SAIU O IDEB DE GASPAR. AS COMEMORAÇÕES SÃO CILADAS. E CONTRA O PRÓPRIO GOVERNO KLEBER QUE FÊ-LO CAIR ANTES DA PANDEMIA

Na sexta-feira passada, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi à sua rede social para dizer que havia sextado e com uma boa notícia. “O nosso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) aumentou! Tivemos a melhor média da história de Gaspar“. Uau! E citou várias parcerias e ações no ambiente digital que custam dinheiro, impressionam e não resolvem o básico do básico. Resumindo: temos tecnologia para alguns – o que não deixa de ser um avanço e um experimento -, mas, por outro lado, faltam ensino de verdade, vagas, e perspectivas e inclusão digital para a maioria dos alunos.

Esqueceu o prefeito Kleber de dizer na mesma postagem que neste mundo de maravilhas e comemorações dele e dos seus, que faltam vagas em creches, as que estão em meio-período – como se mães e pais trabalhadores só trabalhassem por meio-período para suportar a grossa inflação correndo os seus ganhos – estão excluídas de um processo de educação normal; que faltam até vagas na educação básica que se quer repassar para o governo do estado como acontece na Arnoldo Agenor Zimmermann, no Bela Vista; que faltam escolas em período integral, que faltam o básico quando não se tem o tempo integral; ou seja o contraturno, ou até do que ainda é luxo, a experiência da escola bilingue. Isto sem falar na deficiente merenda escolar terceirizada e que se resiste em colocar o olho fiscalizador nessa coisa bem enrolada e contra a nutrição, a saúde e desempenho das crianças nas escolas de Gaspar.

Muito mais do que isso. Kleber esqueceu de dizer o que e como fará para superar este hiato de necessidades urgentes e evidentes, bem como em que prazo. São seis anos da mesmice. E na secretaria demaior Orçamento do município. A ladainha de se autoelogiar, naquilo que é uma mancha no ensino local, continuou nesta terça-feira na Câmara. Lá foi o secretário Emerson Antunes, jornalista e curioso na área, indicação política religiosa para preencher uma vaga do PSD e de mando do deputado Ismael dos Santos.

A imprensa daqui limitou-se a reproduzir à euforia fake. Parece desconhecer a realidade contra o futuro e jovens, feita por políticos no poder de plantão.

Realmente as notas, em tese, melhoraram ao retrocesso e ao desastre que se tinha. Mas, continuam fora da curva e contra crianças e jovens.

E por quê? É que há um truque aí. E não só aqui, mas no Brasil como um todo, o Brasil da pandemia e do desmanche técnico do Ministério da Educação de Jair Messias Bolsonaro, PL, e que tornou tudo mais atrasado nesta área, ou seja contra o futuro em si e contra o conhecimento que fará a diferença dos nossos alunos de hoje no amanhã deles. Para mostrar que não se trata mais uma implicância minha nesta área, colo ao final do meu comentário, um artigo publicado na sexta-feira passada no jornal Folha de S. Paulo. Este tipo de artigo percorreu em diversos veículos de comunicação, ONGS, Institutos, todos com o mesmo resultado, vários comentários de especialistas nesta área. Eles explicam o truque.

A média das séries do Fundamental Inicial (5ª série) no municipal, Gaspar ficou 6.4 no Fundamental Finais (9ª série), 5,3. Elas, vejam só, e vale salientar, já tinha atingido no passado este patamar. Todavia, com Kleber, elas regrediram para 6,2 e 4,9 respectivamente. Mais. Nas comparações, ficamos nas médias catarinenses, mas ainda muito pouco quando se faz coteja com municípios da mesma importância do que o nosso. Então estão sextando e comemorando exatamente o quê?

A trucagem é ainda maior, porque a comemoração de Kleber é exatamente em relação ao Ideb anterior, sem pandemia, da sua ex-secretária de Educação e que se tornou vereadora, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB. E ela não se sente envergonhada do resultado que produziu contra o seu próprio currículo de educadora. Então, quando “comemora” à suposta melhoria do Ideb dentro de Gaspar, ao mesmo tempo, Kleber aponta para o responsável deste desastre anterior contra o futuro das crianças. Ou seja, no fundo é ele próprio, o prefeito. É ele quem escolhe o secretário da educação e deu aval por quatro anos para uma política, que quando medida pelo Ideb, mostrou-se desastrosa aos nossos estudantes.

Alguma coisa de diferente do que sempre escrevi aqui? Estou, infelizmente, de alma lavada mais uma vez. E mais uma vez com dados públicos que não podem ser escondidos, manipulados… Eu que sou fruto da escola pública de qualidade e da pluralidade, a que me fez estar incluso nas disputas de sobrevivência no mercado de trabalho, da vida e da inovação. Estão comemorando exatamente o quê? O erro e da má escolha do passado, bem como o método de se passar a mão da cabeça do político amigo como se isso não tivesse consequência na vida das outras pessoas? Acorda, Gaspar!

APROVAÇÃO AUTOMÁTICA NA PANDEMIA DISTORCE RESULTADOS DO IDEB

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Isabela Palhares, Paulo Saldaña, Willian Cardoso. A orientação seguida por redes de ensino de não reprovarem alunos durante o fechamento das escolas na pandemia causou uma distorção no principal termômetro da educação brasileira, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Pesar de uma queda generalizada de aprendizado, o indicado de 2021 cresceu nos anos finais do Ensino Fundamental e no ensino médio. Isso ocorreu porque o Ideb combina taxas de aprovação com a prova do Saeb, de português e matemática. A taxa de aprovação nos anos finais do ensino fundamental em 2021 ficou em 95,2%, ante uma taxa de 88,6% em 2019, antes da pandemia.

O Ideb 2021 do país no ensino médio foi de 4,2 – em 2019, era de 3,9. Apesar do aumento no indicador, o desempenho dos estudantes piorou em matemática (a nota passou de 278,5 para 271) e português (foi de 279,5 para 275,9). A taxa de reprovação nessa etapa, caiu de 10% para 4,6%, nesse período.

O mesmo aconteceu com os anos finais do ensino fundamental (do 5º ao 9º ano). O Ideb subiu de 4,7 para 5,1 em 2021. O resultado foi puxado pela redução da reprovação (de 6,9% para 2,2%). Já o desempenho dos estudantes nas provas também piorou em matemática (passou de 265,1 para 258,6) e português (foi de 262,3 para 260,4).

Com o fechamento das escolas, a maioria das redes de ensino implementou uma política de aprovação de todos os seus estudantes, como forma de evitar punição àqueles que não tiveram condições de acompanhar as aulas remotas.
Ainda que a medida tenha como objetivo não prejudicar os estudantes, ela tem impacto direto nas taxas de aprovação e provocou um aumento artificial do Ideb.

Especialistas e entidades da área alertam que distorções artificiais nesses dois componentes do Ideb mascaram as desigualdades educacionais –que foram ampliadas neste período.

A mudança na forma de aprovação seguiu diretrizes do CNE (Conselho Nacional de Educação), já que, com a suspensão das atividades presenciais, as escolas tinham dificuldade de acompanhar a frequência dos alunos.

Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do CNE, fez um alerta nesta sexta-feira (16), durante a divulgação dos dados. Para ela, os resultados dessa edição não devem ser comparados aos de anos anteriores, exatamente pelas distorções na taxa de aprovação.

“A comparabilidade com anos anteriores deve ser evitada, porque os resultados foram impactados pela mudança na aprovação dos estudantes. Essa mudança seguiu um parecer do CNE, que recomendou a promoção dos alunos para evitar que fossem ainda mais prejudicados. Isso, com certeza, afeta o indicador”, disse.

O Instituto Unibanco também destacou que algumas redes de ensino adotaram em 2021 mecanismos de matrícula automática por conta das recomendações de distanciamento social. Assim, alunos que abandonaram os estudos em 2020 podem ter aparecido nos registros do ano seguinte, camuflando assim a evasão escolar.

“Verificar o quanto decisões operacionais das redes podem ter inflado os dados de aprovação é crucial para uma melhor compreensão dos resultados de 2021”, diz nota do instituto.

Outro fator que pode ter inflado artificialmente o Ideb 2021 foi a menor participação dos estudantes na prova.

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao Ministério da Educação, divulgou que a taxa de participação na prova foi significativamente menor que em anos anteriores. Na edição de 2021, participaram da avaliação 70,7% dos alunos previstos – em 2019, última prova realizada, o índice foi de 80,9%.

As provas foram aplicadas entre novembro e dezembro de 2021, período em que muitas escolas públicas do país ainda não tinham voltado às aulas presenciais ou estavam iniciando gradativamente esse retorno.

Uma pesquisa feita pelo Datafolha, em outubro daquele ano, mostrou que a reabertura das escolas ocorria em ritmo desigual no país, deixando alunos negros e pobres mais tempo fora das salas de aula.

Ou seja, parcela importante dos estudantes mais vulneráveis e que tiveram mais dificuldade para acompanhar as atividades remotas ficou de fora da avaliação.

Em abril de 2021, a equipe técnica do Inep já demonstrava preocupação com a possibilidade da exclusão de parte dos alunos mais vulneráveis influenciar os resultados do Ideb.

“A ausência dos alunos pode criar vieses de interpretação da real condição do processo de ensino-aprendizagem nas escolas de todo o Brasil, ao longo dos últimos dois anos, com possíveis impactos na série histórica do Saeb”, dizia nota do órgão.

O Todos Pela Educação destaca também que, em edições passadas, as redes de ensino faziam um trabalho prévio com os estudantes para incentivá-los a participar da prova do Saeb. “Em um contexto de ensino remoto ou de retorno gradual ao presencial, que ocorreu de forma muito desigual entre as redes, a comparação com resultados passados também fica muito prejudicada”, diz nota técnica da entidade.

O Ideb foi formulado com a combinação desses dois fatores (desempenho nas avaliações e aprovação escolar) para equilibrar as duas dimensões e evitar distorções provocadas por políticas que pudessem tentar mudar artificialmente o indicador.

Assim, se uma rede de ensino reprovar seus alunos para obter maiores resultados na avaliação do Saeb, o fator fluxo escolar seria prejudicado. Se, ao contrário, a rede apressar a aprovação de alunos com baixo desempenho, o resultado das avaliações também seria prejudicado.

ENTENDA O IDEB


O que é?


O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica foi criado pelo Inep em 2007 para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

O indicador é calculado para cada escola, município e estado.

Como é calculado?


O Ideb é formado por dois fatores:

desempenho dos estudantes no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica); as provas de matemática e português são aplicadas a cada dois anos
taxas de aprovação escolar
Com esses dois componentes é calculado o índice, que varia de 0 a 10.

O Ideb estabelece alguma meta?

Sim. Quando o indicador foi criado, ficou estabelecido que a média 6 seria o objetivo. Na ocasião, foi considerado que essa média corresponderia ao sistema educacional dos países desenvolvidos.

Quais são os mecanismos para evitar distorções no índice?

O Ideb foi criado equilibrando duas dimensões (nota do Saeb e tava de aprovação) para evitar que medidas pudessem alterar artificialmente o indicador.

Por exemplo: se uma rede de ensino reprovar seus alunos com mais dificuldades para obter maiores resultados na avaliação do Saeb, o fator fluxo fica prejudicado.

Se, ao contrário, a rede forçar a aprovação de alunos com baixo desempenho, o resultado do indicador também será prejudicado.

Por que o resultado do índice foi atrapalhado na pandemia?

Como as redes de ensino seguiram a orientação de não reprovarem alunos durante o fechamento de escolas, esse componente do Ideb foi comprometido. Com a taxa de aprovação maior, o indicador de 2021 cresceu, apesar da queda generalizada de aprendizado apontada pelos resultados das provas do Saeb.

Minha nota pos scriptum. Leiam os dois artigos sobre a mesma questão que postei na área de comentários. Eles se complementam ao que expus até aqui. Não se trata de azedume, mas de abrir o debate sobre algo que está em mudança e atualização, mas que na Freguesia de São Pedro insistimos em ficar no século passado.

TRAPICHE

A ida do secretário Emerson Antunes, Educação, à Câmara para dar a notícia e comemorar, serviu para reafirmar de que nada mudou e não mudará neste ambiente fundamental para a vida de crianças e jovens gasparenses. A vereadora Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, parabenizou o secretário por ele ter dado continuidade à política dela na secretaria. Meu Deus!

E quando se esperava coisa diferente, de gente que pode ver números, escuta-se de outra técnica da área e suplente de vereadora Rafaele Vancini, MDB, a mesma voz de apoio ao que se atrasou e se tornou um nicho políticos a favor do atraso e batendo palmas entre e para eles mesmos. Impressionante!

O secretário que já foi lá na Câmara para se desculpar – bem a contragosto, resistindo o quanto pode – quando a cidade lhe pedia a cabeça por ofender o ensino público – que está como gestor – e diminuir o exemplo e o mais antigo colégio estadual, Honório Miranda, não soube precisar quando as crianças de creche Irmã Cecília Venturi, no Belchior Alto, Distrito do Belchior, deixarão de ter água das chuvas nas suas cabeças. Então comemorar o que? E olha que já se gastou R$30 mil para resolver este problema. Então…

Enquanto a cúpula da secretaria de Educação de Gaspar for tocada por grupos de empoderamento partidários e não houver gratificação por méritos e desempenho de resultados verdadeiros a favor dos estudantes nas salas de aula, teremos apenas cenas como as de sexta e terça-feira. Mas, isto, os políticos travestidos de educadores nem querem ouvir falar. Perdem os verdadeiros dedicados professores. Perdem a sociedade como um todo. Perdem as crianças e jovens, o nosso futuro. Nem mais, nem menos. Acorda, Gaspar!

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4 comentários em “SAIU O IDEB DE GASPAR. AS COMEMORAÇÕES SÃO CILADAS. E CONTRA O PRÓPRIO GOVERNO KLEBER QUE FÊ-LO CAIR ANTES DA PANDEMIA”

  1. Para os “çábios” no poder de plantão de Gaspar lerem – se puderem – e refletirem – se capazes disso. Educação não se faz no partido e na panelinha de gente empoleirada em cargos comissionados e disputando vagas fora da sala de aula. Afinal a quem interessa que um aluno do quinto ano do ensino fundamental não saiba distinguir o que é um círculo ou um triângulo? Pelo amor de Deus! E Deus está nesta história do atraso também pois ele agora é parte da política partidária entre nós.

    IDEB CHAMA À ATENÇÃO PARA DESIGUALDADES NA EDUCAÇÃO E CULTURA DO FRACASSO ESCOLAR, por Anna Helena Altenfelder, pedagoga, doutora em psicologia da educação (PUC-SP) e presidente do conselho de administração do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária) e por Romualdo Portela de Oliveira, Diretor de pesquisa e avaliação do Cenpec, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo

    Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Ideb) e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021 apresentados nesta sexta-feira (16) reforçam o cenário de acirramento das desigualdades educacionais já revelado em outros estudos e pesquisas que avaliam a educação do país.

    Mesmo assim, alguns pontos merecem atenção para projetar o debate a um outro nível de entendimento sobre a situação enfrentada pelas equipes escolares, as famílias e as(os) estudantes.

    O primeiro deles diz respeito à cautela na leitura desses dados, amplamente sublinhada pela imprensa na cobertura deste ano. Além da baixa participação de estudantes no Saeb em função da suspensão das aulas, um número significativo de redes e sistemas de ensino seguiu a recomendação do Conselho Nacional de Educação de não reprovar alunas e alunos devido à pandemia, o que acabou incidindo na taxa do Ideb.

    É importante ressaltar que temos uma compreensão problemática sobre o fenômeno da reprovação, que esbarra na visão da repetência como estratégia para qualificar o ensino, quando, na verdade, o que acontece é exatamente o contrário.

    Estamos presos a uma cultura do fracasso escolar que naturaliza que determinados estudantes, devido à sua cor, nível socioeconômico ou território de origem, não aprendam e sejam reprovados, o que agrava ainda mais a evasão e o abandono de meninas e meninos da escola.

    O fato de termos tido uma aprovação mais ampla em 2021 permitiu que o Ideb refletisse de forma mais acurada a condição do aprendizado de estudantes, uma vez que, com uma maior padronização dos indicadores de rendimento, o Ideb tende a refletir mais os resultados de aprendizagem.

    Outro ponto de alerta recai justamente sobre essa questão da aprendizagem no ensino fundamental, que já no levantamento de 2019 dava sinais de atenção e, agora com a pandemia, retrocedeu a patamares de mais de dez anos atrás.

    Como mostram os dados do Saeb 2021, dobrou o percentual de crianças do 2º ano do fundamental que não sabem ler e escrever – de 15% em 2019 saltamos para 34% em 2021. Em matemática, 2 de cada 10 estudantes não sabem somar e subtrair.

    Não obstante temos no 5º ano do ensino fundamental 38,9% dos estudantes que chegam a essa série sem conseguir identificar figuras geométricas, a exemplo de triângulo ou círculo. Em 2019, tínhamos 30,3% de meninas e meninos nesse patamar em matemática.

    E quem são essas alunas e alunos com dificuldades de aprendizagem? Diversos estudos já realizados dão pistas para concluir que são os mais vulneráveis: meninas e os meninos pobres, pretos e pardos e que vivem nas periferias dos centros urbanos ou nas zonas rurais.

    Não por acaso, foram também esses grupos os mais impactados durante a pandemia com a interrupção das aulas, a falta de conectividade, e tantos outros fatores que comprometeram o acesso digno à educação.

    Em nosso último ponto, destacamos a importância de considerar no próximo Ideb (cuja elaboração já está em discussão) a questão da desigualdade em seus indicadores. Isso será fundamental para enxergar de verdade os desafios enfrentados pelas redes de ensino e pelas escolas, além de poder auxiliar na formulação de ações efetivas de curto, médio e longo prazo, realizadas por todos os níveis da federação.

    A garantia da aprendizagem e o combate às desigualdades educacionais devem ser prioridades e empenho de esforços de todas e todos neste momento.

  2. Atenção aos políticos pais do atraso da meia creche em Gaspar como Kleber, Emerson e principalmente Zilma Mônica Sansão Benevenutti, MDB, que se é educadora.

    STF SEM EDUCAÇÃO, por Thiago Amparo, Advogado, é professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP. Doutor pela Central European University (Budapeste), escreve sobre direitos e discriminação, no jornal Folha de S. Paulo

    Foge à atenção do país que o Supremo Tribunal Federal esteja debatendo nesta semana se o direito à creche e a pré-escolas de crianças de zero a cinco anos de idade é um direito subjetivo fundamental para valer ou floreio dispensável ao prazer do administrador municipal. Tema fundamental, com pouco escrutínio. O caso (RE 1008166), originário de Santa Catarina, mas de repercussão geral, debate a obrigação de assegurar vaga em creche e se seria possível impor ou não tal gasto público.

    Não cabe trivializar o debate sobre custo das creches, mas sim de qualificá-lo. Análises econômicas que não contabilizem o papel positivo das creches em reduzir desigualdades – facilitando o acesso de mulheres ao trabalho formal e reduzindo o impacto do cuidado não remunerado que sobre elas recai – são tudo menos análises econômicas sérias.

    Na pandemia, 650 mil crianças saíram da escola – número menor na escola pública, o que revela sua importância para as famílias mais pobres. Sem a externalidade do Judiciário, STF inclusive, municípios emularão o governo federal: em 2021, Bolsonaro tirou 80% dos recursos para creches.

    A bússola está tão descontrolada que tendemos a esquecer que o Supremo é conservador em direitos sociais, haja vista os casos sobre terceirização e piso salarial da enfermagem. Quando o assunto são os mais pobres, a autopercepção do STF como paladino iluminista da justiça esconde nas entrelinhas de uma linguagem grandiosa critérios que existem apenas nas mentes das excelências.

    No caso em questão, até agora, os ministros do STF estabelecem como critério que a família sem creche prove que não consegue pagar uma instituição privada, condição esse que inexiste no direito brasileiro e, ao cabo, serve de desincentivo aos mais pobres, é subjetiva e gera empecilho probatório. Que o STF lembre que sua decisão impacta crianças reais, não abstratas, data vênia a grandiloquência de suas falas que não tiram direitos do papel.

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