NESTAS ELEIÇÕES, ZUCHI FOI A DECEPÇÃO, MARA A COTISTA E MARCELO, O ESPERTO QUE MAIS UMA VEZ SE DEU MAL

Há assunto para dias. A maior parte deles você não irá ler nos jornais, vê na tevê ou principalmente ouvir nas rádios daqui. São proibitivos. Perde-se amizade, boquinhas, convites, migalhas, amizades falsas e de interesses, verbas públicas, negócios e até anúncios para quem já não possui independência editorial. Mas, que estou de alma lavada, mais uma vez, ah, isso estou. É só ler o que escrevi nos últimos seis meses. E fiz este exercício por horas seguidas antes de escrever este artigo.

Vamos começar pela aldeia? O melhor resumo do que aconteceu neste domingo em Gaspar de eleições gerais está nos boletins do Tribunal Regional Eleitoral. São números. Nada de torcida. Nadinha de especulação. Muito menos adivinhação. Se bem que avisei que de esse seria o resultado.

Menos para o ex-prefeito de três mandatos, suplente de deputado estadual, Pedro Celso Zuchi, PT. Ele não foi capaz sequer de aproveitar à onda de Luiz Inácio Lula da Silva, muito menos, a surpreendente votação que colocou no segundo turno na corrida pelo Centro Administrativo, o ex-prefeito por dois mandatos e deputado Federal, Décio Neri de Lima, seu padrinho. 

Celso sequer conseguiu tirar lasquinhas em Blumenau, onde a ex-deputada Federal, Ana Paula Lima, se elegeu deputada Federal.

Uma decepção completa. Fez menos votos do que em 2018. Não renovou. Não permitiu a renovação. Preferiu a turma da vingança , uma marca do seu governo contra empresários e imprensa. Quem planta colhe. Tarde, mas colhe.

Zuchi neste domingo teve em Gaspar 5.638 votos. Em 2018 conseguiu 9.722. Agora, em todo o estado apenas 9.159. Naquele 2018, Zuchi somou 12.140 para ser considerado suplente. Isso lhe deu a chance de assumir por alguns meses uma cadeira no Palácio Barriga-verde. Agora, tudo ficou bem mais difícil e decepcionante.

E o que escrever sobre a vereadora de primeiro mandato, a Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos? Ela estava ali para cumprir a cota de mulher e preta do PP, e até atrapalhar os votos dos demais candidatos daqui. Nada mais. Escrevi há meses. E os números de domingo expressam isto. O comportamento do diretório do PP de Gaspar e dos vereadores do partido por aqui não deixam a menor dúvida. Ela fez aqui decepcionantes 2.668 votos. 

Para comparar com outros três números e perceber que não exagero, mas coloco o dedo na ferida e por isso, todos ficam putos comigo, o delegado Egídio Ferrari, pelo também nanico PTB – que já atuou e muito bem por aqui, mas está em Brusque – e se elegeu não só por ser policial, mas na causa animal, conseguiu 2.181 votos dos gasparenses; Ivan Naatz, PL, de Blumenau, reeleito, ampliou significativamente a votação em Gaspar e arrancou 2.106 votos entre nós.

O terceiro número para mostrar que Mara era a cotista, está nos 459 votos que os gasparenses deram para a reeleição de José Milton Schaffer, PP, do bem menor do que Gaspar, a Sombrio do longínquo Sul do estado, que tem por aqui, nada menos do que o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, e que fingia ser parceiro de Mara, assim como muitos outros do PP. 

Ou seja, ela perdeu dentro da própria casa. Meu Deus!

Por fim, o que registrar do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick? Ele espertamente deixou na surdina, da noite para o dia, e só disse a cidade isso muitos dias depois, o PSD para se alojar num tal Patriota, que nem comissão provisória tem por aqui. Um vexame que quase deu xabu na hora do registro da sua candidatura. O que começou mal explicado, terminou com muitas explicações.

Segundo Marcel, com 15 mil votos ele estaria eleito. Sempre contestei esta conta. Fui tido como parcial. Os números não davam estas chances, mas… Pois é. Vamos a prova dos nove depois das eleições, onde se prova quem realmente estava sendo parcial.

Marcelo fez quase isso, 14.444 no estado e nem suplente ficou. Por quê? O tal Patriota não conseguiu sequer fazer o quociente eleitoral para deputado estadual que foi calculado em 100.101: fez 88.159 votos bons em todo o estado. O mais votado, foi o ex-prefeito de Brusque, com uma montanha de dinheiro: Jonas Paegle com  18.484 votos.

Resumindo. Marcelo, de verdade, só se elegeu uma vez na vida, foi vereador em 2012 – sendo o campeão de votos naquela eleição – e até aqui só viveu de cargos comissionados. Agora está vice-prefeito.

Nem com 15 mil, nem com 20 mil votos Marcelo seria eleito. E quem perdeu de verdade? Um grupo de espertos que há em Gaspar – que dizem ter o corpo fechado nas instituições de fiscalizações, inquirições e de julgamento aqui e em Florianópolis e vivem perseguindo e sacaneando que não está ajoelhado ou com medo deles. 

Este grupo – e ai faz falta do ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca, MDB – apostou fichas altas em Marcelo e suas companhias pouco confiáveis. Havia muitas tretas, pressões e zombaria. Os 10.070 votos de Marcelo em Gaspar são sinalizadores de desgastes, problemas e mentiras. Essa gente é tão sem noção que até uma estância para festas no final de domingo estava reservada. Os foguetes também vão esperar.

Esta segunda-feira é de ressaca. Todos ressabiados e de olho no paço municipal. Há vários bombeiros segurando mangueiras em torno da Praça Getúlio Vargas. Deviam levar as guarnições para o prédio de luxo onde mora o prefeito Kleber. É lá que está armazenado o combustível explosivo que quer detonar Marcelo e seu grupo. E o nome dele é Leila. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

A derrota de Marcelo de Souza Brick, Patriota, na verdade, foi a derrota do presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, sumido e que apostou todas as fichas via o secretário de Planejamento, seu aparentado, Jean Alexandre dos Santos, MDB, que foi um dos coordenadores da campanha de Marcelo. 

O alvo desse recado explícito era Kleber Edson Wan Dall, MDB. Aliás, é de se perguntar qual será o futuro de Kleber no MDB, com o prefeito de fato de Gaspar, Ismael dos Santos, PSD, eleito, deputado Federal, e o candidato de ambos, o vereador de Blumenau, Marcos da Rosa, União Brasil, eleito com os 708 votos daqui, a deputado estadual.

O ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, PSD, rifado em 2018 na aliança dom o MDB quando ainda estava no PSDB, precisa, urgentemente trocar de companhia em Gaspar. Penou para se eleger deputado estadual e se inserir no cenário político catarinense. Aqui conseguiu a mixaria de 607 votos que vieram do velho esquema do PSDB.

O cabo saiu melhor do que o candidato. O ex-presidente da Câmara de Blumenau, e talvez ex-vereador, Egídio Beckauser, Republicanos, não se elegeu deputado estadual e ficou com a segunda suplência. Tinha aqui o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, sem partido, como seu cabo eleitoral. Saiu com 526 votos. Se comparar com a superestrutura, programa de rádio, diárias da Câmara, visitas todas as semanas a Florianópolis e a campanha de quatro anos do deputado Jerry Comper, MDB, ele conseguiu com Ciro André Quintino, MDB, 900 votos dos daqui.

Os conservadores pediam um presente de segundo turno em Santa Catarina: Décio Nery de Lima, PT, para facilitar a vida deles . E ganharam.

A eleição do post chamado Jorge Seif Junior, PL, ao senado, mostrou claramente duas coisas: a força do bolsonarismo organizado em rede em Santa Catarina, bem como, o quanto foi ruim no seu mandato o governador de Lages e da Coxilia Rica, que se dizia governador dos catarinenses, Raimundo Colombo, PSD.

As pesquisas estão desmoralizadas. Elas não conseguem mais captar a vontade popular. Estão claras duas coisas. Há uma conspiração proposital dos pesquisados contra os institutos, somando-se ao comportamento das redes sociais e aplicativos de mensagens que mexem com as nossas decisões em questões de segundos.

Eu mesmo troquei de deputado Federal as 23h de sábado ao pesquisar melhor diante de alguns inputs que recebi. Na tarde de sábado, ao conversar com meu filho, soube que ele e a minha nora moradores de Santa Catarina também estavam trocando de candidatos, por “n” motivos que resolvi não ponderar. Então.

Os paranaenses lavaram a alma do ex-juiz Sérgio Moro, União Brasil, elegendo-o senador da República. Ciro Gomes, saiu menor do que em todas as eleições das quais participou. E Simone Tebet terá que procurar outro partido. O MDB não a quer viva politicamente.

Diferente dos anos anteriores, neste ano o segundo turno terá quatro semanas de campanha e não três. E o PT sabe o quanto será dura para ele esta disputa, que queria liquidada no primeiro turno.

O ponto destoante deste domingo foram as longas filas nos locais de votações. A Justiça Eleitoral no ar-condicionado está distante de problemas de mobilidade, acessibilidade e concentração de eleitores em determinadas seções ou locais de votações, com ruas estreitas, falta de estacionamento mínimo etc.

Cuidaram – e bem – da segurança e da tecnologia, mas esqueceram absurdamente do ser humano, o que vota e usa a Justiça para o exercício da cidadania.

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4 comentários em “NESTAS ELEIÇÕES, ZUCHI FOI A DECEPÇÃO, MARA A COTISTA E MARCELO, O ESPERTO QUE MAIS UMA VEZ SE DEU MAL”

  1. Miguel José Teixeira

    Avanço para o retrocesso

    Dizem as más línguas que o manquinho coveiro dos PeTralhas imitará o novo ídolo da corja vermelha, alckmin, o picolé de chuchu: conquistará menos votos no segundo turno do que no primeiro!

    À conferir, portanto!

  2. Miguel José Teixeira

    Eis o dilema:

    Se o capitão zero zero tem o controle absoluto da próxima composição do Congresso Nacional e entre os parlamentares que comem na sua mão, tem muitos que já se manifestaram pelo fechamento do STF e considerando seus rompantes ditatoriais manifestados em várias ocasiões, será que a Democracia tupiniquim não corre sério risco com a sua eleição?

    Por outro lado, já que todos nós conhecemos o “modus operandi” da quadrilha PeTralha em aparelhar o poder e cooPTar adversários com os saques ao erário, será que Democracia tupiniquim também não corre sério risco com a eleição do ex presidiário lula?

    2023: seja o que Deus quiser!

  3. O susto da esquerda que contava com o ovo na cloaca. Um par de artigos de jornalistas, sociólogos e filósofos publicados nesta segunda-feira em portais, jornais, blogs nacionais trazem títulos parecidos: a direito veio para ficar, todos olhando a composição do “novo” Congresso e que não deu chances inclusive, para a direita light. Hoje opor exemplo, sabe-se que o Senado possuirá maioria para promover impeachment contra ministros do Supremo, acostumados a interpretações e hermenêuticas processuais muito particulares da legislação ou de privilégios, como a que anulou a operação Lava Jato

    DIREITA POPULISTA VEIO PARA FICAR, por Mathias Alencastro, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo

    Três consequências imediatas podem ser retiradas da resiliência, e talvez até do avanço, da direita bolsonarista no Congresso. No que pode ser um paradoxo, ela praticamente erradica o risco imediato de ruptura autoritária.

    As vitórias das principais lideranças ideológicas do movimento garantem um espaço político privilegiado para Bolsonaro e seus aliados. Nesse contexto, o incentivo para uma aventura fora do jogo institucional se extingue sozinho.

    Em seguida, o avanço bolsonarista encerra a história da direita moderada no Brasil. Predominava a impressão de que a direita, outrora unificada na grande tenda do PSDB, havia se dividido entre três direitas. A social, que aderiu à base petista via Alckmin, a liberal, que tentou se viabilizar eleitoralmente com João Doria e depois Simone Tebet, e por fim a bolsonarista.

    A ilusão de que o poder eleitoral das três direitas seria redistribuído nesta eleição foi estilhaçada logo nos primeiros minutos de contagem dos votos. A derrota abismal de Rodrigo Garcia em São Paulo confirma o desaparecimento sociológico de uma categoria política, o eleitor de direta moderada.

    Esse fenômeno tem sido observado em quase todas as democracias ocidentais, mas ele se manifesta no Brasil na sua forma mais extremada. À imagem de Trump, Bolsonaro estabeleceu uma hegemonia ideológica sob toda a direita, a despeito da fragilidade da sua base partidária.

    Por último, o resultado do primeiro turno cria uma situação de altíssima ingovernabilidade devido ao diálogo quase impossível entre um eventual governo Lula e uma parte significativa do Congresso.

    Esse impasse ameaça agendas cruciais para a recuperação do Brasil e para a própria condição humana, começando pela ciência e o meio ambiente.

    A partir de hoje, o Brasil deve se preparar para uma arena política conflagrada, instável e imprevisível, à imagem da francesa depois da reeleição de Emmanuel Macron ou da norte-americana após a eleição conturbada de Joe Biden.

    Apesar de Lula ter chegado perto da vitória no primeiro turno, o segundo turno deve ser apreendido como uma disputa aberta e competitiva entre Lula e Bolsonaro. O discurso de frente ampla ganha uma importância existencial, e todos os esforços devem ser feitos na direção da formação de uma coalizão democrática o mais ambiciosa possível.

    Pesa nas lideranças históricas de centro e centro-direita a responsabilidade de garantir a transferência de votos do que resta de eleitores avessos ao bolsonarismo para a candidatura de Lula. O risco é real de uma vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno e de uma captura definitiva das instituições por atores sem compromisso com a democracia.

    Para todos os observadores da política nacional, a capacidade demonstrada pela direita bolsonarista de mobilizar o eleitorado por baixo do radar das sondagens, dos canais de televisão, da imprensa e da sociedade civil nos obriga a repensar em profundidade a forma como a democracia é praticada no Brasil.

  4. ONDA DISRUPTIVA DE 2018 ATUA EM 2022 SOB TEMOR DE VITÓRIA DE LULA, por William Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Um pedaço da onda disruptiva de 2018 ainda atuou em 2022. Sobretudo o temor de uma vitória na corrida presidencial do PT em primeiro turno “mobilizou” um voto importante para o bolsonarismo na reta final da eleição.

    Não se pode perder de vista o regionalismo na política brasileira, e ele atuou com força no domingo. Especialmente nos principais colégios eleitorais. No Nordeste, onde a vantagem geral do PT nunca foi colocada em dúvida, o que as urnas produziram estava bem dentro das previsões.

    Os principais “desequilíbrios” vieram de São Paulo e Rio, pois o Sul também se comportou dentro do esperado. Inclusive com a desmontagem do PSDB, um fenômeno de proporções nacionais e que vem na esteira de uma longa decadência.

    O que o tucanato significou de contraponto e antagonismo ao petismo, no plano do embate político “intelectual”, foi substituído agora por uma tendência conservadora mal definida mas que possui raízes sociais e regionais importantíssimas.

    Lula continua o favorito para vencer o segundo turno, mas ainda que o favoritismo nas pesquisas se confirme, a disputa será bem mais difícil do que ele e o PT antecipavam. E o governo, mais difícil ainda. Há dúvidas sinceras se Lula entendeu o quanto a posição do chefe do Executivo se tornou mais vulnerável.

    E quanto a agitação petista em círculos intelectuais e artísticos está longe da realidade. O Brasil mudou bastante nos últimos 20 anos. Mesmo se for eleito, Lula ainda parece lutando a guerra de ontem.

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