GIOVANO ENTRA NO CENTRO DO FURACÃO PARA DEFENDER O AMIGO MARCELO E LIVRÁ-LO DO PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO

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Eu já escrevi anteriormente que o PSD de Gaspar é uma fachada para os jogos do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, agora no Patriota – fato que gera dúvidas e se discute isso na Justiça Eleitoral – e do vereador Giovano Borges, que saiu para o PSB só para ser candidato a vice-prefeito em 2016 com Marcelo e depois de perder a corrida para Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, voltou para o PSD como se nada tivesse acontecido.

Cada enxadada, mais minhocas.

O candidato Marcelo fez no sábado passado a sua defesa na Justiça Eleitoral sobre a suposta inscrição no partido fora do prazo. Rebateu o suposto uso de artimanhas para inscrição fora do prazo e que se tenta descobrir e provar contra ele. Assunto velho. Hoje, muito provavelmente, a Justiça deverá ser posicionar. Mas, o assunto, conforme apurei, não deve terminar nesta primeira decisão. Há outras cartas nas mangas – inclusive do fogo amigo – que podem desmontar a defesa feita por Marcelo. Resta aguardar e ver o tamanho dessas supostas “balas na agulha”.

O que é novo, mas com cheiro de uma prática repetida e mofada?

A declaração que Giovano, que agora é, providencia e casualmente, o presidente da comissão provisória do PSD de Gaspar, acumulando a coordenadoria da campanha de Marcelo, fez chegar a Justiça Eleitoral para ajudar o seu amigo candidato e que está obrigado às explicações.

No documento Giovano confirma que realmente houve a reunião do Gecom – até porque não se pode negar; que Marcelo esteve lá – até porque não há como negar; mas escreveu no documento de que Marcelo fez isso na qualidade de vice-prefeito – e que não poderia ser de outra forma. O que está atestado neste documento de poucas linhas? De naquela reunião, Marcelo teria dito que tinha se desligado do PSD e se filiado no Patriota. E é aí que as coisas começam a ficar nebulosas. Não há nenhum registro formal, por enquanto, disso.

Ademais, é muito estranho que a ata da reunião partidária e assinada pelo secretário do PSD de Gaspar à época, nada consta sobre esta mudança, mesmo se tratando de um fato tão relevante como a saída do próprio presidente do diretório local o partido? Por que diante da vacância, em mesmo documento de uma reunião partidária, não foi declarado seu substituto, o vice Rogério Olinger?

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E por estas e outras que este assunto tende a não ser encerrar tão cedo, mas desespero de Marcelo. E se eventualmente eleito, tudo que está sendo construído jurídico e documentalmente desde já para Marcelo não assumir. E Marcelo já sentiu o cheiro de arroz queimado desta festa. Há muito leite para ser derramado. Nem mais, nem menos. Acorda, Gaspar!

Quem tiver interesse em acompanhar este processo na Justiça Eleitoral, este é o caminho eletrônico: https://consultaunificadapje.tse.jus.br/#/public/resultado/0601414-40.2022.6.24.0000

TRAPICHE

Na sexta-feira passada, final da tarde, hora de movimento, com antecipada ampla divulgação da imprensa, fechou-se a Rodovia Ivo Silveira, interrompendo por alguns minutos o fluxo de veículos entre Gaspar e Blumenau. Dias antes houve um acidente fatal e naquele entroncamento, realmente é um local perigoso.

Rodovia Ivo Silveira interrompida para o protesto de poucos moradores

Apesar da movimentação, poucas pessoas foram ao protesto. Mesmo sendo uma rodovia estadual, ali – onde houve o acidente e o protesto – já é um trecho municipalizado ao tempo em que o prefeito era o Pedro Celso Zuchi, PT.

Então se há responsabilidade solidária pelo que vem acontecendo, ela está na Ditran – Diretoria de Trânsito – que é uma indicação do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, Patriota, da secretaria de Obras e Serviços Urbanos, tocada por um agente de trânsito concursado, ex-vereador e vice-prefeito, Luiz Carlos Spengler Filho, tudo sob o comando de Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Ah, mas sendo do estado a rodovia nada pode ser feito lá! Pode. Basta agir. Pois há jurisdição municipal sobre aquele trecho. E não se agiu para se fazer ao menos uma lombada elevada, ou trevo alemão, ou até uma rotatória em parceria com o governo do estado é porque é ruim de relacionamento e ação em favor dos cidadãos e cidadãs. E o acidente, como provam as imagens que correram as redes sociais, não foi apenas uma fatalidade. Era evitável.

Ah, mas há a duplicação da rodovia que se discute é outro entrave.  Tudo pode ser entrave quando não se possui força política para soluções necessárias e óbvias. E isto não apareceu no debate ou nas notícias da imprensa de Gaspar que anunciaram a interrupção e a razão pela qual se fez o protesto.

O acidente mostrou, mais uma vez, que se houvesse a duplicação da Ivo Silveira, aquela conversão levou o choque na moto contra um carro e a morte do motoqueiro, não seria possível; de que os que são contra a duplicação – inclusive os políticos em busca de votos – não estavam lá no protesto que pedia mais segurança. Ou seja, mais uma vez estavam tão distantes dos problemas quanto das soluções.

O vereador Giovâno Borges, PSD, está preocupado com a escola estadual Arnoldo Agenor Zimmermann, do seu bairro do Bela Vista. Ela não terá salas para atender a novas turmas nos primeiros anos do ensino fundamental. A preocupação do vereador é certa, mas o alvo está errado. Giovano convocou todos os 13 vereadores a cobrarem do governo do estado uma solução. E os vereadores entraram na pilha. São cabos eleitorais em busca de votos. Então…

E porque o alvo está errado e perguntar não ofende: não é o município responsável pelo Ensino Básico (zero a seis anos) e o Fundamental (sete a 14 anos, ao menos nas três primeiras séries)? O município não recebe repasses do Fundeb para isso? 

Então, qual a razão para tal movimento exatamente em tempo de campanha eleitoral, justamente quando o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, Patriota, está sendo cobrado pela falta de vagas nas creches e na vilã solução – a de meio período, a que transformou em inferno a vida de trabalhadores, trabalhadoras ou desempregados à procura de empregos?

Essa gente não prega prego sem estopa. Por isso, estão cada vez mais enrolados. As preocupações e os argumentos que acertadamente usam contra a escola estadual, descartam no caso das creches: o crescimento da cidade via a migração. Incrível!

Na última sessão da Câmara, o melhor dela foi quando o vereador Alexsandro Burnier, PL, enfrentou a ditadura do empoderamento, que lhe quis enquadrar no seu modo pessoal de agir e trabalhar como político em Gaspar. O desabafo de Alexsandro que estava entalado há algumas sessões e por conta disso vinha sendo cada vez mais provocado, foi aplaudido. Raro e ao mesmo tempo, sintomático. O que mostra que seu desabafo foi certeiro e agradou outros.

Alexsandro vinha sendo diminuído, como se trabalho parlamentar não fosse, com as indicações que faz. Alexsandro em um ano e oito meses fez 377, superando o recorde de quatro anos do ex-vereador Cicero Giovane Amaro, hoje sem partido, com 370. Quem lhe repreendeu, em cinco anos e oito meses de Câmara só produziu 141 indicações. 

Ou seja, se não é trabalho parlamentar do vereador fazer indicações, por que este expediente está no Regimento Interno? Mais, por quem o desdenha no uso de outros, usou desse expediente, mesmo sempre sendo base governo onde os pedidos deste tipo fluem mais facilmente devido à proximidade dos interesses mútuos da Bancada do Amém? “Ou vocês acham que ficar em casa coçando o saco é trabalho? Fui eleito para estar na rua e pedir soluções”, completou e desabafou o vereador.

Está difícil escutar rádios e ver tevê aberta. Uma poluição de propaganda eleitoral. Ainda bem que elas são muito bem remuneradas por isso com os nossos pesados impostos. A audiência, certamente está comprometida e este tipo de propaganda deve trabalhar contra os políticos.

No debate presidencial da TV Band, TV Cultura SP e portal Uol ontem à noite, a minha opinião pessoal é de que a candidata Simone Tebet, MDB, saiu-se melhor do que a encomenda. Já tinha dado pistas disto na sabatina da Rede Globo. Mas, não virará o jogo. Não há tempo.

Primeiro porque o seu MDB – que não é mais o de Ulisses Guimarães e sim do fisiologismo – quer Luiz Inácio Lula da Silva, PT. Segundo, porque será difícil desconstituir a polarização criada para que ninguém entre neste jogo entre Lula e Jair Messias Bolsonaro, PL, o brigão e que com o seu jeito de ser, rotulou a direita como uma coisa tosca. Se Bolsonaro perder, a direita e o conservadorismo levarão décadas para se livrarem desse rótulo insano. Por outro lado, Ciro Gomes, PDT, foi quem melhor mostrou que Lula e Bolsonaro são vinhos da mesma pipa. Uma precisa do outra.

“Lamentável em um país que passa fome, dois candidatos falando do passado. Triste o país que tem que escolher entre o escândalo do mensalão e do petrolão [Lula], e o escândalo do MEC e das vacinas [Bolsonaro]”, resumiu Simone Tebet numa admissão real e precoce de que não vai, nem ela e outros, para o segundo turno como alternativa a tudo isso que está posto. Escolheremos um dos piores.

E por que nada mudará? Porque até ontem, todas as pesquisas conhecidas, diziam que a metade dos eleitores de Simone e de Ciro não votarão neles. Estão fazendo escolhas supostamente úteis só para derrubar Lula ou Bolsonaro já no primeiro turno.

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3 comentários em “GIOVANO ENTRA NO CENTRO DO FURACÃO PARA DEFENDER O AMIGO MARCELO E LIVRÁ-LO DO PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO”

  1. Miguel José Teixeira

    E o Pinçador Matutildo, piNçou:

    “Poderia ter dito, por exemplo, que quem deveria estar ali a debater era o presidente de fato do Brasil: Arthur Lira.”

    Ué!!! O debate não era para candidatos à presidente?

  2. É..
    Tá feio o zóio da égua.
    Marcelo Brick vai receber o que plantou.
    Junto, olhendo louros ou abacaxis, Giovano Borges.
    Aliás, o que foi o DISCURSO do nobre vereador na audiência Pública que discutia as novas regras do parcelamento do solo de Gaspar 👀
    😱😱😱😠

  3. QUEM VENCEU; E O TIGRÃO COM VERA VIRA TCHUTCGUCA QUANDO ACUSADO DE CORRUPTO, por Reinaldo Azevedo, no UOL

    Quem venceu o debate promovido pela Band, em parceria com UOL, Folha e TV Cultura? A pergunta é óbvia porque é o que todos querem saber. A resposta nem tanto. Estivessem todos em uma situação de igualdade, partindo do zero, seria preciso ter muita má vontade para não responder o que salta aos olhos de qualquer um: Simone Tebet (MDB). Encaixou as melhores falas contra Jair Bolsonaro (PL), encarou o presidente, confrontando-o com a ruindade do seu governo e com comportamento desastroso durante a pandemia e chegou a dizer um “não tenho medo de você”. Foi menos dura com Lula (PT), mas também não se deixou instrumentalizar pelo petista, recusando o papel de escada.

    Ainda que tenha acenado com uma proposta simpática aos professores, mas sem sentido econômico justificável – a isenção de Imposto de Renda para professores -, Soraya Tronicke (UB) não fez feio para uma iniciante. É uma candidata, convenham, de última hora. Foi eleita senadora no aluvião bolsonarista de 2018, quando espalhava coisas pavorosamente ridículas nas redes – como um meme que associava a imprensa ao nazismo -, mas fugiu da nau da insanidade durante a CPI da Covid. Entra na disputa sem nada a perder e com muito a ganhar. Nacionaliza seu nome.

    Em certo sentido, note-se, e apontei isto no Twitter no curso do debate, as mulheres contribuíram para tornar o embate mais interessante. Foi uma jornalista a devolver o ogro à sua real natureza. Com uma simples pergunta, que obviamente nada tinha de impróprio, Vera Magalhães o levou a rasgar a fantasia mal ajambrada de estadista.

    OCORRE QUE…
    Fosse a disputa uma equação do Movimento Retilíneo Uniforme (MRU), seria preciso considerar que eles não partem do mesmo espaço inicial. Quando chegaram à arena do debate, todos ali já haviam percorrido um trecho da trajetória (em alguns casos, trecho quase nenhum). O ex-presidente está mais avançado. Atrás dele, vem Bolsonaro, que tem Ciro Gomes (PDT) em terceiro, mas muito distante. Simone percorreu um trecho pequeno. As pesquisas indicam que Soraya e Luiz Felipe Dávila (Novo) estão perto do ponto zero da largada. Como, no MRU, o espaço final percorrido – a vitória – é igual ao espaço de largada mais a velocidade de cada um multiplicada pelo tempo, que é bem curto parece impossível que não seja um dos dois líderes a cruzar a linha de chegada.

    Aliás, fosse mesmo uma equação do MRU, o ex já poderia encomendar o terno de futuro presidente. Mas não é. A depender do que façam os candidatos – dos acertos e bobagens -, o movimento pode ser “acelerado progressivo” ou “retardado progressivo”. Assim, em debates e entrevistas de audiência grande e difusa, quando os candidatos não falam só para o seu nicho de opinião, melhor a prudência do que o excesso de ousadia. Mas também há risco no excesso de prudência…

    COADJUVANTE
    Viu-se neste domingo um Lula bem diferente daquele que concedeu entrevista ao Jornal Nacional. E entendo que para pior, ainda que, a ver, o saldo de sua participação não tenha sido negativo.

    No JN, o petista estava na ofensiva – sem jamais ser agressivo, note-se – porque sabia que se tratava de um embate com limites éticos. Ainda que os entrevistadores tenham sido muito duros no questionamento sobre mensalão e petrolão, por exemplo, descartava-se e saída a desqualificação pessoal. Conseguiu se desincumbir das perguntas com brilho retórico e com respostas sólidas do ponto de vista político.

    Com Bolsonaro, sabia que a coisa seria diferente – e foi. O debate tem regras e limites. O “capitão” não. Atacou o tema da corrupção e já lascou na conversa um número insano, estúpido: o suposto prejuízo de R$ 900 bilhões que a Petrobras teria tido com a corrupção. Não custa lembrar que Paulo Guedes dizia que arrecadaria R$ 1 trilhão vendendo toda as estatais. Imaginem se um única daria um prejuízo dessa dimensão. A estimativa mais superestimada aponta pra um valor que não chega a 5% desse chute astronômico. O “Mito” não sabe o que fala – e, pois, fala qualquer coisa.

    Creio que instruído por seus estrategistas, Lula preferiu, vamos dizer, não “pôr pilha” no confronto com seu principal opositor e optou por falar de ações do seu governo e das medidas que seu partido implementou contra a corrupção. Parece que fez a opção por não ouvir o que Bolsonaro dizia. Contestou, mas faltou ênfase, uma outra mentira alardeada pelo presidente: a de que os petistas teriam votado contra a elevação do Auxílio Brasil.

    O candidato do PT escolheu o lugar do moderado e, em certa medida, mais ele parecia estar defendendo um mandato do que o atual presidente, que afinal é o presidente de turno, embora falasse com a fúria de um nanico a distribuir insultos. Remédio em dose errada ou é ineficaz ou vira veneno.

    Nem o petista nem ninguém cobraram que o destrambelhado falasse sobre rachadinha, Fabrício Queiroz, cheque na conta da primeira-dama, filho comprando mansão… Nem mesmo o absurdo Orçamento Secreto mereceu uma fala dura do candidato do PT, como este fez, com acerto, na entrevista do JN. Poderia ter dito, por exemplo, que quem deveria estar ali a debater era o presidente de fato do Brasil: Arthur Lira.

    Em noite apagada, Lula permitiu que sua nêmesis mandasse os recados para a sua galera sem grande resistência.

    ENTÃO BOLSONARO SE DEU BEM?
    Isso quer dizer que o marido de Michelle se deu bem? Acho que não. E é o que também aponta a pesquisa qualitativa do Datafolha com indecisos. Estes avaliam que Simone venceu, seguida por Ciro, e apontam o atual ocupante do Planalto como o de pior desempenho. É provável que a agressividade do presidente pegue muito bem entre os convertidos, mas não contribua para agregar votos. Estava lá para produzir memes, que agora serão fanaticamente repetidos nas redes pelos seus… fanáticos.

    Poderia, no entanto, ter evitado o desastre. Se Lula não o tirou do sério – até porque, claramente, quis evitar a polarização, preferindo um jogo mais conservador -, foi uma mulher, para não variar, a tirá-lo do equilíbrio sempre instável. A jornalista Vera Magalhães dirigiu uma pergunta a Ciro Gomes, pedindo que o atual mandatário comentasse a resposta. E este estrelou, então, um espetáculo de misoginia, cafajestagem e grosseria. Reproduzo a pergunta de Vera:

    “Candidato Ciro, a cobertura vacinal vem despencando no Brasil nos últimos anos. A cobertura para a vacina tríplice viral, que protege contra o sarampo e outras doenças, foi de 71% em 2021 e ainda não chegou a 50% neste ano. A da poliomielite, que já chegou a ser de 96% em 2012, caiu a índices pouco superiores a 67%. Queria saber do senhor em que medida o senhor acha que a desinformação sobre vacinas, difundida, inclusive, pelo presidente da República, pode ter contribuído, além de agravar a pandemia de Covid-19 e causar mortes que poderiam ter sido evitadas, também para desacreditar a população quanto à eficácia das vacinas em geral e qual é a sua proposta para recuperar o Plano Nacional de Imunização que já foi um orgulho nacional e uma referência para o mundo?”

    A pergunta é absolutamente pertinente. E notem que Vera não está sendo sorrateira. Não embutiu uma crítica pedindo que um terceiro comentasse. Seria ele próprio a fazê-lo. Mas aí o misógino, que já vinha dando sinais de fúria contida, se entregou. E vomitou depois da resposta de Ciro: “Vera, não poderia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro…”

    Ciro ameaçou um protesto, com o microfone desligado, e Bolsonaro avançou: “Não pedi a tua opinião. Não pedi a tua opinião. Já tá apelando, já tá apelando…”

    E aí partiu pra cima de Simone Tebet.

    Pronto! O homem se desnudava ali. Vera Magalhães honra o jornalismo brasileiro. E nem sempre concordamos, como sabemos eu, ela e os leitores. Já o presidente que tem a desfaçatez de fazer pouco caso de pessoas sufocadas pela Covid e que espalha mentiras e desinformação sobre as vacinas, encarna o que a política brasileira produziu de pior.

    EM SÍNTESE
    À diferença do que pensam alguns colegas, não creio que debates e entrevistas sejam espaços privilegiados para expor planos de governo. Falta tempo. Luiz Felipe Dávila foi ao encontro com o mais ideológico de todos os discursos porque centrado em princípios inequivocamente liberais. Acho que o debate serve para que se apresente numa arena nacional e se posiciona para embates futuros.

    Ainda que veterano nas disputas, Ciro também se dedica a abstrações redefinidoras das instituições. Um quer redesenhar o Estado pela via da direita liberal; o outro, pelo da esquerda democrática. Ocorre que Bolsonaro sequestrou o campo do conservadorismo, daí a anemia eleitoral, por ora, de Felipe, Soraya e, em certa medida, de Simone. Ciro, por sua vez, teria de tirar de Lula o lugar de principal nome da esquerda do país. Não me parece possível.

    O ex-presidente parece ter jogado deliberadamente na retranca, com uma estratégia conservadora, quem sabe de olho já em uma disputa de segundo turno. Ainda que tenha levado algumas estocadas de Simone e sido duramente criticado por Ciro, preferiu acenar com eventuais entendimentos futuros. Acho que exagerou na dose e na lhaneza.

    O chefão da extrema direita brasileira foi ao debate para produzir lacração para a sua turma. Seus seguidores certamente deliraram com os ataques a Lula e com estupidez contra uma jornalista. É desse cara que eles gostam, não daquele que fingiu civilidade no “Jornal Nacional”.

    Tenho a impressão de que, em razão do debate, os líderes não perderam votos. Mas também não vejo razão para que tenham ganhado alguma coisa.

    Partissem todos do zero, a noite teria sido de Simone.

    De qualquer modo, foi, sim, o debate das mulheres.

    E isso, por si, já é uma boa notícia. Daí a fúria de cuecas decadentes.

    CORROMPEU EX-ESPOSAS

    Ciro repreendeu Bolsonaro por seu ataque de fúria contra as mulheres, e o presidente resolveu recordar a famosa fala de Ciro, na campanha de 2002, segundo a qual a função de sua então mulher era dormir com ele.

    O candidato do PDT afirmou que a frase seguia indesculpável, mas emendou: “Eu estou falando, Bolsonaro, da sua falta de escrúpulo. Você corrompeu todas as suas ex-esposas. Todas elas estão envolvidas em escândalos. Você corrompeu os seus filhos (…). Eu não queria trazer essa questão aqui. A não ser pela sua falta de caráter de trazer um assunto pessoal de 20 anos atrás, pelo qual, já disse, me desculpei muitas vezes (…). Mas eu aprendi isso. Você é que não aprende nada nunca. Por quê? Porque você é uma pessoa que não tem coração. Sabe? Simular sufocamento na hora que tava faltando oxigênio em Manaus. Dizer que não é coveiro no momento em que há milhões de famílias e amigos que nos enlutamos. O Brasil tem 3% da população do mundo e 11% das pessoas que morreram [de Covid].”

    Bolsonaro ouviu. Poderia ter respondido se quisesse, nem que fosse na fala final. Mas silenciou.

    Quis dar uma de Tigrão com a Vera. Afinal, sabem como é… Trata-se de uma mulher. Mas acabou sendo “tchutchuca” de Ciro Gomes. Não disse uma vírgula sobre a acusação de ter corrompido as ex-mulheres e os filhos.

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