HOSPITAL DE GASPAR CONTINUARÁ UM POÇO DE SEGREDOS, DÚVIDAS E DÍVIDAS AO INVÉS DE SE TORNAR UMA REFERÊNCIA REGIONAL

O Hospital de Gaspar foi pedir socorro ao Hospital Santo Antônio, de Blumenau. É notícia velha.  Nada disso, foi motivo para um pedido de desculpas à cidade no convescote dos empresários de Gaspar para nominar o nome de preferência deles, os mesmos que já escolheram Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e Marcelo de Souza Brick, PP, candidato deles. Vamos adiante.

Carcomido por seus próprios erros, falta de transparência, uso político e tudo isso agravado depois da descoberta das gravações com conversas cabulosas que envolveram entre outros, o presidente da Comissão Interventora, o braço direito, o ex-secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, e até interino da secretaria de Planejamento Territorial de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, Jorge Luiz Prucino Pereira, ainda presidente do quase inexistente PSDB de Gaspar, o Hospital de Gaspar foi atrás de ajuda e cura para os seus males. E da boa. 

Antes de prosseguir e devemos esquecer disso: o Hospital Santo Antônio é referência no diagnóstico e tratamentos de cânceres. Melhor escolha, impossível!

Escrito isso é de se perguntar ainda pela segunda vez: por que o Hospital Santo Antônio?  Porque ele não possui, nem pequena, muito menos a monstruosa defasagem de produtividade. Ela está na cara de todos os que entendem deste assunto, como demonstra e se desenha o charter que abre este artigo. Ele foi mostrado em meados de outubro do ano passado na Câmara pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT. Todos os demais vereadores fingiram que não entenderam. E os que entenderam, como o então líder do governo Francisco Solano Anhaia, MDB, preferiu atribuir este caos à falta de discurso da inexistente oposição.

Esclarecido isto, é de se insistir e perguntar pels terceira vez: por que o Hospital de Gaspar foi buscar socorro no Hospital Santo Antônio, de Blumenau?

Porque ele esteve no fundo do poço por uso dos políticos, salvadores da pátria e até gente bem intencionada que não entendia nada de Hospital. Ele servia até de caixinhas para radialistas e jornalistas falarem bem dos que mandavam na prefeitura naqueles tempos. Ou seja, o Hospital Santo Antônio no que tange a falta de foco, falta de transparência e resultados, teve uma situação tão semelhante quanto o de Gaspar dos dias de hoje. 

E por que o Hospital Santo Antônio para nos curar? Simplesmente, ao menos, ele tem muito a nos ensinar: o Hospital Santo Antônio, espetacularmente, aos olhos dos dias de hoje, ele deu a volta por cima. Saíram os políticos. Entrou a tal sociedade organizada que sabia o que queria para a cidade e as pessoas: era mais importante um Hospital referência do que um ambulatório de politicagens. Ganhariam, como se provou com o tempo, os próprios políticos e gestores públicos de plantão, além dos doentes graves e os com apenas angústias. Simples assim!

Resultado? Hoje o Hospital Santo Antônio é referência não apenas para Blumenau, mas no Brasil. E numa pesquisa recente, entre gente que atua na saúde, ou seja, qualificada e do ramo, mostrou que ele está em alta e entre os melhores do mundo no seu segmento. Quer mais? Por enquanto, Gaspar como sociedade e os políticos que a dominam, querem, na verdade, menos para o seu próprio povo.

E quem quis beber esta boa água desta renovada fonte e descobrir como se faz para se livrar das impurezas? O ex-secretário de Saúde de Kleber e Marcelo, o advogado Francisco Hostins Júnior, MDB – que já teve esta experiência nesta mesma secretaria no tempo do petista Pedro Celso Zuchi. 

Pronto. Bastou possuir iniciativa e atitude. Ao final, ele foi defenestrado por Kleber, Marcelo e os “çábios” que os cercam no paço e principalmente, fora dele, da própria secretaria onde Hostins Júnior tentava arrumá-la, principalmente o maior encosto, chamado Hospital de Gaspar. Ele no ano passado levou sozinho numa única rubrica: R$44.005.155,41, comprometendo a vida dos postinhos, da policlínica, sem a devida contrapartida a população pelos recursos públicos que literalmente engoliu. 

Estranho, não é que alguém do próprio governo tenha como prêmio o desdém por ter exata e minimamente buscado uma solução de qualidade e tão perto de nós? 

Estranho mesmo é o silêncio dele sobre tudo isso. É assim que caminha Gaspar…

A mulher dele, Rúbia, até ensaiou contar umas verdades para a cidade, mas sossegou e todos do governo e da politicagem de temerosos, ficaram agradecidos. Contei isto no dia 15 de dezembro em O SANTO, AS 30 MOEDAS, O JUDAS E A CRUZ. UM TEXTO DE RÚBIA, MULHER DE HOSTINS JÚNIOR, INUNDOU A REDE SOCIAL ESTA SEMANA E LAVOU A MINHA ALMA, DOS LEITORES E LEITORAS

UMA “COMISSÃO” POLÍTICA NA CÂMARA PARA “COZINHAR” TUDO EM BANHO-MARIA

Quer mais? Tem mais. Meus leitores e leitores também souberam os bastidores disso tudo. Fogo amigo. Impressionante. Se fazem com um aliado, o que farão com os que cobram transparência e explicações mínimas naquilo que é público?

Então. Ao voltar para a Câmara depois da decepção administrativa e principalmente política, Hostins Júnior sugeriu a criação de uma “comissão” para acompanhar o trabalho do Santo Antônio por aqui. E ela foi criada. Impressionantemente, sem o Hostins Júnior. E por quê?  Vira daqui e dali a própria Bancada do Amém (MDB, PP, PDT, PSD e PSDB) onde estava Hostins, por orientação do gabinete de Kleber e Marcelo, trabalhou para deixá-lo de fora. Vingança, desconfiança e proteção naquilo que supostamente está errado e contra a cidade.

Bom, o Santo Antônio fez o trabalho de consultoria. Segredo. Deu mais de uma centena de recomendações (ulalá). Talvez fosse mais fácil recomendar o fechamento diante de tantas coisas para mudar e sanear. 

Outro fato reiterado que impressiona: transparência zero. Inclusive da “comissão”. Entre os da prefeitura, da comissão interventora e do hospital, há à disposição para escolher dez pontos focais de melhorias. Não se sabe o critério dessa escolha e muito menos se sabe quais são os resultados pretendidos. O que adianta bons ventos, se o comandante do navio não sabe em que porto deve chegar, não é mesmo?

Um dos membros da Comissão da Câmara, Giovano Borges, PSD, em meados do mês dezembro esteve lá no Hospital Santo Antônio, em Blumenau. E de lá, veio com o recado: o Hospital Santo Antônio não quer ver, nem como piada, o bom nome dele associado com o debate dos políticos de Gaspar na campanha política deste ano. O Santo Antônio, ao meu ver, está certo.

Entretanto, esta preocupação e recomendação do Santo Antônio, de alguma forma protege o que está errado por aqui no Hospital, na área de saúde, na prefeitura. E os nossos políticos, gestores e “çábios”, mais uma vez, agradecem. Arrumaram um escudo. E dos outros. Esta preocupação sinaliza que nada vai melhorar para a população até seis de outubro – data das eleições deste ano – e que o pepino, prepare-se, quem vencer, o será mais grosso depois das eleições quando então vai se vir a público o que se esconde hoje.

NÚMEROS SUPERLATIVOS QUE CONSPIRAM QUANDO SE OLHAM OS RESULTADOS

O Hospital de Gaspar recebeu no ano passado diretamente da prefeitura de Gaspar, a impressionante soma de R$44.005.155,41 (de um Orçamento de R$462 milhões para todo o município). Há mais, indiretamente, em outras rubricas. A Saúde, por sua vez, via o Fundo Municipal, consumiu R$111,6 milhões, enquanto, apenas para comparação, a Educação, englobando a Cultura, R$118 milhões. 

Para a Saúde a obrigação é de 15% do Orçamento (R$69,3 milhões) mas foram R$111,6 milhões conforme demonstra o balanço de 2023.

Já para a Educação, a exigência constitucional é de R$25% do Orçamento (R$115,5 milhões), ou seja, estica daqui, ajusta de lá, deu na tampa, sem turno integral, sem contraturno, sem línguas, sem creche em período integral para todos, falta de professores e assim vai e como mostrei em O PATATI PATATÁ. KLEBER E MARCELO EM ANO ELEITORAL AO INVÉS DE ANUNCIAREM VAGAS INTEGRAIS EM CRECHE, TURNO INTEGRAL E CONTRATURNO, FORAM LEVAR UM PEDIDO QUASE IMPOSSÍVEL AO GOVERNADOR: ESCOLA CÍVICO-MILITAR PARA GASPAR.

Estes mais de R$44 milhões só para o Hospital doente, doentíssimo, e que se tirou dos postinhos, da ampliação dos horários de alguns deles, dos exames de especialidades da policlínica, como já escrevi várias vezes, é muito por três aspectos principais: não é equivalente ao retorno que o próprio Hospital dá a população; devido à falta absoluta de empatia, confiança e transparência, bem como na total incerteza quanto ao futuro dele.

Antes de encerrar esta ladainha conhecida, mas dois números comparativos que espantam qualquer um, principalmente, quando se nota a tentativa de escondê-los e afastar quem queira dar fim a este poço sem fundo, como aconteceu com o ex-secretário de Saúde, o advogado e o vereador Hostins Júnior.

Naquilo que ainda disponível no portal transparência do Hospital de Gaspar, em novembro do ano passado, revela que o custo de atendimento per capita é R$799,73. Vá lá, arredonde-se para R$800. Se você correr sites como www.datasus.saúde.gov.br e o www.cfm.org.br, você mesmo descobrirá que o custo médio por paciente é de US$90,81 por mês, ou seja, em média, R$450,00. Este é o tamanho do buraco que a prefeitura não teve capacidade de controlar no presente, no passado e bem provavelmente, diante do agravamento, não terá no futuro.

Quem esperou pela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, quem já se amparou no Santo Antônio, terá agora que apelar para São Judas Tadeu, o santo das causas urgentes, perdidas ou impossíveis, porque São Tomás More está em falta com os nossos políticos e governantes. À Nossa Senhora Desatadora dos Nós, vamos rezar a novena (nove semanas) repetidamente para nos livrar dos políticos que entendem de tudo, até de gestão do Hospital de Gaspar. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O prédio da agência antigo BESC de Gaspar na Aristiliano Ramos, foi arrematada na sexta-feira em leilão da prefeitura de Gaspar pela MGV Construtora e Incorporadora Ltda, com sede na Meia Praia, em Itapema. Ela também, atua na área imobiliária. Até agora não foi revelado o destino do imóvel. Especula-se no aluguel para uma instituição financeira, prioritariamente. Ou na construção de um novo prédio.

A compradora com capital social de R$100 mil, está pagando pelo imóvel arrematado R$4.960.497,50.

Duas informações. O candidato a deputado estadual Pedro Celso Zuchi, PT, três vezes prefeito de Gaspar, teve nesta semana suas contas de campanha aprovadas por unanimidade e sem qualquer restrição pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Por outro lado, o outro candidato daqui, Marcelo de Souza Brick, PP, mas que concorreu pelo Patriota e que nem existe mais, aguarda o pronunciamento da mesma corte. É que o Ministério Público Eleitoral fez duas recomendações: a desaprovação das contas e a devolução de R$24 mil ao Fundo Eleitoral, cujas despesas não foram devidamente comprovadas segundo o órgão.

Avança capim. O prefeito de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, depois de estar de bem com a vida e sabedor que fará com facilidade o seu sucessor, seja ele quem for e sobrar, continuou na prática de publicar fotos de reuniões no gabinete de planejamento com a sua equipe. Esqueceu de dizer a cidade apenas a agenda das roçadas. Há quem diga que se trata de uma recaída dele em favor do meio ambiente, depois que se encalacrou na tal Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

Mais, O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, agora, depois que tudo está, aparentemente, resolvido por aqui, passou a frequentar a sede da Federação Catarinense dos Municípios. Está mais antenado, inclusive. Quando soube que um acidente químico provocado por um caminhão sem freios na Serra Dona Francisca, ameaçava deixar os joinvilenses sem água potável, apiedado, em horas, ofereceu um caminhão pipa daqui em solidariedade.

O golpe está aí. Cai quem quer. Este não atendimento a uma recomendação do ministério da Saúde de Luiz Inácio Lula da Silva, PT para vacinar as crianças de creches contra a Covid, virou palanque de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, para neutralizar bolsonaristas, negacionistas e conservadores que comungam dessa ideia. É para confundir gente, por exemplo, simpatizantes do PL, Republicanos e outros. É mais uma cortina de fumaça para quem não tem como apresentar resultados para a cidade.

Ciro André Quintino, MDB, agora passou a “desbravar” a cidade de Gaspar. É mais uma forma torta de aparecer e se desacreditar. Só se desbrava alguma coisa, quem não a conhece. Ciro está descobrindo capim, buracos, desbarrancamentos e de lá, diz estar telefonando para os seus aliados na prefeitura. Tardiamente, vai descobrir a razão pela qual a Bancada do Amém (MDB, PP, PSD, PDT e PSDB) é parte desta culpa e enredo que uma onda diz querer mudar.

Perguntar não ofende. Quem mesmo bancou a ponte sobre o ribeirão Gasparinho, nos limites do Gasparinho e Gaspar Mirim e que quase causou uma tragédia na improvisação da população diante da inércia do poder público? E por que disso, de modo tão silencioso?

O médico sanitarista, Eduardo Jorge, PV, ex-secretário de Meio Ambiente de São Paulo, já esteve “casado” com o PT e se tornou um moderado crítico. No “X” ele escreve: “Brasil democracia liberal envenenada. LOA 2024, R$64 bi de emendas eleitoreiras, mais R$4,9 bi de fundo eleitoral. Partidos políticos parasitas do Orçamento Federal tornam completamente injustas as disputas eleitorais. Esta é a maior ameaça à democracia”.

Manchete de quinta-feira que se espalhou pelo e que mostra muito bem o estrago que os políticos e gestores, de todos os tipos e matizes ideológicas, fizeram contra os pesados impostos dos brasileiros. O Brasil caiu dez posições e ficou em 104º lugar entre 180 países no Índice de Percepção da Corrupção de 2023, divulgado pela ONG Transparência Internacional nesta terça-feira. Eles não ficaram corados.

Quer ver como todos estão juntos, mas se dizem diferentes e separados neste assunto onde cada uma a seu modo só piora a corrupção, a insegurança jurídica e inibe investimentos, desenvolvimento e compromete o nosso futuro?

Segundo a Transparência Internacional, o declínio está ligado à dedicação à neutralização do sistema de freios e contrapesos da democracia durante os anos de governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, PL. Foi exatamente a se dedicar a acabar com a Lava Jato, para proteger seus filhos, que Bolsonaro permitiu a volta de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, ao poder. Nem mais, nem menos.

Ao mesmo tempo, a Transparência Internacional apontou à falta de compromisso da administração de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, de reconstruir esse sistema e os mecanismos de controle da corrupção em seu primeiro ano de mandato. Citou nominalmente a indicação para ser ministro no STF do advogado dele e que o tirou da cadeia, Cristiano Zanin. Tudo está aos olhos de3 todos, mas os envolvidos estão com a cabeça enterrados na areia, como sempre, colocando a culpa nos outros. Talvez seja verdade. Afinal, essa gente é eleita próprios brasileiros, a maioria de esperançosos de mudanças e que ao final ficam reféns de fanáticos e aproveitadores

Interessante análise quando se cria transparência. O site “Informe Blumenau“, deixou a nu os seus cinco deputados de Blumenau no quesito emenda parlamentar que eles podem distribuir a seus redutos eleitorais. Em média, cada um pode gerenciar por seus gabinetes e interesses cerca de R$10 milhões por ano. Então repare nestes números. Ivan Naatz, PL, o reeleito distribuiu 42 emendas. Já os novatos Marcos da Rosa, União Brasil, 62; Napoleão Bernardes, PSD, 69 e Egídio Ferrari, PRD, 72 emendas. São números apenas. Mas, se você olhar para onde o dinheiro foi, você verá outros números.

Ivan Naatz, PL colocou cinco emendas dele, num total de 25%, mais ou menos, R$2,7 milhões, em Blumenau. Marcos da Rosa, União Brasil, representando o segmento religioso neopentecostal, par do deputado Federal Isamel dos Santos, PSD, que ganhou a vaga da Igreja no lugar de Kleber Edson Wan Dall, MDB, de Gaspar, trouxe apenas R$350 mil para Blumenau onde era vereador. O resto, ele pulverizou. Até a sua Laguna onde nasceu, recebeu R$1 milhão.

Napoleão Bernardes, PSD, que já foi prefeito de lá, com 12 emendas, destinou R$4,7 milhões. Já o ex-delegado Egídio Maciel Ferrari, PRD, rubricou 18 emendas com R$5,3 milhões para Blumenau e a que espalhou pelo estado, focou na causa animal. Então…

Controlando a sede. Ontem à noite, o MDB de Gaspar, para não deixar ninguém dele que está vestido de candidato ir ao convescote onde o delegado Paulo Norberto Koerich, de viva voz, reafirmou que ainda não é pré-candidato, mas que naquele momento estava autorizando os seus amigos a arrumarem um partido para ele até o final de março, e arrumado um partido, ele Paulo, será candidato desse grupo de amigos, fez uma reunião no auditório da Câmara com os pré-candidatos a vereador este ano.

Até sexta-feira. Adianto aos quase ninguém leitores e leitoras meus, mais uma vez, que não escreverei sobre o convescote de ontem à noite na Associação da JBS. Estou recebendo opiniões. Vou deixar a poeira assentar.

Estou dando chances à imprensa e às redes sociais que sempre estiveram do lado do poder de plantão e dos poderosos, mas não consegue enxergar que a prefeitura de Gaspar enfiou no mastro da praça do Marco Zero, um guardanapo disfarçado de bandeira da cidade; que a decoração de Natal na Praça Getúlio Vargas, defronte ao gabinete do prefeito, continuava montada para o próximo Natal para assim, possivelmente, economizar mão de obra; e que o capim que avança pela cidade, é na verdade, a nova marca da campanha de preservação ambiental do governo. Estou olhando a maré. Acorda, Gaspar!

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13 comentários em “HOSPITAL DE GASPAR CONTINUARÁ UM POÇO DE SEGREDOS, DÚVIDAS E DÍVIDAS AO INVÉS DE SE TORNAR UMA REFERÊNCIA REGIONAL”

  1. A LOROTA ELETRÔNICA DA SEGURANÇA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    A fuga de dois presos da penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró expôs uma nova modalidade de delinquência organizada no mercado de serviços e venda de equipamentos para o aparelho de segurança do Estado brasileiro.

    O presídio não tinha muros, o teto das celas não tinha reforço de concreto, as câmeras de segurança estavam cegas, havia um alicate no caminho dos bandidos, e com ele cortaram o alambrado. Esse era o mundo real.

    Ele se contrapõe a outro, o das fantasias oficiais. Os presídios federais estão equipados para o século XXII. Têm redes de câmeras que transmitem imagens para a vigilância local e também para uma central de Brasília; isso e mais aparelhos de raios X, detectores de metais e body scans para inspeções. Se alguém escapar será perseguido por helicópteros e drones.

    Não existe uma estatística de quanto a Viúva gastou em equipamentos futuristas federais e estaduais, mas, por baixo, é coisa de bilhões de reais. Essas cifras alimentam mirabolâncias.

    Quando os dois presos fugiram de Mossoró, pelo menos 160 câmeras estavam quebradas ou funcionavam mal. Presídio sem muro, porém equipado com traquitanas, deriva de diversos fatores. Equipamentos produzem publicidade modernosa. Após a fuga de Mossoró, falou-se na compra de mais uma geringonça, para reconhecimento facial.

    Muro é coisa relativamente barata e não exige manutenção regular. As câmeras, como todos os badulaques, custam caro e demandam manutenção. Em São Paulo, por exemplo, elas custaram R$ 120 milhões, e a assistência técnica sai por R$ 19,8 milhões mensais. (Em um ano o fornecedor ganha com a assistência o dobro do que faturou com a venda dos aparelhos.) Nas operações da PM paulista, já morreram 32 pessoas e não há notícia de câmera que tenha registrado algum confronto. Revista diária das celas em Mossoró, como manda o protocolo, nem pensar.

    Os repórteres André Shalders, Vinícius Valfré e Tácio Lorran revelaram que a empresa R7 Facilities, contratada para fazer obras na penitenciária de Mossoró, teve um sócio-administrador que recebeu auxílio emergencial durante a pandemia e funcionava numa casa da periferia de Brasília. Ela hoje tem pelo menos 47 contratos com o governo federal, no valor de R$ 357 milhões, dos quais R$ 305 milhões foram assinados com o atual governo.

    A ordem pública precisa de forças policiais disciplinadas. Em São Paulo, onde está o maior aparelho de segurança do país, a população assiste a uma saia justa entre os coronéis da PM e o secretário de Segurança. Isso no andar de cima. No de baixo, um PM destruiu a câmera de uma comunidade e foi filmado.

    MINISTRO FOLIÃO

    O ministro Kassio Nunes Marques é um folião aplicado. No último carnaval esteve em Salvador, de onde voou para o Rio e assistiu ao desfile de segunda-feira no camarote Arpoador. Hospedou-se no Fasano e moveu-se naquilo que chamou de “nosso aviãozinho”.

    Na segunda-feira desfilou a Mocidade Independente, cujo patrono é o contraventor Rogério Andrade. Em agosto de 2022, Nunes Marques revogou a prisão preventiva de Andrade, em decisão confirmada por seus colegas da segunda turma do STF. O sobrinho do falecido Castor de Andrade não pôde desfilar com sua tornozeleira eletrônica. Contentou-se vendo Fabíola, sua mulher, passar pela Sapucaí como rainha da bateria.

    MOLECAGEM DIPLOMÁTICA

    Israel Katz, o ministro das Relações Exteriores de Israel, fez uma molecagem com o embaixador brasileiro Frederico Meyer levando-o para o Museu do Holocausto para ouvir uma reprimenda pública em hebraico, sem intérprete. Moleques não são necessariamente mentirosos, mas Katz acumula as qualificações. Disse que havia intérprete na cena, quando não havia.

    Israel já teve tradição diplomática, quando seu chanceler era Abba Eban (1966-1974). Faz tempo que se desqualificou, com embaixadores malcriados e, num caso, com otras cositas más.

    Depois da palhaçada de Katz, o chanceler Mauro Vieira recebeu o embaixador Daniel Zonshine e perguntou-lhe se precisava de intérprete.

    Caso o doutor Zonshine não tenha percebido, era um tapa com luva de pelica, dado por um profissional.

    O chanceler israelense entrou na galeria de comediantes diplomáticos celebrizados pelo ditador boliviano Mariano Melgarejo no século XIX e pelo ugandense Idi Amin Dada no XX. Um botou o embaixador inglês para desfilar nu, montado num burro; o outro fez-se carregar numa cadeira, levada por quatro empresários ingleses.

    UMA GIRAFA PARA O CARDEAL

    D. Odilo Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo, padece na defesa de causas inglórias. Em 2013, foi um dos cotados para a sucessão de Bento XVI e perdeu gás depois de defender a administração do banco do Vaticano. Agora, além dos casos que tem sobre a mesa, chegou-lhe o do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da diocese de Osasco. Ele caiu na rede da Polícia Federal por assessorar a infantaria do golpe, indo inclusive ao Palácio do Planalto para conversar com pequenos demônios. Esse padre se recusa a fornecer a senha do seu celular em nome de um “sigilo sacerdotal”.

    Tremenda girafa. Os padres ouvem confissões em situações específicas e estão obrigados a preservar esse sigilo. Usando o celular, o sacerdote é assinante de um serviço regulado por leis. Admitindo-se que a girafa entre no zoológico da Justiça brasileira, como ficam os aparelhos de servidores de outras denominações religiosas?

    A JOIA DO POLO NAVAL FOI A PIQUE

    Os deuses não perdoam. Um mês depois de o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciar que “nós precisamos fazer navios, já fizemos”, o administrador da Sete Brasil, uma das joias da coroa do polo naval de Dilma Rousseff, pediu à Justiça que declare a falência da empresa. Se desse certo, ela fabricaria 26 navios-sonda para a Petrobras.

    Desde o século XVII o Brasil sabe fazer navios. O que os governos não sabem, desde o século passado, é contar como foram a pique três polos navais, com enormes prejuízos para a Viúva.

    O doutor Mercadante poderia designar uma pequena equipe de economistas e advogados para contar ao público porque a Sete Brasil faliu, com um espeto final de pelo menos R$ 1 bilhão. Além da Viúva, dançaram bancos e fundos de pensão de estatais, do FGTS e estaleiros que entraram na aventura para ganhar algum dinheiro e agradar amigos de Brasília. Falava-se em investimentos da ordem de R$ 20 bilhões. Em 2016 a empresa entrou em recuperação judicial devendo R$ 28 bilhões.

    Quando a Operação Lava-Jato bateu na Petrobras, o ladravaz que ajudou a conceber a empresa confessou ter recebido US$ 97 milhões em propinas. Nos arquivos do Judiciário há mais de uma dezena de confissões em que vão contadas as roubalheiras do episódio.

    Há brasileiros que sabem fazer navios e espertalhões que sabem enriquecer com polos navais que produzem mais milionários do que embarcações. Estes esperam sempre pela próxima rodada.

  2. Os governos de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo em Gaspar contribuíram significativamente para piorar estes números. Nem um milímetro de tratamento em mais de sete anos de mandato deles

    CENSO MOSTRA ATRASO DO PAÍS NO SANEAMENTO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    De menos ruim, os dados recém-divulgados do Censo 2022 sobre saneamento básico mostram avanço ao longo da última década. Trata-se, entretanto, de uma melhora lenta e desigual, que mantém o Brasil em situação vexaminosa para um país de renda média.

    No ano retrasado, 75,7% dos brasileiros viviam em domicílios com acesso a coleta de esgoto tida como adequada, ante 64,5% contados em 2010. Dito de outro modo, o quarto restante dos cidadãos —49 milhões de pessoas, mais que a população da Argentina— recorre a fossas rudimentares, valas, buracos e águas de rios, lagos e mar.

    Dados mais completos e detalhados mostram um cenário ainda mais aviltante. No Censo, o IBGE só consegue investigar a coleta, deixando de lado o tratamento do esgoto, e considera aceitáveis as condições de domicílios com fossa séptica ou fossa-filtro, que perfazem 13,2% do total nacional.

    De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), somente 52,2% do esgoto do país é tratado, o que atende não mais de 56% da população.

    Num comparativo internacional sobre o tema feito há um ano por agências da ONU, o Brasil ocupava um deplorável 76º lugar entre 129 países, atrás de vizinhos mais pobres como Paraguai e Bolívia.

    Mesmo o progresso apontado pelo Censo 2022 revela disparidades regionais gritantes. Enquanto a taxa de coleta adequada subiu de 85,7% para 90,7% no Sudeste entre 2010 e 2022, no Nordeste a variação no período foi de 43,2% a 58,1%, e no Norte, de 31,1% a 46,4%.

    Os números comprovam, como se isso ainda fosse necessário, que está exaurido o modelo de saneamento básico baseado em empresas estatais —que conta com defensores obstinados no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na esquerda e nos sindicatos.

    O panorama, felizmente, dá sinais de mudança forçada pela realidade. O novo marco legal do setor, aprovado em 2020, abriu caminho para maior participação do setor privado mirando a meta de universalização até 2033. No ano passado, o Congresso barrou a tentativa de Lula de promover um retrocesso na legislação.

    A indigência nacional em saneamento é desastrosa para o ambiente e a saúde pública —a explosão anunciada da dengue é apenas um exemplo mais recente. Sua superação depende de investimentos vultosos e gestão eficiente, em falta no poder público deficitário.

    Privatizações, como se fez no Rio e se pretende fazer em São Paulo, mostram um bem-vindo pragmatismo. Há muito a fazer para evitar nova constatação de atraso civilizatório no Censo de 2030.

  3. Pingback: O CAPIM ABUNDA NA CIDADE. ELE ESCONDE ERROS OPERACIONAIS DA GESTÃO, À FALTA DE PRIORIDADES, OS GANHOS E OS RESULTADOS MÍNIMOS QUE ELA PRÓPRIA PROMETEU CORRIGIR AOS ELEITORES PARA CHEGAR AO PODER - Olhando a Maré

  4. Bom dia.
    Não posso esquecer de agradecer ao senhor pela sua coragem e resiliência. Essa é uma luta de formiguinha contra os paquedermicos e eles são vorazes e com muitos tentáculos.
    Entregar pra população gasparense os porões dos podres poderes não é para os fracos.
    Parabéns e muito obrigada 🙌

    1. Esta “coragem” há décadas me cobra um preço altíssimo, com ajuda de instituições onde estão gente influente em desfavor da lei, da comunidade e da necessidade. Nada mudará se errar mais uma vez em seis de outubro deste ano. Mudar não signiffica necessariamente fazer tudo como seira normal fazer, mas pelo menos não piorar. O qu está acontecendo, é que tudo está piorando numa velocidade absurda. Agradeço a sua corajosa opinião e a leitura de algo que os poderosos de plantão juram nin guém ler na cedade e arredores

  5. LULA E O MEDO DA ABIN, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

    A desconfiança que Lula nutre por órgãos de inteligência como a Abin vem de uma dificuldade mais profunda de governantes brasileiros, que é o desprezo pelo princípio da impessoalidade (recentemente apontado aqui pelo sociólogo Bolívar Lamounier). De fato, quem assume o governo assume também que o aparato de Estado pertence ao vencedor da eleição.

    Nesse sentido, o que Jair Bolsonaro fez com a Abin foi devastador. Da mesma maneira como se comportou no setor de saúde, desprezando estruturas do Estado, Bolsonaro dizia confiar mais no seu “serviço de inteligência informal”, ao qual tentou subordinar a Abin.

    Investigações da PF indicam que a finalidade principal era a proteção de si e da família de investigações criminais. Bolsonaro também não distinguia entre sua pessoa e a figura institucional do presidente da República nas batalhas com tribunais superiores ou a Câmara dos Deputados, nas quais usou a Abin.

    Quando Bolsonaro montou a “sua” Abin (e tentou ter o “seu” Exército), essa agência já sofria da típica disputa entre órgãos de segurança. “Eles competem entre si, disputam influência com o mandatário e têm dificuldades em falar um com o outro”, resume um ex-ministro que tomou conta da Abin.

    Bolsonaro enfiou no topo da Abin integrantes da Polícia Federal de sua confiança pessoal – mas alheios ao funcionamento da agência. Na qual ainda existia um velho trauma em relação à própria PF: o da famosa Operação Satiagraha, que prendeu banqueiros e políticos em 2008 sob a acusação de corrupção e acabou anulada em 2015 por obtenção de provas por meios ilegais. Da qual participaram operadores da Abin a pedido da PF.

    Os serviços de inteligência são tão bons quanto o uso que os governantes fazem deles – o exemplo recente mais famoso são George W. Bush e a desastrosa invasão do Iraque em 2003. E quão eficientes são os órgãos de controle externos sobre essas agências.

    No Brasil, os próprios integrantes da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência se queixam de que ela se reúne e sabe pouco – em geral, parlamentares não perdem muito tempo com defesa e segurança nacional. Data do governo Temer a última política nacional de inteligência.

    Foi a mais recente tentativa de se fixar institucionalmente a atuação de uma agência de inteligência, da qual nenhum Estado moderno pode prescindir. Mas, premido pela desconfiança que tem do setor e pela politização de órgãos de segurança, Lula está tratando a crise da Abin do jeito habitual.

    Busca um amigo do peito em quem possa acreditar. Esse negócio de confiar em instituições não funciona no Brasil.

  6. para os “çábios” e curiosos da educação lerem. Há muito, há centenas opiniões e estudos com a mesma conclusão que nunca chegam por aqui para a mínima reflexão.

    LAMENTÁVEL SURPRESA, por Maria Hermínia Tavares, professora titular aposentada de Ciência Política na USP e pesquisadora do Cebrap, no jornal Folha de S. Paulo

    A julgar pelo domínio de matemática, a pandemia não afetou o aprendizado médio dos brasileiros na faixa dos 15 anos. E mais, a queda, onde houve, foi pior entre estudantes de renda mais alta, ao contrário do que ocorreu em países ricos como Alemanha, França, Islândia e Suécia.

    A informação é do professor da USP e do Insper, Naercio Menezes Filho, reconhecido especialista em economia da educação. Na sua coluna de 26/1 no jornal Valor, ele comparou os resultados de 2019 e 2022 do exame internacional Pisa. Realizada em 81 países, a prova afere conhecimentos de estudantes do mesmo grupo de idade em matemática, leitura e ciências.

    O achado surpreende —e configura uma notícia lamentável. Se a nota média dos brasileiros não se alterou, só 1 em cada cem atingiu os níveis 5 e 6 em matemática. Tem mais: no conjunto das provas, o Brasil ficou na rabeira, entre os 20 países com piores resultados. Vale lembrar que, durante a pandemia, as escolas brasileiras foram as que ficaram fechadas por mais tempo.

    A conclusão do professor é terrível: a suspensão das aulas fez pouca ou nenhuma diferença para a rapaziada; afinal, a maioria das escolas quase nada ensina. E quanto mais pobre for o aluno, maior o risco de aprender pouco.

    Menezes encontrou resultados semelhantes ao analisar os dados da prova nacional do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) aplicada a alunos do terceiro ano do ensino médio. À diferença do que ocorreu com o Pisa, o pesquisador constatou não só declínio no desempenho dos estudantes entre 2019 e 2021, mas, sobretudo, enormes diferenças entre os Estados. Naqueles onde o ensino de matemática era muito fraco antes da pandemia, quase nada mudou. Nos outros, de desempenho algo melhor em 2019, o declínio foi pequeno. Finalmente, em um terceiro grupo de unidades da Federação, nada deteve o mergulho águas abaixo.

    Ao receber participantes da Conferência Nacional de Educação, o presidente Lula reiterou a agenda divulgada pouco antes pelo titular do setor, Camilo Santana: escolas de tempo integral, programa Pé de Meia para estudantes do ensino médio, fortalecimento da alfabetização, ampliação das cotas, retomada de obras, aumento da conectividade nas escolas —iniciativas obviamente bem-vindas. Mas, por si sós, talvez não bastem. A melhora geral da qualidade e a diminuição dos desníveis entre os grupos sociais e os estados da Federação pedem visão de conjunto, capacidade nacional de coordenação e incentivos bem desenhados, o que só Brasília pode prover: não haverão de brotar espontaneamente das medidas anunciadas pelo ministro e endossadas pelo presidente.

  7. A GENTE NUNCA ESTÁ SEGURO, por Malu Gaspar, no jornal O Globo

    ‘A gente nunca está seguro’, disse Lula na segunda-feira à Rádio CBN de Recife, quando questionado a respeito da operação da Polícia Federal (PF) sobre a “Abin paralela” — o esquema de espionagem ilegal que funcionou durante o governo de Jair Bolsonaro, mas que a PF sustenta ter sido encoberto pela Abin de Lula.

    No dia seguinte, a Presidência da República trocou cinco diretores da agência, incluindo o número 2, Alessandro Moretti, acusado pela PF de atuar para barrar as investigações. Moretti nega. Afirma até que foi ele o primeiro a abrir uma sindicância para averiguar as denúncias de arapongagem. Quem conhece bem o inquérito, porém, diz que há diversos documentos mostrando como e quando ele tentou impedir que a apuração avançasse.

    Tais papéis ainda não vieram a público, mas Lula parece convencido dessa versão, tanto que na CBN se referiu a Moretti como “um cidadão que mantinha relação com o Ramagem”, referência ao diretor-geral da Abin na gestão Bolsonaro, alguém cuja presença no governo seria inadmissível.

    Pois bem, Moretti caiu. Em outubro, o terceiro na hierarquia da Abin, Paulo Maurício Fortunato, já havia sido ejetado quando agentes da PF encontraram US$ 171 mil em dinheiro vivo num cofre de sua casa.

    Até agora, o chefe de ambos, Luiz Fernando Corrêa, permanece firme no posto — o que preocupa aliados de Lula e intriga a cúpula da PF. Afinal, Corrêa também é alvo do mesmo inquérito, que promete ser mais uma longa novela judicial com capítulos bombásticos dirigida por Alexandre de Moraes. Lula sabe disso, mas não só mantém Corrêa, como diz ter “muita confiança” nele.

    O chefe da Abin tem uma relação antiga com Lula. Comandou a própria Polícia Federal no primeiro governo Lula e ainda dirigiu a segurança do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, sob Dilma Rousseff.

    Mas a escolha dos dois subordinados o pôs na alça de mira desde o início. Moretti, que era diretor de inteligência policial da PF de Bolsonaro durante as eleições de 2022, acumulou desavenças com Andrei Rodrigues, que era o chefe de segurança da campanha de Lula. Fortunato foi diretor da Abin na gestão Ramagem, o que despertava muita desconfiança.

    Nos primeiros meses do terceiro mandato, já no comando da PF, Rodrigues fez chegar a Lula suas impressões sobre o número 2 e o número 3 da Abin, e senadores da base lulista protelaram por dois meses a sabatina da Comissão de Relações Exteriores pela qual Corrêa precisava passar para assumir o cargo, em protesto contra a dupla.

    Ao depor, o indicado de Lula para a Abin foi enfático na defesa dos auxiliares. Disse que Moretti era “leal, disciplinado e de Estado” e que “provavelmente por ser inflexível na sua posição de Estado, deve ter desagradado setores”. E afirmou que, se Fortunato, com seu currículo, não prestava para o cargo a que era indicado, ele mesmo, Corrêa, também não servia.

    Dado o retrospecto da Abin, afirmações desse tipo são em si uma temeridade. Com origem no Sistema Nacional de Informações, o SNI da ditadura, a agência tomou a forma atual no governo Fernando Henrique Cardoso, com o propósito de assessorar os presidentes da República em questões relevantes para um chefe de Estado. Mas nunca se livrou da sombra da arapongagem.

    Seus agentes protagonizaram escândalos como os do grampo do BNDES na época da privatização das teles do governo FH, em 1998, e das escutas ilegais no STF, que derrubaram toda a cúpula da Abin em 2008, no segundo mandato de Lula. Na era Dilma, em 2013, funcionários da agência foram acusados de monitorar ilegalmente o porto de Suape, de olho na campanha de Eduardo Campos à Presidência da República.

    Tal histórico só mostra que, para certos personagens da política, a função das agências de inteligência é a espionagem pura e simples, a serviço do poderoso de turno.

    Bolsonaro escancarou publicamente essa noção ao reclamar, na famigerada reunião ministerial de abril de 2020, que a Abin não servia para nada e ao dizer que, por isso, mantinha “um sistema particular” de inteligência que “funcionava”.

    A investigação da PF revelou que esse “sistema particular” foi montado dentro do aparelho estatal, o que em tese deveria pesar apenas contra o próprio Bolsonaro.

    A suspeita de que tais desvios tenham sido jogados para debaixo do tapete também sob Lula ainda precisa ser mais bem esclarecida. O que já está evidente, porém, é o tamanho do desafio que a reformulação do nosso sistema de inteligência representa — e quanto o governo está perdido nessa seara. Sob esse aspecto, não estamos nada seguros.

  8. O JOGO PESADO DE EMANUEL MACRON, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

    Até as pedras sabiam que o presidente francês, Emmanuel Macron, se opunha ao acordo de comércio da União Europeia com o Mercosul, mas, ao anunciar que as negociações deveriam ser interrompidas, ele jogou pesado. Uma coisa é divergir, o que vem acontecendo desde que as conversas começaram, há 25 anos. Outra é fechar a porta. No século passado, americanos e vietnamitas negociavam em Paris, enquanto Hanói e Haiphong eram bombardeadas.

    Macron falou grosso porque agricultores franceses sitiaram Paris. Bloqueada, a cidade tem três dias de comida. Sua atitude foi truculenta, porém compreensível. Na França, enfrentar os agricultores é suicídio. Eles defendem seus interesses.

    O petardo partiu da assessoria de Macron:

    — Entendemos que a comissão instruiu seus negociadores a encerrar a sessão de negociação em andamento no Brasil e, em particular, a cancelar a visita do vice-presidente da comissão, em que estava prevista para haver uma conclusão.

    Quem ficou pendurado na brocha foi Lula, com sua diplomacia palanqueira. Quando a França mostrou sua má vontade, ele disse:

    — Fiz um apelo ao Macron para deixar de ser tão protecionista.

    Não se pode saber se Lula acredita que, fazendo apelos ou se metendo numa disputa como as da Ucrânia ou de Gaza, sua presença altera o quadro. É possível que acredite, mas é provável que tenha começado a cair na real.

    Na noite de 30 de outubro de 2022, quando Lula derrotou Bolsonaro, foi festejado internacionalmente e pode ter visto no aplauso um reconhecimento pessoal. Um dos primeiros a felicitá-lo foi Macron. Enganou-se. Como ocorreu com parte dos seus 60 milhões de votos, aplaudia-se a ida de Bolsonaro para casa. De lá para cá, Lula desperdiçou um pedaço de seu patrimônio internacional.

    Na agenda do comércio, falas do tipo “fiz um apelo ao Macron” iludem quem o apoia e fazem rir quem está do outro lado da controvérsia. Um fabricante de automóveis brasileiro considera-se elogiado quando um concorrente o acusa de ser protecionista ao defender a taxação dos carros importados. O agricultor francês é protecionista, com muito orgulho, e se mexe quando o governo pensa em ferir seu negócio.

    É no aspecto da ilusão interna que Lula deveria calibrar sua retórica e, noutro patamar, a turma do agronegócio brasileiro deveria redesenhar seu discurso.

    No ano que vem, realiza-se em Belém a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Em um ano de governo, Lula mostrou que o Brasil abandonou a condição de pária orgulhoso e tem números para mostrar o efeito de seu trabalho. Daqui até lá, estará fraca a pilha do antibolsonarismo, que tanta energia ainda dá ao governo.

    Há fortes sinais de que a turma que joga com as pretas pretende demonizar uma parte do agronegócio brasileiro. Seria uma linha parecida com o joelhaço de Macron. Se os interessados do lado de cá se derem conta de que chamá-los de protecionistas é um elogio, o Brasil poderá sair bem da COP30.

    (Faça-se de conta que não interessam as dificuldades logísticas de Belém para receber uma reunião desse tamanho. Se o governo começar a trabalhar esse assunto hoje, elas poderão ser superadas.)

  9. Bom dia.
    Sobre o desmanche da lava-jato no governo Bolsonaro pra “aliviar os pimpolhos” da mira do Moro, até o Moro foi atirado ladeira abaixo.
    Virou “traidor” do Brasil 👀
    😱😱😱

    Soltaram o Lula, que virou “ficha -limpa”, que retornou candidato e eleito presidente do Brasil.

    Quem perdeu nessa “disputa” de “QUAL é o PIOR?
    nós e mais uma vez, e outra, e outra, e outra…

    NÃO NOS OFERECEM ALTERNATIVAS PQ A LEI NUNCA OS ALCANÇA, E QUANDO ALCANÇA,
    SÃO ALTERADAS NA BASE DO CANETAÇO EM BENEFÍCIO do “BEM COMUM”: 💸💸💸💸🥂

    E AINDA OUSAM NOS ACUSAM DE NÃO SABER VOTAR…
    👀😠

  10. ALTA NA PERCEPÇÃO DE CORRUPÇÃO TRAZ CUSTO AO BRASIL, editorial do jornal O Globo

    O Judiciário — em especial os tribunais superiores — deveria dar atenção à última lista de percepção da corrupção global preparada pela Transparência Internacional. A sensação de um ambiente contaminado por negociatas tem custo enorme para a reputação brasileira e afasta empresas e investidores sérios do país.

    Numa escala em que zero é o cenário menos e cem o mais corrupto, o Brasil ficou com 36 pontos. Caiu dez posições, para o 104º lugar entre 180 países. Merece reflexão o histórico dos últimos dez anos. Em 2014, início da Operação Lava-Jato, eram 43 pontos. De lá para cá, a trajetória, com altos e baixos, foi descendente. Os piores resultados aconteceram em 2018 e 2019, quando a pontuação foi 35, patamar equivalente ao atual.

    Medir corrupção é das tarefas mais difíceis. Negociatas são feitas nas sombras justamente para ficarem longe do escrutínio público. Paradoxalmente, um aumento no combate à corrupção pode, com a revelação dos esquemas, contribuir para a percepção de que houve aumento na roubalheira. Um ranking que apenas somasse os valores descobertos em operações ilegais penalizaria os países dispostos a coibi-las. Por isso a análise baseada em percepção, de preferência com prazo mais alongado, é medida mais precisa.

    O efeito da Lava-Jato foi inequívoco no caso brasileiro. Embora a governança das estatais nunca tenha sido exemplar, a extensão dos desvios na Petrobras despertou incredulidade. Fora do círculo criminoso, poucos imaginavam que estivesse na casa dos bilhões. Com as investigações e condenações, os brasileiros tiveram a esperança de ver criminosos de colarinho branco enfim punidos com o rigor da lei. Mas os erros do então juiz Sergio Moro e dos procuradores abriram espaço a um contra-ataque no meio político e no Judiciário. A reação representou um retrocesso que tenta apagar tudo o que veio à tona — e enfraqueceu mecanismos institucionais que disciplinam a relação entre as empresas e o Estado.

    A Transparência dá uma série de exemplos dessa erosão. Houve, nas palavras do relatório Retrospectiva Brasil 2023, desmanche provocado pela “ingerência sistemática” em instituições como Procuradoria-Geral da República, Polícia Federal e Abin. No próprio Judiciário, a partir da reviravolta dos casos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, ficou patente um recuo sistemático — e não apenas nos processos da Lava-Jato. “Talvez os exemplos mais graves tenham sido as ações sob relatoria do ministro Dias Toffoli”, afirma o relatório. Monocraticamente, ele atendeu a demandas “que tiveram imenso impacto sobre a impunidade de casos de corrupção que figuraram entre os maiores da história mundial”. Em setembro, Toffoli anulou todas as provas da delação da Odebrecht. Em dezembro, noutra decisão provisória, suspendeu as parcelas da multa de R$ 10,3 bilhões que a J&F pagava no âmbito da Operação Greenfield.

    As duas medidas, que deveriam ser avaliadas por um colegiado de ministros, dão apenas um exemplo da frustração que se abateu sobre quem vira na Lava-Jato a esperança contra mazelas históricas do capitalismo brasileiro. A derrocada no ranking da Transparência não será revertida enquanto a Justiça não demonstrar à sociedade que o respeito — sempre necessário — aos direitos dos réus e investigados não equivale à impunidade. Ainda é possível escrever uma história diferente

  11. MAIS CORRUPÇÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Não há de ter causado surpresa a piora acentuada do Brasil no mais recente ranking de percepção da corrupção divulgado pela Transparência Internacional. Na relação de 2023, o país perdeu dez posições e apareceu na desonrosa 104ª colocação, entre 180 nações avaliadas.

    O levantamento anual da renomada organização computa o resultado de questionários aplicados a especialistas e executivos de empresas sobre como percebem a corrupção nos países em que atuam. É um modo engenhoso de tentar aferir um fenômeno que escapa das contabilidades oficiais.

    A trajetória do indicador brasileiro corrobora a impressão de que as expectativas sobre a prevenção e a punição dos crimes do colarinho branco atingiram o pico em 2014. Naquele ano fora deflagrada a Operação Lava Jato, na esteira do julgamento do mensalão, que condenou à prisão figuras antes tidas como intocáveis pela lei penal.

    Já no fim da década passada, o escore do Brasil havia baixado para o nível em que se arrasta desde então. Tirou nota 36, de um máximo de 100, no primeiro ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Perdeu dois pontos em relação a 2022, enquanto a percepção sobre outras nações melhorou, daí a queda no ranking.

    No relatório em que apresentou os dados de 2023, a Transparência Internacional mostra-se solidamente informada sobre as causas da deterioração brasileira. O pacto da impunidade é uma obra coletivamente empreendida por representantes de todo o espectro político-partidário e ideológico, bolsonaristas e petistas, juízes e congressistas, autoridades e oligarcas.

    A corrosão da autonomia do procurador-geral da República iniciou-se com Jair Bolsonaro (PL), que desprezou a lista tríplice de servidores do Ministério Público para nomear Augusto Aras. Lula seguiu os passos do seu antecessor no Planalto para ungir Paulo Gonet.

    O petista também se manteve alinhado a Bolsonaro ao priorizar lealdade e compadrio político nas escolhas para o Supremo Tribunal Federal. A corte reverteu, numa série de julgados coletivos e individuais, várias decisões e teses que puniam e desestimulavam maracutaias nas camadas elevadas do poder.

    O Congresso perdeu a compostura e encheu-se de verbas com controle próprio, difíceis de rastrear. Os partidos se locupletaram de dinheiro dos impostos, e seus chefões movimentarão sem maiores importunações R$ 5 bilhões nas eleições municipais deste ano.

    Tudo isso ajudou a multiplicar as oportunidades de negociatas com orçamentos e regramentos estatais e a reduzir a probabilidade de os delinquentes terminarem na cadeia. O Brasil voltou a ter um solo mais fértil para a corrupção.

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