AO INVÉS DA PREFEITURA DE BLUMENAU E A FURB IREM AOS BANCOS FAZEREM FINANCIAMENTOS PARA COBRIREM SUAS DEMANDAS DE CAIXA, A PREFEITURA DE GASPAR FEZ ISSO POR ELES E OS GASPARENSES FICARAM COM OS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA, QUANDO KLEBER COMPROU O TERRENO DA FURB. ALGO INÚTIL, ATÉ AGORA

Semanas atrás, uma pequena nota aqui, dava conta de que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, financiou R$14 milhões da compra do terreno da Furb, nas esquinas da Avenida Francisco Mastella e ruas Itajaí e Madre Paulina, no bairro Sete de Setembro. Ela ensejou uma forte contestação do vereador Alexsandro Burnier, PL, supostamente de oposição ao governo e à Bancada do Amém.

Alexsandro deveria ouvir mais a sua competente assessoria e se conter pela sua intuição do seu achismo. Eu erro. Eu reconheço. Faço de tudo para não errar. Eu me desculpo. Não tenho a verdade e não sou infalível. E erro mais, até porque não tenho assessoria e paga com dinheiro público. Tudo eu tento pesquisando no meu tempo vago.

E tinha uma razão de ser, mais uma vez, a queixa de Alexsandro, o político profissional.

Se minha nota estivesse certa, como estava, Alexsandro tinha sido, mais uma vez, como foi, enganado, por Kleber, Marcelo e a Bancada do Amém. Tinha, mais uma vez, cochilado, como cochilou, na vigilância a que estava obrigado como vereador profissional e fiscal do prefeito e da prefeitura. Não se fiscaliza o Executivo só por ser oposição, mas por obrigação funcional, papel, reconheço, também, que deve ser compartilhado com outros órgãos como o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público Estadual. Todos falham em Gaspar, incluindo a própria imprensa. E eu, por isso, fico marcado.

Alexsandro, ao menos, não aprovou na sessão extraordinária, repito, extraordinária, ou seja, a matéria estava ali sob lupa, de 28 de abril de 2022, nem Dionísio Luiz Bertoldi, PT e nem o falecido Amauri Bornhausen, PDT, mesmo sendo servidor público municipal e estando, em tese, na Bancada do Amém. Mas, no texto do PL 13/2022, que outros dez vereadores referendaram, estava bem claro de que esta compra se daria via o Finisa da Caixa Econômica Federal. E assim foi feito. Está no site da Câmara toda a tramitação e o texto aprovado.

EM QUALQUER LUGAR ESTA OPERAÇÃO DANOSA E MAL ESCLARECIDA SERIA MOTIVO DE IMPEACHMENT

Este assunto de usar empréstimo para comprar o terreno da Furb é velho. Não vou tripudiar sobre o Alexsandro. Até porque ele sempre foi contra a compra deste terreno.

Quem quiser mais detalhes deste governo nesta compra, um governo que vive dia sim e outro também, mostrando nas suas redes sociais, sucessivas reuniões de planejamento, na verdade, está endividando o município para seu sucessor que vai ficar encalacrado em dívidas impedindo a promoção do desenvolvimento, tem o dever de olhar o translúcido Portal Transparência. Um escracho. A começar pela navegação nele.

Retomando.

No presente, o atual governo, não consegue sequer dar manutenção à cidade. Para não me alongar, recomendo aos meus leitores e leitoras, clicando nos links, relerem estes artigos que publiquei aqui: O VALOR DO NEGÓCIO DO CANARINHOS MOSTRA O TAMANHO DO ERRO DA ADMINISTRAÇÃO DE KLEBER E MARCELO CONTRA A CIDADE NA COMPRA DO TERRENO DA FURBPARA COMPRAR O MILIONÁRIO TERRENO DA FURB A PREFEITURA DE GASPAR, NÃO TENDO DINHEIRO NO CAIXA, SOCORREU-SE DE EMPRÉSTIMOS. ENCARECEU-O MUITO MAIS. ENDIVIDOU O MUNICÍPIO. E HÁ CANDIDATOS A PREFEITO QUE CONTINUAM CALADINHOS SOBRE O ASSUNTO .

O foco do meu assunto hoje é outro.

Ou seja, como um governo que fica diuturnamente postando fotos de planejamento e se acha o suprassumo na gestão, não consegue perceber como fez um negócio tão grosseiramente contra a cidade, cidade e as cidadãs que vai inviabilizar – com os seus – o governo do seu sucessor, mesmo que for um dos seja um dos seus? Aliás, se não tivesse onze dos 13 vereadores ajoelhados a seu favor, Kleber já teria sofrido uma CPI, das brabas e provavelmente, um impeachment. Maltratou o dinheiro público, grosseiramente, diante de graves problemas nas áreas da saúde, educação, assistência social e infraestrutura e priorizou a compra de um caríssimo terreno sem utilidade alguma até agora para a cidade, cidadãos e cidadãs. Nem projeto há para ele. Impressionante! E tem gente aplaudindo isso.

Retomando pela segunda vez. Vou tratar de transparência.

O MARQUETEIRO “PROJETA GASPAR”

E por que? O prefeito Kleber, seus “çábios” e a ultrapassada equipe de marketing criaram, vejam só, depois de quase oito anos no poder de plantão, um tal de “Projeta Gaspar”. Falta nele, detalhes essenciais de informações e comparações. Reclamei disso em QUASE OITO ANOS ATRASO, ACUADO E DESACREDITADO, GOVERNO DE KLEBER E MARCELO INVENTA UM “APLICATIVO” PARA ACOMPANHAR AS OBRAS FEITAS E EM ANDAMENTO. EMBARALHA E ESCONDE OUTROS DADOS ESSENCIAIS NO SITE OFICIAL

O que fez Kleber e seu staff? 

Reuniu a equipe e imprensa (foto de abertura deste artigo) para apresentar a ferramenta. Excelente. E teve gente da imprensa que ainda bateu palmas. A distinta plateia, desacostumada a buscar informações públicas, ficou extasiada com o feito e eu com cara de mentiroso. Então eu vou pegar o exemplo do terreno da Furb. 

O tal “Projeta Gaspar”, prova, por exemplo, não exatamente para mim, mas ao vereador Alexsandro que a compra do terreno da Furb foi financiada, coisa que ele me cobrou como se eu tivesse desinformado, ou mentindo, e assim levado os meus leitores e leitoras ao erro. O tal “Projeta Gaspar” que não projeta nada, prova que a informação do financiamento da compra terreno da Furb não é invenção minha. Está lá – e a reprodução da página do aplicativo aí está ao lado-, no atualizado “Projeta Gaspar”, pois inicialmente, esta informação, não constava. 

E quando a prefeitura de Gaspar vendeu a agência do falecido BESC, por leilão, a prefeitura ao invés de abater a dívida, fez mais caixa. O que significa isso? Que tudo está muito ruim. E que tudo isso poderia ter sido evitado, por exemplo, com esta compra cheias de dúvidas e até agora inútil para os gasparenses.

Este financiamento, se havia lastro para isso, deveria ter sido para novas obras de infraestrutura. Afinal, o falecido “slogan” da prefeitura de Gaspar não era “Avança Gaspar“? Agora, é “ser feliz é viver aqui” na Capital Nacional da Moda Infantil, e que ninguém sabe onde ela está para ser vista, comparada e comprada.

Retomando pela terceira vez

Ninguém da imprensa local ou regional ousou tocar no assunto até agora, como uma dívida original de R$14 milhões – num terreno que especialistas imobiliários da própria cidade juram não valer na época e nem agora – vai virar R$21 milhões. E nem pode. Vai perder as moedas do pires. Até mesmo os candidatos a prefeito, como provei em outro artigo, estão caladinhos. E são eles, que vão passar mal, quando vencerem em outubro. Ou já tem a desculpa esfarrapada para a incompetência na ponta da língua?

Então, resumindo. Como se “fez” este empréstimo e se lançou na contabilidade criativa da prefeitura de Gaspar e quanto isto vai custar a cidade? Nada, nadinha de nada explicitado tal “Projeta Gaspar”. Entenderam para que ele serve? Dar a informação pela metade. Uma ferramenta marqueteira.

Enquanto isso, naquilo que diz se chamar “Portal Transparência”, mas que precisa de uma habilidade de um hacker para nele se navegar, o que se permitiu perceber, pelos lançamentos contábeis disponíveis da prefeitura, é que tudo ficou difícil, obscuro e pela metade aos curiosos como eu. Afinal, o superficial e marqueteiro “Projeta Gaspar” nasceu para ser o ilusionista dos poucos curiosos. Na contabilidade, antes era possível se saber os detalhes dessas operações e endividamento. Agora não.

O que diz a ferramenta translúcida “Portal da Transparência” aos que querem ir adiante? “erro geral na aplicação…”. Ou seja, o cidadão é quem errou num sistema que está programado contra a curiosidade dos cidadãos e cidadãs bisbilhoteiras daquilo que deveria ser transparente e público para todos na cidade.

Vamos então a uma conta onde podem estar os financiamentos, na qual se deu a jogada do terreno da Furb no exercício de 2023: o grupo de contas 4.4.90 e cuja “falha”, interrompe a navegação e não permite se entrar aos detalhes. 

A grosso modo, diz que o Orçado desta conta é de R$79 milhões para o exercício de 2023; mas que o Orçamento Atualizado subiu para R$82,7 milhões. Ulalá. Empenhado nesta rubrica, apenas R$18,5 milhões, autorizados a pagar R$17,1 milhões e efetivamente pagos naquele exercício, só R$16,9 milhões. Então. Onde está a diferença ente 82,7 milhões e R$16,9 milhões? É uma pista de que pode estar “engolido” por financiamentos. Mas, é uma pista. O próprio Portal impede esta transparência, certeza e conclusões. Qual a razão de se esconder isso? E o vereador Alexsandro ainda não teve tempo, ou conhecimento, ou interesse de ver isso.

Como contabilidade é uma ciência em que uma conta de entrada empata com a outra de saída, este buraco possui explicações contábeis. Detalhamento e justificativas dele? O próprio sistema contábil da prefeitura, incrivelmente, não mostra ao contribuinte, o pagador disso tudo. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

A pesquisa I – Segundo a legislação eleitoral, nenhuma pesquisa pode ser publicada se ela não for registrada por quem a faz, mostrando a metodologia, os custos, quem banca e onde se quer publicar. Em Gaspar, são feitas, a rodo, várias pesquisas eleitorais. Quem as faz, esconde por quatro aspectos: são de trabalho, não possuem autorização legal para publicação, não há definição clara, incrivelmente, de quem será o candidato do governo Kleber e Marcelo, bem como nem tudo está uma maravilha por quem queria estar por cima da carne seca.

Pesquisa II – Na segunda-feira à noite um alvoroço. Vazou e circulou, nervosamente, uma suposta pesquisa eleitoral pelos aplicativos de mensagens. Nada diferente de outras duas feitas por estas semanas e patrocinadas pelos simpatizantes do MDB, leia-se poder de plantão, e pelo PL, que quer a cabeça dele. Ambos, as esconderam. Passaram números falsos para suas bolhas pelos mesmos aplicativos de mensagens. É o jogo mau jogado. Nelas, o PT está a frente e empatados, o Republicanos e o PL. E o governo sofrendo para ter alguém viável.

Pesquisa III – Mas, qual a razão do nervosismo, principalmente da ala conservadora de Gaspar? Oberdan Barni, Republicanos, continua, por longo tempo, supostamente, bem na pesquisa. O governo treme. O PL endoidece. E o PT assiste a briga de gente magra. Oberdan é o candidato a ser batido não pelo PT, mas por quem quer continuar na prefeitura de Gaspar em seis de outubro deste ano e não quer concorrência. E ele resiste a qualquer acordo e as ciladas.

Pesquisa IV – Ontem, mais uma pesquisa eleitoral na praça. Outra vez, o nome de Oberdan não estava nela. Não é a primeira vez. Talvez não seja a última. Quem faz este tipo de pesquisa com esta omissão reiterada, está jogando dinheiro fora e como avestruz, enfiando a cabeça na areia. Melhor não seria conhecer todos os riscos para enfrentá-los de frente, e de forma organizada. E quem apareceu na praça ontem percorrendo o comércio enauanto se fazia a pesquisa? O ex-prefeito de três mandatos, Pedro Celso Zuchi, PT. Nenhum inocente neste jogo.

Gente doida. Na segunda-feira publiquei este artigo O PT DE GASPAR DIZ QUE NÃO ESTÁ PREOCUPADO EM ATRAIR “MULTIDÕES”. PENSA QUE O FIASCO DO ATUAL GOVERNO DE GASPAR É O SUFICIENTE PARA LEVÁ-LO DE VOLTA AO PODER SEM SE COMPROMETER COM MUDANÇAS E DESENVOLVIMENTO

Pois não é que uma fã incondicional do atual governo de Gaspar – que nem candidato certo ainda possui – afirmou que tal artigo, só pelo título, pois ela só lê os títulos, mostrava que eu era um escriba petista e torcia pela volta de Pedro Celso Zuchi ao quarto mandato. E o que me deixou estupefato? Que ouvi isto de gente que tinha em boa conta como esclarecida. Por outro, lado, o pessoal do PT ao ler o mesmo artigo, bufava e me dava, mais uma vez, como um caso perdido. Os fanáticos estão, realmente, em bolhas impenetráveis. Não tem jeito. Ou você é um deles, ou é um perigo a ser abatido por eles.

Então. Depois de quase oito anos enrolando, as vésperas das eleições criaram-se, finalmente, no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, a diretoria de Proteção Animal, ligada à secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A indicação é política. Cabo eleitoral. E nada de prático vai ser feito, pois nesta diretoria, agora, a “prioridade” é “desenvolver-se projeto”, para os outros governos aplicarem. E nada deve ser criticado, segundo gente da causa animal que procurou para se inteirar e pedir ajuda à recém criada diretoria. Ai, ai, ai.

A Capital Nacional da Moda Infantil, título criado por políticos, está comendo poeira mais uma vez. Um grupo de empresários do vestuário daqui foi a Brusque fazer uma visita ao Laboratório de Moda, mas da Ampe de lá. Pois é. Antes, porém, o atual governo de Gaspar deixou o Senai, formador de mão-de-obra especializada e estimulador de ideias industriais ir embora daqui. Motivo? Não quis bancar o aluguel da área de formação técnica. E as entidades empresariais? E os que foram a Brusque quietos. Se o Senai estivesse aqui…

Loteamento I – Um experimentado político entra em contato com o blog e faz uma análise preocupante. Enquanto a prefeitura de Gaspar vai se tornando um ente dispensável aos gasparenses, ao mesmo tempo ela vai se transformando-se num comitê pré-eleitoral do salve-se quem puder. Olhando bem: é um retrato acabado, para quem quiser analisar e saber, à razão do fracasso político-administrativo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seus vices Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP.

Loteamento II – A secretaria de Planejamento Territorial, apoia o funcionário efetivo e ex-titular da pasta, Carlos Bornhausen, MDB. A secretaria de Saúde, também apoia outro efetivo e um dos muitos ex-titular daquela secretaria, Santiago Martin Navia, MDB. A secretaria de Agricultura e Aquicultura, apoia o ex-secretário e vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP, que parece que nem saiu de lá, como manda a lei. A exoneração foi só no papel para cumprir a legislação. 

Loteamento III – A secretaria de Assistência Social é a base do ex-secretário e suplente de vereador, Antônio Salésio da Conceição, PP. A secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo, é o ponto de apoio do ex-secretário e suplente de vereador Pablo Fachini, PP. A secretaria de Obras e Serviços Urbanos se movimenta em torno do seu ex-titular, Roni Jean Muller, MDB. A Fundação Municipal de Esportes e Lazer, volta-se para a ex-titular e suplente de vereadora, Rafa Vancini, MDB. 

Loteamento V – Já o Samae, se não der água na candidatura, o presidente dele, Jean Alexandre dos Santos, PSD, está fechado com vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP. E o padrinho desta candidatura no PP é o chefe de gabinete de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, presidente do PP, hoje bem dividido neste assunto, pois parte está num projeto independente atrelado ao PL. E na reunião de segunda-feira passada, o MDB, foto acima, diante da encruzilhada onde está metido, alimentou nos discursos, a união para até ir de cabeça de chapa. Seria um teste para medir o tamanho que diz ter.

Os vereadores de Gaspar, como Giovano Borges, PSD, que pediram a saída da Verde Vale; o governador Jorginho Melo, PL, que validou isso sem os cuidados obrigatórios, por meio da secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, tocada pelo deputado Jerry Comper e que tem aqui seu embaixador o vereador Ciro André Quintino, MDB, estão obrigados a dar solução aos trabalhadores e estudantes que possuem créditos no cartão da empresa que foi substituída pela Expresso Presidente e que não aceita, com toda razão, os cartões da Verde Vale.

Antes de fazer a troca, uma proteção judicial deveria ter sido expedida, arrestando bens da empresa e seus proprietários, para garantir, a devolução dos créditos aos que compraram passagem antecipada e que agora, não possuem nem o dinheiro que anteciparam a Verde Vale, nem dinheiro para ir ao trabalho e a escola. É urgente. Muda, Gaspar!

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5 comentários em “AO INVÉS DA PREFEITURA DE BLUMENAU E A FURB IREM AOS BANCOS FAZEREM FINANCIAMENTOS PARA COBRIREM SUAS DEMANDAS DE CAIXA, A PREFEITURA DE GASPAR FEZ ISSO POR ELES E OS GASPARENSES FICARAM COM OS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA, QUANDO KLEBER COMPROU O TERRENO DA FURB. ALGO INÚTIL, ATÉ AGORA”

  1. O COMBATE A FAKE NEWS, por Diego Escosteguy, jornalista, em postagem no “X”, antigo twitter

    Quer combater “fake news”? Abandone o termo “fake news”. O debate público é, por natureza, ruidoso. Sobram exageros, omissões, distorções, meias verdades. Fatos incontestáveis são incomuns. Notícias deliberadamente falsas, também.

    Desinformação é um problema mais profundo. Ora envolve propaganda, principalmente estatal; ora envolve pessoas e veículos agindo de má fé, ao vender como verdade uma agenda privada afastada dela; ora envolve uma combinação das duas coisas.

    “Fake news” não significa bulhufas há anos, desde que Trump transformou esse conceito em arma política para desqualificar a imprensa. “Fake news” é um selo ligeiro e esquemático, que, tacitamente, pressupõe uma avaliação binária de fatos normalmente complexos. Na política, o selo convida ao erro. Dificilmente fatos da arena política são puramente “verdadeiros” ou categoricamente “fake news”.

    Essas tentativas simplórias de botar ordem em nossa balbúrdia epistêmica dão errado. Quando o governo mete-se desassombrado nessa briga, a derrota é certa – para todos.

    O manejo de “fake news” por políticos e governantes costuma trair um ímpeto autoritário de quem quer mandar no discurso e controlar o fluxo público de informação; do outro lado, não faltam os que expõem um cinismo vazio ao reclamar do selo recebido – são os oportunistas da “liberdade de expressão”. No meio, prensados por essa disputa política e ideológica, restam os que se importam com os fatos e um debate alicerçado neles, sem pirações e conduzido com boa fé.

    Para melhorar a qualidade do debate político, é preciso relembrar que ele, o debate político, envolve informações e opiniões em colisão constante; hoje, uma colisão acelerada pelas redes sociais. Esse debate é rico porque comporta erros e uma pluralidade imensa de visões diferentes sobre os mesmos assuntos.

    Não ter controle sobre essa colisão acelerada pode assustar alguns. Sabe o que pode ser mais assustador? Haver um controle sobre ela.

    Talvez seja salutar dar um passo atrás. Reconhecer que cada um de nós pode se equivocar, antes de apontar o outro como o equivocado. Relembrar que o outro, na vasta maioria dos casos, não agiu de má fé, mesmo que, aos nossos olhos, possa estar equivocado. Pressupor erro e má fé no outro assegura o conflito. Ninguém fica mais perto da verdade possível.

    O afã de gritar “fake news” dificulta o exame sóbrio dos fatos sob questão e a análise caridosa das circunstâncias que podem ter levado o outro a produzir a tal “fake news”. Sem incentivos para se aprofundar nos fatos e nas razões do outro, o erro de quem aponta o erro torna-se provável. Juízos de fato exigem técnica, pesquisa e reflexão. Para que erremos com menos frequência.

    Na dúvida, não acuse. Na dúvida, não fale. Na dúvida, escute. Investigue. Reflita. Seja como for, pense bastante antes de carimbar um “fake news” no outro. E desconfie muito de quem atribui aos adversários, a todo momento, esse selo e as más intenções que ele carrega.

  2. TRAGÉDIA E ESTATURA, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    Nascido em grande medida do repúdio do eleitorado ao candidato adversário, o governo Lula 3 continua tendo grandes dificuldades para entender a razão do que ele mesmo descreve como problema de popularidade. É o próprio Lula.

    O presidente tem desconcertado aliados históricos e velhos companheiros pela morosidade com que joga num campo onde sempre se considerou o maior craque, o da articulação e negociação políticas. Talvez ainda não consiga compreender o quanto esse campo mudou – além das regras do jogo.

    Além disso, Lula 3 sofre de maneira cada vez mais acentuada com um fenômeno clássico da política, o da percepção dos fatos. Em grande parte do público ela não tem sido a que o governo esperava em relação a dados da economia, emprego e, principalmente, preços e impostos.

    Imperam os “sentimentos” de que está tudo caro e a economia, parada. E não a leitura racional de números tidos como fatos auspiciosos. O “agora vai” que pudesse ter motivado mais gente, além do eleitorado fiel a Lula, foi substituído pelo “agora vai para onde?”, que é um sentimento de dúvida sobre o futuro.

    Vale o mesmo para a percepção da reação do governo à catástrofe no Rio Grande do Sul. Não ajudam governo algum, muito menos o de Brasília, emoções trazidas pela percepção de que “desamparo” é uma sensação ligada a governos e órgãos públicos, enquanto a de “união e solidariedade” surge exclusivamente do esforço de milhares de cidadãos anônimos.

    Tragédias não só expõem o despreparo do poder público quando se trata de planejamento e esgarçam sua capacidade de reação limitada por falta de recursos humanos e materiais. Escancaram vulnerabilidades, incluindo as fiscais, ou seja, causa preocupação o esforço suplementar imposto aos cofres públicos para enfrentar essa emergência – e o socorro é imperativo, não importa o que custe.

    A extensão da catástrofe é de tal ordem a ponto de ter impedido até aqui o surgimento de um “comandante”, de instância “central” capaz de avaliar, coordenar, dirigir – o próprio governo do Estado fica pequeno diante do tamanho da destruição e das dificuldades que já se antecipa por prazos bem longos.

    Enquanto isso Brasília – de novo, uma questão de percepção – parece tão distante, não importam as expressões compungidas de figuras do mundo político (incluindo do STF) sobrevoando áreas alagadas. Situações complexas, cuja essência está nas emoções e no subjetivo da política, agravadas por uma tragédia, não são apenas um dificílimo teste de popularidade para o personagem político Lula.

    O verdadeiro teste é o da sua estatura.

  3. A FICHA CAIU, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Como muitos brasileiros, o presidente e diretor de investimentos da Verde Asset, Luis Stuhlberger, lamenta ter confiado na possibilidade de o presidente Lula da Silva fazer um esforço para equilibrar as contas públicas. “Eu me penitencio por ter acreditado que o PT teria alguma seriedade fiscal”, afirmou em encontro com investidores.

    O gestor do Fundo Verde, conhecido por entregar resultados que superam em muito a rentabilidade média do mercado, disse que “a ficha caiu” quando o Executivo anunciou mudanças na meta fiscal de 2025 e transformou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em uma peça de ficção.

    Stuhlberger não está sozinho em sua decepção. Muitos analistas acreditaram no arcabouço e nas metas fiscais quando eles foram apresentados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no início do ano passado. Nas últimas semanas, no entanto, mesmo os mais otimistas têm demonstrado preocupação com a evolução das contas públicas.

    Nem mesmo o fato de a Moody’s ter elevado a perspectiva da nota de crédito do País de estável para positiva acalmou o mercado financeiro. Ao contrário. Para Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Gávea Investimentos, sob o ponto de vista fiscal, o Brasil, inclusive, já deveria ter sido rebaixado.

    Não se pode dizer que Stuhlberger ou Fraga sejam pessoas ingênuas. Ao contrário da maioria dos brasileiros, ambos são grandes investidores e têm plenas condições de proteger seu patrimônio e o de seus clientes. E é o que já estão fazendo, como tradicionalmente ocorre em momentos de incertezas e turbulências.

    Reduzir a exposição a ações de empresas brasileiras ou títulos emitidos pelo governo e optar por ativos mais seguros, a exemplo dos títulos do Tesouro norteamericano, não é torcer contra o País ou ser antipetista, mas ser realista e corrigir posições antes que elas custem caro.

    Um ano antes da última eleição presidencial, o gestor do Fundo Verde declarou publicamente que jamais votaria novamente em Jair Bolsonaro, a quem atribuía a pior gestão mundial no combate à pandemia de covid-19. Fraga, por sua vez, declarou voto em Lula da Silva em nome da defesa da democracia, continuamente alvejada por Bolsonaro entre 2019 e 2022.

    Não foram os únicos. Muitos brasileiros agiram como eles e apostaram suas fichas em Lula da Silva na disputa eleitoral de 2022. E o fizeram não por acreditar na agenda econômica do PT, mas para se verem livres de Bolsonaro – um motivo mais do que compreensível diante de seu pavoroso governo.

    Muitos imaginavam que Lula da Silva teria, enfim, compreendido que os equívocos do governo Dilma Rousseff não apenas geraram uma profunda recessão, como criaram as condições ideais para a eleição de um desqualificado como Jair Bolsonaro.

    A origem da crise que a derrubou foi justamente a desastrosa política econômica que a então presidente legou ao País. Desde aquela trevosa época, déficits primários assumiram um caráter permanente, como se o País nunca tivesse sido capaz de apresentar um Orçamento minimamente equilibrado.

    A facilidade com que o atual governo desrespeitou o arcabouço fiscal – que, diga-se de passagem, este mesmo governo propôs – mostrou que Lula da Silva não é só incapaz de aprender com os erros do passado; ele é incapaz de entender que errou.

    “Me caiu a ficha de como pude acreditar que haveria o mínimo de responsabilidade desse governo cujo único objetivo é ganhar eleição”, afirmou Stuhlberger, ecoando um sentimento que é de muitos neste momento em que a democracia não está mais sob ameaça.

    O petista não entendeu, até hoje, por que foi eleito por uma margem tão estreita de votos nem assimilou por que não conseguiu reunir nem 2 mil pessoas para vê-lo discursar no ato comemorativo do 1.º de Maio em São Paulo. Tampouco foi convencido sobre a importância de zerar o déficit fiscal, que para ele é uma discussão inócua e irritante.

    Seria bom que algum de seus numerosos assessores tentasse explicar ao chefe a importância desses e de outros temas para a estabilidade de seu próprio governo. Na falta de candidatos, o mercado, que nunca é pego de surpresa e sempre se antecipa à chegada de crises, tem dado um eloquente recado.

  4. O FIM DA CRÍTICA POLÍTICA? por Wilson Gomes, no jornal Folha de S. Paulo

    Na crítica, o juízo de gosto jamais deve ser entendido como um juízo de valor. E vice-versa. Isso vale para qualquer atividade dessa natureza, tenha ela como objeto filmes, romances, artes plásticas ou até mesmo política.

    Como todo apreciador de uma forma artística ou toda pessoa politicamente engajada, o crítico tem suas preferências e reconhece as obras e os projetos que melhor atendem às suas exigências estéticas ou morais. No entanto, a atividade analítica deve ser completamente diferente da experiência estética.

    “Eu não gostei dessa obra” não deve ser confundido com “essa obra não presta”. Afinal, há coisas de que pessoalmente não gosto, mas que podem ser sublimes em seu gênero; há soluções estéticas ou políticas que não aprovo, mas cuja genialidade não posso deixar de reconhecer. E é claro que adoro, como diria Machado de Assis, certas deliciosas vulgaridades, porque me falam à alma e à sensibilidade, não por seu elevado padrão estético ou político.

    O gosto e as preferências continuam sendo pessoais ou coletivos, mas as razões pelas quais gostamos, os programas executados em uma determinada obra, as soluções encontradas pelo realizador e sua originalidade ou banalidade, os padrões que orientam o que é considerado medíocre ou sublime, tudo isso é discutível. Desde que os parâmetros sejam apresentados e fundamentados, isso constitui a matéria específica da crítica e o que a torna diferente da experiência estética ou da prática política.

    Na política, contudo, as coisas seguem em outra direção. Sim, existe a crítica política, assim como existe a crítica de arte ou de gastronomia, embora não usemos esse rótulo no Brasil. Chamamos de análise política quando é acadêmica e de comentário político quando é nos meios de comunicação, mas trata-se exatamente da mesma atividade. O que me impressiona é como é mais facilmente aceito que a crítica artística, por exemplo, é uma atividade intelectual independente e objetiva, enquanto o comentário político profissional é tratado como uma atividade militante.

    E quanto mais partidário o leitor, maior a convicção de que quem faz crítica política é um ativista com privilégios de fala, mais firme é a crença de que o juízo de valor sobre assuntos políticos decorre diretamente da inclinação política do comentarista. O comentarista político é o único crítico a quem hoje em dia não se permite reivindicar que se orienta por parâmetros objetivos e justificáveis, ou que deve ser considerado ou contestado com base nos argumentos que sustenta e não na inclinação política pessoal ou da empresa que veicula sua opinião.

    Não é razoável imaginar que a primeira-dama não poderia se conceder o luxo de ir ao show de Madonna enquanto um estado brasileiro vive uma tragédia? O parâmetro por trás de um julgamento desses, uma estimativa de efeito do ato sobre a percepção pública, é do mais elementar bom senso, e ainda assim a afirmação será contestada ou reforçada com igual fúria com base em duas presunções.

    Uma sobre a posição ideológica do crítico, identificado obviamente como antagonista à primeira-dama; outra sobre a posição ideológica do leitor. Se o leitor considerar o comentarista alinhado à sua própria posição, merecerá elogios pela sensatez; caso contrário, obviamente quem está errado é o crítico, justo destinatário de todo o desprezo por posição tão sórdida e parcial.

    De duas coisas não se abre mão nessa percepção: o leitor partidário estará sempre certo e todo comentarista é um partidário camuflado de crítico político.

    O repúdio ao analista, então, será calibrado a partir de duas estimativas. Primeiro, do alcance da publicação e seus efeitos. Segundo, da distância cognitiva e moral entre o que o crítico disse e o que o partidário considera certo.

    Quanto maior a distância estimada entre os dois, ou seja, quanto mais a crítica for considerada errada, e maior a previsão de efeitos sobre as pessoas, mais o partidário se sentirá compelido a intervir para tentar “medidas corretivas” que minimizem os impactos da crítica. Tudo para evitar que leitores neutros sejam levados ao erro pela parcialidade do comentarista.

    A mais comum entre tais medidas é o comentário que rebate a crítica denunciando sua parcialidade e insultando o crítico.

    De forma espantosamente autoindulgente, neste caso o insulto não é um ato moralmente inaceitável de violência verbal, mas uma forma enfática de arrancar a máscara do pretenso crítico e mostrá-lo como realmente é: um sórdido militante do mal.

  5. TOFFOLI ESTÁ ZANGADO COM O JORNALISMO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli se zangou com a revelação de que ele e dois de seus colegas, os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, entre outras autoridades, foram a Londres discutir os rumos do País num tal “Fórum Brasil de Ideias”. Como já se sabe, a viagem foi cercada de luxos bancados por empresas privadas que têm interesses envolvidos em ações na Corte. O Estadão revelou que uma delas, a British American Tobacco, tem ao menos dois processos em curso no STF e é parte interessada em outro, relatado pelo próprio Toffoli. Mas, ao que parece, o conflito de interesses e a imoralidade desse convescote transatlântico aborrecem menos o ministro do que o trabalho do jornalismo profissional.

    Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo – concedida no dia 6 passado em Madri, onde estava para participar de mais um desses colóquios internacionais –, Toffoli classificou as reportagens sobre as recentes viagens de alguns ministros à Europa como sendo “absolutamente inadequadas, incorretas e injustas”. Sobre o que, de fato, haveria de inadequação, incorreção ou injustiça no que foi publicado, o ministro nada disse. E, a rigor, nem poderia, pois nenhum veículo de comunicação sério apresentou à sociedade mentiras, omissões ou distorções dos fatos tais como eles se deram. Se não por zelo com a imagem do STF, da qual deriva sua credibilidade, o convite deveria ter sido recusado por pudor. E não se estaria tratando de “injustiça” alguma.

    À guisa de justificar suas críticas à imprensa profissional – essa instituição impertinente que, ora vejam, insiste em lançar luz sobre informações de interesse público que constrangem os poderosos –, Toffoli alegou que o STF “é o tribunal que, no ano passado, tomou colegiadamente mais de 15 mil decisões”. O que o ministro quis dizer com isso? Que o fato de o STF cumprir sua missão constitucional, nada além disso, teria o condão de apagar o laivo de indecência que macula essas viagens às expensas de lobistas interessados em decisões que os próprios ministros haverão de tomar? Francamente.

    Que fique claro: autoridades políticas ou judiciárias não só podem, como devem discutir questões teóricas ligadas ao País, ao seu desenvolvimento e, sobretudo, ao progresso humano dos brasileiros, onde quer que seja. O problema, por óbvio, não são as viagens por si sós, mas a adulação dos ministros de tribunais superiores que costuma marcar essa espécie de turismo acadêmico-judicial. Em geral, as mordomias oferecidas nesses eventos servem para criar um ambiente de simpatia, para dizer o mínimo, entre juízes e partes que, ao fim e ao cabo, mancha a integridade da Justiça.

    Portanto, em vez de ficar bravo com a imprensa ou, pior, se arvorar em “editor de um país inteiro”, como disse em 2020 sobre o que entendia ser um dos papéis de ministro do STF, Toffoli serviria melhor ao Brasil se fizesse o autoexame de seu comportamento como ministro e, quem sabe, levasse outros colegas pelo mesmo bom caminho da autocontenção e do republicanismo. Este jornal se sente confortável em fazer essa recomendação porque foi, inegavelmente, uma das vozes mais contundentes a sair em defesa do STF quando a instituição se viu atacada pelos inimigos da democracia dispostos a desmoralizála para fins golpistas. A desmoralização endógena, contudo, pode ser tão ou mais nociva para a legitimidade do Supremo perante a sociedade – e do Poder Judiciário, em geral – do que a cruzada difamatória encampada pelos liberticidas.

    Curiosamente, o momento que Toffoli escolheu para criticar o trabalho da imprensa profissional no Brasil coincidiu com a entrega do célebre Prêmio Pulitzer, nos EUA. Na categoria “serviço público”, a honraria foi para a agência de jornalismo investigativo ProPublica, responsável por revelar o compadrio entre dois juízes da Suprema Corte norte-americana – Clarence Thomas e Samuel Alito – e empresários bilionários interessados em se aproximar dos magistrados por interesses privados.

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