CÂMARA DE GASPAR TIRA DINHEIRO DA CONSTRUÇÃO DA SUA “SEDE PRÓPRIA” PARA SUPORTAR AUMENTO DE QUADRO DE ASSESSORES E TERCEIROS

Se você é leitor ou leitora deste espaço, você já leu esta observação abaixo, outras vezes. Então, vou repeti-la ou refrescar à memória dos “esquecidos”, ou para os novos por aqui.

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Você deveria estar lendo, nesta segunda-feira, o meu comentário sobre a espantosa apresentação do secretário da Saúde, o vereador Francisco Hostins Júnior, MDB. Ela aconteceu na quinta-feira passada e a pedido formal do líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB. A armação, foi feita sob muita pressão para destampar uma chaleira que fervia contra o governo e os que o defendem. Espantosa, porque veio com quase três anos de atraso. Voltarei. Até porque o diabo mora nos detalhes. E o que se detalhou, mostra que todos continuam no inferno.

Nesta segunda-feira eu poderia estar falando deste diálogo que correu os aplicativos de mensagens no domingo e a cidade inteira sabe dele:

“Ô Jorge, pede para ele fazer os R$10 mil que a gente combinou, né! Me parece que a ele ajeitou tudo as notas lá; ele falou que ia fazer R$3.400, porque eu preciso de R$10 mil, cara. Porque vai ficar uma beirada para trás, tá. Mas daí, ele vai levar em dinheiro, daí parece. Acho que R$3 mil e pouco, R$4 mil, não sei…”

Retomo. Como a imprensa está caladinha há 40 dias sobre este cabuloso assunto, e certamente, como no caso do Hospital, está esperando orientações para a versão oficial e assim, cumprir o papel dela no sistema, então hoje vou tratar de outro que você não vai ler, ouvir ou ver descrito nesta mesma imprensa.  E olha que ela ainda diz não entender à razão pela qual perdeu a audiência, e a mesma imprensa que já fez história na nossa cidade ao desvendar casos de corrupção de políticos. Bons tempos aqueles.

Bom, dia!

Enquanto distrai a cidade com uma CPI sobre os áudios cabulosos da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá, para tudo terminar em pizza em favor o governo e da própria Bancada do Amém, isto sem falar como entupiu a imprensa – que calada até então, e do nada, repentinamente, interessou-se pelo assunto como se entendesse dele desde o início, com informações e assim esconder à caótica transparência de um Hospital de Gaspar sob intervenção que se tornou ralo sem fim de dinheiro público, sem a devida contrapartida na qualidade dos serviços oferecidos à população -, a mesa diretora da Câmara de Gaspar aproveitou para abrir caminhos legais para inchá-la, evitar o debate e o desgaste público disso, pois se isto acontecesse, sabe muito bem que poderá lhes custar caro nas eleições municipais de outubro do ano que vem. 

Há três semanas, os vereadores de Gaspar aprovaram projetos que possibilitavam, ou normalizavam, à contratação de mais assessores e estagiários para os gabinetes dos vereadores e da presidência da Câmara.  Os donos da ideia: Ciro André Quintino, MDB, presidente; o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, o vice-presidente que comanda de fato a Câmara; além de Giovâno Borges, PSD e Alexsandro Burnier, PL, respectivamente, primeiro e segundo secretários da Casa (foto que abre este comentário).

Na imprensa, os autores da manobra e dos Projetos de Leis, que só citam leis que estariam sendo modificadas quando apresentam algo que pode dar buxixos na cidade, desmentiram quando escrevi aqui sobre o resultado pretendido pelos projetos que aprovaram e o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, sancionou. Outros vereadores, justificaram-se. Alguns se fizeram de desentendidos. 

E, então, mais uma vez, eu desenhei, diante do silêncio da imprensa local e regional – e se sabe bem o porquê desse “silêncio” – e da tal sociedade organizada, a qual, por meio das entidades, diz representar parte dos que pagam a cara conta dos políticos para a cidade, os cidadãos e as cidadãs.

Nada como um dia após o outro. E eles próprios, lavam a minha alma. Tornam este espaço, líder de audiência, multiplicada várias vezes naquilo que a imprensa perde, exatamente, por não exercer o seu papel e, no mínimo, fechar os olhos para os poderosos de plantão e da cidade.

Agora, chegou a hora da verdade: arrumar dinheiro para bancar o que o presidente da Câmara, Ciro, o campeão de diárias, dizia – e até escreveu na argumentação daquilo que se aprovou anteriormente -, de que não se tratava de aumento de quadro ou de despesas, mas apenas uma adequação da Lei já existente

Num piscar de olhos apareceram e foram aprovados três Projetos de Lei, meticulosamente entrelaçados entre eles, os quais tiram da rubrica da suposta construção da sede própria da Câmara, meio milhão de Reais, repito, meio milhão de Reais e o coloca em duas rubricas: mais R$350 mil para folha de pagamentos e encargos, e R$150 mil para manutenção das atividades, ou seja, para a contratação de serviços terceirizados, entre eles, o de estágios.

Quem votou contra? Só Franciele Daiane Back, PSDB. E remotamente. Mal-estar expresso nos rostos de Ciro e Melato quando viram o painel. Avisados, estavam. E fazia tempo. Só eu dei aqui. Depois de deixar a presidência da Câmara, num exercício meramente burocrático e sem brilho, a vereadora do Distrito do Belchior postou um texto desabafo. Ela dizia ter sofrido pressões para que isto acontecesse no tempo dela. Resistiu e sabia que viria, pois fez parte do pacote de eleição de Ciro, e orquestrada por Melato, o inventor dos tais assessores de gabinetes, depois que aumentou o número de vereadores de onze para 13.

Franciele, se fez bem em resistir quando foi presidente da Câmara, errou há três semanas quando se aprovou à possibilidade deste aumento dessas vagas. 

Ora, se aumentaram as vagas, era certo também que se precisaria de dinheiro – e não é pouco como se nota nos três projetos aprovados na terça-feira passada – para fazer as contratações ou “normalização” dos que já estão no pedaço. Então, Franciele deixou esse assunto criar raiz e não foi capaz de capitalizar a seu favor, ainda mais diante do que está posto para o presidente do PSDB de Gaspar, Jorge Luiz Prucino Pereira, devidamente sumido, depois que apareceram as gravações com conversas cabulosas a favor do governo de Kleber e Marcelo. A quarta apareceu ontem à noite. Virão mais!

Para encerrar este artigo e que mostra à razão pela qual o sistema dominante MDB, PP, PSD, PDT e PSDB está na boca do lobo, e se acha o dono do lobo. Só faltará – como já fez anteriormente em outras ocasiões – o presidente Ciro, que não votou nas matérias de três semanas atrás e na terça-feira passada -, dizer que ele não tem nada a ver com isso. 

Se não tem, como presidente Câmara por que apresentou a pilha de projetos para criar ou, “normalizar” mais assessores e agora, para se ter dinheiro para cobrir a nova despesa? Se não tem, por que tudo passou que nem uma bala de prata pela Casa e todos caladinhos? Ciro só não votou naquilo que apresentou porque, neste tipo de matéria, o voto de Ciro é desempate. E claramente, não houve. 

Ciro ainda chora as pitangas de que supostamente estaria sendo punido pelos esclarecimentos ao distinto público que ele dribla com muita frequência, principalmente nos memes que produz e os estão engolindo pela incoerência e até, hipocrisia. Ciro chorará ainda muito mais. Mas, só pelo que faz. E fez, mais uma vez.

Outra I. Por quê não tiram do Orçamento da Câmara, esta fantasia chamada de “construção da sede própria”, se verdadeiramente não a querem construir nada e usam para fazer politicagem e inchar o quadro da Câmara? É para chantagear o dono do prédio da Câmara?

Outra II. Os que se dizem contra o sistema criado e dominado pelo MDB, PP, PDT, PSD e PSDB no governo de Kleber e Marcelo não foram capazes, sequer de esboçar um pio sobre estes três projetos. Vejam a velocidade. Eles entraram com data de 25 de abril, protocolados no dia 27, lidos na sessão do dia dois de maio com a escolha dos respectivos relatores, passou a jato nas comissões e na terça-feira passada, dia nove de maio, já estava na pauta para se ler os pareceres favoráveis dos relatores e se ir à votação? O normal são 45 dias depois de lido em plenário, isso quando alguma matéria é urgente, urgentíssimo. O resto é excepcionalíssimo ou arranjos.

Outra III. O PL e o PT são parte desta jogada e benefício que pede mais sacrifício ao bolso do povo e para suportar empregos nas estruturas dos políticos. Votaram a favor. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O sistema. A imprensa local – neste final de semana, além do caso da prestação de contas do Hospital atrasada em quase três anos – e os políticos no poder de plantão tiveram o mesmo discurso sobre o deslizamento da barranca do Ribeirão Gaspar Mirim, o qual comprometeu as ruas José Rafael Schmitt e a Rio Branco, com a interdição da cabeceira da ponte Arno Schmitt: a solução eficaz teria sido do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota, ou PL, sei lá. Falso. Explico, pela enésima vez.

Esconderam – a imprensa e os políticos – que o problemão surgiu como um probleminha há quase um ano. Ele não foi tratado pelo prefeito, o Planejamento Territorial na concepção das obras de drenagens, bem como, no remendo e a manutenção pela secretaria de Obras e Serviços Urbanos, tocada pelo ex-vice-prefeito Luiz Carlos Spengler Filho, PP, um funcionário municipal, hoje, encostado na Chefia de Gabinete.

Quando virou um problemão, quase um ano depois de surgido, repito, quase um ano depois de surgido, correram atrás da Defesa Civil. O prefeito pediu ajuda ao PL e lá foram eles ao governo do estado. O governo de Jorginho Melo, PL, disse não. Estaria sem caixa. Aí apelou-se ao governo Federal. E ele atendeu. Agora tentam esconder isso: a verba é do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT.

Perguntar não ofende. O que é feito da CPI criada pelo governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, Patriota ou PL, sei lá, para apurar o que tinha de verdade em um dos áudios vazados com conversas cabulosas do ex-secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, ex-secretário do Planejamento Territorial, ex-presidente da Comissão Interventora do Hospital de Gaspar e presidente do PSDB, Jorge Luiz Prucino Pereira? E o áudio envolve exatamente a rua José Rafael Schmitt refeita no projeto de enrocamento contra o desbarrancamento ao ribeirão Gaspar Mirim. 

Já se sabe onde o irmão de templo e ex-supercretário do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, está sumido da cidade depois do escândalo?

Presença. Ronaldo Gaetner, o Naldo, fez 80 anos. No sábado, nos festejos, dois convidados ilustres: o deputado Federal e presidente do MDB de Santa Catarina, Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul, e o deputado estadual, hoje secretário de Infraestrutura e Mobilidade de Santa Catarina, Jerry Comper, MDB, de Ibirama.

Bafo I. Os vereadores de Gaspar não gostam do bafo dos seus eleitores e eleitoras os quais dizem representá-los. Na sessão de terça-feira passada, o vereador e funcionário público municipal, José Carlos de Carvalho Júnior, MDB, foi contraditado por outro funcionário municipal que estava presente à sessão. Mal-estar.

Bafo II. O vereador José Carlos de Carvalho Júnior, MDB, prometia enviar à Câmara uma legislação para regular o uso das tais “bicicletas elétricas” no município, que segundo ele, estaria colocando em risco crianças e idosos. 

Bafo III. Esta é mais uma prova de que o vereador é mal assessorado e que o aumento de assessores como o aprovado recentemente por eles, não vai corrigir este mal. Este , tema o da regulação no trânsito, é de exclusiva competência nacional. Por que tudo continuará igual? Político vive de espuma, discurso e vitimismo.

Bafo IV. Esta é outra prova que a Ditran – Diretoria de Trânsito – de Gaspar é algo muito, mas, muito decorativo e quase inócua com os seis agentes que sobraram para cuidar da cidade, olhando-se as escalas, licenças, férias e imprevistos. Esta é a prova de que o Maio Amarelo, por aqui, nem amarelo do alerta, é. Todos daltônicos. Acorda, Gaspar!

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6 comentários em “CÂMARA DE GASPAR TIRA DINHEIRO DA CONSTRUÇÃO DA SUA “SEDE PRÓPRIA” PARA SUPORTAR AUMENTO DE QUADRO DE ASSESSORES E TERCEIROS”

  1. UM RAIO JUSTICEIRO, por Merval Pereira, no jornal O Globo

    Se um raio divino não cair sobre o Congresso para castigar os pecadores, deve ser aprovada hoje na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara o que já é avaliado como a maior anistia da história política recente, impedindo que irregularidades eleitorais dos partidos políticos detectadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sejam punidas.

    O TSE terminou recentemente a análise dos gastos partidários de 2017 — atraso que, por si só, favorece a impunidade — e determinou multas no valor de R$ 40 milhões, corrigidas pela inflação. A anistia pretendida beneficia governo e oposição, esquerda e direita, é ampla, geral e irrestrita, atinge praticamente todos os partidos, acusados de gastos indevidos do dinheiro público ou de não cumprirem a legislação eleitoral, principalmente a que determina cotas raciais e de gênero para as candidaturas.

    A anistia, na forma de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), proíbe qualquer punição a irregularidades cometidas antes de sua publicação. Será mais uma de cinco já aprovadas ao longo do tempo para anistiar os partidos por seus desvios. Só entre o ano passado e este ano, os partidos receberam mais de R$ 6 bilhões dos cofres públicos (o fundo eleitoral repassou R$ 5 bilhões e, neste ano, o fundo partidário destinará às siglas R$ 1,185 bilhão).

    O presidente do TSE, o onipresente ministro Alexandre de Moraes, foi relator da punição. Identificou “gastos sem relação com a atividade partidária e em benefício de dirigentes” e falta de comprovação da destinação das verbas. O caso mais extravagante, que mostra como os partidos não se preocupam com as consequências de seus atos, é a suspeita de que o ex-presidente do PROS Eurípedes Jr. tenha usado verba pública para comprar toneladas de carne e equipamentos para uma churrascaria cuja proprietária foi sua companheira.

    Num humor involuntário, os técnicos do TSE disseram que não foi possível constatar o uso de tais equipamentos — forno e bifeteira elétricos, pratos, copos, taças de vinho, maçarico culinário — “em atividades partidárias”. Outro item da gastança que, segundo o partido, obedeceu às normas vigentes foi a construção de uma piscina na casa de Eurípedes Jr., onde atuaram empregados do partido. Uma consequência óbvia da aprovação da PEC é que ela não poderá ser revogada pelo Congresso.

    Portanto o caso deverá parar no Supremo, pois já existem movimentos de órgãos da sociedade civil para tentar impedir mais este abuso. Representantes de diversos setores, participantes do Conselhão do governo Lula, divulgaram documento pedindo que o governo intervenha para impedir que sua base aliada aprove a anistia no Congresso. Mais parece um amargo engano de líderes que se dispuseram a fazer parte de um conselho que assessora o governo, mas, no final das contas, não tem nenhuma influência real nas decisões.

    Mesmo porque, entre os que assinaram a proposta, está o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães. São casos como esse que fazem o cidadão perder a confiança nos partidos políticos. Não apenas os partidos desmoralizam a política. Um bom exemplo é o procurador-geral da República, Augusto Aras, e seus malabarismos para se manter no cargo, seja qual for o governo.

    Enquanto tinha esperança de ser nomeado para uma das vagas do Supremo por Bolsonaro, fez poucas e boas para mostrar fidelidade. Perdida a chance da vaga no Supremo com a indicação de André Mendonça, Aras continuou sua luta para, pelo menos, ser mantido no cargo pelo novo presidente, já que a escolha de Cristiano Zanin, advogado de Lula, parece certa para o STF.

    Aras, durante o governo Bolsonaro, rejeitou meia dúzia de vezes processos contra o presidente. Agora apoia investigações contra Bolsonaro, alegando que suas manifestações são feitas de “forma técnico-jurídica, com base nas especificidades de cada momento procedimental”. Pelo visto, o “momento procedimental” já não é mais favorável a Bolsonaro, mas a Lula. A única coisa a fazer é aguardar um raio justiceiro.

  2. COM O MST, LULA QUER VINGANÇA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    À primeira vista, a IV Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 14 de maio pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pareceu ser apenas uma reunião festiva entre cooperativas de pequenos agricultores – esses que teriam transfigurado o MST do grupo invasor de propriedades alheias que sempre foi no “maior produtor de arroz orgânico do País”, segundo a mitologia petista – e a juventude urbana que veste o boné vermelho do MST como item fashion para usar na balada.

    Mas o evento, na realidade, foi um ato político de arrepiar os cabelos de todos os que se preocupam com o respeito à ordem jurídica, em particular ao direito de propriedade, e acreditam que sem paz social, no campo ou na cidade, não haverá a mais tênue chance de o Brasil ser um lugar atrativo para novos investimentos e trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável. Ao fim e ao cabo, a feira foi pretexto para que o País inteiro visse que o MST conta com mais do que a simpatia da atual administração federal; conta com o endosso do governo Lula da Silva para seus modos truculentos de fazer reivindicações políticas, corriqueiramente afrontosos à Constituição.

    A presença maciça de membros do primeiro escalão do governo na feira, poucos dias após Lula em pessoa ter atacado empresários do agronegócio que não lhe nutrem simpatia, sobretudo os produtores paulistas, chamando-os de “fascistas”, não deixa dúvida de que o presidente usa o MST como mais um instrumento de sua vendeta pessoal contra um Brasil que não se deixa enrolar por sua lábia.

    A bem da verdade, além da ligação atávica entre PT e MST, a chancela de Lula às práticas do grupo já havia ficado evidente quando o presidente fez questão de levar a tiracolo o chefão do MST, o notório João Pedro Stédile, em sua comitiva durante viagem à China. Não satisfeito com a mera presença de Stédile no séquito, Lula fez questão de que o arruaceiro figurasse na foto oficial do encontro de cúpula entre ele e o presidente chinês, Xi Jinping. Na volta ao Brasil, Lula ainda incluiu o MST entre os membros do chamado “Conselhão”.

    O que se viu na feira do MST foi um desfile de ministros de Estado que só não superou a posse presidencial. Boa parte da Esplanada se fez representar no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital paulista. Até o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, lá esteve. O cidadão que porventura tenha acordado de um longo coma e lido o noticiário do sábado passado decerto teve um choque ao ver Alckmin ser saudado pelos simpatizantes do MST, entre uma tietagem e outra, como “guerreiro do povo brasileiro”, epíteto que até outro dia era reservado apenas aos mais empedernidos petistas, os mesmos que Alckmin outrora combatia.

    À medida que o tempo passa, Lula parece cada vez mais empenhado em deixar claro para o País que aquele líder de uma formidável “frente ampla em defesa da democracia” não passou de uma personagem que ele inventou para posar de pacificador de uma sociedade profundamente dividida. Como presidente, Lula se mostrou incapaz, até agora, de assumir suas responsabilidades como chefe de Estado e de governo, além de aumentar a aposta na radicalização em muitas frentes, apenas com o sinal invertido em relação ao seu antecessor, como forma de manter a coesão de seus apoiadores.

    As revelações inequívocas de quão imbricados estão o governo petista e o MST ocorrem justamente no momento em que Lula enfrenta enormes dificuldades para governar o País sem uma base de apoio sólida e confiável no Congresso e sem o apoio da uma parcela significativa da sociedade que não comunga do ideário petista. Em que esses atos de afronta aos brasileiros moderados, ao agronegócio e a seus representantes no Poder Legislativo ajudarão Lula a angariar apoios fora do seu centro gravitacional nesse momento desafiador, só o “gênio político” do presidente é capaz de responder.

  3. Miguel José Teixeira

    Matutando bem, sobre o artigo do genial/genioso Demétrio Magnoli: “Sim. Não. Sei lá! Mentiras como a promessa de picanha e cerveja grátis pode ser considerada política identitária?

  4. Bom dia.
    SEXTA-FEIRA a TARDE teve AUDIÊNCIA PÚBLICA na Câmara de Vereadores de Gaspar 👀
    Pra MUDAR um PL que LIMITA área industrial de uma determinada empresa…
    A VELHA colcha de retalhos pra FAVORECER os amigos e PERSEGUIR os não tão amigos.

    Se a comunidade e os EMPRESÁRIOS da Rota das Cachoeiras do Belchior foram CONSULTANDOS??

    Claro que não 👀
    💸💸💸💸💸💸💸

    1. Bom dia,

      A senhora não é nenhuma ingênua. Nem eu. Muito menos, os políticos no poder de ontem e de hoje.

      Eles deixaram vencer, desde 2016 o primeiro e único Plano Diretor de Gaspar. A Emenda ao arrepio da falta de uma lei clara e atualizada sobre o assunto e enjambrada na sexta-feira, com ares de legalidade, mostra bem como funciona isso em Gaspar. É um negócio ou uma arma de vingança. E tudo contra o futuro organizado da cidade,.

  5. Para a esquerda do atraso, PT e Lula lerem… As eleições de outubro do ano que vem serão desastrosas para eles a perdurarem o radicalismo para se esconder nas minorias e o negacionismo econômico que está nos levando à fragilidade como um país de oportunidades.

    O CIRCULO CHILENO, por Demétrio Magnoli, no jornal O Globo

    O círculo se fechou. Há uma semana, os chilenos deram maioria absoluta à direita na eleição do Conselho Constitucional. O Partido Republicano, de José Antonio Kast, ultraconservador, ficou com 23 das 51 cadeiras. A direita moderada ficou com outras 11. O ciclo iniciado com a vitória da esquerda nas eleições para a Assembleia Constituinte, dois anos atrás, conclui-se na forma de um teorema: a política identitária move o eleitorado para a direita.

    As manifestações populares de 2019 e 2020 desaguaram no plebiscito que aprovou a produção de uma nova Constituição, em substituição à Carta herdada da ditadura de Pinochet e várias vezes emendada. Sob o impulso das ruas, que queriam redes ampliadas de proteção social, a esquerda obteve maioria na Constituinte.

    A maioria nominal esquerdista da Constituinte não refletia a paisagem política do país. No turno inicial das eleições de novembro de 2021, seis meses após a eleição da Constituinte, o candidato presidencial de esquerda Gabriel Boric, que triunfaria no turno final, obteve apenas 26% dos votos. No mesmo pleito, a direita conquistou 48% das cadeiras na Câmara, batendo largamente a esquerda. Mesmo assim, a esquerda resolveu “passar o trator”, escrevendo um projeto de Constituição à sua imagem e semelhança.

    Constituição é o contrato de regras que mantém a unidade da sociedade nacional. Precisa, portanto, refletir um consenso político de longo prazo. A maioria da Constituinte chilena preferiu, porém, replicar na Carta seu programa ideológico completo.

    Nasceu, do exercício insano, um monstro de 388 artigos que condensava as mais desvairadas utopias identitárias, ecológicas e sociais. O Chile se tornaria um Estado plurinacional. Os povos indígenas ganhariam “autogoverno”, até “instituições jurisdicionais tradicionais”. A palavra “gênero”, repetida 39 vezes, desdobrava-se na exigência de “paridade de gênero” em todos os órgãos da administração pública, direta ou indireta, e na totalidade das instituições de representação popular.

    O projeto deslizava para a faixa do ridículo. Os juízes, bem como as autoridades políticas, ficariam obrigados a tomar decisões amparadas num “enfoque de gênero”. A “Natureza” adquiria o estatuto de sujeito de direitos. Ficariam proibidas “todas as formas de precarização no emprego”, seria garantido o direito geral ao trabalho “de livre escolha” e a seguridade social pública evitaria qualquer “redução dos meios de subsistência” dos cidadãos.

    O pleito da Constituinte teve participação de escassos 42% dos eleitores. O plebiscito do projeto constitucional, realizado em setembro de 2022 sob a nova regra do voto obrigatório, contou com 86% de participação — e o rejeitou por uma maioria esmagadora de 62% dos votantes. Os chilenos declaravam-se fartos com os folguedos infantis da esquerda pós-moderna. O pêndulo começava a mover-se no sentido oposto.

    Kast inventou seu partido em meados de 2019. O ciclo eleitoral inaugurado com a Constituinte abriu espaço para a difusão nacional das suas ideias, alicerçadas na trindade Pátria, Deus e Família. O Partido Republicano não merece o rótulo de “ultradireita” que a esquerda tenta lhe impingir, pois evita contestar a democracia, a igualdade jurídica e a laicidade estatal. Situa-se no pátio do conservadorismo duro, exibindo-se como interlocutor da centro-direita tradicional. Seu triunfo decorre da rejeição majoritária às políticas identitárias de esquerda.

    A indagação política moderna é “como promover o bem-estar dos cidadãos?”. Os identitários a substituíram por outra, que não admite acordos: “Quem somos nós?”. A esquerda pós-moderna oferece a seguinte resposta: “Uma coleção de minorias oprimidas”. A direita dura, liderada por Kast, tem respostas eleitoralmente mais eficazes: “Somos o povo chileno”, “somos patriotas”, “somos cristãos”. A resposta da esquerda enfatiza a diferença, a fragmentação, enquanto a direita apela à igualdade e à unidade.

    O deslocamento da política para a esfera das identidades é uma fórmula certa para a vitória dos conservadores. A prova disso está no círculo chileno.

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