A GOVERNO KLEBER E OS SEUS NA CÂMARA DE GASPAR ARMAM A CPI DA PIZZA E OBRIGAM OS CIDADÃOS A COMÊ-LA NO SABOR AMARGO QUE ESCOLHERAM

Este comentário foi atualizado, revisado e modificado parcialmente às 10h33min, deste sexta-feira dia 07.04.23. Leia novamente. Escrevi na segunda e terça-feira de que a sessão desta semana na Câmara de Gaspar seria um espetáculo. E foi. Deprimente. Outra vez. O melhor dela, foram os vídeos e a foto – que ilustra a abertura deste artigo . Elas correram as redes sociais não só da cidade mas em Florianópolis e alguns órgãos de fiscalizações. Ufa! As pizzas foram pagas e levadas a plenário – para irritação dos governistas – por um pessoal ligado à causa bolsonarista do PL, entre eles Eder Muller e Demetrius Wolff. Já o ex-candidato Rodrigo Boeing Althoff e o presidente da Comissão provisória do PL daqui, Bernardo Leonardo Spengler Filho, mais uma vez, ou ao deputado Ivan Naatz que plantou ou vice-prefeito Marcelo de Souza Brick no partido, ficaram bem longe dos protestos. Vão aparecer na hora da premiação.

Continuando.

Distribuiu-se e se comeram às fartas fatias (e dizem, saborosas) de pizzas durante os discursos do escalado de última hora – porque ninguém na Bancada do Amém queria esta missão suicida – pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e os implicados nas dúvidas e nos vídeos-áudios, o “novo” velho líder governo, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB. 

Anhaia – que já foi um petista de carteirinha – saiu às pressas da curtíssima temporada na secretaria de Planejamento Territorial – onde estava exilado porque não se deu bem na Chefia de Gabinete e lá na secretaria de Planejamento Territorial, não entendia de nada do riscado. Na noite desta terça-feira Anhaia defendeu o indefensável. Deixou a entender, pelas falas desconectadas e o ranço que exalou, que nem preparado adequadamente estava para desmontar à fragilíssima oposição e que se agigantou diante de tanta imprudência e falta de cuidado dos governistas na condução deste assunto delicado, tudo para esconder o que não se sabe bem o quê. 

Se não estava despreparado, pior ainda. Anhaia não conseguiu mostrar argumentos capazes de derrubarem às duras críticas que circulam na cidade contra o governo de Kleber e abafado, sistematicamente, e há anos, pela Bancada do Amém e imprensa, bem como à passividade dos órgãos de fiscalização e investigação. “Engraçado! Até ontem o PT e o PL eram inimigos aqui nesta Casa, na cidade e sob o meu testemunho, na defesa de Lula e de Bolsonaro. Agora são amiguinhos?“.

Ao contrário do que pergunta e argumenta sem criatividade Anhaia para a sua plateia de mudos na Câmara achando que com isso se livram desta craca, apenas este fato bem mencionado por Anhaia, por si só, mostra como o governo Kleber conseguiu unir vozes opostas contra às dúvidas do governo dele. Inacreditável! Elas campeiam pela cidade há anos e estão em quase todos os setores do governo.

Vangloriando-se do tal “corpo fechado”, estas dúvidas não conseguem ser esclarecidas, minimamente, pelo próprio governo Kleber, não estão sendo alcançadas pela Câmara algemada pelo governo Kleber – como é o “misterioso” caso do Hospital comedor de muito dinheiro público sem retorno na mesma proporção para a população -, os graves problemas do Plano Diretor, do Meio Ambiente, da Educação entre outros, perante os órgãos de fiscalização como os Tribunais de Contas do Estado e o da União, e de investigação como o Gaeco e principalmente, o Ministério Público. Agora, no mesmo modelo de velório, Anhaia está fazendo de tudo para enterrar mais uma CPI criada, vejam só, marotamente pelo próprio Kleber com esta finalidade: não dar em nada e se ter um recibo de vítima de opositores.

O governo monta uma CPI com os seus para investigar ele próprio?  É uma coisa que dá para desconfiar” perguntou e respondeu o vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, desnudando e debochando das intenções dos “cábios” de Kleber e do poder de plantão. “Eles pensam que o povo é bobo“, resumiu na mesma linha de questionamentos e que divertiram a plateia presente, o vereador Alexsandro Burnier, PL.

Quando Anhaia, que voltou à Câmara por ser um pitbull – que fala grosso e permanentemente, mesmo não tendo razão e o governo precisa de alguém acuando verbalmente dois dos onze vereadores -, na verdade, ele tentou desmoralizar um requerimento feito pelo o vereador Dionísio, há quase um mês com o voto de Alexsandro. 

Nele, Dionísio pedia para secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, comparecer em reunião, quase privada, de uma comissão da Câmara, para dar explicações sobre os vídeos-áudios. O tal requerimento – num ato pouco usual na Câmara de Gaspar, esclareça-se e aí o espanto de que se tinha algo errado, tudo tomando as proporções e mais divulgação naquilo que se têm hoje e quase sem controle – foi  rejeitado por todos governistas na Bancada do Amém: dez votos a dois (o presidente Ciro André Quintino, MDB, não vota, a não ser e em empate e nada se empatou; mas Ciro também não se manifestou a favor do requerimento e agora corre atrás do prejuízo assinado a CPI para ao menos ter propaganda, memes e cartas de negociação). 

No discurso Anhaia questiona à suposta e estranha união do PT com o PL, só à intenção de colar neles antagônicos laços ideológicos – e inexistentes – entre ambos. Anhaia tentou desmoralizar o vereador Alexandro. Ele com Dionísio, mostra à farsa que Kleber, seus “çábios”, o marketing, o MDB, PP, PSD, PDT e PSDB montaram contra a cidade, cidadãos e cidadãs. Tudo para se construir uma narrativa que os deixem bem na fita novamente. Filme repetido. Se há um interesse comum entre o PT e o PL, ao menos neste momento, é o esclarecimento disto tudo, como ambos deixam claro nos discursos que fazem e incomodam Kleber, os seus e os implicados nas gravações.

Agora, virá a segunda parte do espetáculo com a CPI em funcionamento: consolidar o desvio de foco das acusações, inocentar quem está na linha de tiro, encontrar outros culpados que não tenham pretensão políticas e finalmente, enterrá-la. Uma observação: Anhaia só aceitou este papel de defensor do indefensável pois não pretende concorrer mais a vereador. E para os votos dele que minguaram na Margem Esquerda, já está escalado o outro faz tudo de Kleber, Roni Jean Muller, MDB.

Retomando outra vez.

O Kleber e a Câmara com o MDB, PP e o PDT que voltou a cena com o mesmo Roberto Procópio de Souza, já fizeram igual no passado. Enterraram com com apenas os votos de Francisco Hostins Júnior, MDB, Procópio , contra as dúvidas de contratação e execução do drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho. Foi um nó regimental espetacular que deram no presidente daquela CPI, Dionísio – o proponente da CPI -, e o relator, o ex-vereador Cícero Giovane Amaro, sem partido, na época do PSD. A execução daquela obra foi feita pela prefeitura e o Samae. E ele era tocado mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. O seja, não podia ter outro desfecho mais previsível. Tão previsível como se quer com esta nova CPI.

O despreparo de Anhaia e à falta de argumentação do governo Kleber eram tão visíveis e espantosas que só agora, depois deste blog esclarecer os leitores e leitoras desde as semana passada, o próprio líder do governo Kleber admite – sob o silêncio de Procópio e calado a sessão inteira – que o vídeo-áudio usado para fundamentar esta CPI não possui objeto: afinal a empreiteira Pacopedra fez obra citada como sendo parte da propina num ambiente praticamente particular. “Não se tem dinheiro público e licitação“, bem argumentou Anhaia. Então por que Kleber, Procópio e a Bancada do Amém inventaram este espetáculo e escolheram exatamente um fato que a torna inviável no resultado de encontrar irregularidade, propor punições nos órgãos de denúncias como o MP e ao mesmo tempo, como cortina de fumaça, deixaram passar outros verdadeiramente cabulosos e que poderiam dar em alguma coisa contra os que estão ou gravitam na administração de Kleber e do vice Marcelo?

Se há tanta inocência, qual mesmo é a razão pela qual o faz tudo no governo de Kleber, e irmão de templo, Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB, conhecido por enfrentar e confrontar, pediu o boné e está escondido, esperando a poeira baixar, para não explicar nada e aí voltar à tona? Aí tem gato nesta tuba. E escolheram exatamente e na medida certa, a tuba sem gato, para tocar afinadamente uma música já conhecida neste assunto.

Muito bem! Se não há dinheiro público e licitação, qual foi mesmo à razão do governista, ex-funcionário de Kleber – a mulher do vereador continua em cargo comissionado – propor a CPI e todos os vereadores governistas assiná-la – faltava a de Ciro; pediu para incluí-la, na última sessão, diante de tantos questionamentos que recebeu? A resposta é simples: tumultuar, esconder o que está ameaçando vir à público e complicar uma eleição, aparentemente já complicada no ano que vem e para os do poder de plantão. Como escrevi em artigo há duas semanas sob ensinamento de Chacrinha, o Velho Guerreiro, esta CPI veio para confundir e não para esclarecer a população. Nem mais, nem menos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O governador Jorginho Mello, PL, teve um gesto pouco usual entre os nossos governantes. Orientado, veio a Blumenau, prestar solidariedade às famílias e à comunidade blumenauense nas quatro mortes e cinco crianças feridas, estas já em recuperação, na Creche Cantinho Bom Pastor. Ela fica no início da Rua dos Caçadores, Bairro da Velha, em Blumenau, pertencente a MEUC – Missão União Evangélica Cristã. Definitivamente ganhou pontos. Mais do que isso: saiu do discurso.

Por outro lado, o gesto e a tragédia serviram para alertar sobre uma doença grave que acontece à nossa sociedade. Não é o primeiro caso em Santa Catarina. Nem no Brasil. Não serão os últimos se ficarmos assistindo-os. Eles envolvem jovens e podem estar ligados a vários fatores emocionais, psicológicos e estruturais dos novos tempos.

A cada tragédia – que não é brasileira, nem catarinense, vários especialistas estão nos advertindo que vai da falta de tempo dos pais com os seus filhos, a terceirização da educação – não da transmissão de conhecimento – até a influência incontrolável no acesso aos conteúdos na internet, cada vezes mais espantosos. A negação da ciência, da moral e da vida é um deles.

Há quem culpe os games. Na mesma linha, eles tratam a vida como meros alvos a serem eliminados, friamente, só para se conseguir pontuação e até vencer adversários. O bom disso tudo, em Blumenau, ao menos, é que não se politizou – Jorginho esqueceu que Mário Hildebrandt, Podemos, que está pegando no seu pé pelas verbas que estão travadas em Florianópolis e ambos só trataram da dor de todos nós e supostamente como resolvê-las.

As mortes, a brutalidade, a forma bem como à necessária busca de ao menos se saber o que está acontecendo, foi além da tradicional solidariedade e choque. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, que também se interessou diretamente pelo caso. Como consequência direta, ontem mesmo foram liberados R$150 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para rondas nas escolas. É pouco! E ao mesmo equivocada. Está se trocando pais, professores e psicólogos – e é preciso cada vez mais deles nas escolas e salas – por policiais, a máfia de seguranças privados onde os contratos comem dinheiro que deveria estar na pedagogia, na formação humana.

A segurança externa e interna nas escolas e creches pode, pode, repito, ser uma alternativa imediata. Entretanto, a longo prazo não é exatamente isso que se precisa como solução. Precisamos da cura deste mal. E quem diz que este monstro não é fruto de algo não diagnosticado, de marcas da vida sobre sua formação. Ou seja, a solução não está ligada necessariamente em mais policiamento e sim, em entender e atuar sobre os novos comportamentos humanos, incluindo os dos pais no difícil relacionamento com os filhos nos dias de hoje ou nas marcas que eles deixam em seus rebentos. Nada é fácil. Fui filho. Sou pai. Não tenho queixas. Mas, tudo são consequências. Freud e outros explicam…

E qual a notícia triste? Uma expressiva parte da imprensa nacional dominada pela esquerda do atraso inventou moda via os seus sindicatos e redações. Ela está se justificando na razão pela qual está escondendo o nome – e foto – do monstro. Qual a marota a justificativa da imprensa que deixa de exercer o seu papel social? A de não dar holofotes e assim torná-lo “herói” ou espelho para outros com o mesmo viés doentio repetir este tipo de crime.

É bem coisa de quem deixa à essência da notícia para travesti-la de mandato ideológico. A mesma imprensa que “protege” um monstro que com pretexto de não lhe dar palco e julgamento antecipado, esconde seus políticos e poderosos de estimação para que não saibamos nada deles, para que tudo continua continue tão podre e mais ardiloso como está.

A sociedade possui o direito de saber quem são os que desafiam a ordem pública e não conseguem conviver com as regras morais e legais dela, nem ao menos respeitar as vidas de crianças em ambientes de proteção (uma creche maternal), iluminação (a vida em si, sabendo-se que são o primeiro e muitas vezes filho único) e educação (comportamento e conhecimento).

O assassino da creche de Blumenau é o paranaense de 25 anos, morador de Blumenau, motoboy, com várias passagens pela polícia, Luiz Henrique de Lima. O aparelho do estado errou ao não pressentir que ele era um perigo e o tratou como um simples delinquente. Tratou como um caso de polícia. A polícia repressora e não exatamente protetora da sociedade. Os psiquiatras e psicólogos deveriam ser parte desta polícia nos dias de hoje. Tudo evoluiu. Menos na polícia.

Por fim, esta mesma imprensa que sonega – sob argumentos próprios e escrotos – a publicação da identidade de um monstro, de forma acertada, expõe os agressores e assassinos de mulheres, vejam bem, sob o contraditório – dela e não meu – para que outros possíveis agressores fiquem inibidos, ou constrangidos na sua sanha de pretérita agressão contra outras mulheres e gêneros trans. Vá entender esta gente intelectualmente comprometida e incoerente naquilo que impõe ou pratica.

Trânsito em Gaspar virado num alho. Quarta-feira, perto das 16 horas, na região norte de Blumenau, duas camionetas da Ditran em comboio por lá. Gasparenses que trabalham por lá viram e registraram. E matutando…

Outro coringa. Onde há problemas, lá está ela, guardando vaga e sendo o ouvido e o olho do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. E não é de hoje. Josiele Cristina Casanova vive à dança em locais bem posicionados no gabinete e secretarias relevantes em Gaspar. E isto foge ao radar tantos dos munícipes como dos órgãos de fiscalização e investigações.

Há pouco mais de um mês quando o prefeito se livrou do vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, na chefia de Gabinete, colocou no lugar dele, Josiele. Agora, com a diminuição de status e à apressada nomeação do ex-secretário de Obras e Serviços Urbanos, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, para a Chefia de Gabinete, Josiele saiu de lá e foi dar, vejam só, como secretaria adjunta da poderosa secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, onde estava como titular Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB.

Quando você sai cedo do serviço tem as horas descontadas. Deveria ser assim na Câmara de Gaspar. Só há uma sessão por semana. Elas não duram nem uma hora e meia. E mesmo assim, é comum muitos deles – e quase os mesmos – saírem cedo. Na última sessão, a fila começou bem no início com o mais longevo – sete legislaturas – e vice-presidente da Câmara, José Hilário Melato. Disse que tinha um compromisso de representação da Câmara. Mas, não esclareceu qual. Então… Na verdade, escaldado, fugiu do foco da CPI.

Como exemplo vem de cima, depois sairam o suplente Norberto dos Santos, MDB, e mais tarde, Alexsandro Burnier, PL. Ele já tinha se fartado das pizzas que o seu PL levou para o plenário e desmoralizar a Bancada do Amém.

Começaram as obras de recuperação da barranca do ribeirão Gaspar Mirim, onde se comia as ruas José Rafael Schmitt e a Barão do Rio Branco, incluindo a cabeceira da ponte. Há um ano, era nada. O relapso da prefeitura permitiu que a erosão evoluísse e se tornasse um problema para ela, a cidade e muitos milhares de reais mais caros. Agora, a Defesa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, PT, deu R$388 mil, naquilo que se estimava ser meio milhão de Reais e deu prazo de 45 para o serviço terminar. A prefeitura ainda não anunciou a contrapartida. Estranha transparência. É uma prática!

Quem está fazendo é a Schroeder & Schmidt, de Indaial, tocada por um ex-gerente da Pacopedra. Como este assunto está super exposto, como é verba federal e o PT daqui está de olho, a empresa que está realizando o trabalho não é – por enquanto – nenhuma que costuma servir o poder de plantão de hoje e do passado. Mesmo assim, já tem gente daqui sendo fornecedor de materiais para o enrocamento da obra. O fiscal da prefeitura nela é um homem de confiança do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, Ricardo Duarte. Para o atraso das obras, o prefeito sempre alegou problemas nas licenças ambientais e na prefeitura que ele manda. Outra enrolação. De uma hora para outra as máquinas entraram lá devastando tudo, para finalmente resolver o problema velho e criado pelo políticos do poder de plantão em Gaspar.

O Republicanos acaba de montar a sua Comissão provisória em Gaspar. Oberdan Barni – o vestido de candidato a prefeito e que surpreende – ficou o presidente. Já Claudir Schramm (empresário) vice. Nas redes sociais, o pai de Oberdan ao postar a nominata desta comissão, Odir, que já foi por longo anos um emedebista roxo ligado ao ex-deputado Federal Mauro Mariani, mandou recados diretos para os daqui que lhe foram cobrar à desistência do filho: “não vou tirar o sonho do meu filho que viveu intensamente na política comigo. Respeito à sua decisão, sabendo das dificuldades que terá pela frente. Abomino ofensas. Precisamos acabar com a velha política, discriminatória e oportunista“.

Trapiche está lotado. Mas, é hora de parar por hoje. Estamos na Semana Santa e vamos levar à morte, mais uma vez na representação, o que para os cristãos é aquele que exatamente veio para nos salvar. Então, por derradeiro, uma pergunta que não quer calar e que os meus eleitores e eleitoras fazem a todos instantes: vão ter mais áudios, ou eram chantagem e já fizeram o acerto entre os que estavam brigados pela perda de poder e os benefícios da farra? Feliz Páscoa. Obrigado pela expressiva audiência dos últimos dias. Demonstração de confiança e credibilidade em quase duas décadas de coluna e blog. Acorda, Gaspar!

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8 comentários em “A GOVERNO KLEBER E OS SEUS NA CÂMARA DE GASPAR ARMAM A CPI DA PIZZA E OBRIGAM OS CIDADÃOS A COMÊ-LA NO SABOR AMARGO QUE ESCOLHERAM”

  1. LULA TRATA ANIVERSÁRIO DE 100 DIAS COMO 3ª POSSE, por Josias de Souza, no UOL

    Ao priorizar o relançamento de programas antigos sem levar à vitrine nada de novo, Lula tornou-se intelectualmente lento. Ao se render incondicionalmente à banda fisiológica do Congresso, revelou-se moralmente ligeiro. Ao retardar a formulação das reformas econômicas, mostrou-se politicamente devagar. Para um presidente que se re-re-reelegeu prometendo ao eleitorado um terceiro mandato muito melhor do que os dois anteriores, qualquer dessas velocidades é um insulto.

    Nesta quinta-feira, ao compartilhar um café da manhã com jornalistas, Lula declarou que está “muito, mas muito, muito, muito satisfeito” com os primeiros resultados do seu governo seminovo. À medida que a conversa avançou, o otimismo do presidente foi esmaecendo. A certa altura, referiu-se ao aniversário dos 100 dias de gestão, a ser festejado nesta segunda-feira, como uma espécie de recomeço, uma “outra fase”, marcada por estímulos à economia.

    Com a recriação de programas como o crédito educativo, a aquisição de alimentos do pequeno agricultor, o Minha Casa, Minha Vida, o Mais Médicos e o Bolsa Família, o governo demonstrou que o futuro era muito melhor antigamente, quando não havia Bolsonaro. Mas o próprio Lula parece admitir que esse amanhã de ontem não corresponde ao futuro genuíno prometido na campanha presidencial como se estivesse ali, na esquina, radioso, pronto para ser apalpado num novo presente.

    A caída em si

    “Não vou ficar mais falando das coisas que nós fizemos. Eu vou começar a falar das coisas que nós vamos fazer daqui para frente”, afirmou Lula aos jornalistas. A frase soou como uma caída em si, uma admissão de que o futuro do pretérito pode produzir desilusão no pedaço da sociedade que apostou no compromisso de que o que viria seria diferente de tudo o que já foi.

    O ajuste do otimismo de Lula à realidade é um bom começo. O problema é que o futuro autêntico é um espaço impreciso. Nele, cabemos todos e cabe tudo, pois, como todo futuro, não pode ser cobrado ou conferido antes de ser construído. E a construção não depende apenas do governo. O próprio Lula admitiu, entre goles de café e mordidas no pão de queijo, que não dispõe de segurança quanto à aprovação de suas reformas no Congresso.

    “É muito difícil pensar num sistema de coalizão política com a quantidade de partidos que nós temos. Com 30 partidos, é muito complicado”, disse Lula, com uma ponta de resignação. Por enquanto, há mais toma lá do que dá cá no relacionamento do Executivo com o Legislativo. Lula lamentou a paralisia congressual provocada pela disputa de poder entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado. “Tenho certeza que os dois vão se colocar de acordo. O país não pode ficar parado.”

    O orgasmo

    A boa notícia é que Lula ainda dispõe de três anos e nove meses para entregar o terceiro mandato consagrador que prometeu. A ótima notícia é que ele exibe disposição para o desafio. Evocou um personagem mítico. “Como dizia o doutor Ulysses Guimarães, a política é como o orgasmo para o ser humano. A gente não consegue viver sem ela.”

    Lula virou um presidente atípico. O destino lhe proporcionou três posses. A primeira, quando subiu a rampa para receber a faixa de representantes da sociedade. A segunda, nas pegadas do 8 de janeiro, quando presidiu uma reunião que parecia impensável. Sentado ao lado dos chefes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, recebeu governadores e representantes de todos os estados, inclusive os de oposição.

    Os visitantes não tinham nenhuma reivindicação. Num desagravo coletivo à democracia, foram prestar solidariedade um dia depois do atentado bolsonarista contra os Três Poderes. Depois de percorrer um salão palaciano destroçado, Lula e os convidados desceram a rampa do Planalto e atravessaram a Praça dos Três Poderes a pé, para inspecionar as ruínas do plenário da Suprema Corte. O Capitólio bolsonarista de 8 de janeiro produziu uma improvável união nacional em torno da defesa da democracia.

    As piores alternativas

    Tomado pelas palavras, Lula parece decidido a converter a celebração dos 100 dias numa terceira posse. Sabe que o fantasma do extremismo político não foi inteiramente exorcizado. A consolidação do processo depende da extensão das punições. Há grande expectativa em relação ao castigo a ser imposto a Bolsonaro nas searas eleitoral e criminal. Dá-se de barato que pelo menos a inelegibilidade do capitão já é fava contada.

    Nenhuma redenção será completa, entretanto, se a nova gestão for um fiasco. O mau desempenho do governo forneceria material para que um mito com pés de barro percorresse a conjuntura como cabo eleitoral de opções antidemocráticas.

    Continua viva a célebre tirada de Churchill sobre a democracia ser o pior regime imaginável com exceção de todos os outros. Não é concebível que, a essa altura, os democratas se esforcem tanto para dar razão a todos os que pregam as alternativas piores.

  2. GOSTARIA DE DISCORRER SOBRE TRÊS ASSUNTOS

    * Novo ensino médio, se for bom ainda não mostrou onde foi ou é bom e a maneira que foi implantado, sem tempo e espaço é tipico de quem não frequenta uma sala de aula, educação tem que ser feito por profissionais da área e não por aventureiros ou sobrinhos.
    Salas de aulas superlotadas um professor precisa;
    * Além de estudar sua disciplina ele precisa alimentar o sistema.
    * Chamada em papel físico.
    * Planejar sua aula para validar a avaliação.
    * Ser e psicólogo, pai e amigo além de professor e se colocar uma palavrinha errada após 12 aulas será severamente punido.
    O ensino médio brasileiro está falido e precisa sofrer uma reforma?
    Não. O ensino médio enfrenta problemas sérios, como, por exemplo, os altos índices de evasão. Mas as razões para esse problema precisam ser procuradas também fora da escola, na vida que a nossa sociedade tem oferecido aos jovens, principalmente os mais pobres, que frequentam as escolas públicas. Para as famílias de baixa renda, tem sido cada vez mais difícil manter os filhos maiores na escola, não só porque o simples ato de ir à escola implica algum custo mas também porque o tempo de estudo muitas vezes precisa ser usado para trabalhar e ajudar em casa. Além disso, a falta de financiamento e de prioridade por parte dos governos faz com que boa parte das escolas públicas esteja sucateada, com problemas de infraestrutura e falta de professores e de outros profissionais da educação. Portanto, a escola pública, principalmente na etapa de formação dos jovens, precisa de mais investimento e de uma relação permanente com outras políticas sociais, problemas que estão muito além do currículo.
    (https://www.epsjv.fiocruz.br/por-que-somos-contra-a-mp-da-reforma-do-ensino-medio)
    SOBRE A CAPITAL DA MODA INFANTIL
    Olha somos a capital da moda infantil, mas não vi um gesto do poder público em se preocupar em proteger as crianças, haja vista o ocorrido na nossa cidade irmã Blumenau no entanto estão sim formando um exercito para combater quem acusa o irmão mão grande.

    SOBRE OS GRAMPOS
    Tinha uma pessoa do outro lado da linha que não pode ficar impune, estava lá, era sabedor e envolvido no caso.
    UMA PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR ?
    E o Ministério Público ainda não sabe de nada, não vai se manifesta?

  3. FUTURO DE LULA DEPENDE DE BC E CONGRESSO, por Vera Magalhães, no jornal O Estado de S. Paulo

    No café da manhã com jornalistas para marcar os primeiros 100 dias de seu terceiro mandato, Lula disse que a próxima obsessão da gestão, tão logo ele volte da China, será em colocar em marcha um ambicioso programa de crédito para destravar o crescimento econômico. Todas as falas do presidente, no entanto, demonstram que ele tem consciência de como a taxa de juros e a inflação ainda não domada são fatores que podem impedir a concretização dessa promessa.

    O desconforto reiterado com o Banco Central e o ruído causado pela declaração a respeito da possibilidade de rever as metas de inflação para propiciar a queda de juros vêm dessa constatação.

    Não é o BC o único obstáculo para que Lula possa, de fato, deixar de olhar para o passado — tanto para as realizações de seus governos anteriores quanto para os embates com Jair Bolsonaro e Sérgio Moro — e passar a falar apenas de futuro e de novas ideias para o Brasil. O Congresso também é um fator de incerteza quanto ao apoio de que o petista dispõe para descortinar esse tal futuro, sobre o qual o próprio governo demonstra não ter total clareza.

    Ao flertar com a ideia de que o governo possa vir a propor o aumento da meta de inflação na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional, Lula acaba criando mais ruído e dificultando que a inflação caminhe para algo mais próximo da meta. Fernando Haddad e Simone Tebet trabalham para fechar o texto do arcabouço fiscal e mandá-lo para o Congresso.

    Avaliam que, tal qual foi desenhada pela Fazenda, a proposta será aprovada, com votos até da oposição. Qual o entrave? Dentro do próprio governo não param as tentativas de mexer no texto, tornando os compromissos fiscais mais frouxos, antes mesmo de o projeto atravessar a Praça dos Três Poderes.

    Quando Lula diz que a reforma do Ensino Médio não será revogada, mas aprimorada, demonstra ter consciência de que o Congresso atual não espelha a pressão dos grupos de esquerda que historicamente militam na Educação. Portanto, não seria possível simplesmente rasgar o que foi aprovado no governo Michel Temer.

    Desenhar o futuro com o qual o presidente se comprometeu depende de que todo o governo caia na real e compreenda esse contexto. Como diria Renato Russo, “o futuro não é mais como era antigamente”. Vale para a possibilidade de fazer política econômica indutora do crescimento depois que Dilma Roussef falhou nesse propósito e gerou recessão histórica, vale para a ideia (passadista, e não futurista) de botar abaixo tudo que foi aprovado nos últimos anos. É preciso remover o entulho imposto por decretos e portarias por Bolsonaro e aceitar que, o que foi aprovado pelo Legislativo, tem legitimidade. E tocar o barco.

    Olhar para a frente, no governo Lula 3, significa investir na agenda de fortalecimento da democracia e no resgate das políticas de direitos humanos e tornar compatível o combate à desigualdade social aprovado nas urnas com a responsabilidade fiscal sem a qual qualquer governo, de esquerda ou de direita, fracassa. E uma das frases cabais de Lula nesta quinta-feira foi: “Não vou fracassar”.

    Assegurar a última premissa depende, por mais que o presidente e setores do PT torçam o nariz para isso, de aprovar um marco fiscal crível, mas não leniente com todo e qualquer gasto.A última tentativa de setores que se opõem a Haddad na Esplanada e seu entorno e excluir do controle de gastos uma série de outras rubricas, inclusive os fundos. A equipe econômica finca o pé na proposta inicial.

    Se quiser deslanchar com seu governo sem ficar preso ao “Coiso”, à “Coisa” e nem ao fantasma da reedição do dilmismo, Lula terá de dar apoio total a Haddad nessa negociação com o Congresso, que não será um passeio no bosque.

  4. Para ler e refletir. O que mais policias dentro e fora das escolas, ou seguranças numa despesas – sem controle e entregue a máfias de corrupção – que devia estar em mais professores evitam tragédias como estas se o cerne dela são cabeças humanas deformadas, que nem muros altos as impedem às suas loucuras?

    QUANDO O CRIMINOSO VAI ALÉM DO CRIME, por Flávio Tavares, no jornal Folha de S. Paulo

    Os crimes aberrantes devem ser recordados para que jamais se repitam. Evitar a repetição, porém, leva a investigar as origens, ir às causas, em especial as difusas e, por isso, diretas ou permanentes, pois, ao serem profundas, não são visíveis.

    Refiro-me a dois crimes aberrantes perpetrados em São Paulo dias atrás, que permanecem atuais pela estarrecedora brutalidade em si.

    Primeiro, em plena sala de aula, um menino de 13 anos assassinou a facadas uma professora de 71 anos e feriu outras três. Logo, como na sequência de um filme de terror, um juiz acorrentava a própria esposa para, a socos e bofetadas, obrigá-la ao ato sexual, num sadismo aberrante substituindo a beleza do erotismo amoroso.

    Ambas as situações disputam a primazia do horror. No primeiro caso, os escabrosos detalhes levam a uma pergunta: em que sociedade vivemos para que um menino imberbe, ainda pré-adolescente, se transforme em requintado criminoso?

    Sim, pois a morte a facadas é requintada em si, exigindo presteza manual e longos segundos para insistir na morte. Não é como um tiro, em que se aperta o gatilho e a bala faz o resto. A facada exige repetição contínua até chegar à morte.

    Mais ainda: como um menino de apenas 13 anos pode ter acumulado desgostos e incertezas em condições de gerar ódio e despertar a maldade de Caim que levamos dentro de nós?

    Trata-se de um caso patológico, de um surto psicótico, dirão todos. A patologia assassina, porém, não nasce ao acaso. Tem raízes profundas no dia a dia, crescendo nas invencionices e mentiras das chamadas redes sociais e naquilo que mais ocupa nosso interesse, que é a televisão. Após o trabalho diário, é a TV que nos dá lazer e descanso, mas nela somos levados a um mundo de violência. As séries televisivas (ou até as novelas com excelente dramaturgia) exibem traições e tiros, e, mesmo com o triunfo do bem, o desenrolar violento passa a habitar nosso inconsciente.

    Nada, no entanto, supera a bala de prata para matar lobisomens e monstros do tipo. A carga tributária no Brasil está em 33,9%. Usando as palavras de Tebet, “para agradar a todos”, em níveis federal, estadual e municipal, será preciso aumentá-la para mais perto de 40%. Ela tem razão, será uma bala de prata no coração do cidadão brasileiro. E, como dizia Bilac: “Criança! não verás país nenhum como este”. Nenhum país do mundo tem uma carga tributária tão pesada, porque ninguém é capaz de suportá-la. A ministra do Planejamento pode planejar um belo discurso fúnebre para a nossa economia. Jorge Alberto Nurkin jorge.nurkin@gmail.com

    São Paulo maldade dos vídeo jogos (que chamamos de video games, em inglês, numa violência verbal ao nosso idioma) em que ganha quem mata mais na tela do celular. A partir da tenra infância, isso se transforma num convite para matar de verdade na vida adulta, pois basta apertar o gatilho…

    Trata-se da banalização da vida em forma contínua, por uma parte, e, por outra, de entronizar o assassinato como normalidade.

    O caso do juiz sádico mostra, além de tudo, outra aberração que espalha seus requintes perversos sobre a sociedade. Pergunto: como pode um magistrado, que vai julgar os demais (definindo o certo e o errado), portar-se de forma aberrante na vida pessoal?

    A exigência de vida “ilibada” não é privativa para a escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal, mas recai logicamente na totalidade dos magistrados. Só assim o Poder Judiciário atenderá à sua verdadeira função.

    Seria insólito que a sociedade tivesse de julgar o comportamento dos magistrados, mas é impossível deixar de aplaudir a decisão do Tribunal de Justiça de suspender das funções o juiz sádico.

    A aberração não pode guiar a intimidade daqueles cuja função seja decidir sobre o comportamento da sociedade. Não se deve exigir que um juiz chegue à perfeição absoluta ou, menos ainda, que se transforme em pequena divindade. Não se pode, porém, admitir o oposto. A aberração é o crime dos crimes, ou a própria perversão da perversidade.

    Existe, no entanto, um componente histórico na formação da violência na vida social e que, de fato, principia na infância da vida familiar. Pergunto: o que são, em verdade e no mais profundo de si, aquelas histórias infantis repetidas ao longo dos anos (ou até dos séculos…) que contam dos perigos do lobo mau que acaba comendo a indefesa vovozinha para quem a netinha levava deliciosos docinhos?

    Não seremos nós mesmos que cultivamos a violência, até sem a perceber?

    As histórias infantis estão abarrotadas (ou infestadas) de medo ou até de horror. Mesmo assim, são transmitidas de geração em geração. A transmissão do horror não pode ser encarada tal qual uma vacina que, ao ser aplicada, nos torna resistentes ao mal e, assim, nos livra da enfermidade que provoca.

    A verbalização do horror acaba nos familiarizando com o próprio horror e, assim, o incorpora ao nosso cotidiano, como se fizesse parte da vida. No caso concreto do juiz sádico, as cenas filmadas com câmeras ocultas mostraram (na televisão) a repetição contínua da brutalidade, com a mulher submetida ao suplício.

    Direta ou indiretamente, tratava-se da antessala do feminicídio, em que a mulher recebia o tratamento de coisa, não de gente, pelo fato único de ser mulher…

    Nada, porém, supera em vileza e terror a tragédia de Blumenau (SC), onde um homem adulto, com uma machadinha, assassinou quatro crianças numa creche, num ato abjeto e inominável em que o criminoso vai além do crime em si.

  5. BAGUNÇA NA EDUCAÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

    Uma confusão se instalou nas escolas do País desde a última segunda-feira, com milhões de alunos sem saber se o atual arranjo curricular decorrente da reforma do ensino médio será mantido ou abandonado. A onda de incerteza se espalhou após o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciar a suspensão do cronograma de implementação da reforma, adiando, de imediato, a adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prevista para vigorar em 2024. O próximo passo, quem sabe, é cumprir a ameaça do presidente Lula da Silva, que avisou que a reforma do ensino médio “não vai ficar do jeito que está”.

    Não se pode condenar quem suspeite que essa ofensiva contra a reforma do ensino médio seja uma vendeta pessoal de Lula e dos petistas contra o ex-presidente Michel Temer, cujo governo lançou a iniciativa. Como se sabe, o PT considera que o impeachment de Dilma Rousseff foi um “golpe” urdido por Temer, então vice-presidente, embora todo o processo tenha respeitado, ipsis litteris, o que vai na Constituição. Como consequência, os petistas entendem que tudo o que foi produzido sob a Presidência de Temer carece de legitimidade e deve ser derrubado. Assim foi com o teto de gastos; assim está sendo com a reforma trabalhista e com a Lei das Estatais; assim será, aparentemente, com a reforma do ensino médio.

    Terra arrasada não é uma boa maneira de fazer política pública, ainda mais numa área tão sensível como a educação, que afeta a vida de crianças e adolescentes de modo muitas vezes irreversível. A reforma do ensino médio não se pretendia perfeita, mas era uma tentativa concreta de reverter um crescente desinteresse dos jovens pela escola, sobretudo porque o currículo e o método não correspondiam às suas expectativas e necessidades.

    A mudança proposta pelo governo Temer, embora tenha sido encaminhada por meio do questionável instrumento da medida provisória, foi debatida no Congresso e convertida em lei – que aumenta a carga horária e a possibilidade de que os alunos escolham disciplinas eletivas agrupadas em itinerários formativos que correspondem a cerca de 40% da carga horária. Se havia ressalvas ao que ali estava sendo proposto, elas poderiam ter sido feitas ao longo do processo legislativo. Debates sobre políticas públicas são sempre necessários, mas é preciso implementar as mudanças aprovadas democraticamente. Se há lei, que se cumpra, sem prejuízo de ajustes e aprimoramentos posteriores.

    Ademais, é bom lembrar que o caminho da implementação da reforma do ensino médio foi bastante acidentado. Não bastasse a pandemia de covid-19, que fechou escolas por muito tempo e depois submeteu os alunos a aulas remotas que lhes despertaram escasso interesse, a educação foi negligenciada de forma sistemática pelo governo de Jair Bolsonaro, mais interessado em censurar professores e em militarizar escolas do que em melhorar a qualidade curricular. Tudo isso, é claro, impede que se tenha um quadro claro, neste momento, sobre os méritos da reforma.

    Revogá-la, contudo, seria um absurdo. Até a reforma, a educação ainda estava submetida à realidade do século passado, num modelo condenado por quase todos os especialistas como atrasado e insatisfatório. Os petistas, que hoje detonam a reforma, tiveram quase 15 anos de governo para mudar essa situação, mas nada fizeram. Como resultado, o ensino médio continuou incapaz de preparar os jovens brasileiros para os desafios do século 21 e para o exercício da cidadania. Não se sabe se a reforma proposta por Temer e agora sabotada pelos satélites lulopetistas é mesmo a melhor resposta para esses desafios, mas ninguém honesto é hoje capaz de dizer que ela fracassou, pois nem sequer está plenamente em vigor.

    O papel do governo, mais que nunca, é apoiar as escolas na implementação da reforma. Especialmente no caso das redes estaduais, que respondem por oito em cada dez alunos de ensino médio no País. O açodamento do governo só serve para gerar instabilidade. Não é assim que se promove um debate sério sobre educação.

  6. COMO METER A MÃO NA PETROBRÁS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

    Luiz Inácio Lula da Silva quer mudanças rápidas na Petrobras. Está irritado com o assunto, dizem assessores próximos. Acha que o governo em geral está lento, que não “deslancha” investimentos e não “implanta medidas” como quer.

    É possível que esse seja um motivo de o ministro de Minas e Energia ter atropelado a direção da Petrobras. Alexandre Silveira chegou a dizer até quanto vai cair o preço do diesel depois de implantada a política que chamou de “PCI” (Preço de Competitividade Interno), em entrevista à Globonews.

    Além de agradar a Lula, Silveira (do PSD) trabalha para ter influência maior na petroleira, em especial no conselho de administração que virá a ser eleito, o que irrita o novo presidente da empresa, Jean Paul Prates (do PT), e sua direção.

    Prates também é a favor de intervenção maior do governo na política de preços da companhia. Mas quer Silveira longe.

    Silveira não pode fazer essas coisas: anunciar decisões comerciais de uma empresa de capital aberto, da qual ele não tem mandato. Jair Bolsonaro fazia essas coisas. Em tese, deveria dar em processo e punição. Não costuma dar em nada. É uma baderna (aliás, o caso Americanas vai dar em alguma coisa?).

    O ministro recebeu informação privilegiada? A repassou a alguém? A informação a respeito da política de preços é inverídica? Apenas especulação do ministro? O que mais?

    A Petrobras soltou nota a respeito da falação de Silveira: não foi informada de discussão de política de preços.

    Escreveu ainda isso: “Quaisquer propostas de alteração da Política de Preços recebidas do acionista controlador [governo] serão comunicadas oportunamente ao mercado, e conduzidas pelos mecanismos habituais de governança interna da companhia”. Isto é, reiterou que a empresa está sujeita a regras de divulgação de informação relevante.

    Silveira reafirmou que a Petrobras vai cumprir sua função social, entre elas a de conter a inflação: faz tabelar preços, em alguma medida.

    Ok. O governo pode conseguir tal coisa. Precisa mudar um tanto a lei das estatais e bastante do estatuto da petroleira.

    A lei das estatais talvez seja atropelável, com alguma conversa mole e leniência de órgãos de controle. Atropelar o estatuto da companha pode dar mais rolo, processo, movido por diretores ou, mais provável, acionistas.

    Mas, enfim, o governo tem poderes para mudar essas normas de modo correto, legal. Suponha que o faça e tabele os preços. Isto é, que os mantenha abaixo daqueles do mercado internacional. Entre outros problemas, o governo vai arrecadar menos impostos e dividendos.

    Em 2022, a Petrobras pagou de impostos e similares o equivalente a 10% da receita bruta do governo federal (R$ 230 bilhões). Para arrumar as contas do governo segundo o previsto pelo plano de Fernando Haddad, o governo vai precisar de pelo menos R$ 100 bilhões de receita extraordinária, por ano, até 2026, afora grandes sortes.

    Um tabelamento forte de preços da Petrobras pode causar outros problemas. Pode prejudicar o crédito da empresa e, de quebra, estrangular a indústria de biocombustíveis (como aconteceu sob Dilma Rousseff), que seria tabelada de modo indireto.

    De resto, quem vai investir em combustível (ou em qualquer outra coisa) se o governo pode meter a mão nos preços?

    Difícil.

    Então, o investimento extra, se é que viável, ficaria a cargo do governo, que não tem dinheiro. Em outros casos, setores, o governo acaba dando dinheiro para que empresas privadas, em tese invistam ou cresçam (como quer fazer de novo com as montadoras). Isto é, dá subsídios, vários deles “jabutis” (na verdade tricerátops, o dinossauro chifrudo), para empresas amigas ou com bom lobby.

    Jabutis. Aqueles bichos que o ministro da Fazenda quer caçar

  7. interessante mesmo esses políticos…com os terríveis acontecimentos de ontem, decretam luto, fazem live…mas nunca assumem responsabilidade..ora, se o assassino já tinha passagem pela polícia, esfaqueou padrasto, brigou até com cachorro, porque estava solto? e estando solto, pq não tinha tratamento adequado e vigiado constantemente? a tragédia estava mais uma vez anunciada, mas a inércia dos políticos nos deixa em maior risco…até a poeira baixar, criam fantasias de que a polícia vai fazer mais ronda…e o povo nu…lamentável…

    1. Você escreveu bem: os políticos. Antes da polícia, antes do ministério público, antes da justiça, há os políticos (Congresso Nacional quando se trata de segurança pública e em menor proporção as Assembleias) que fazem e sancionam (presidente e governadores, estes em menor responsabilidade) leis que lidam com a nossa segurança.

      Todos de mãos atadas. E por que é assim. Muitas leis atingem os políticos e eles não querem ser vítimas deles próprios. Outros, por ideologia, vitimizam os bandidos, e uma parcela, dependem de votos deles e até estão representados disfarçadamente no próprio parlamento e na política.

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