HÁ PRÉ-CANDIDATOS DECLARADOS A PREFEITO DE GASPAR QUE NÃO SABEM O QUE VÃO FAZER COM O TERRENO QUE A PREFEITURA COMPROU HÁ DOIS ANOS DA FURB PELOS EXAGERADOS R$14 MILHÕES. SERÁ QUE SABEM O QUE QUEREM PARA A CIDADE?

Perguntei aos já declarados pré-candidatos a prefeito de Gaspar, Pedro Celso Zuchi, PT, Paulo Norberto Koerich, PL, Oberdan Barni, Republicanos e Ednei de Souza, Novo, o que eles fariam, se eleitos, com o terreno que o governo de Kleber Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, com aval majoritário da Câmara de Vereadores, contra as críticas e principalmente dúvidas da cidade, comprou há dois anos da Furb, por exagerados R$14 milhões. Ele era, segundo o próprio Projeto de Lei, destinado, à priori, à construção da nova prefeitura de Gaspar

O que comprovei? Temores! Mais dúvidas de que alguma coisa vai mudar como alguns espertamente estão embrulhando os seus discursos deste ano. Impressionante.

Esta compra feita fora da mediana não é tema novo. Não é irrelevante. Entretanto, dois anos depois do acontecido, todos continuam, e querem, nadar em areia movediça para nada explicar, acusar e minimamente – com uma rara exceção por enquanto – prometer esclarecer o que se teima esconder. Um espanto.

Uns fazem isso porque não sabem o que fazer – talvez para não perderem votos – e por isso se escondem. Outros, porque não pensaram direito no destino de um mico que levou dinheiro grosso dos gasparenses para Blumenau. Só um dos quatro consultados e que pode bisbilhotar o negócio se eleito, só um, repito, disse que vai botar o olho e tentar saber como se deu este aparente desperdício de prioridade contra a cidade e o dinheiro público. Isto é mais incrível ainda!

Para início de conversa, dos quatro que perguntei, só dois responderam.

Um direito deles, reconheço. Mas, é um sinal atravessado – e perigoso – para a sociedade e que espera por mudanças ao que nos atrasa e nos enrola.

Quem respondeu? Oberdan Barni e Ednei de Souza. E eles não sabem exatamente o que vão fazer com o terreno caro e fantasma até para o governo de Kleber e Marcelo que inventou uma destinação, a qual não conseguiu concretizar até agora, nem mesmo no papelinho. nem o inserir no Orçamento deste ano, ou no modelo de negócio que justificou no PL 13/2022 para abrir os cofres quase vazios da prefeitura e salvar outro com o mesmo defeito: o da Furb.

Os candidatos Paulo Norberto Koerich e Pedro Celso Zuchi, fingiram que a pergunta não fazia sentido responde-la, não exatamente a este blog, mas à cidade, aos cidadãos, às cidadãs. Eles, pelo jeito, querem que esta pergunta sem respostas até hoje, continue assim? Qual a razão disso?

O que significa isto, mais uma vez?

Que se eleitos, e parecem iguais nestes aspectos, Paulo Norberto e Zuchi vão mandar bananas a seus eleitores e eleitoras.

Zuchi já fez isso em três mandatos. Paulo Norberto, acostumado a investigações, ainda não virou o modo de delegado – onde pode invocar o sigilo – para candidato a prefeito, e que neste papel de político, precisa convencer e dar explicar explicações. Ele está atrás de votos. Mais do que isso, está dizendo que não concorda com que está aí e por isso, supostamente, irá fazer diferente. Será?

Paulo Norberto, na verdade, está confiante de que franquia Jair Messias Bolsonaro e Jorginho Melo, ambos PL, será a blindagem para ele – e sua turma que estava com Kleber e Marcelo -, mais uma vez, não se comprometer para entrar em divididas e com isso prometer, comprometer-se e esclarecer as dúvidas que a cidade está mergulhada com Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho, Marcelo, marqueteiros, entupidores de redes sociais de foto, mensagens e as espertezas de seus “çábios”.

Um esclarecimento. Ao provável candidato de continuação do governo dos oito anos de Kleber, Marcelo, não enviei à pergunta para ser respondida.

Por quê? Seria zombaria, provocação ou até desperdício de tempo. E qual a razão? Porque estaria na cara e implícito, que Marcelo está obrigado a cumprir aquilo que justificou no Projeto de Lei 13/2022, o que pediu e obteve na Câmara, a autorização para a compra do terreno, ou seja, para a construção do novo prédio da prefeitura de Gaspar, com os respetivos penduricalhos que facilitaram o discurso de aprovação naquele abril de 2022.

Se Marcelo, hoje, for contra, não só destrói, como amplia o legado de erros de político e do seu próprio governo.

Retomo.

Este cenário, onde quase todos se escondem e os que não se escondem não tem saídas claras para um problema grave de gestão do atual governo de Kleber e Marcelo, mostra que pouca coisa vai mudar a partir de seis de outubro. Há muitos outros sinais e que já mencionei aqui anteriormente.

Aliás, a gravidade deste negócio mal enjambrado apareceu num comentário de um leitor – e que publiquei – mas não estava nas contas do meu artigo de sexta-feira passada.

O leitor me lembrou e sublinhou o seguinte: “terreno da FURB: R$ 14.000.000,00/39.600 m² = R$ 353,53 m². Segundo a prefeitura, construção da nova sede. (só pela localização, torna-se improvável). Canarinhos: R$ 5.000.000,00/55.376 m² = R$ 90,29 m², segundo a Fecomercio – Sede Sesc e Senac. (capacitação e treinamento de profissionais). Os poucos sócios do quase finado Canarinhos contribuíram mais pro futuro de Gaspar do que muitos ‘investimentos’ da prefeitura e sua turma. Sem contar com os valores acima do mercado, como se vê na situação acima, não considerando o potencial de cada imóvel”.

Este escandaloso mau negócio, sob vários aspectos, e que abordei, mais uma vez, no artigo de sexta-feira passada em O VALOR DO NEGÓCIO DO CANARINHOS MOSTRA O TAMANHO DO ERRO DA ADMINISTRAÇÃO DE KLEBER E MARCELO CONTRA A CIDADE NA COMPRA DO TERRENO DA FURB  ganhou grande repercussão na cidade, inclusive no ambiente da prefeitura de Blumenau e que já colocou as barbas de molho, mais uma vez.

Pelo andar da carruagem, assusta os gasparenses, mas não os nossos políticos e candidatos a gestores públicos. Tanto que dois deles – Zuchi e Paulo Norberto -, com potencial real de se tornarem prefeitos – um pela máquina que o criou o gestou como salvador dela e o outro pelo passado de três mandatos -, tendo a oportunidade de colocar a mão no vespeiro e de dizerem à cidade, aos cidadãos e cidadãs – seus eleitores e eleitoras – o que pensam sobre o assunto, fingiram que nada lhes foi questionado, ou então, o que é pior, não deviam respostas alguma.

E assim continuaram pedindo votos sem se comprometer com mudanças. É a aposta de ambos e principalmente dos “çábios” que o cercam. Eleitores e eleitores, neste caso, serão, novamente, detalhes.

Na outra ponta sobraram Oberdan Barni, Republicanos, e Ednei de Souza, do Novo. Eles romperam o medo, o silêncio e a esperteza do silêncio de Zuchi e Paulo Norberto de que este não seja, supostamente, um problema da cidade e que o próximo administrador terá que enfrentá-lo. Oberdan e Ednei ensaiaram as suas respostas.

“O certo é que não será construída a prefeitura no local. Será mantida no Centro. No local será construído um centro de pesquisa, ciência e inovação para a indústria têxtil“, escreveu-me Ednei. Se é certo ou errado, a verdade que é pouco. É temerário. Ainda mais sabendo-se que a industrial têxtil está em decadência na nossa região, é um tipo de economia que nem preparação de mão de obra possui por aqui, além do que precisa ser importada, não é reconhecida e exige um amparo social público para ser tornar estável na cidade. Mas, é uma direção para ser avaliada. Melhor, muito melhor do que à arrogância e silêncio dos que se acham eleitos.

ABRIR A CAIXA PRETA

Na mesma linha foi o empresário Oberdan Barni, Republicanos. Ele garantiu em áudio, que primeiro será preciso fazer uma fiscalização bem feita para saber de que forma foi comprado este terreno da Furb (foto acima) pela prefeitura de Kleber e Marcelo; quem foi favorecido. “Até hoje“, segundo ele, “ninguém mostrou isso“. Oberdan, também assegurou, na mesma mensagem, de que naquele não vai construir a prefeitura para a qual o terreno foi comprado por Kleber e Marcelo.

Mas, Oberdan se por um lado tem a intenção de colocar o dedo nesta ferida aberta – é o único que declarou isto -, por outro, como candidato não tem certeza de como vai ocupar aquilo.

Vender, está fora de propósito. Seria um prejuízo mais de R$5 milhões para os cofres da prefeitura nos dias der hoje“, imagina e contabiliza. Oberdan ensaia colocar lá, uma “universidade”, a do Republicanos, e um centro de formação técnica. Universidade física, está em decadência, leva tempo e não precisa mais de tanta área – que será desperdiçada com estacionamento. Ele pensa num Centro de Formação Técnica. É um bom caminho. Precisa definir alvos e carências de hoje e do futuro, bem como as parcerias para fazer rodar imediatamente. Mas, com quem? Oberdan, não detalha.

O que está claro, mais uma vez, para todos – tanto para a cidade, como para os pré-candidatos que ficaram em silêncio e os que se arriscaram em dar destinação para aquele terreno? O tamanho do mico que Kleber, Marcelo e a Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) trouxeram para Gaspar e os próximos prefeitos.

A cidade devia agradecer à Sociedade Canarinhos por colocar luz não só no negócio dela, mas na destinação nobre para o futuro da cidade da quase antiga sede dela. 

Por outro lado, o silêncio de candidatos – que se vende na ponta de pesquisas internas deles – a prefeito sobre o futuro deles se eleitos e o que pensam em temas cruciais da e para a cidade é perigosamente, mais uma vez, sinalizador e revelador. Pelo jeito, quase todos vão contrariar as pesquisas. Nada vai mudar. Haverá uma troca de compadres ou à volta ao atraso para agradar todos e punir os que pedem mudanças não só no comportamento, mas nos que no escurinho de reuniões, botam e tiram prefeitos em Gaspar. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Os políticos de Gaspar precisam ser reinventados e voltarem às origens. Uma pré-candidata a vereadora monta uma vaquinha pelo pix para arrecadar fundos para construir 150 metros de calçada para facilitar o acesso dos alunos da Escola Luiz de Franzoi. O pedido eletrônico está reproduzido ao lado. Parece ser nobre. É uma causa. Nada a se opor, aparentemente.

Mas, é preciso ir adiante. Controle e transparência disso, ninguém sabe como se faz. Mas, esta não é a questão central. A obrigação de construir a calçada, segundo a lei em vigor em Gaspar é do proprietário do terreno. Então a causa não é tão nobre. O que se usa como pano de fundo embrulha esta causa

Os 150 metros estão defronte a um templo evangélico. Se ele for próprio da congregação, é a comunidade evangélica que tem que construir a calçada. Se for alugado, é obrigação do dono do terreno que recebe aluguel da denominação evangélica. Simples assim. Qual o tom da comédia? “Não podemos mais esperar pelo poder público. Precisamos nos unir”.

Então. Em tempos política e principalmente de politicalha, estão usando os alunos, muitos com pais em dificuldades financeiras – pois e pudessem seus filhos estariam em escolas privadas -, como desculpas para atender particulares e culpando o poder público pela suposta omissão. E olha que é gente do atual governo. Se os políticos fazem isso na campanha, farão o que mais quando eleitos contra os seus próprios eleitores e eleitoras? Meu Deus! Muda, muda, muda.

O vice-prefeito Marcelo de Souza Brick, PP, está cada dia mais cético e já abre negociações com partidos que não o MDB. Só agora, está caindo a ficha que foi enganado pelos que levaram ele ser vice de Kleber Edson Wan Dall, MDB, para não enfrentar Kleber em 2020. Os que levaram Marcelo para ser vice de Kleber estão com Paulo Norberto Koerich, PL. E é com eles, que Marcelo abriu um caminho de negociação. E para 2026. Alguém acredita que isso vai dar certo?

Ninguém quer ser vice no MDB de Gaspar. Se Marcelo de Souza Brick, PP, desistir, o MDB vai ser cabeça desta chapa que é a continuidade do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB? O MDB, sem o articulador Osvaldo Schneider, o Paca, flerta com a maior derrota que já experimentou por aqui. Para quem – como o ex-presidente e ex-prefeito de fato de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, sempre sonhou – e falava isso aos quatro cantos – em ser o MDB de Blumenau que desapareceu, o desejo está prestes a se realizar.

Que Plano Diretor de Turismo de Gaspar e depois de quase oito anos da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Balela. Uma tartaruga teria feito mais rápido. Tudo que temos até aqui é fruto de iniciativas do setor privado ou de abnegados. Na maioria dos casos, deu certo. Em alguns, o poder público até atrapalhou. Veja o exemplo da Primeira Schmitt-Fest, a festa das famílias, realizada na Comunidade Bom Jesus neste final de semana. Mais de 500 pessoas. Para o ano que vem, será preciso outro lugar. Este ficou pequeno.

A ideia foi de quem? José Francisco Schmitt, da Sorveteria Schmitt – que é afamada até no boteco deles em Blumenau -, filho do fundador Eusébio. Culinária e música alemã. Se dependêssemos do poder público não teríamos as tradicionais festas das comunidades católicas por todos os cantos do município, a Vila de Italia, o Caminho do Ciclismo no Arraial, as cascatas, a rota da linguiça no Distrito do Belchior, Festival de Aeromodelismo – e que aconteceu mais uma vez neste final de semana e assim vai. Tudo privado.

Quando o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, com Luiz Carlos Spengler Filho, PP, assumiu em 2017, fez um auê – e estava certo -, porque o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, entregou a ponte do Vale com uma depressão no lado da Rodovia Jorge Lacerda. Tudo isso, para apressar e assim “inaugurá-la”. Kleber interditou e arrumou o aterro da cabeceira que cedia e causava perigo aos veículos dali. Fez certo. E com muita propaganda de herói consertador.

Agora, em fim de mandato, no mesmo local, a junta de dilatação, da ponte do Vale, no mesmo lado da Rodovia Jorge Lacerda, está gradativamente se espaçando mais e precisando de reparos mais estragos aos veículos. Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, estão quietinhos. Não bastou a vergonha que passaram na semana passada quando um caminhão cegonha entalou na “lombada” da depressão de uma obra ainda em garantia da construtora na ligação do “pasto do jacaré” entre as rodovias Frei Godofredo e Francisco Mastella.

Mais uma vez, a decorativa Ditran – Diretoria de Trânsito de Gaspar – vai mudar de endereço. O aluguel desta vez vai para a Rua São Pedro.

Um mau sinal a ser considerado. A Kombi gabinete móvel do vereador Ciro André Quintino, MBB, pifou. Deixou-o a pé na estrada.

Falta de controle. Depois das vacinas da covid vencidas, a secretaria de Saúde e a área de vigilância sanitária tem cotidianamente descartada produtos com a mesma característica por falta de controle. Inclusive, os que podem prevenir ou detectar dengue. Veja isto ao lado.

Também pudera. Trocando-se uma dúzia – entre interinos e titulares – de secretários de Saúde, o que isto poderia resultar contra a cidade, os cidadãos e cidadãs? Acorda, Gaspar!

De um leitor contumaz e que sempre me brinda com um de seus pensamentos. “Enquanto isso na SALA DA JUSTIÇA:HOMEM-TAMPÃO procurava novo furo, nos arredores da cidade do futuro para se houver futuro, que tampemos os próximos furos.

Que coisa difícil esta de sair o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que pode cassar o senador Jorge Seif Junior, PL. Com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Eleitoral e presidente do Tribunal Superior sendo exposto mundialmente por Elon Musk, do “X” como o operador da censura togada no Brasil, os bolsonaristas vão enxergando novos fios de esperanças. Nova aposta é nesta terça-feira. A conferir. Wake up, Brazil!

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7 comentários em “HÁ PRÉ-CANDIDATOS DECLARADOS A PREFEITO DE GASPAR QUE NÃO SABEM O QUE VÃO FAZER COM O TERRENO QUE A PREFEITURA COMPROU HÁ DOIS ANOS DA FURB PELOS EXAGERADOS R$14 MILHÕES. SERÁ QUE SABEM O QUE QUEREM PARA A CIDADE?”

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  2. PAUTA “BOMBA ECONÔMICA” É AFRONTA À SOCIEDADE, por Adriana Fernandes, no jornal Folha de S. Paulo

    A pauta-bomba é uma praga que prolifera em Brasília, ainda mais em tempos difíceis para a equipe econômica.

    É uma arma apontada para derrubar os afogados a sangrar o orçamento público –que não é do governo Lula, mas de todos os brasileiros.

    Tem uma espécie de pauta-bomba que é gestada para não ir mesmo adiante. A finalidade dos produtores desse tipo de coisa é conseguir nos bastidores o avanço de temas mais espinhosos e, na maioria das vezes, ainda mais custosos.

    A PEC do Quinquênio, que estabelece um adicional por tempo de serviço e turbina os salários de juízes, promotores, delegados da Polícia Federal, defensores e advogados públicos, é uma dessas pragas.

    É tão absurda e rejeitada pela sociedade brasileira que está a serviço também de algo maior com negociações não republicanas. A proposta dispara benefício extinto para juízes em 2005. Para os servidores do Executivo, o quinquênio já não existia desde 1999.

    É uma contrarreforma administrativa apoiada por parlamentares da oposição e também aliados, que costumam encher a boca para defender a reforma administrativa e a responsabilidade fiscal das contas públicas.

    Padrinho desde sempre da PEC, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se transformou no agente oficial de socorro para a renegociação da dívida do seu estado, Minas Gerais. Um dos estados mais endividados e em situação periclitante.

    Pacheco atua como se governador fosse e rivaliza com Romeu Zema (Novo), o chefe do Executivo mineiro, na tentativa de vestir o figurino de “salvador da pátria” das finanças do estado, de olho nas eleições de 2026.

    A pressão de Pacheco, que tem a pauta do Senado na mão, foi gancho para outros estados pedirem o mesmo. É mais socorro do Tesouro Nacional para a maioria das unidades da federação. No que vai dar essa história já se sabe. Para bom entendedor, basta.

    Difícil mesmo é imaginar uma liderança querer ser patrocinadora de retrocesso desta monta. O Judiciário também entra nesse jogo de nuances políticas, que nos escapam a olho nu.

    Em 2023, nesta mesma época do ano, Pacheco sinalizou que iria colocar em votação a PEC. Coincidência? Não.

    Este período é dos mais férteis do ano em pauta-bomba, junto com as últimas semanas do Legislativo. Nem precisa gastar espaço da coluna para descrever as razões, já que são momentos de definição de projetos importantes para a agenda econômica.

    No ano passado, tínhamos o arcabouço fiscal e a reforma tributária, além das medidas de alta de arrecadação.

    O governo também tem seus produtores de pauta-bomba. E está nas mãos do presidente Lula desarmar e barrar seus subordinados contra esse tipo de praga.

    A matemática do impacto da pauta-bomba também interessa aos dois lados. Quanto mais se falar do prejuízo, mais poder de barganha terá o produtor da bomba diante do risco para as contas públicas. Ao governo também interessa inflar os valores para angariar apoio para barrar o estouro da bomba.

    Não há pacto a ser feito sobre responsabilidades entre os Poderes, porque a legislação fiscal é branda ao definir punições para o descumprimento da meta fiscal no Executivo.

    É por isso que o Congresso pode seguir impondo projetos de aumento de gastos sem compensação de receitas e despesas. O ônus político de adotar as medidas é do governo federal.

    A única alternativa é botar o carimbo certo no peito dos parlamentares e autoridades dos três Poderes que faturam com a pauta-bomba. Repartir o ônus. Mas para tal, é necessário coragem, inclusive da imprensa. Do contrário, a fábrica permanente de produção de bombas seguirá como uma afronta à sociedade.

  3. DESCPOMPROMISSO COM O FUTURO, editorial do jornal O Estado de S.Paulo

    Na semana passada, a sociedade assistiu atônita à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovar o retorno do quinquênio para algumas das categorias mais privilegiadas do funcionalismo público. Se o plenário der aval à proposta, o País terá de gastar R$ 42 bilhões para garantir reajustes automáticos aos salários de juízes, procuradores e promotores, entre outras carreiras da elite do serviço público.

    Não há outra palavra, senão farra, para definir a atitude da CCJ do Senado. Além de retomar uma regalia extinta há mais de 20 anos, os membros da comissão incluíram muitas outras categorias nesse trem da alegria que premia aqueles que passarem mais tempo vinculados ao Estado. Afinal, não haverá qualquer contrapartida a não ser os anos de serviço de cargos que, entre seus vários atrativos, oferecem estabilidade funcional e vencimentos elevados desde o início da carreira.

    O avanço da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Quinquênio diz muito sobre a brutal falta de compromisso das autoridades com o futuro do País. Uma semana antes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDMG), havia se reunido com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Disse, depois do encontro, que a Casa estava comprometida com o equilíbrio das contas públicas e que não aprovaria projetos que elevassem despesas da União. Acreditou quem quis.

    Acuado, agora o governo corre contra o tempo para conter, ainda que parcialmente, a sangria de recursos públicos que a PEC representa. Para isso, conta com a colaboração dos governadores e a boa vontade de Pacheco, ignorando o fato de que o próprio Pacheco ressuscitou tal proposta, arquivada em 2022 e reapresentada pelo senador mineiro no ano passado.

    Culpar unicamente Pacheco e os integrantes da CCJ pela irresponsabilidade com as contas públicas, no entanto, seria injusto. Afinal, naquela mesma semana, a pedido do governo, a Câmara dos Deputados havia aprovado um dispositivo para liberar uma despesa extra de R$ 15,7 bilhões neste ano, arruinando o arcabouço fiscal.

    A desculpa oficial para antecipar o crédito foi a arrecadação recorde no início do ano, mas sabe-se que a decisão está relacionada à liberação de emendas parlamentares de R$ 5,6 bilhões. Vetadas por Lula da Silva em janeiro, elas geraram um impasse que levou ao rompimento das relações entre Padilha e o presidente da Casa, Arthur Lira (PPAL) – outro personagem que se diz defensor de reformas e da agenda econômica, desde que as emendas permaneçam intocadas.

    Não bastasse a facilidade com que a âncora fiscal foi ignorada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alterou as metas fiscais de 2025 e de 2026. Para o ano que vem, o superávit de 0,5% foi reduzido a zero, e o superávit de 1% em 2026 foi rebaixado a 0,25%. Nada garante que os novos objetivos não serão modificados novamente antes disso.

    Alcançar a meta do ano que vem exigirá R$ 50 bilhões extras, mas o Executivo continua a ignorar a resistência que o Congresso tem demonstrado nos últimos meses às medidas para recuperação de receitas, enquanto a agenda de redução de despesas segue inexistente.

    Nesse cenário em que o Legislativo usa as carreiras do topo do funcionalismo público, especialmente do Judiciário, para pressionar o Executivo a abrir o cofre e liberar as emendas parlamentares, o receio de entidades do setor privado, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), é que o resultado final dessa disputa seja um indesejável aumento da carga tributária.

    É hora de os Poderes recuarem dessa estratégia suicida, que nada trará de positivo ao País, e de se unirem por uma agenda que traga mais eficiência ao setor público. Isso passa por um esforço coletivo que envolve muitas iniciativas, a começar pela redução das gritantes desigualdades entre as carreiras do serviço público, o oposto do que propõe a PEC do Quinquênio, e por um modelo que traga alguma racionalidade às emendas parlamentares, sobretudo em um ano de eleições municipais. Ao governo, cabe dar o exemplo e cumprir as metas fiscais, e não modificá-las ao sabor do vento.

  4. Para ler, reler e tentar compreender, se há como compreender fanáticos (de todos os tipos). A ignorância é a mãe dele e à negação daquilo que nos difere dos irracionais.

    SALMAM RUSHDIE MOSTRA QUE INVEJA DOS FANÁTICOS É MAIOR QUE SUAS CRENÇAS, por João Pereira Coutinho, filósofo e escritor português, no jornal Folha de S. Paulo

    Não é preciso morrer para escrever uma obra-prima. Mas Salman Rushdie, dessa vez, exagerou: no dia 12 de agosto de 2022, enquanto discursava no palco de um anfiteatro, foi brutalmente esfaqueado por um criminoso de 24 anos.

    Sobreviveu, ninguém sabe como. E publicou agora o relato dessa quase-morte –”Faca: Reflexões sobre um Atentado”–, com uma lucidez e ironia que só não são invejáveis porque o horror que as permitiu não é coisa que se inveje.

    A ironia está no lugar do crime e no motivo que levou Rushdie até lá: Chautauqua, pequena cidade no norte do estado de Nova York, para falar sobre a importância de proteger os escritores dos seus eventuais inimigos.

    Mal comparando, é como imaginar Chapeuzinho Vermelho falando sobre os perigos da floresta para uma alcateia de lobos.

    Foi então que um lobo se levantou da audiência, correu para Rushdie e, durante 27 segundos (o tempo que demora a recitar um soneto de Shakespeare, esclarece ele), foi desferindo golpes sobre golpes –no rosto, no peito, no olho direito–, exatamente como Rushdie sempre imaginou que aconteceria.

    Essa familiaridade tem dois sentidos aqui. Durante 33 anos, o escritor viveu sob a condenação à morte sentenciada pelo aiatolá iraniano Ruhollah Khomeini depois da publicação do livro “Os Versos Satânicos”. Meia dúzia de complôs foram tentados, e frustrados, contra o escritor durante esse tempo.

    Mas, dois dias antes do ataque, Rushdie também sonhou com o encontro fatal: no pesadelo, viu-se no meio de um anfiteatro romano, à mercê da fúria de um gladiador.

    Quando acordou, o homem que não acredita em premonições pensou seriamente em cancelar a sua viagem a Chautauqua.

    Não admira que, no momento do ataque, uma frase e uma pergunta tenham cruzado a sua mente. “Aqui está você”, pensou, com a resignação de um condenado. “Mas por que agora?”, perguntou, com terrível incredulidade. O passado não tinha já passado?

    Pelo visto, não. O criminoso lera apenas duas páginas do célebre livro. A radicalização acontecera no YouTube, assistindo a vídeos sobre Rushdie e suas alegadas heresias. Foi o que bastou.

    Apesar da mediocridade intelectual do personagem, Rushdie tenta falar com ele. Não na realidade –Rushdie não é Beckett, que fez questão de se encontrar com seu agressor parisiense depois de também ter sido esfaqueado.

    O encontro é uma simulação literária e um dos grandes momentos do livro. Discutem ambos a crença e a descrença, Deus e os seus intérpretes, a sociedade laica e as suas tentações.

    No fim, Rushdie é levado a concluir, ou talvez a confirmar, a futilidade de qualquer conversa. Tudo é ressentimento no coração de um terrorista. Ele, Rushdie, não passara de um pretexto. “Qual foi o rosto que você viu quando me tentou matar?”

    Notável pergunta. Terá sido o rosto do pai? Da mãe? Dos irmãos?

    Do amor não correspondido?

    Dos amigos que se perderam, ou que nunca apareceram?

    Ou terá sido o rosto do próprio terrorista?

    Sim, Salman Rushdie é um pretexto, mas Deus também é. “Os homens tendem a ter as crenças que se adequam às suas paixões”, escreve Rushdie, citando Bertrand Russell. “Os homens cruéis acreditam num Deus cruel e usam essa crença para desculpar a sua crueldade. Só os homens bondosos acreditam num Deus bondoso e seriam bondosos em qualquer caso.”

    O criminoso é irrelevante, conclui o autor. O criminoso é ninguém. Perdoá-lo ou não, odiá-lo ou não, entender seus motivos ou não –tudo isso é conferir ao inominado (nunca lemos o nome do criminoso no livro) uma dignidade, ou uma atenção, que ele não merece.

    O que resta, então?

    Para Rushdie, continuar. A verdadeira vitória é poder continuar amando, escrevendo, vivendo, mesmo que a felicidade possível exiba as cicatrizes de um passado que não se esquece.

    Continuar, em suma, é responder à violência com a arte –e talvez seja isso que perturbe tanto os fanáticos: a incapacidade para saírem do mundo estreito e violento em que vivem, transfigurando seus medos e fracassos em algo de belo e duradouro.

    Agora que penso nisso, é uma hipótese normalmente ignorada nas discussões sobre a liberdade de expressão. A inveja dos fanáticos é mais forte que suas crenças ou sentimentos.

  5. CÂNDIDOS, OS OTIMISTAS, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo

    O desacerto entre Executivo e Legislativo está de tal maneira intenso que o presidente Luiz Inácio da Silva se viu obrigado a fazer o que imaginou não ser preciso depois de dois mandatos bem-sucedidos na relação com o Congresso: entrar com seu peso no varejo da articulação político/partidária.

    Para isso, Lula teve de dar um tempo na execução do projeto de se firmar como liderança internacional. A razão, sabemos, é a mudança da realidade anteriormente vivida pelo presidente tanto quanto aos posicionamentos dele no âmbito mundial como a alteração da correlação de forças na sociedade, no Parlamento e na configuração da equipe presidencial, hoje bem mais fraca.

    Lá atrás, na primeira década do novo milênio, seria inimaginável a hipótese de um presidente da Câmara se referir a José Dirceu —ou a qualquer outro de semelhante estatura na hierarquia petista— como incompetentes e mais, dado a eles a condição de desafetos pessoais.

    Agora vimos o deputado Arthur Lira (PP-AL) partir para o confronto com o Planalto e ainda ser agraciado com um pedido de trégua por parte do presidente, cujos auxiliares disseminam a versão de que a proximidade do fim do mandato do presidente da Câmara resulta na morte prematura de poder. Fosse verdade, Lula ficaria na dele aguardando o desgaste natural do adversário.

    Portanto, simulam ingenuidade ao exalar otimismo o líder do governo na Câmara e o ministro da articulação política quando um (o deputado José Guimarães) diz que basta um pequeno conserto para tudo se resolver; e outro (o ministro Alexandre Padilha) fala que está tudo bem e a crise superada.

    Temporariamente pode até ser, como foi quando Lula promoveu uma série de encontros amigáveis no Palácio da Alvorada, que distenderam, mas não resolveram a situação. Mais estruturalmente complicada do que possam supor a vã filosofia cândida do ministro otimista e do líder apaziguador.

  6. VISTA NO JULGAMENTO DE SEIF PODE ALIVIAR CLIMA ENTRE JUDICIÁRIO E CONGRESSO, por Carolina Brígido, no portal UOL

    Não é apenas o mandato do senador Jorge Seif (PL-SC) que está em jogo na sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de amanhã. A eventual cassação do parlamentar bolsonarista tem potencial para tensionar ainda mais a relação do Judiciário com o Congresso Nacional. E, de quebra, dar mais munição para o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados acirrarem os ataques ao tribunal.

    Integrantes do tribunal esclarecem, em caráter reservado, que a decisão será técnica e o fator político não influenciará no julgamento. Ou seja, se houver prova suficiente de que Seif cometeu abuso de poder econômico, ele perderá o mandato. No entanto, se o entendimento for esse, o mais provável é que um dos ministros peça vista para adiar a decisão para um momento de menos tensão institucional – e, dessa forma, evitar mais gastaste político do tribunal.

    Segundo ministros do TSE, essa é uma tendência para a sessão de amanhã. Em um cenário alternativo, se houver maioria pela absolvição de Seif, o mais esperado é que o julgamento termine amanhã mesmo. Um resultado a favor do senador serviria como um sinal de paz rumo ao Congresso.

    Um julgamento realizado na semana passada no tribunal sinaliza como a Corte pode se comportar no caso Seif. Na quinta-feira (18), os ministros reverteram a decisão do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) que cassou os mandatos do prefeito e do vice-prefeito de Búzios (RJ), Alexandre Martins e Miguel Pereira.

    Segundo o voto do relator, ministro Floriano de Azevedo Marques, as provas do processo não demonstraram que o dinheiro apreendido dentro de um carro de um suposto apoiador dos candidatos foi utilizado para a compra de votos de eleitores no dia da votação, ou que teria ocorrido a distribuição de outras vantagens.

    Seif é investigado por três supostas condutas. Na primeira delas, ele teria usado um helicóptero emprestado para participar de campanha eleitoral pelo estado sem declarar a suposta doação. Em outro episódio, usou a estrutura das Lojas Havan, de Luciano Hang, para alavancar a campanha

    Saif teria também feito propaganda eleitoral com o apoio de entidade sindical, o que é vedado por lei. Ele participou de um evento promovido pelo Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista (SC). Caso não haja prova no processo de que as doações resultaram em vantagem eleitoral para o candidato, o senador poderá se manter no cargo

  7. Boa noite.
    Não é só sobre o que fazer com o terreno da FURB que há silêncio dos candidatos a prefeito de Gaspar.
    Pergunta pra ELES o que farão com o disparate do valor do salário do prefeito, R$ 35.000,00, hoje R$ 10.000,00 a mais que o salário do Governador de SC…

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