SÓ UM VALOR, O MEDO DE UMA DERROTA E UMA DECISÃO PESSOAL PODERIAM JUSTIFICAR O DELEGADO PAULO SE AFASTAR DE UMA CANDIDATURA EM GASPAR NO DERRADEIRO POSSÍVEL LEGADO PARA A SUA COMUNIDADE: O ÉTICO E A MERECIDA APOSENTADORIA

Atualizado e modificado às 17h06min de 26.01 e às 15h46min de 29.01.24. Esta semana, é a terceira vez que mudo o comentário principal. Na quarta-feira, o TRAPICHE já estava pronto e resolvi não o modificar. Foi o único trecho intacto. Mesmo após conversar com uma liderança do mundo dos negócios com interesses na vida política de Gaspar. As notas escritas antes desse encontro, continuavam impressionantemente tão atuais que não mereciam – e não fiz- qualquer retoque.

Por isso, a única coisa que não descrevi, porque não modifiquei as notas, foi a decepção dele e do grupo com as traições, as dúvidas, os resultados e aonde tudo foi dar contra eles próprios, que juram serem os usados e os ingênuos da história. Acredito. Eu sei do que essa gente apadrinhada por eles é capaz. E faz anos. Inclusive de roubar patrimônio dos outros. 

E ontem mesmo, a dinâmica na busca de poder a qualquer preço, desqualificando os outros e não exatamente os atos, continuava. E vai piorar.

No ínício da tarde rolava fake news contra Oberdan Barni, Republicanos, o que está metido persistente na cabeça das pesquisas de intenções de votos. Este fato e o de não entrar na pilha para compor e colocar o rabo entre as pernas para esta gente que não quer largar o osso ou se acha que é o novo dono do osso lhe acertou mais uma vez no fogo amigo. E o tiro saiu pela culatra. E tão rápido.

É que o ex-governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos – que na foto de abertura deste artigo está à esquerda assinando a documentação do seu ex Delegado Geral, Paulo Norberto Koerich, à direita -, teve que entrar na linha, para em vídeo, de viva voz, esclarecer, chamar mentirosa, toda essa turma de políticos daqui que não quer mudanças ou deixou a marca da mudança passar por ela com o silêncio ao que estava errado.

Retomo. E escrevo sobre isso lá no TRAPICHE

Ou seja, não vou mudar o fio da minha meada do artigo desta sexta-feira para me distrair com fake news dos que se querem perpetuar no poder de plantão, dos que manipulam a cabeça dos outros na falta de credibilidade e votos, dos que querem o poder e ficaram escondidos assistindo a cidade se destruir na busca do futuro melhor para todos.

E por quê? É que, finalmente, na noite de terça-feira, dia 30, no Restaurante Questão de Gosto, na Associação da JBS, no Poço Grande, vamos saber o tamanho deste blefe, ou da encrenca, ou do cavalo de pau que poderá mudar o rumo das eleições de seis de outubro em Gaspar. Senhores e senhoras: a mesa de apostas está posta. Escolham as suas cartas. Cubram-na com as fichas de bom valor. E boa sorte. Até porque estamos precisados. E não é de hoje, salienta-se.

PONTO UM

No dia seis de dezembro, publiquei duas pequenas notas no TRAPICHE  artigo que pode ser conferido aqui  DEPOIS DE ENFRAQUECER O PARTIDO E TRAIR O PSD DE GASPAR, ENQUADRADO, MARCELO SE APRESSOU PARA ASSINAR NO PP ONDE QUER SER CANDIDATO A PREFEITO PARA DAR CONTINUIDADE AO PODER DE PLANTÃO  Afirmei nelas que, o PSD – sem nominar ninguém – tinha reservado um cantinho lá Restaurante Questão de Gosto para se reunir com o delegado gasparense, Paulo Norberto Koerich, o ex-Delegado Geral e ex número um da segurança de Santa Catarina no governo de Carlos Moisés da Silva, Republicanos. Queriam convencê-lo a entrar na política e assim, ser candidato a prefeito em Gaspar. Era o nome novo. Sem manchas. Fora da política.

Imediatamente, ao lê-las, Paulo escreveu-me. Garantiu se tratar de notícia falsa. Resultado? O encontro não aconteceu. A informação não era falsa. É que ela foi vazada – e quem me repassou, não pediu a não publicação dela. E eu a publiquei. Era um segredo. E o vazamento dela gerou um desconforto entre o convidado e os que articulavam este “encontro”. Simples assim!

No dia seguinte, dia sete, logo bem cedinho, o presidente estadual do PSD, Eron Giordarni, por telefone estava na rádio FM 89,7. Ele fez duas declarações. A cidade inteira ouviu. Está gravado.

A primeira de que o presidente do PSD de Gaspar, vereador Giovano Borges não estava autorizado a incorporar o PSD daqui na coligação montada para a continuidade do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Marcelo de Souza Brick, naqueles dias vagando entre o Patriota e o PL. 

A segunda observação de Eron foi de que, o PSD estadual e regional – e nisto inclui o deputado Napoleão Bernardes, de Blumenau -, fazia tratativas adiantadas com que “uma liderança de Gaspar, com expressão estadual, se filia-se em seus quadros e dessa forma, disponibilizar-se se -à cabeça de chapa nas eleições de 2024”. Sintomático. E não vou polemizar. Fonte é fonte. Preserva-se. Informante se deleta, denuncia-se, desacredita-se.

Nas poucas trocas de mensagens anteriores e posteriores comigo, Paulo sempre negou à pretensão dele de ser candidato por aqui. Sempre deduzi que nao era para ficar exposto, que em parte era por insegurança dele neste ambiente que não possui domínio, de difícil controle, o qual reconheço ser inóspito, traiçoeiro e cheio de pegadinhas, pois eu venho acompanhando esta área há décadas. A política é cheia de rasteiras. E ao fim, Paulo sabe muito bem como entrou e saiu do governo de Carlos Moisés. 

O outro fator é à idade vai lhe chegando. É bem mais jovem que Pedro Celso Zuchi, PT, 71 anos, por exemplo. Como nunca foi político, mas um policial técnico, diligente e duro, demonstrou para mim, ter uma preferência natural para “curtir” mais a família na aposentadoria profissional que está lhe batendo à porta do que encarar um novo desafio que pede tempo, dedicação e saúde. Outra parte nesse nhenhenhém do vai ou fica, é o próprio jogo em si, onde tenta ganhar tempo para avaliar melhor em que terreno está metido e como vai ficar desprotegido.

PONTO DOIS

Um mês depois, no dia 11 de janeiro, publiquei em DEPOIS DE ENFRAQUECER O PARTIDO E TRAIR O PSD DE GASPAR, ENQUADRADO, MARCELO SE APRESSOU PARA ASSINAR NO PP ONDE QUER SER CANDIDATO A PREFEITO PARA DAR CONTINUIDADE AO PODER DE PLANTÃO entre outras, que um grupo de empresários se preparava para mudar de lado e tinha feito uma escolha: o delegado Paulo.

“Este grupo cheirou mudanças no humor do eleitor gasparense e fingiu que ele não é o causador deste cheiro. Então, mais uma vez, sob disfarce de ‘salvar’ a cidade, o grupo quer o delegado Paulo Norberto Koerich como candidato, por exatamente ele não ter nenhuma intimidade política. Como dizia o ex-primeiro ministro do Brasil, o mineiro Tancredo de Almeida Neves, ‘quando a esperteza é demais, ela come o dono’. E ela já comeu uma vez“.

Mais uma vez o Delegado Paulo me contestou. Jurou que não sabia de nada o que a cidade inteira sabia. Para um delegado investigativo exemplar, esta dicotomia não combinava. Fiquei esperando esta manga cair de madura do pé. E nem precisei de campana e muito tempo. Bingo!

Menos de duas semanas depois, mostrei na seção TRAPICHE do artigo desta quarta-feira, com vídeo, como se armava tudo isso. Ao mesmo tempo, o delegado Paulo Norberto Koerich repetia para o Jornal Metas o que sempre insistiu comigo. Reproduzo abaixo e ao lado o que foi impresso pelo jornal para não cometer o erro de mudar uma vírgula sequer. Definitivamente não é uma declaração de candidato. Sai ele e o grupo enfraquecido. E lava a minha alma, outra vez.

Qual a razão dessa ladainha reiterada diante de fatos e gestos tão irrefutáveis que estão todos ao alcance de seus olhos e ouvidos? Se for para esconder o que todos sabem, Paulo começou mal e com os que o querem ele como a parte visível de uma mudança.

Se foi para criar suspense, só se for para ser algo além daquilo que quase todo mundo em Gaspar sabe sobre este assunto, não exatamente por este espaço, esporadicamente na imprensa como aconteceu na quarta-feira – ou nas redes sociais, mas no nervosismo de sucessivas reuniões, telefonemas e frenéticas trocas de ideias por aplicativos de mensagens. Há um movimento em curso que o Delegado Paulo não parou e podia ter feito isto. E faz tempo. Remonta a setembro. 

Até o momento, o delegado Paulo, diante de tantas evidências, não me contestou naquilo que escrevi na quarta-feira. Ufa! Também não me convidou para a festinha de terça-feira dos amigos dele, ou dos amigos dos amigos dele. Deixa claro, de forma, constrangedora, que só os amigos dele são os que o querem candidato. E alguns deles, convidaram-me. Agradeci, penhoradamente a todos. Não dei desculpas esfarrapadas, como a que estarei fora da cidade neste dia. Vou continuar a olhar a maré. Porque tudo isso vai longe.

PONTO TRÊS

O delegado Paulo Norberto Koerich só pode alegar, para ficar de fora desse rolo compressor que o quer candidato, um impedimento ético. Nem se trata de “presságio”, mas daquilo que lhe possa estar sobre os seus olhos funcionais e ele precisa investigar por conta de uma demanda superior.

É que, como policial investigador que é, pode saber mais que outros do que está por vir. E isso o tornaria colocaria numa saia justa, pode levantar suspeitas de contaminação pelos que estão lambuzados. Eles usarão este fato para interromper o condenar o andamento das investigações e principalmente o que se apurar para contribuir nos resultados para punir os que estão enrolados.

É tudo que gente escolada na política e eventualmente envolvida em dúvidas, neste momento, quer. Irá buscar laços para anular tudo sob a marota interpretação de um suposto senso vingança. E assim, invalidar apurações, desacreditar o profissional, gerar oportunidades e vantagens para onde o mal saia vencedor sobre o bem comum, mais uma vez. 

E aí, o ponto é para Paulo em querer ficar de fora e neutro para ir adiante na sua missão funcional investigativa contra os maus gestores públicos de Gaspar. Os políticos que coloquem as barbas de molho.

O outro impedimento, é o de ficar pendurado com a brocha na mão. Ou então, é o de não querer ficar refém dos seus “novos e inusitados padrinhos. Eles possuem um currículo estranho de erros e omissões contra a cidade. Para este tipo de situação há vacinas. Basta ter um plano e uma clara determinação de cumprimento deste plano de abrangência coletiva. Isto o impedirá que se torne um novo Frankstein na política. Ou seja, depois de eleito ter que incorporar um corpo estranho a sua cabeça. Trata-se de desafio pactuado com a cidade. Isto o livra de pedir alforrias a particulares. O comprometimento estará restrito a resultados comuns e coletivos.

O outro impedimento é de ordem exclusivamente pessoal. É que depois de várias décadas dedicadas à segurança catarinense, regional e gasparense, ao se aposentar, o Delegado Paulo Norberto Koerich ficará a imagem da competência. E aí é só curtir a vida, a família. Entrar agora numa suposta “roubada política” poderá significar automaticamente também a de perder a imagem profissional que ele construiu ao longo de mais de 30 anos de vida profissional.

É uma pena, mas deixar a sua Gaspar jogada às traças e de gente que nunca teve um milímetro da sua investidura, autoridade e competência será o menor dos males. É uma escolha. E se deve respeitar. 

Agora, se ele for candidato corre o risco de perder. E não será nenhum demérito. É do jogo. E se por acaso for eleito, o político e gestor Paulo terá que mudar a postura naquilo que lhe é caro e lhe falta, inclusive para a campanha: comunicação. 

E para isso, deve começar pela transparência. Eu, pelo menos, não darei folga, nem a ele se for poder. Paulo como policial sempre foi exemplo. Está obrigado – e é aí que começa a avaliação – a ser como prefeito. Quanto aos seus padrinhos, espera-se que peçam à cidade perdão pelas escolhas que fizeram até aqui e que os obriga a passar sufoco na escolha de um, finalmente, competente, confiável e terá que ter estômago e jogo de cintura driblar e suportar os que não tem o menor compromisso com a cidade.

Agora, se o Delegado Paulo e os seus padrinhos NÃO pactuarem resultados de mudanças para a sociedade, todos – incluindo cidade e pessoas – perderão. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Hoje é dia de leilão dos oito imóveis – eram nove, mas o do camelódromo saiu fora, como mostrei no artigo DERROTAS, CHICANAS E AMEAÇAS. VEREADOR DIONÍSIO PATROCINA AÇÃO POPULAR E PEDE À JUSTIÇA LIMINAR PARA SUSPENDER LEILÃO DE IMÓVEIS PÚBLICOS DE GASPAR MARCADO PARA ESTA SEXTA-FEIRA. O PARTIDO NOVO JÁ TINHA FEITO ISTO. NÃO CONSEGUIU. O leilão, cercado de apreensão, é para fazer caixa na prefeitura de Gaspar. A juíza titular da 2ª Vara da Comarca de Gaspar Cristina Paul Cunha Bogo, não só não acatou como extinguiu o feito. Todos, mais uma vez, entenderam o recado.

Em resumo. Para a juíza, o alegado suposto mau uso pretérito dos recursos provenientes do leilão de hoje em ambiente contábil, financeiro e orçamentário da prefeitura, deverá ser questionado no futuro, se uma fiscalização apropriada constatar e a questionar nos meios administrativos e judiciais. Por enquanto, quando há este questionamento, ele não dá em nada.

Volto para encerrar, neste artigo de hoje sobre a convescote dos empresários, pois terá mais. A “reunião” de terça-feira à noite da semana que vem no Restaurante de Questão de Gosto, possui algo estranho e indigesto no cardápio. Ele já provocou dor de barriga antecipada em alguns, inclusive no principal convidado. A estrela da festa política não está filiada a partido algum, mas os organizadores querem que os presidentes de partidos e já pré-candidatos que estão bem colocados nas pesquisas estejam lá para a foto oficial e com elas difundidas por aí, confundir o eleitorado de Gaspar. A insistência levantou a lebre.

Até o fechamento deste artigo, o presidente do PL, Bernardo Leonardo Spengler Filho, bem como o seu vestido de candidato, Rodrigo Boeing Althoff, não iriam. Igualmente o presidente e candidato pelo Republicanos, Oberdam Barni. Eram quase certos que não estariam lá Luiz Carlos Spengler Filho, presidente do PP – que prometeu uma nota de repúdio para ontem e ela não saiu -, o vice prefeito e vestido de candidato do PP, Marcelo de Souza Brick. Mas…

Estavam na dúvida, a presidente do MDB, a vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti e o vestido de candidato pelo partido, Ciro André Quintino. Outro que estudava a situação era o presidente do Novo, Ednei de Souza, bem como o presidente do União Brasil, Thiago Machado. Já o presidente do PSD, o guru de Marcelo de Souza Brick, o vereador Giovano Borges, está em silêncio. Sobre o presidente do PSDB, por motivos óbvios, Jorge Luiz Prucino Pereira, mesmo que ele queira ir, ninguém o quer lá. 

Resumo: todos os partidos que dizem ter identificação com o conservadorismo, a direita ou até o bolsonarismo estão decididos, ou então, flutuando nos prós e contras sobre ir, ou não, no convescote de hoje à noite. O que significa isso? Que os políticos de Gaspar estão com um pé atrás sobre estarem sendo ensacados e tudo permanecer igual, protegendo, inclusive, o que está aí e que não se esclarece, mas que nas ruas, é isso que se pede: mudança de comportamento e que ao que parece, vem com novos nomes. São as pesquisas qualitativas que dizem isso.

Quer um exemplo de como a vaidade e o jogo de poder estraçalha um discurso autêntico e vigoroso de mudança que a cidade está esperando dos candidatos. Esta foto abaixo, é de cinco de dezembro do ano passado.

Ela correu freneticamente os aplicativos de mensagens, as redes sociais e até a negligente imprensa gasparense a publicou. Ela retrata bem o nó de tudo isso. Eu não a publiquei até este momento. Nunca acreditei nela e foi feita para mim e para o blog.

Não comi este prato pronto. E se tivesse publicado à época, era para desmascará-la na má intenção de todos. Ela surgiu logo depois que o poder de plantão se reuniu, vejam só, no mesmo Restaurante anexo a antiga Associação da Malwee, na divisa com Blumenau, para dizer que o MDB, PP, PSD, PDT e PSDB estariam juntinhos novamente na corrida deste ano. 

O que dizia o texto que acompanhava a foto? “Buscando alternativas, olhares diferentes, melhores propostas em prol de um objetivo único, temos um só compromisso com as pessoas desta cidade, buscamos devolver a elas o seu direito à educação de qualidade, saúde de excelência e o franco desenvolvimento. É olhar para o futuro sem cometer erros do passado“. Eu arremato: era para valer? Eu tinha dúvidas. Hoje, sei que o tempo é o senhor da razão.

Resumindo a reunião e a foto acima: o PL não abre mão da cabeça de chapa. O Republicanos, igualmente, se ele estiver na frente das pesquisas que todos do grupo escolherem. O que fizeram para selar esta frágil intenção, cheia de especialistas em rasteiras? Um grupo num aplicativo de mensagens para amadurecer a ideia e trocar mensagens para fortalecimento dela.

O Ednei de Souza, Novo, saiu no dia 13 de dezembro. Bernardo Leonardo Spengler Filho no dia seguinte e Rodrigo Boeing Althoff, ambos do PL, no dia três de janeiro. Os que estão lá, não se falam desde dezembro pelo aplicativo no grupo. É preciso escrever mais sobre isto, o clima e a possível união dessa gente por mudanças em Gaspar ao que está aí às escâncaras de todos contra o futuro da cidade?

Trocando de página. Primeiro, o poder de plantão, na cara dura, sem meias palavras, rifou Francisco Hostins Júnior, MDB que estava prometido candidato do grupo. Quem fez isso? O próprio Kleber Edson Wan Dall, MDB. Eu retratei em O SANTO, AS 30 MOEDAS, O JUDAS E A CRUZ. UM TEXTO DE RÚBIA, MULHER DE HOSTINS JÚNIOR, INUNDOU A REDE SOCIAL ESTA SEMANA E LAVOU A MINHA ALMA, DOS LEITORES E LEITORAS  Hostins Júnior tinha ido com Paulo Norberto Koerich a Florianópolis. Eles foram recebidos pelo governador Jorginho Melo, PL no dia 25 de setembro. Estavam nesta reunião também Rodrigo Boeing Althoff e Bernardo Leonardo Spengler Filho.

Assunto da conversa? Filiação de ambos no PL para um dos dois ser candidato a prefeito, ou vice pelo partido. Ou seja, mais uma vez o PL de Gaspar saiu enfraquecido. Bernardo Leonardo Spengler Filho, PL, nega. Diz que era para os dois fortalecerem um projeto comum em Gaspar. Qual? O que anula potenciais candidatos?

Desde então, as coisas só ficaram mais complicadas para o candidato Rodrigo Boeing Althoff que já tinha perdido a presidência do partido para Bernardo Leonardo Spengler Fillho, sofreu ameaça de ser substituído na candidatura por Marcelo de Souza Brick trazido pelo deputado Ivan Naatz, e para completar, se surpreendeu com a possibilidade do próprio governador em criar e bancar o Delegado Paulo e Hostins Júnior no seu lugar.

Nada deixou o PL de Gaspar mais fraco do que o movimento feito as escondidas, numa viagem a Brasília por Marcelo de Souza Brick. Lá, sem diárias da prefeitura, anunciou que estava de muda para o PL.

Foi cozinhado pela rejeição crescente e o PL de Gaspar o tornou um corpo estranhíssimo ao partido. Coisa de gente acostumada aos acertos de salas e escurinhos.

Marcelo de Souza Brick, continuou vagando por um ano entre o Patriota – que não existe mais – e o PL onde tinha ficha abonada pelo deputado estadual, Ivan Naatz, PL, de Blumenau. E para não se encrencar, Kleber Edson Wan Dall, MDB, obrigado a um contorcionismo, lançou Ciro André Quintino, pelo MDB. Ou seja, Marcelo foi traído por Kleber pela terceira vez. Mas, diz que está de boa. Então…

Para não perder espaços no ambiente de debates e polêmicas, criar notícia, alimentar as redes sociais, o PL, o Novo, o Republicanos e o União Brasil fizeram um encontro para ser “uma opção única” ao que estava se ensaiando no capenga de resultados para a comunidade e recheado de dúvidas no poder de plantão como continuidade, bem como, ao que de fato poderá ser um adversário, de verdade, ao dividido campo conservador: Pedro Celso Zuchi.

Como mostrei acima, a “união” deste grupo está desmanchada. O PL não abre mão da cabeça. O Republicanos, também. Então

E o que aconteceu ontem? Como esta gente não está unida, como o outro lado o que está no poder de plantão e o que quer voltar não querem intrusos como Oberdan Barni e até o Delegado Paulo, fez-se um meme associando o ex- governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos, ao ex subordinado de colegiado dele, o ex-Delegado geral e o equivalente a função de secretário de Segurança Estadual, Paulo Norberto Koerich, como se fosse o candidato do partido no jantar da noite terça-feira. Para quê? Exatamente, para abater Oberdan Barni, Republicanos e o PL bolsonarista radical colar uma marca preconceituosa que eles, mesmo no campo conservador querem preservar em Moisés.

A fake news foi abatida em segundos com um depoimento do próprio governador Carlos Moisés da Silva, Republicanos. O tiro dos inventores da fake news saiu pela culatra. Foi direto nos próprios pés. Pois apenas evidenciou Oberdan Barni mais uma vez, como vítima, que o sistema instalado na ala conservadora e no poder de plantão não o querem por representar a mudança. Ao invés de abater, aumentaram o espaço de Oberdan. Aprendizes. Ao mesmo tempo ofuscou a estrela-noiva de terça-feira que é o Delegado Paulo Norberto Koerich, ainda sem partido.

O meme, para enganar analfabetos, ignorantes, desinformados e alimentar quem precisa dos esquemas políticos para sobreviver, colou um selo de maus competidores nos demais candidatos e partidos que saíram correndo por aí, jurando, por tudo que é sagrado, que não tinham nada a ver com a origem e a propagação da notícia falsa. Este será o tom da campanha. E os que não são políticos estão avisados.

E para lembrar, por hoje é só. Vou retomar este assunto mais tarde. É que a cidade ferve e está sendo engolida pelo capim, dívidas, dúvidas e muita propaganda marqueteira dos políticos – com o corpo fechado nas instituições de fiscalização, a começar pela Câmara onde a Bancada do Amém (MDB, PP, PDT, PSD e PSDB) abafa tudo achando que estão vivendo na cidade da Alice das Maravilhas. Além disso, vou dar chance à imprensa e olhar a maré de repercussões nos meios políticos. 

Agora, que é estranho, isto é. Gente que não vota em Gaspar convidando eleitores de Gaspar e até gente que não vota em Gaspar para o convescote de terça-feira à noite, bem como gente que está aderido a outros projetos políticos, só para fazer número no jantar, convenhamos, é de estabelecer desde logo em nova fragilidade. E por mais quatro anos?

Se este for o tom daqueles que dizem estar no campo conservador, liberal, direita e até bolsonarista, todos, na verdade, estarão facilitando à vida de Pedro Celso Zuchi. Porque o PT, até este momento, sem Zuchi, não tem a menor chance em Gaspar. 

E aos que fazem contas e vivem de coisas mal explicadas do século XX, lembro as eleições de 2020, já no século XXI: Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi unido pelo mesmo grupo de empresários que quer o Delegado Paulo Norberto Koerich a Marcelo de Souza Brick, então PSD. Tudo para não haver concorrência. Ali já tinha, ao fazer união de dois adversários viáveis, sinais, de que precisavam colocar as barbas de molho. Lavaram a égua. E surfaram com a manobra. 

Quem chegou em segundo? Rodrigo Boeing Althoff, PL, que não era bolsonarista. Ali, a tal a mudança que a união de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PSD, foi impedida. Os que se diziam conservadores, direita e bolsonaristas ficaram vexativamente em último e penúltimo naquela eleição. Lembram-se disso ou eu preciso colocar o boletim do TRE com os números daquela eleição? E o que aconteceu com Rodrigo? Se escondeu. Agora, isso é um problema. E ele paga o preço dessa escolha. Rodrigo não é mais a mudança que se queria em 2020.

Outro fato da realidade que está se montando e que já comentei aqui, mas que, teimosa ou burramente, está passando despercebido pelos gurus, marqueteiros, assessores e “çábios”. Se o senador Jorge Seif Júnior, PL, que esgotou a série de recursos no Tribunal Regional Eleitoral catarinense for cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral – e isto é dado como certo -, a eleição de um novo senador em outubro deste ano, dará à esta eleição municipal, outra cara. Ela será uma eleição de influência estadual. Inclusive em Gaspar.

Quer mais outro exemplo recente de como o PT está em dificuldades, mesmo com Pedro Celso Zuchi? Nas eleições suplementares de Brusque, inventadas pelo PT de Paulo Roberto Eccel, o ícone petista de lá e que já foi assessor de Zuchi aqui, não levou.

E no outro lado três chapas de mesmo conteúdo conservador, direita e bolsonarista e que diziam por ser tantos estavam dando a eleição para o PT. O que representava o prefeito cassado, mas bem avaliado e diferente do que é a atual administração, ficou no meio do caminho com o seu preposto. Venceu quem representava a mudança, que o substituiu o prefeito afastado, bem avaliado, por ser presidente da Câmara.

Ou seja, o campo conservador, mesmo com três candidatos, aparentemente viáveis, não deu a vitória ao PT como todos apregoavam exatamente por disputarem o mesmo naco entre si.

A Igreja política. O vereador Cleverson Ferreira dos Santos, PP, hoje secretário de Agricultura e Aquicultura, estuda trocar de partido e ir para o União Brasil. As bençãos já estão dadas. São do deputado estadual Marcos da Rosa, União Brasil, de Blumenau. Os irmãos de templo, o novo prefeito de fato de Gaspar, deputado Federal Ismael dos Santos, PSD, e o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, MDB, já deram aval para esta mudança.

A Igreja empreendedora. Circula um vídeo em Gaspar, onde um pastor afirma que possui autorização informal da prefeitura de Gaspar para obra de ampliação das instalações anexas ao templo da Assembleia de Deus, na Rua Nereu Ramos, no bairro da Coloninha. Antes, lá, inventou-se uma emergência para a prefeitura drenar aquela área para o Rio Itajaí Açú, cortando inclusive a Rua Nereu Ramos, interrompendo, para isso, o trânsito por lá.

O artigo de quarta-feira revelou que os históricos do PP de Gaspar não engoliram a filiação do vice-prefeito Marcelo de Souza Brick. Questionado, o presidente do partido, Luiz Carlos Spengler Filho, chefe de gabinete, ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, ex-vice prefeito e servidor público municipal como agente de trânsito, Luiz Carlos, pulou no pescoço dessa parcela. O mais longevo dos vereadores e hoje presidente da Casa, José Hilário Melato, PP, agradeceu. Ainda voltarei ao assunto.

Para encerrar esta sexta-feira e deixar a reflexão aos que leem o blog: o que está claro? A falta que faz na moderação e na condução de resultados nos bastidores políticos dois líderes falecidos recentemente. O médico João Leopoldino Spengler, que como poucos protegeu o sobrinho Luiz Carlos Spengler Filho. O Dr João não teria aceito Marcelo de Souza Brick no PP. E no outro lado, o ex-prefeito e empresário do ramo imobiliário, Osvaldo Schneider, o Paca, já teria apaziguado do MDB para continuar como protagonismo político e não das dúvidas permanentes. Acorda, Gaspar!

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  1. MERCADANTE QUER O QUARTO POLO NAVAL, por Elio Gaspari, nos jornais O globo e Folha de S. Paulo

    Não deu outra, 24 horas depois do anúncio do programa Nova Indústria, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, anunciou que a Viúva poderá botar pelo menos R$ 2 bilhões num projeto de recriação da indústria naval. Assim, a geração de Lula será a única que financiou quatro polos navais. Os três anteriores foram a pique.

    Mercadante diz que “nós precisamos fazer navios, já fizemos.” Tem toda razão. No século XVII, na Ilha do Governador, construiu-se o galeão Padre Eterno, que pode ter sido o maior barco do mundo. Na mesma fala o doutor informou: “Tivemos uma indústria pujante de construção naval nos anos 70.” Pujante ela era, mas quebrou. Os polos navais quebram porque quando se lança um novo programa não se revisita a causa da ruína dos anteriores.

    O primeiro polo naval da segunda metade do século XX foi criado por Juscelino Kubitschek. Afundou, mas uma parte da conta foi para os estaleiros. O segundo polo, “pujante”, surgiu no governo Costa e Silva e cresceu com Ernesto Geisel. Danou-se, mas a conta fez um percurso interessante.

    Os bancos que financiavam o plano recebiam papéis avalizados pela Viúva. Era um negócio tão bom que um burocrata deu um chá de cadeira de 40 minutos no banqueiro Leopold Rothschild. A primeira denúncia de que alguns desses contratos eram extorsivos vinha de 1971.

    Do outro lado do balcão, os bancos emprestaram a estaleiros que iam mal das pernas. Como os papéis eram garantidos pela Viúva, um só banco brasileiro emprestou 100 milhões de dólares a empresas que iam mal. Em 1984 o polo quebrou, e a Viúva não honrou seus avais. Um armador carioca matou-se.

    Depois do naufrágio, o mico dos chamados “papéis podres” foi reciclado, virou moeda real e serviu para arrematar empresas estatais de boa qualidade. Assim, o banqueiro que investiu num mau negócio dos estaleiros protegidos pela Viúva, assenhoreou-se de boas empresas da própria senhora.

    O terceiro polo, de Lula 01, nasceu em 2003 e tinha dois braços. Um construiria navios e o outro daria plataformas marítimas para a Petrobras. A primeira denúncia de malfeitoria partiu em 2004 e veio de José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras. Tratava-se de uma disputa na qual estavam de um lado a estatal e a Odebrecht. Do outro, as empreiteiras Camargo e Andrade Gutierrez.

    Os estaleiros nacionais tiveram dias de esplendor, chegaram a empregar milhares de pessoas. Criou-se uma empresa para construir dezenas de plataformas oceânicas para a Petrobras e ela se chamou Sete Brasil. Armadores estrangeiros entraram no negócio e chegou-se à gracinha de dar agrément ao presidente de um estaleiro de Cingapura para a função de embaixador de seu país no Brasil.

    Na Petrobras, as licitações foram cartelizadas e as encomendas foram superfaturadas. Essa história da Lava-Jato mostrou e acabou em mais de uma dúzia de confissões e cadeias. Uma delas foi a de Antonio Palocci, o ex-ministro da Fazenda de Lula. Ele contou à Polícia Federal que propinas de fornecedores eram canalizadas para o Partido dos Trabalhadores. A colaboração de Palocci foi divulgada às vésperas da eleição presidencial de 2018 pelo juiz Sergio Moro. Moro viria a ser ministro do presidente Jair Bolsonaro. Suas revelações, algumas das quais eram irresponsáveis, não foram investigadas direito.

    O primeiro navio do polo de Lula 01 adernou quando entrou no mar. As roubalheiras resultaram na desmoralização do projeto, no colapso de três grandes estaleiros. Um deles devia R$ 4 bilhões. Cerca de 82 mil trabalhadores perderam seus empregos.

    Passou o tempo, o Supremo Tribunal Federal julgou Sergio Moro um juiz suspeito e, nos anos seguintes, decidiu invalidar sentenças, confissões e multas. Assim como no desastre do polo naval da ditadura, a responsabilidade ficou difusa, mas o prejuízo ficou concentrado na Bolsa da Viúva.

    Mercadante tem razão quando diz que o Brasil sabe fazer navios, o que o andar de cima do Brasil não faz é responsabilizar burocratas delirantes e larápios contumazes que corroem as iniciativas dos governos.

    O BRASIL JÁ SOUBE FAZER NAVIOS

    Uma das lendas de uma História mal contada é a de que Portugal proibia a existência de indústrias no Brasil. Até hoje não se explicou como um estaleiro da Ilha do Governador, no Rio, construiu em 1665 o galeão Padre Eterno.

    Segundo uma edição do jornal Mercúrio Portuguez da época, era “o mais famoso baixel de guerra que os mares jamais viram”. A embarcação tinha 53 metros e deslocava duas mil toneladas. Seu mastro, feito com um só tronco, tinha 2,97m de circunferência. Era tripulado por cerca de três mil homens e tinha bocas para 144 canhões.

    Pode ter sido o maior navio do mundo, levou seis anos para ser construído e era produto de uma indústria naval robusta, que dispunha de mão de obra qualificada.

    O polo naval existia, era produto da clarividência do governador Salvador de Sá (1602-1688). Para financiá-lo, ele cobrou um “auxílio” dos comerciantes.

    O Padre Eterno naufragou anos depois na rota das Índias, e Salvador de Sá ficou injustamente esquecido.

    AJUDA AÉREA

    Enquanto o governo discute um programa de socorro às empresas aéreas, a Gol entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Sua dívida é estimada em R$ 20 bilhões.

    Nos Estados Unidos, a Pan American, pioneira da aviação comercial, virou pó e a vida seguiu. No Brasil, quando a Varig se acabou, surgiu a Gol e a vida seguiu.

    AS EMENDAS VETADAS DEVEM SER MOSTRADAS

    Lula vetou R$ 5,6 bilhões de despesas patrocinadas por emendas parlamentares que haviam sido incluídas no Orçamento. No mesmo dia, disse que “tenho o maior prazer em juntar lideranças, conversar com lideranças e explicar por que que foi vetado.”

    Juntando “lideranças partidárias”, irá a lugar nenhum. As emendas vetadas precisam da luz do Sol e alguém poderá fazer a caridade de exibi-las.

    O Ministério da Fazenda, por exemplo, expôs uma tabela listando a relação entre o PIB e as despesas com as máquinas do Judiciário e do Ministério Público. Os doutores custam R$ 160 bilhões, ou 1,6% do PIB e o Brasil é campeão mundial.

    Até aí, poderia até ser motivo de orgulho. O problema mostra seu rosto quando se vê quem acompanha Pindorama na lista dos dez primeiros colocados: Costa Rica, El Salvador, Kosovo, Bulgária, Guatemala, Letônia, Eslovênia, Croácia e Romênia.

    O Reino Unido ficou em 11º, a Alemanha em 16º. Os penduricalhos têm seu preço.

    SEGURANÇA PÚBLICA

    O ministro Ricardo Lewandowski promete fazer da segurança pública uma prioridade da sua gestão.

    Poderia começar perguntando por que está encalhada no Senado uma proposta de emenda constitucional de 2015 que mexe com as estruturas das polícias civis e militares.

    Ela foi apresentada pelo então senador Tasso Jereissati. Como governador do Ceará, ele dominou um motim da PM em 1997.

  2. ASSÉDIO A VALE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encenou um recuo em sua pretensão absurda de conduzir o ex-ministro Guido Mantega a um cargo na cúpula da Vale, mas não se deve crer que cessarão as pressões do Planalto sobre a mineradora privatizada em 1997.

    Mesmo sem declarações explícitas das autoridades, o movimento governista pelo nome de Mantega foi conduzido sem segredo nas últimas semanas e derrubou o valor de mercado da empresa. Na sexta-feira (26), diante da resistência de acionistas e críticas na sociedade, Brasília fez saber que a ideia indecorosa seria deixada de lado.

    Por incrível que pareça, a hipótese menos ruim para a motivação de Lula é a recusa em reconhecer os fracassos, a má gestão e os casos comprovados de corrupção ocorridos nas gestões petistas anteriores —além do objetivo de recompensar pessoas que lhe foram fiéis nos seus piores momentos.

    Para tanto, não importam competência ou lisura, nem as necessidades atuais do país.

    No caso de Mantega, não deve haver dúvida de que o histórico é ruinoso. Como ministro, ele teve papel na degradação da política econômica que culminou, no mandato de Dilma Rousseff (PT), em um das mais profundas recessões já documentadas no país.

    Não há nenhuma injustiça nessa avaliação, como quer fazer crer a presidente do PT, Gleisi Hoffman, que saiu em apoio ao ex-titular da Fazenda. Em sua defesa, no máximo se pode dizer que não tinha autoridade suficiente para influir nos desígnios da ex-presidente.

    Mais grave e temerária, porém, é a rigidez ideológica de Lula e de seu partido, que continuam presos a concepções anacrônicas. Não olham para frente e buscam reescrever um passado de supostas glórias, como se a economia e a sociedade brasileira não tivessem evoluído e as necessidades atuais não fossem diferentes.

    No caso da Vale há reincidência de Lula, que nos mandatos anteriores criticou a empresa por investimentos fora do Brasil e pela aquisição de bens de capital, como navios, de fornecedores estrangeiros.

    Já naquela época a mineradora não era estatal, mas o governo tinha influência em sua gestão pela participação de fundos de pensão no capital e o alinhamento prévio do voto de acionistas de peso.

    Hoje nem isso existe, felizmente —o capital é mais diluído, não há um bloco de controle e o conselho é independente.

    Mas Lula insiste em suas teses passadistas, quando faria melhor em se preocupar com o Orçamento e medidas que atraiam investimentos. Deveria ser desnecessário apontar o despautério de um governo buscando interferir na gestão de uma companhia privada.

  3. O tamanho do atraso que o PT nas suas ideias de mundo – e vinganças – externadas por Lula, Janja, Gleisi, Lindeberg, Rui Costa, José Dirceu, Mercadante, Pochmann, Mantega…. as quais ainda estão no século 20, quiçá, do 19. Se você leu o editorial acima publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, entendeu o que é atraso do PT. Estamos quase nos anos 30 do século 21. Não vá longe. Compare o que acontece com o porto de Navegantes e o de Itajaí, um defronte o outro.

    SETOR PRIVADO DESMENTE ARAUTOS DO INTERVENCIONISMO, editorial de O Globo

    Os investimentos estimados para este ano e os próximos em infraestrutura deverão somar pelo menos R$ 170 bilhões. O destaque, ao contrário do que imaginam os arautos do novo intervencionismo estatal, é a iniciativa privada. Sem ela, estradas continuariam em decrepitude, linhas de transmissão de energia não existiriam, portos deixariam de ser ampliados, e o saneamento básico se manteria no estado de indigência em que esteve nas últimas décadas.

    Ao mesmo tempo que anunciou investimentos de R$ 300 bilhões numa nova versão de política industrial — cujos detalhes têm despertado inquietação —, o BNDES elabora no momento a modelagem de 138 concessões e projetos de Parceria Público-Privada (PPP), segundo levantamento do GLOBO. Ao todo, eles podem significar obras no valor de R$ 268 bilhões.

    A carência brasileira em infraestrutura representa uma enorme oportunidade de negócios. Investimos abaixo de 2% no setor, ante necessidade de mais de 4% ao longo de 25 anos, segundo cálculos da consultoria Inter. B. Mas tudo depende da regulação. Em vez de resgatar o dirigismo estatal, a preocupação do governo deveria ser criar condições atraentes e estáveis para o capital privado poder apostar em projetos de longo prazo no Brasil.

    Um bom exemplo é o saneamento. Atendendo a pressões políticas contrárias ao Marco do Saneamento Básico, o Planalto tentou atender ao pleito das empresas estaduais de água e esgoto, responsáveis há décadas pela insalubridade que castiga grande parte da população. O Congresso reagiu rejeitando as mudanças. Houve negociação, o governo obteve apenas parte do que queria, e os investidores se mantiveram interessados. Estão com o BNDES projetos de saneamento em 185 cidades de Pernambuco (estimados em mais de R$ 16,5 bilhões), 75 de Sergipe (R$ 6,2 bilhões), 48 de Rondônia (R$ 6,7 bilhões) e em Porto Alegre (R$ 5,3 bilhões). Apesar de ainda haver uma brecha aberta a municípios resistentes às concessões, o balanço final foi positivo.

    A venda do controle da Eletrobras também abriu espaço ao setor privado no mercado de linhas de transmissão. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, apenas duas licitações neste ano mobilizarão investimentos de R$ 24,7 bilhões. Uma terceira prevê obras de R$ 20,5 bilhões em 6.500 quilômetros de linhões. Tais cifras confirmam que a única alternativa para arcar com as constantes e crescentes necessidades de ampliação do setor elétrico é a iniciativa privada — e desmentem o mito de que só o Estado pode conduzir grandes projetos de infraestrutura.

    Apesar da resistência ideológica do governo petista às privatizações — como as do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, ou do Porto de Santos —, o Ministério dos Portos e Aeroportos mantém planos de concessão de terminais portuários que poderão somar R$ 8 bilhões em investimentos. Nas rodovias, a resistência é menor, e já existem no país operadores consolidados. A concentração de concessionárias, prevista para os próximos anos, deverá gerar empresas mais robustas, com menor necessidade de crédito subsidiado.

    Esse quadro dinâmico deveria transmitir ao governo um recado simples: regras claras, estáveis e acolhedoras ao capital são mais importantes para atrair os investimentos de que o Brasil precisa — não apenas em infraestrutura — do que qualquer plano mirabolante urdido nos gabinetes de Brasília.

  4. PARA OS AMIGOS, TUDO, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

    Quando a descoberta dos casos de corrupção estava no auge, derrubando políticos e empresários, tive uma boa conversa com Fernando Henrique Cardoso, já ex-presidente, sobre as relações perversas entre os interesses públicos e privados no Brasil. Um grande empresário, que começava a ser apanhado, havia dito a interlocutores que estava em curso a formação de ampla aliança para acabar com aquela sangria. FH estaria nesse movimento.

    De jeito nenhum, disse o ex-presidente quando o procurei para checar a história. Lembro que ficou bem incomodado. Falou com várias pessoas para entender e desmentir a versão do empresário — que, aliás, acabou preso e fez delação.

    Para além dos fatos, a questão que colocava para o político e sociólogo FH era a seguinte: como o país havia sido tão tolerante com a corrupção? Pensando bem, o que mais chamava a atenção na Lava-Jato e noutras operações não era propriamente a roubalheira revelada, mas o fato de, finalmente, apanharem os corruptos.

    Caramba! Pegaram os caras — essa parecia a surpresa.

    FH apontou para certa cultura espalhada pela sociedade: em geral, as pessoas acham que, aparecendo a chance, têm o direito de se aproveitar do Estado. Ou melhor, têm o justo privilégio de obter alguma vantagem. Isso vai desde tirar uma casquinha, como estacionar num lugar proibido ou cavar uma mordomia para o Sambódromo, até roubar a Petrobras ou assaltar o Orçamento da União.

    O ex-presidente então me contou algo que acontecera naquele dia mesmo. Um familiar pedira a ele para usar o carro oficial, com motorista, à disposição do ex-presidente. Para ir ao aeroporto. FH explicou: o veículo era “institucional”, para uso oficial de uma autoridade. Ofereceu-se para pagar um táxi. Disse que o familiar reclamou da má vontade.

    O antropólogo Roberto DaMatta tem tratado desse tema. Cita Oliveira Viana para acentuar a chave da política nacional: “Temos todas as coragens, menos a de negar o pedido de um amigo”.

    Adhemar de Barros, que foi governador de São Paulo, sabia bem. Dizia:

    — Amigo meu não fica na estrada.

    E nomeava todo mundo.

    E hoje? Parece que estamos voltando ao normal. O empresário ali do início foi ao Judiciário para anular a delação e cancelar as multas. Está quase conseguindo. As condenações aos corruptos têm sido anuladas. Reparem: os então culpados, com sentenças em todas as instâncias jurídicas, não são declarados inocentes. Apenas se arranja uma formalidade, e todo mundo livre. Os réus ficam satisfeitos. Não lhes ocorre pleitear uma sentença de absolvição. Preferem seguir na linha do “não aconteceu nada”.

    Os pedaços do bolo continuam na mesa. Nesta semana, o Tesouro Nacional divulgou estudo mostrando que os tribunais brasileiros gastaram 1,6% do PIB em 2021, algo como R$ 160 bilhões. São os mais caros entre 53 países analisados. Do total, nada menos que 80% (perto de R$ 130 bilhões) correspondem a remuneração de juízes e servidores. E onde estão os melhores salários? No Judiciário — onde os próprios interessados inventaram truques para ultrapassar o teto salarial de R$ 41 mil por mês, que já não é pouca coisa.

    Segundo dados do IBGE, a renda média real do trabalhador brasileiro chegou a R$ 3.034 no final do ano passado. Em alta. Mas ganhar 13 vezes mais que a média nacional não parece suficiente. São frequentes as remunerações que ultrapassam de longe os R$ 41 mil, tudo no rigor da lei, interpretada pelos próprios juízes. Se os juízes consideram normal que eles próprios fixem seus salários, e fazem isso generosamente, onde reclamar? É como se um juiz atendesse ao pedido do outro, seu amigo.

    A gente até entende que as pessoas achem melhor buscar suas próprias vantagens. Se os de cima podem, por que não os de baixo? Como dizia Stanislaw Ponte Preta, nos anos 1960: “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”.

    O problema é que não tem para todo mundo. Se você não tem amigos no governo, cai no rigor da lei. É por isso que se vê essa onda de nomeações quando um partido ou um grupo chegam ao poder. Melhor aproveitar. O que queriam, que nomeassem os inimigos?

  5. STF, HADDAD E A TAXAÇÃO DOS IMPORTADOS, por Adriana Teixeira, no jornal Folha de S. Paulo

    A taxação das compras internacionais até US$ 50 colocou o STF (Supremo Tribunal Federal) mais uma vez como ator central na decisão de um tema sensível para a política econômica do governo Lula 3.

    Com o movimento das duas maiores confederações empresariais CNI (indústria) e CNC (comércio) de entrar com uma ação no STF para acabar com a política de tarifa zero do Imposto de Importação de bens de pequeno valor que são enviados a pessoas físicas no Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu do foco de pressão do Planalto, contrário a qualquer tipo de taxação.

    Bom para Haddad, que tira essa bomba de impopularidade do seu colo. Ruim para muitas lideranças do Congresso que seguem incomodadas e críticas à pauta econômica tomando o caminho na direção do prédio ao lado da praça dos Três Poderes, o do Supremo.

    A decisão mais recente foi o acordo costurado com a equipe econômica, que permitiu a regularização do pagamento de precatórios, despesas com sentenças judiciais “pedaladas” pelo próprio Legislativo durante o governo Bolsonaro.

    A fatura de R$ 93 bilhões, paga numa única vez no fim de 2023, não só interrompeu uma bola de neve como garantiu uma injeção de dinheiro novo para impulsionar o consumo neste ano em que o crescimento da economia brasileira está desacelerando.

    Além de precatórios, a forma de tributação de ICMS para combustíveis, o voto de qualidade do Carf, o orçamento secreto e tantos outros temas. No caso do acordo costurado para o Carf entre governo, Supremo e empresários, o presidente da Câmara, Arthur Lira, cobrou que o Executivo enviasse um novo projeto, proposta que bem mais tarde acabou sendo aprovada.

    A MP 1.185 da subvenção e a extensão da desoneração da folha de pagamento para 17 setores e prefeituras também correm o risco de serem decididas pelo STF.

    O ingrediente adicional é que a birra dos congressistas com o Supremo alimentou, nos bastidores de Brasília, a avaliação de que foi o ministro Haddad e sua equipe que estimularam a CNI e a CNC a protocolar a ação, deixando para os ministros da Corte a polêmica decisão.

    O desconforto só aumentou. Todos lembram que um dos critérios da Fazenda sobre esse tema era os varejistas locais serem mais explícitos na defesa da medida.

    Ao longo do ano passado, a intenção da equipe econômica de acabar com a isenção era coibir abusos das grandes plataformas de ecommerce (como Shein e Shopee e Alibaba) e deu muita dor de cabeça para Haddad, com trombadas diretas com o Palácio do Planalto.

    Por outro lado, o ministro sofreu forte pressão dos varejistas e dos fabricantes nacionais para que a medida fosse tomada.

    O que aconteceu foi um rol de informações desencontradas e recuo da decisão de taxar essas compras, após os alertas da primeira-dama, Janja, sobre a avalanche de críticas dos consumidores da classe média que reverberava nas redes sociais.

    Na contramão de todo esse ruído, um novo ponto entrou no radar. O Ministério da Fazenda identificou uma mudança no mercado após a criação do Remessa Conforme, o que tem inspirado maior cautela na decisão de taxar ou não essas mercadorias, como mostra a reportagem desta sexta-feira (26) da Folha.

    O diagnóstico preliminar indica uma queda consistente tanto no volume quanto no faturamento desses produtos, com substituição de parte da oferta por artigos de fornecedores nacionais.

    A preocupação agora da equipe de Haddad é que a regularização das plataformas estrangeiras comprometa esse movimento positivo, que também poderia favorecer empresas locais.

    Não é o que pensam, porém, a CNI e CNC, que cobram a taxação para garantir isonomia de tratamento com as empesas estrangeiras para fechar a explosão dessas compras internacionais sem imposto nos últimos anos, com prejuízo para a indústria nacional.

    As duas entidades alegam que, entre 2013 e 2022, as importações de pequeno valor saltaram de US$ 800 milhões para US$ 13,1 bilhões (4,4% do total de bens importados).

    O assunto voltou quente neste início do ano porque a taxação é apontada como uma alternativa de compensação de receita para a desoneração (ou reoneração a depender do desfecho final das negociações) da folha de pagamentos. A depender da alíquota, pode garantir mais R$ 2,9 bilhões de arrecadação.

    Coincidência ou não, a ação no STF foi ajuizada quase ao mesmo tempo que as negociações esquentaram entre Haddad e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

    O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, sinalizou que não vai decidir sobre o pedido de liminar durante o recesso do Judiciário. A relatora do processo, ministra Cármem Lúcia, já arquivou ação contra a criação do sistema Remessa Conforme.

    No Supremo, há quem avalie que as duas ações têm argumentações muito parecidas. A decisão dos ministros não será fácil. Mas, se for favorável à taxação, é inegável que tira um peso gigante dos ombros do ministro Haddad.

    Os congressistas que criticam o ativismo do STF, se não quiserem ficar a reboque, têm com a MP da reoneração a chance de carimbar a sua posição. Não vão querer comprar essa briga.

    Dada a excessiva contaminação política que o tema ganhou, sendo alvo de disputa entre bolsonaristas e a primeira-dama, faria sentido o STF assumir o papel de árbitro no tema?

  6. NÃO FOI ESSA AGENDA QUE VENCEU A ELEIÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Diante da péssima repercussão da crescente pressão do governo petista para que a Vale aceitasse colocar o ex-ministro Guido Mantega na presidência da empresa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, correu a dar explicações, dizendo que o presidente Lula da Silva jamais interviria numa empresa de capital aberto. Acredita quem quer.

    O fato é que a pressão existiu, desvalorizando as ações da Vale – que, sintomaticamente, voltaram a se valorizar depois da informação de que o governo teria desistido de impor Mantega. E esse caso em particular, sobretudo por tratar de ingerência numa empresa que não pertence ao governo há 27 anos, é um dos principais sintomas de que Lula da Silva está convencido de que conquistou seu terceiro mandato não para “defender a democracia”, como apregoou na campanha, mas para impor a agenda petista de desbragada intervenção estatal.

    A ofensiva lulopetista sobre a Vale já seria indecorosa mesmo se fosse uma iniciativa isolada, mas está longe de ser. Tudo parece fazer parte da visão fantasiosa segundo a qual o Brasil elegeu Lula para dissipar o pouco progresso que o País fez para regular o apetite estatal. O governo, por exemplo, decidiu entrar na Justiça para retomar assentos que perdeu no Conselho de Administração da Eletrobras após a privatização, retomar investimentos na malfadada Refinaria Abreu e Lima, resgatar a combalida indústria naval e lançar uma política industrial que só gerou apreensão – em suma, retomar políticas fracassadas e marcadas pela mão pesada do Estado.

    Está claro que a única preocupação no horizonte de Lula da Silva são as eleições. De olho nos desdobramentos da disputa municipal, o presidente corre para recriar bandeiras ideológicas que impulsionem os candidatos a prefeito do PT e de partidos aliados. Vê nisso um caminho para ampliar a rede de apoios regionais e fortalecer sua própria candidatura à reeleição em 2026, bem como ampliar a base aliada no Congresso.

    Lula da Silva, no entanto, parece ter dificuldade de entender o contexto que o levou à conquista do terceiro mandato. Parece ter esquecido que venceu a disputa eleitoral mais acirrada da história por pouco mais de 2 milhões de votos – uma diferença que não chegou a alcançar 2% dos votos válidos.

    Se isso não diminui sua vitória, deveria fazê-lo refletir sobre as razões pelas quais não conseguiu impor uma derrota acachapante a um presidente que atacou a democracia e as instituições ao longo de todo o seu mandato.

    Muitos dos votos que Lula obteve no segundo turno não representaram apoio incondicional ao petista e às suas políticas, mas uma rejeição inequívoca à figura intragável de Jair Bolsonaro, que, durante a pandemia de covid-19, boicotou medidas preventivas, postergou a compra de vacinas e debochou da morte de milhares de brasileiros.

    Ao convidar o ex-adversário Geraldo Alckmin para compor sua chapa como vice-presidente e obter o endosso de Simone Tebet entre o primeiro e o segundo turnos, o petista pôde assumir o discurso de uma “frente ampla” sem o qual certamente não teria sido eleito.

    O tom conciliador que Lula adotou assim que foi eleito começa a dar lugar a um revisionismo histórico que nega os equívocos que permearam a malfadada “Nova Matriz Econômica”. A nova política industrial recentemente apresentada, por exemplo, é um compilado das ideias atrasadas que tantos prejuízos causaram ao longo da trevosa era petista, em especial durante a terrível passagem de Dilma Rousseff pela Presidência. Lá estão as exigências de “conteúdo local” e o velho protecionismo que incentivam o subdesenvolvimento.

    A mera cogitação do nome de Guido Mantega para fincar a bandeira do governo na direção da Vale mostra que Lula quer mesmo reescrever a história da passagem do PT pelo poder. Mantega, como poucos, representa o desastre petista. Ao tentar reabilitá-lo, Lula quer na verdade que o País se convença de que esse desastre nunca aconteceu. Vai ser difícil.

  7. FIM DOS PRIVILÉGIOS OU NOVOS PRIVILEGIADOS, por Vera Magalhães, no jornal O Globo

    O ministro Fernando Haddad está convencido de que o fim de privilégios e benefícios de diversas naturezas, sobretudo fiscais, concedidos a grupos setoriais não reverteram em ganhos para o conjunto da sociedade que justifiquem a União abdicar de bilhões em arrecadação que poderiam ajudar a colocar as contas no lugar e o governo a fazer os investimentos nas prioridades enunciadas por Lula na campanha.

    Trata-se de uma posição clara, principiológica, de que se pode divergir em parte ou no todo, mas que demonstra um compromisso com uma linha de condução do Ministério da Fazenda voltada para uma gestão fiscalmente responsável, o que vem agradando ao mercado e ao setor produtivo.

    Mas há uma tremenda incongruência, capaz de derrubar o discurso do ministro, nas ações cada vez mais explícitas do presidente, do PT e de vários outros ministérios no sentido oposto: canalizar os privilégios para aqueles mais próximos, criando novas castas e novas discrepâncias.

    Não se trata de novidade, aliás. O que surpreendeu muita gente foi o norte dado por Haddad a sua pasta, isso sim. Quanto ao que vem sendo chamado nos últimos dias mais generalizadamente de capitalismo de Estado, esta foi uma marca dos governos anteriores do PT, que, muitas vezes, descambou para esquemas de corrupção e desperdício de bilhões em dinheiro público em projetos megalômanos, ideologicamente motivados, que muitas vezes não chegaram nem a ser implementados.

    O surpreendente e preocupante é que o presidente tenha entendido que sua vitória em 2022 se deu porque a sociedade avalizou a volta dessa política. De duas, uma: ou Lula e o PT não entenderam a natureza de sua volta ao poder, ou resolveram dar uma banana à promessa de uma frente ampla para vencer as ameaças à democracia e achar que poderiam apenas voltar ao que era antes, inclusive compensando companheiros que só segundo sua régua foram injustiçados ou coisa que o valha.

    A ação escancarada do presidente, usando um ministro como garoto de recados, para aboletar Guido Mantega no comando da Vale, uma empresa privatizada há 26 anos, mostra um político esquecido das circunstâncias que o reabilitaram eleitoralmente depois da reabilitação judicial.

    Não é viável por quatro anos sustentar um governo em que Haddad seja a face responsável para, na camada de baixo, tentar restabelecer mecanismos que deram errado no passado.

    A defesa de subsídios que vão da construção de navios (prioridade nacional em 2022?) a querosene de aviação, projetos impulsionados pelo BNDES, e gastos bilionários em refinarias e noutras plantas que já drenaram outros tantos bilhões décadas atrás não estavam na plataforma de campanha do Lula de 2022.

    Ele foi escolhido por grande parcela de um eleitorado refratário ou no mínimo desconfiado em relação ao PT pela necessidade mais premente de remover Jair Bolsonaro do poder pelo risco que ele representava à democracia, à saúde pública, ao meio ambiente e a outros aspectos essenciais da vida em sociedade. A estarrecedora revelação de uma Abin paralela para prestar serviços diversos ao aspirante a autocrata apenas comprova que as razões para preocupação eram concretas e graves.

    Seguir ostensivamente pela vereda do “vão ter de engolir”, válida para Mantega na Vale e para o retorno dos projetos do Estado gastador, pode ser um caminho sem volta para o presidente experimentar o que vem acontecendo há anos na Argentina e agora ameaça ocorrer nos Estados Unidos: a alternância a cada eleição entre esquerda e direita, pelo fato de ninguém conseguir furar a polarização e ampliar seu eleitorado.

    Haddad demonstrou ter clareza desse risco desde 2018 e repetiu isso na última semana no Roda Viva. Sabotá-lo ou usá-lo de cavalo de Troia para o projeto oposto ao seu é o pior dos caminhos possíveis.

  8. AS INSTITUIÇÕES FUNCIONAM PARA O MAL, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    “As instituições estão funcionando” é uma frase de quem passa pano para a crise democrática e econômica brasileira. De tão batida, no seu emprego irrealista ou picareta, se tornou cediça, podre, e motivo de sarcasmo gaiato.

    Além de defeitos de base, por beneficiar quem tem mais poder ou sustentar hierarquias nefastas, o funcionamento das instituições se tornou ainda pior desde 2013, lama da qual não saímos.

    Basta dar uma olhada no noticiário para notar várias instituições funcionando como uma fossa séptica entupida.

    A Polícia Federal deu uma batida na casa e em escritórios do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e de agentes da PF, suspeitos de montarem um centro de espionagem na Abin, a serviço dos Bolsonaro.

    Por causa disso e algo mais, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, maior partido da Câmara, chamou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de “frouxo”.

    Costa Neto, velho corrupto, ora bolsonarista, reclama que Pacheco não defende parlamentares de avanços do Supremo, queixa que é um ponto programático do parlamento negocista desde a Lava Jato, um dos motivos do levante contra Dilma Rousseff e mote de projetos de manietar o Judiciário.

    A queixinha pega bem no Congresso também porque, de fato, o Supremo faz década e meia mete os pés pelas mãos, em patadas da esquerda à direita; politizou-se por iniciativa própria e com a ajuda de presidentes da República —há bancadas políticas no STF.

    É um mafuá institucional.

    Reportagens desta Folha têm mostrado como a cúpula militar e a do sistema de Justiça (Judiciário e Ministério Público) abocanham fatia desproporcional e despropositada dos fundos públicos por meio de salários, aposentadorias e pensões exorbitantes e gordos de penduricalhos.

    Pacheco, aliás, quer inflar ainda mais os dinheiros do pessoal do sistema de Justiça.

    Aqui, uma instituição informal está funcionando. Até onde a vista alcança, desde quando começou a se formar uma burocracia estatal profissional, nos anos 1930 e 1940, as classes médias altas ou altas dão um jeito de legitimar a extração de renda do Estado com a conversa de que precisam de compensação legítima pelos serviços prestados à ordem ou ao progresso nacional.

    Precisam, sim, mas a conta foi muito além da que pode pagar este país pobre. Essa instituição informal perverte a instituição do serviço público, que precisa de reforma.

    Por falar em rendas estatais, considerem-se as políticas industriais, ditas desenvolvimentistas. A maior parte da esquerda brasileira é engraçada. Faz 70 anos e lá vai fumaça, se dedica a promover a “burguesia nacional” ou apelidos sucedâneos mais modernos.

    Muita fortuna foi engordada dos anos 1950 aos 1990 com proteção tarifária, juros de pai para filho, subsídios diretos ou taxas de câmbio amigas, tudo em nome do “desenvolvimento nacional”. É um tanto menos agora, mas ainda é. Nunca privatizaram os sócios da Fiesp.

    Essa esquerda mal fala de creche e escola para criança pobre, de SUS ou de contribuições da universidade para fomentar a pesquisa para o “desenvolvimento nacional”, universidade bancada com dinheiro público e autônoma além da conta.

    Logo depois de aparecer a nova política industrial, que até dá para discutir, o governo diz que quer ajudar a indústria naval e criar um fundo de socorro para companhias aéreas falidas.

    Com base em quê? Em qual estudo? Qual instituição relativamente autônoma vai controlar o custo, a eficácia e os beneficiários da nova política de desenvolvimento, para não falar da inauguração desse novo hospital de empresas? Não existe uma instituição específica para colocar um cabresto nos favores para empresas e cobrar resultados.

    O mau funcionamento do país é institucionalizado

  9. O PT TEM HORROR AOS FATOS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta (PT-RS), foi às redes sociais há poucos dias para lançar suspeitas infundadas sobre a idoneidade do jornalismo profissional. O sr. Pimenta não gostou da cobertura da imprensa sobre os novos investimentos anunciados pelo presidente Lula da Silva na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, um dos epítomes da incúria e da corrupção desbragada que marcaram indelevelmente os governos lulopetistas. Segundo o chefe da Secom, empresas da “grande mídia corporativa” estariam agindo em “sincronia e articulação” – eufemismo nada sutil para conluio – com o objetivo de “blindar o fracasso das privatizações”, seja lá o que isso signifique, e sabotar a “tentativa soberana do Brasil de retomar o controle de sua política energética, em especial na área de petróleo e gás”.

    A mitologia petista, deve-se reconhecer, faz um tremendo sucesso nas redes sociais, um ambiente no qual as afinidades tribais valem muito mais do que a verdade factual. Porém, por mais tentador que seja pregar para convertidos, o ministro Paulo Pimenta poderia ao menos fingir que se comporta com algum grau de espírito público e respeito à institucionalidade no exercício do cargo. Afinal, convém recordar, a comunicação governamental deve se dirigir a todos os cidadãos, e não apenas aos que se ajoelham sob o altar da seita lulopetista. Ademais, no rol de competências da Secom, bem delimitado no art. 1.º do Anexo I do Decreto n.º 11.362/2023, não está servir de dublê de analista político nem tampouco atuar como ombudsman do jornalismo profissional.

    Contudo, se o chefe da Secom deseja ensinar como a imprensa deve realizar o seu trabalho e especular sobre quais seriam seus objetivos ao publicar informações de interesse público, que então peça exoneração do cargo, reassuma seu mandato de deputado federal e ocupe a tribuna da Câmara para vocalizar suas aleivosias num local mais apropriado. Naturalmente, nada disso vai acontecer. O ministro Paulo Pimenta, e não só ele, conta com a benevolência de seu chefe diante dessa extrapolação de atribuições. O País atravessa uma preocupante fase em que noções como republicanismo, impessoalidade na administração pública e papéis e responsabilidades de servidores parecem ter se tornado obsoletas.

    Só uma mente muito fértil ou malintencionada, daquelas suscetíveis às teorias da conspiração, é capaz de conceber a ideia de que, de tempos em tempos, haveria uma grande articulação a portas fechadas entre veículos jornalísticos com o único propósito de desestabilizar um governo, seja qual for. Ora, se a imprensa independente age em “sincronia e articulação” nas críticas pontuais à retomada dos investimentos na Refinaria Abreu e Lima, isso não é outra coisa senão um sinal inequívoco de que jornalistas dignos da profissão têm memória e essa imprensa está cumprindo sua função primordial de ser guardiã da verdade factual, levando à sociedade informações de seu interesse a tempo certo.

    Como a fênix, Lula pode ter renascido das cinzas para voltar à Presidência da República depois de todos os reveses políticos e jurídicos pelos quais passou nos últimos anos. Mas isso não muda os fatos nem reescreve a história do País. Seu triunfo eleitoral não tem o condão de criar uma nova “realidade”. Os erros e os crimes cometidos durante os governos de Lula e Dilma Rousseff no setor de óleo e gás, que arruinaram a Petrobras em nome de delirantes projetos desenvolvimentistas e de imperativos eleitorais e corruptos, não se apagam pela força da vontade ou do discurso do chefe da Secom.

    As diatribes do ministro Paulo Pimenta, reverberadas pela presidente de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), são típicas de quem não se conforma em ver decisões de governo serem escrutinadas pela imprensa profissional e independente. Ou seja, de quem não nutre simpatia por um pilar fundamental da democracia.

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