plateia acompanhando.

  3. TRANSGRESSÃO PREMIADA, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    O ato de mentir não é um mal em si. Vai do exercício da boa educação até a prática de crueldade ou da mera desonestidade, passando às vezes pela demonstração de generosidade. A mentira anda de braço dado com a humanidade desde sempre.

    Portanto, o projeto de lei que trata da circulação de notícias falsas cujo início de discussão na Câmara está marcado para esta terça-feira (2), não aborda assunto a respeito do qual nada se saiba. Na política há intimidade, excessiva até, com o tema. A novidade é o meio, as redes digitais onde a maioria ainda engatinha.

    Nesse contingente majoritário reside a maior parte dos congressistas que agora têm a tarefa de estabelecer as normas pelas quais as plataformas deverão se conduzir, certamente com reflexos sobre o comportamento dos usuários.

    Embora suas excelências possam ser catedráticas na produção de inverdades, são neófitas no diálogo com a modernidade. Disso dá notícia a barafunda de dissensos no ambiente em que se inicia a tramitação daquela que é uma obra em aberto à disposição de variados e poderosos lobbies.

    O único consenso por ora é um elogio ao privilégio tão arcaico quanto indevido. O salvo-conduto para os parlamentares usarem da imunidade para fazer tudo aquilo que acertadamente seria vedado às empresas e aos cidadãos: a disseminação de conteúdos impróprios à convivência em sociedade.

    À primeira vista pode parecer um ponto secundário, mas não é. Ao contrário, é prioritário. A fim de facilitar a aprovação, consignou-se que deputados e senadores podem infringir à vontade as regras impostas aos demais mortais sem correr riscos.

    Tal licença para transgredir carimba na proposta de combate às fake news um vício de origem que a suas altezas precisam ser instadas a consertar. Sob pena de comprometerem o regulamento que, se não vale para todos, não pode valer para ninguém.

  4. INTERESSES DE CADA UM, por Merval Pereira, no jornal O Globo

    O presidente Lula, no afã de cumprir promessas de campanha mirabolantes (dar condições de os pobres comerem picanha todo dia é bom exemplo), busca soluções heterodoxas para financiar seu programa de governo, já que cortar custos não faz parte do seu dicionário.

    Ao juntar na mesma Medida Provisória a atualização da tabela de isenção do Imposto de Renda e a taxação de grandes fortunas no exterior e ao anunciar a correção do salário mínimo acima da inflação, ele procura materializar suas promessas populistas que encontram dificuldades de ser implementadas pela debilidade de nossa economia.

    Jogou para o Congresso a responsabilidade de aprovar as medidas, que já estão valendo, deixando aos parlamentares a tarefa ingrata de, recusando-as, serem os culpados diante da opinião pública ao impedirem que o governo coloque “o pobre no Orçamento e os super-ricos no Imposto”, como lembrou o secretário executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.

    Certamente a ideia de taxar os investimentos no exterior já estava elaborada, talvez fosse anunciada mais adiante, mas o desejo de Lula de aproveitar o 1º de Maio para dar boas notícias aos trabalhadores fez com que o anúncio fosse antecipado. Como uma coisa compensa a outra, o governo ainda tem justificativa boa para a taxação de fortunas no exterior, embora tenha quebrado a promessa de não criar novos impostos.

    A declaração de bens no exterior, implantada na gestão de Arminio Fraga no Banco Central, permitiu que o governo obtivesse informações detalhadas de cada contribuinte, exceção feita àqueles que sempre estiveram dispostos a esconder seus bens, frutos provavelmente de ações ilegais. Com o país em situação econômica precária, está chegando o ponto de aceitação de ampliação da taxação dos mais ricos, assim como, no Plano Real, o país já não aguentava mais conviver com a hiperinflação, e abriu-se o caminho para uma solução.

    A desigualdade da sociedade brasileira chegou a um limite inaceitável, e é preciso que se equilibre a situação social para evitar uma catástrofe. Mas também não é possível continuarmos com uma classe política que trata seus interesses pessoais com a desenvoltura dos que não têm responsabilidade. Querer voltar com o orçamento secreto a esta altura é um acinte à sociedade brasileira. Ser sensível aos problemas sociais mais por populismo que por conscientização só traz mais gastos insustentáveis.

    Um governo que quer exigir de seus cidadãos sacrifícios não pode se dar ao desfrute de beneficiar os seus com leniência; de indicar para o Supremo Tribunal Federal (STF) um amigo cujo principal mérito seja a lealdade ao presidente, e não à Constituição; de alterar a legislação para permitir que cargos sejam ocupados por desqualificados para a função ou sem o cumprimento de quarentenas preventivas.

    Levar os mesmos lobos já investigados por corrupção para tratar das mesmas questões financeiras nas estatais anteriormente envolvidas em esquemas ilegais não é um bom sinal. Dar o mesmo valor àqueles que produzem na agricultura e aos que invadem suas terras, colocando-os no mesmo nível em conselhos do Estado, é dar tratamento igual a desiguais.

    Sobretudo, é preciso dar o exemplo cortando custos de uma máquina pública inchada, para contribuir com o equilíbrio fiscal. Voltar a ter 37 ministérios para contentar a miríade de partidos de uma base parlamentar frágil e fluida também não é, certamente, um bom sinal. Começar a prometer financiamentos com dinheiro público a países amigos ideológicos, como a Argentina, é repetir os mesmos erros e prejudicar os cidadãos menos atendidos pela ação do governo.

  5. INTERESES DE CADA UM, por Merval Pereira, no jornal O Globo

    O presidente Lula, no afã de cumprir promessas de campanha mirabolantes (dar condições de os pobres comerem picanha todo dia é bom exemplo), busca soluções heterodoxas para financiar seu programa de governo, já que cortar custos não faz parte do seu dicionário.

    Ao juntar na mesma Medida Provisória a atualização da tabela de isenção do Imposto de Renda e a taxação de grandes fortunas no exterior e ao anunciar a correção do salário mínimo acima da inflação, ele procura materializar suas promessas populistas que encontram dificuldades de ser implementadas pela debilidade de nossa economia.

    Jogou para o Congresso a responsabilidade de aprovar as medidas, que já estão valendo, deixando aos parlamentares a tarefa ingrata de, recusando-as, serem os culpados diante da opinião pública ao impedirem que o governo coloque “o pobre no Orçamento e os super-ricos no Imposto”, como lembrou o secretário executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.

    Certamente a ideia de taxar os investimentos no exterior já estava elaborada, talvez fosse anunciada mais adiante, mas o desejo de Lula de aproveitar o 1º de Maio para dar boas notícias aos trabalhadores fez com que o anúncio fosse antecipado. Como uma coisa compensa a outra, o governo ainda tem justificativa boa para a taxação de fortunas no exterior, embora tenha quebrado a promessa de não criar novos impostos.

    A declaração de bens no exterior, implantada na gestão de Arminio Fraga no Banco Central, permitiu que o governo obtivesse informações detalhadas de cada contribuinte, exceção feita àqueles que sempre estiveram dispostos a esconder seus bens, frutos provavelmente de ações ilegais. Com o país em situação econômica precária, está chegando o ponto de aceitação de ampliação da taxação dos mais ricos, assim como, no Plano Real, o país já não aguentava mais conviver com a hiperinflação, e abriu-se o caminho para uma solução.

    A desigualdade da sociedade brasileira chegou a um limite inaceitável, e é preciso que se equilibre a situação social para evitar uma catástrofe. Mas também não é possível continuarmos com uma classe política que trata seus interesses pessoais com a desenvoltura dos que não têm responsabilidade. Querer voltar com o orçamento secreto a esta altura é um acinte à sociedade brasileira. Ser sensível aos problemas sociais mais por populismo que por conscientização só traz mais gastos insustentáveis.

    Um governo que quer exigir de seus cidadãos sacrifícios não pode se dar ao desfrute de beneficiar os seus com leniência; de indicar para o Supremo Tribunal Federal (STF) um amigo cujo principal mérito seja a lealdade ao presidente, e não à Constituição; de alterar a legislação para permitir que cargos sejam ocupados por desqualificados para a função ou sem o cumprimento de quarentenas preventivas.

    Levar os mesmos lobos já investigados por corrupção para tratar das mesmas questões financeiras nas estatais anteriormente envolvidas em esquemas ilegais não é um bom sinal. Dar o mesmo valor àqueles que produzem na agricultura e aos que invadem suas terras, colocando-os no mesmo nível em conselhos do Estado, é dar tratamento igual a desiguais.

    Sobretudo, é preciso dar o exemplo cortando custos de uma máquina pública inchada, para contribuir com o equilíbrio fiscal. Voltar a ter 37 ministérios para contentar a miríade de partidos de uma base parlamentar frágil e fluida também não é, certamente, um bom sinal. Começar a prometer financiamentos com dinheiro público a países amigos ideológicos, como a Argentina, é repetir os mesmos erros e prejudicar os cidadãos menos atendidos pela ação do governo.

  6. Bom dia.
    Obrigada pelo seu carinho com a nossa gente.
    Sem IMPRENSA, sem CÂMARA de vereadores e sem VERGONHA na cara, os de “corpo fechado” nadam de braçadas nesse rio sem piranhas.
    Que a população gasparense ACORDE e coloque esses CARRAPATOS pra correr.
    Mas não em 2024,
    JÁ.

  7. DERRAPADAS DE ESQUERDISTAS TRAZEM RECADOS PARA LULA, editorial do jornal O Globo

    Está previsto para hoje um pronunciamento do presidente colombiano, Gustavo Petro, em comemoração ao 1º de Maio. Mesmo que atraia milhares, o evento não mudará a realidade. Petro tem apenas 35% de aprovação e 54% de reprovação. Por diferentes motivos, governos de esquerda que assumiram o poder recentemente na América Latina — na Colômbia, no Peru, no Chile, na Bolívia, na Argentina e no México — vivem momentos de crise. Os exemplos servem de alerta para o Brasil, que trouxe de volta ao poder o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva.

    Eleito em 2022 com a promessa de unir o país, Petro governou por oito meses com apoio de uma coalizão ampla. Na última quarta-feira, ela veio abaixo quando ele exigiu a renúncia de seus ministros. Os indicados por partidos de centro e centro-direita deram lugar a representantes de legendas de esquerda. Incapaz de forjar apoio a sua proposta de reforma do setor de saúde, Petro decidiu dar uma guinada populista, que dificultará ainda mais a formação de maioria no Congresso. Aparentemente ciente disso, ele voltou a apostar na polarização como forma de recuperar o apoio das ruas.

    No Peru, desde a queda e prisão do esquerdista Pedro Castillo pela tentativa de autogolpe em dezembro, impera a instabilidade. Dina Boluarte, a vice que assumiu no lugar dele, tem ignorado a opinião pública, favorável a eleições presidenciais imediatas. Dividiu o poder com figuras impopulares no Congresso e deixou o país num estado de convulsão permanente. Os protestos que tomaram conta das ruas nos últimos meses deixaram 39 mortos e mais de 1.300 feridos.

    No Chile, o presidente Gabriel Boric apostou tudo numa nova Constituição repleta de concessões a movimentos identitários e grupos de interesse de toda sorte. Ela foi rejeitada em plebiscito, e seu governo perdeu o norte. Há pouco mais de uma semana, seguindo a gasta cartilha da esquerda, anunciou planos de criar uma estatal para explorar as reservas de lítio e novas regras para a operação de empresas privadas. No discurso, tudo em nome do povo. Na prática, essa política terá altos custos e resultados desastrosos para a economia mais avançada do continente.

    A Bolívia, outro país que parecia ter alcançado estabilidade depois da vitória de Luis Arce nas eleições de 2020, sacramentando o retorno ao poder do partido de Evo Morales, volta a ser assombrada pela economia. Quem olha as previsões de inflação (4%) e crescimento do PIB (1,8%, o dobro do Brasil) não deve se iludir. O risco de crise cambial é considerável. O governo nega intenção de desvalorização, mas as reservas internacionais continuam caindo em alta velocidade. Em fevereiro, eram insuficientes para cobrir três meses de importações. Como a Bolívia chegou a esse ponto? Anos de hostilidade ao capital privado e política de câmbio fixo.

    A crise cambial é realidade cotidiana na Argentina, onde dólar e inflação dispararam. Mesmo para o padrão local, a situação é calamitosa. O peronista Alberto Fernández continua pregando contra miséria e desigualdade, sem nunca ter deixado de adotar políticas que as causam. No México, o esquerdista Andrés Manuel López Obrador (AMLO) atraiu protestos colossais contra uma reforma eleitoral que reduz espaço da oposição. Sua aprovação, embora ainda alta pelo desempenho econômico, sofreu um baque.

    Como se vê, não faltam recados para Lula no continente.

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