Revisado e modificado às 15H51min deste 21.01.2025. No artigo de ontem SERÁ QUE A CHUVARADA DA SEMANA PASSADA SERVIRÁ PARA “ACORDAR” O NOVO GOVERNO, ELEITO PARA MUDAR O JEITO DE GERIR, OLHAR PARA O FUTURO E PRODUZIR RESULTADOS PARA A SOCIEDADE GASPARENSE? duas pequenas notas provocaram uma reação imediata – e pouco acautelada, seja no ambiente político e técnico, penso – do presidente da Câmara de Vereadores de Gaspar, o campeão de votos, Alexsandro Burnier, PL. Deve se descontar à falta de experiência, à juventude, mas ao mesmo tempo, preocupa à suposta falta de assessoramento especializado, ou então, à má orientação por gente experiente disposta deixá-lo exposto e enfraquecido logo de largada.
Estas eram as duas notas discretas do TRAPICHE.
“Um exemplo de liderança. Todos sabem que o caixa da prefeitura está à míngua. E que a enxurrada da semana passada só complicou ainda mais a penúria. Nem tudo, pode ser contratado emergencialmente. O vereador campeão de votos, Alexsandro Burnier, PL, se tornou presidente da Câmara. Ao invés dos filminhos nas redes sociais atrás de likes, bem que poderia exercer esta liderança conversando com seus pares – incluindo a oposição – e viabilizar, e com clima e quóruns garantidos – uma sessão extraordinária. A Câmara está de férias em janeiro. Não tem sessão deliberativa”.
“A Câmara de Gaspar possui R$14,5 milhões de Orçamento da prefeitura. Ela não vai usar tudo, como sempre. E mesmo que usasse, poderia se dispor ao sacrifício, até porque umas das rubricas, é notoriamente fake. Trata-se da “construção” da sua sede (R$1,15 milhão e mais R$150 mil para “projetos”) própria, pasmem, para a qual nem terreno ela mais possui. Alexsandro Burnier, PL, a mesa diretora ou até mesmo todos os vereadores, poderiam decidir, extraordinariamente, se desfazer desta rubrica Orçamentária para colocar na secretaria de Obras e Serviços Urbanos visando à recuperação da cidade”.
Voltando.

Esta é a posição resumida do presidente da Câmara de Gaspar, o primeiro à esquerda na foto ao lado, ouvindo a comunidade. O que está entre colchetes é a minha observação.
“A Câmara, por lei, tem direito a 7% [duodécimo, algo compulsório e obrigatório] do Orçamento [do município de Gaspar], mas não gasta [usa, penso] 3 [%]. Não acho justo querer colocar a culpa na Câmara, mas entendo, como você já me falou, é uma coluna [não é coluna, é um blog] opinativa e não jornalística [é jornalístico, sim, não é um noticioso informativo; normalmente pega-se uma informação, comenta-a, se expande ou esclarece-a]”.
O campeão de votos, jovem, se não foi mal orientado nos vícios pelas velhas raposas da política que continuam lá na Câmara, pois como disse um deles certa vez a um jovem – na idade – novato alçado a presidente da Casa naquela legislatura, verdolengo na política em tempos passados, quando ele – com o título de presidente -quis botar as maguinhas de fora e reclamou de que a cidade estava contra uma medida que se ensaiava na Câmara: “você aqui na Câmara está presidente dos vereadores [defende os nossos interesses] e não os dos eleitores“.
Alexsandro assegurou-me que este não foi o seu caso agora. Então foi ingênuo. E por isso, está perdoado. É do espaço de aprendizado.
Em primeiro lugar, Alexsandro ao ler a nota aqui – num espaço que ninguém lê na cidade -, não estava e nem estará obrigado a fazer nada a favor da observação daqui. Era só o que faltava em Gaspar, uma opinião mudar os hábitos dos monges.
Em segundo lugar, estará livre para fazer a limonada que quiser, pois os meus limões são bem azedos e por isso gratuitos, inclusive para choramingar, como fez.
Se fosse um letrado no assunto, Alexsandro teria primeiro consultado a assessoria técnica da Câmara e que é bem paga para assessorá-lo como presidente; Alexandro não depende mais – neste e outros casos – só da sua assessoria. Orientado e com certezas técnicas -pois ele é o “dono” [por legitimidade] do Orçamento da Câmara de Gaspar. E nela, as decisões são colegiadas, sejam as que são tomadas pela Mesa Diretora, as que se compartilham com o, ou no Executivo (que é do seu partido, o PL) em disposição política unilateral de harmonia. Ou ainda no voto em plenário quando houver maioria para isso.
Se houvesse alguma liga desse assunto – a mudança da rubrica orçamentária – ir para a frente, o presidente Alexsandro chamaria os vereadores para uma conversa informal. Sentiria à temperatura da Câmara – como instituição – e poderia, a partir daí, contribuir financeira ou pelo menos contábil e marqueteiramente nesta situação de emergência.
Mas, não. Preferiu se colocar sozinho na frente da carroça. Os demais vereadores agradeceram. Se ele não seu cuidar, ainda corre o sério risco de tomar uma “bolada” pelas costas. Nunca duvide de nada de políticos.
Alexsandro confundiu Orçamento com fluxo de caixa – pois não é contador, administrador e por isso, não está obrigado a este conhecimento, até porque, possui à sua disposição, um monte de especialistas. Alexsandro alegou que, ainda não recebeu nada dos mais de R$1 milhão que a prefeitura tem que lhe repassar este mês, sendo que desse montante, só R$100 mil seria para a rubrica fake destinada à construção da sede própria.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Uma é peça Orçamentária – que ele lidera para bem usá-la em favor da Casa, como um todo. A outra é dinheiro em caixa – que ele tem que cuidar para não ser responsabilizado por algo que não possa fazer.
O QUE A CÂMARA NÃO PODE, A ASSEMBLEIA PODE?
Alexsandro já foi relator de Projetos de Leis que anulam e suplementam verbas rubricadas no Orçamento do governo do ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, um inclusive, um em que se acertou R$500 mil para o Hospital – o que se usa para este tipo de magia de final de ano – e chegou na Câmara com mais outros R$500 mil malandramente rubricados para a secretaria de Obras e Serviços Urbanos, que o ex-presidente da Câmara José Hilário Melato, PP, acertou só a metade com o prefeito e de lá veio a outra parte, a qual, “em nome do Hospital” Alexsandro e os demais vereadores engoliram-na por inteiro: R$1 milhão.
Ora se não vai se construir sede própria nenhuma, qual a razão dessa rubrica fake continuar lá no Orçamento da Câmara? Numa emergência não se pode repassar ao Executivo num Projeto de Lei que anula esta rubrica e apenas no Orçamento da Câmara deste ano, num “sacrifício” de todos os vereadores pela cidade e a importância que dão, para deixá-la remediada, ao menos, e assim, mais livre das incontroladas intempéries?
Não. Uma série de impedimentos técnicos sem pé e nem cabeça. Há impedimentos formais, sim. Um deles é a independência dos poderes. O outro é o político, decorrente dessa independência. Nem mais, nem menos. Mas, isto nenhum vereador quer explicitar para não ficar mal na fita com a comunidade. Desta vez, sobrou – se não for proposital – para o campeão de votos. E ele botou matou a bola no peito e…
No outro lado da mesma moeda, a Assembleia Legislativa tomou a iniciativa pelo deputado Marquito (Psol), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com anuência do presidente Mauro de Nadal, MDB, de levantar e estudar uma forma de repassar parte do Orçamento dela para as Defesas Civis se virarem neste instante crucial. Na reunião virtual, estava “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL. E dele se ouviu o relato de que Gaspar só se há uma patrola por aqui e ela, mesmo assim, está fora de operação. Credo!
Quem deveria estar on line nesta reunião era o Alexsandro e descobrir a razão pela qual o que não se pode aqui, segundo ele, pode lá na Assembleia para onde diz já estar em campanha.
Desastres naturais não são ocorrem para políticos ganharem likes nas suas redes sociais e bolhas, nem para culpar o administrador relapso do passado. Eles servem para mostrar quem tem, verdadeiramente, interesses em soluções naquilo que vai se repetir. Muda Gaspar!
TRAPICHE
Adivinha quem requisitou a primeira diária deste ano na Câmara de Gaspar? O vereador Ciro André Quintino, MDB, o repetido campeão de diárias na Câmara. Ele vai a Florianópolis, com a assessora para fazer os registros da sua visita ao deputado estadual por Ibirama, do qual é cabo eleitoral por aqui, Jerry Comper, MDB, titular da secretaria de Infraestrutura e Mobilidade. São R$576,00.
O secretário Jerry Comper, MDB, já esteve aqui na semana passada vendo os estragos com o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL. ciceronado pelo vereador Ciro André Quintino, MDB. Então, o secretário sabe dos problemas e está em dívida com Gaspar. Uma videoconferência, se não fosse um simples telefonema, lembraria o deputado-secretário desta dívida.
O teor da “salvação da lavoura” do início do governo de Paulo Norberto Koerich, PL, saiu ontem na publicação do Decreto 12.389, com data de 17 de janeiro, que “declara situação anormal, caracterixada por situação de emergência no municíupio de Gaspar em razão das chuvas intensas que ocasionaram enxurradas, alagamentos, movimentos de massa em diversas regiões do território municipal“. Ufa! O pulo do gato está no artigo 6º:
Ficam dispensados de licitação os contratos de aquisição de bens necessários às atividades de resposta ao desastre, de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação das áreas nos termos…. desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 1(um) ano contando da data da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos e a contração de empresa já contratada no dispositivo supracitado”.
18 comentários em “SE TEM FARINHA, O PIRÃO É SÓ MEU. ENQUANTO OS VEREADORES DE GASPAR SE ESBALDAM NAS REDES SOCIAIS SENDO REPÓRTERES DA CALAMIDADE LHES FALTAM AÇÕES PRÁTICAS PARA COMPARTILHAR SOLUÇÕES EMERGENCIAIS À CIDADE”
HOJE É DIA DE ARTIGO INÉDITO
Está atrasado
Estou no aguardo
Não, entendi.
CRISE AUTOINFLAGIDA, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
Desde sempre historiadores tentaram resumir em poucas palavras o fenômeno de decisões políticas (e/ou militares) que levaram a grandes desastres, embora claramente previsíveis. Duas obras de enorme sucesso foram “A Marcha da Insensatez”, de Barbara Tuchman (de Troia ao Vietnã), e “Os Sonâmbulos”, de Christopher Clark (como a Europa “tropeçou” para dentro da Primeira Guerra Mundial).
Não há nada de sonâmbulo na marcha de Lula 3 no caminho da insensatez fiscal, que arrisca provocar uma crise política justamente quando seria menos desejável – isto é, num cenário eleitoral. Ao contrário, o presidente não transmite em privado ou em público qualquer sinal de que entenda a questão fiscal como insustentável.
A principal assessoria econômica do Ministério da Fazenda produz avaliações do seguinte teor: “nós estamos no caminho certo da consolidação, uma consolidação fiscal feita com baixíssimo desemprego, crescimento econômico, distribuição de renda e combate à pobreza. Sempre foi nosso objetivo: conduzir uma política econômica capaz de consolidar as contas públicas ao mesmo tempo que promove o crescimento e a distribuição de renda”.
É prosseguindo nessa trilha que o governo bateu um recorde histórico na terça-feira, quando passou a pagar IPCA + 7,94% para remunerar papéis de dívida de curto prazo. Com números dessa ordem, não espanta que agentes de mercado (sim, esses vilões) considerem que a atual situação política impeça Lula de adotar medidas capazes sequer de estabilizar a dívida pública, quanto mais reverter sua trajetória de crescimento.
Por “situação política” leiase a cabeça de Lula e o que faz do “Zeitgeist” (espírito de uma época) ou “vibe” ou como se queira chamar o momento político e sua direção. A combinação de descrédito quanto às políticas do governo e o enorme tsunami representado por Trump (do comércio à geopolítica, passando pela guerra cultural) é componente bastante visível de uma realidade política extraordinariamente difícil e desafiadora para qualquer governante.
Realidade tornada ainda mais grave quando tudo é visto sob a perspectiva do marketing, uma ferramenta política capaz de produzir resultados apenas localizados, e da qual agora tudo se espera. Nesse sentido, Lula piorou a tarefa de seu chefe de propaganda política. O que tem a oferecer é mais do mesmo (gasto é vida) e promessas pontuais de “intervenção” para mitigar inflação de preços de alimentos, e seu devastador efeito na popularidade de qualquer governo.
Miopia também é uma boa palavra para se descrever como um dirigente político fabrica uma crise para si mesmo. É o que Lula está fazendo agora.
A ESPERTEZA QUE COME O DONO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Vai faltar dinheiro neste ano para pagar o Auxílio Gás, como noticiou este jornal. Um dos principais programas sociais do governo está sendo vítima dos erros que a gestão lulopetista teima em repetir para tentar mascarar despesas e fazê-las caber no Orçamento. É como diz um conhecido ditado mineiro: quando a esperteza é muita, vira bicho e come o dono.
Em agosto do ano passado, o governo teve a ideia de usar a Caixa para custear o Auxílio Gás com dinheiro do pré-sal – tudo isso, claro, sem passar por qualquer previsão no Orçamento. A manobra seria subsidiar diretamente revendedores de gás de botijão com recursos do Fundo Social, formado pelo excedente do pré-sal que cabe à União. Com isso, a dotação via Orçamento seria de apenas R$ 600 milhões em 2025, o que corresponde a menos de 18% dos R$ 3,4 bilhões do auxílio no ano passado. Para este ano, a previsão de custos gira em torno de R$ 3,5 bilhões.
Do subsídio custeado pelo pré-sal, repassado pela Caixa, viria a maior parte dos recursos, um drible às obrigações fiscais que, de tão óbvio, não passou despercebido. Foram tantas as críticas – que comparavam a manobra à contabilidade criativa que contaminou o governo Dilma Rousseff e lhe custou o segundo mandato – que o projeto foi para a geladeira. Em seu lugar, o governo anunciou que apresentaria um substitutivo que não só resolveria a contabilidade do programa, como iria quadruplicar os desembolsos até o período de eleições presidenciais. A estimativa era passar para R$ 5 bilhões em 2025 e para R$ 13,6 bilhões em 2026.
Em novembro, quando a equipe econômica anunciou o malfadado pacote de corte de gastos, divulgou também a decisão de mudar o projeto, o que até agora não passou de intenção. Para piorar, o Orçamento de 2025 ainda não foi votado e, por causa da demora, o governo só tem permissão legal para executar 1/12 do Orçamento apresentado. Não dá para custear nem o primeiro repasse do programa, em fevereiro.
Não há mágica na concessão de benefícios sociais. O dinheiro das políticas públicas vem dos tributos que o governo arrecada e das captações que faz no mercado, com a emissão de títulos para financiar investimentos. A vertente tributária bateu no limite, e a desconfiança em relação à política fiscal encarece o custo das captações e afasta investidores.
A previsão orçamentária não é um capricho. Submeter programas como o Auxílio Gás ao debate orçamentário significa ter que defender sua relevância, já que outras despesas disputam o dinheiro público, que por definição é escasso. É desse debate que o governo pretendia escapar, ou porque considera o programa tão essencial que dispensa o aval dos representantes dos eleitores ou porque precisa manter o programa mesmo sem ter dinheiro para isso.
A mudança tentada pelo governo, com o repasse direto de subsídios do pré-sal aos revendedores de gás, foi mais uma manobra para fugir dos limites do arcabouço que o próprio governo instituiu. E depois o governo vai se queixar que sua falta de credibilidade é resultado de problema de “comunicação”.
TRUMPO ACHOU UM MODELO, por Elio Gaspari, nos jornais Folha de S. Paulo e O Globo
Por causa do frio, a posse de Donald Trump aconteceu na Rotunda do Capitólio. Má ideia. De certa maneira, foi uma revanche. No 6 de janeiro de 2021 aquele lugar foi invadido pela turma que queria melar a vitória eleitoral de Joe Biden. Cenograficamente, é um lugar bonito. Fica embaixo da cúpula dos cartões-postais. Em seu espaço circular estão estátuas de notáveis da História americana. Em 1876, Dom Pedro II lá esteve e definiu-o:
— Fui ver o Capitólio. Aspecto majestosíssimo. Agradou-me muito o todo da arquitetura. Tudo o que é escultura é medíocre.
O mundo teve de aturar a mediocridade das esculturas da Rotunda.
Trump assumiu resgatando a memória de William McKinley (1897-1901) e devolveu-lhe a denominação da montanha mais alta dos Estados Unidos, cassada em 2015.
Não é retórica. Trump promete o início de tempos dourados. McKinley governou no auge de uma era folheada a ouro. Em seu primeiro mandato, o PIB americano cresceu a taxas inéditas. Àquela época, a U.S. Steel era maior que o governo federal. (Em 2025, faltou pouco para que a U.S. Steel fosse absorvida pela japonesa Nippon Steel.)
Trump quer retomar o Canal do Panamá, McKinley anexou o Havaí e, depois de expulsar os espanhóis, transformou Cuba, Porto Rico e Filipinas em protetorados americanos. Trump promete protecionismo, McKinley elevou as tarifas de importação.
Passado mais de um século, a Presidência de McKinley é vista como apogeu dos endinheirados. Os homens mais ricos dos Estados Unidos — John D. Rockefeller e Andrew Carnegie — cacifavam-no. (Ambos haviam saído do nada.) Nenhum dos dois foi à posse de McKinley, mas Elon Musk, o homem mais rico do mundo, não só estava em Washington, como faz parte do governo e quer um cantinho na Casa Branca.
Quando Trump diz que o Golfo do México se chamará Golfo da América, repete a rainha Vitória (1819-1901), que se desentendeu com o ditador da Bolívia e mandou tirar o país do mapa que tinha no palácio. Botar uma bandeira em Marte? Tudo bem, melhor ainda se ela for levada num foguete de Musk. Noves fora o teatro, Trump saiu do Acordo de Paris, apertou o ferrolho da imigração e certamente elevará as tarifas das importações. Assumiu com uma vitalidade que faltava a Joe Biden e antecipou uma Presidência menos sonolenta, mas McKinley ele nunca será.
Trump disse que a América Latina e o Brasil “precisam mais de nós do que nós precisamos deles”. Até aí, ele pode até estar certo. Os regimes de Cuba e da Venezuela viverão anos amargos, mas o Brasil e a América Latina não precisam dos Estados Unidos tanto quanto ele pensa.
Em 1896, quando McKinley tinha um pé na Casa Branca, o barão do Rio Branco escrevia a um amigo:
— Eu prefiro que o Brasil estreite as suas relações com a Europa a vê-lo lançar-se nos braços dos Estados Unidos.
Em 1896 a China estava humilhada e subjugada pelas potências da época. Conta a lenda que, num parque de Xangai, havia uma placa inglesa informando que estava proibida a entrada de “cachorros e chineses”. Em 2025, o ano pode fechar com Pequim chegando a um superávit comercial de US$ 1 trilhão.
LULA NO PAÍS DAS MARAVILHAS, por Vera Rosa, no jornal O Estado de S. Paulo
Dia desses o presidente Lula reclamou para ministros, no Palácio do Planalto, que faltavam cartazes de divulgação dos programas do governo nas cidades. Lembrou dos tempos do país das maravilhas em que muitas farmácias exibiam a inscrição “Aqui tem farmácia popular” e até ônibus tinham propagandas afixadas.
“Não vejo mais esses cartazes”, protestou ele. “Nós estamos virando algoritmo.” Lula cobrou protagonismo desses e de outros projetos, como o Pé-de Meia, que dá bolsas para alunos do ensino médio e já teve quase duas dezenas de “lançamentos”.
É por isso que, até agora, a única mudança no primeiro escalão do governo foi a do ministro de Comunicação Social. A entrada do marqueteiro Sidônio Palmeira é vista pelo Planalto como uma espécie de “salvação” do terceiro mandato de Lula.
A menos de duas semanas do fim das férias parlamentares, no entanto, o presidente pode se preparar para um novo episódio crítico desta temporada: o cabo de guerra com o Congresso.
O ano de 2024 terminou azedo por causa da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino de cortar parte considerável das emendas parlamentares.
Diante desse cenário, o Congresso retoma as atividades com sangue nos “olhos digitais”, como mostram as fakes news sobre a taxação do Pix. Após recuar para estancar o desgaste, o governo prepara agora uma campanha dizendo que o Pix é “seguro” e “sem taxa”.
De qualquer forma, mesmo sob nova direção a partir de 1.º de fevereiro, deputados e senadores prometem segurar votações importantes, como a do Orçamento de 2025, enquanto não tiverem suas emendas.
Tanto Hugo Motta (Republicanos), favorito para ocupar a presidência da Câmara, como Davi Alcolumbre (União Brasil), já chamado de comandante do Senado, avisaram a Lula que o céu não está para brigadeiro.
Somam-se a essas turbulências a reforma ministerial encruada, as queixas do Centrão, a oposição disposta a barrar o avanço do projeto que limita os supersalários, além da regulação de redes sociais, e está formada uma nova crise.
Constam do pacote que promete enfurecer a oposição temas sobre os quais o STF vai se debruçar. Na lista estão a responsabilização das big techs e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados por tentativa de golpe.
Em um mundo no qual Bolsonaro acredita que o presidente dos EUA, Donald Trump, pode interferir na Justiça do Brasil para reverter sua inelegibilidade e Mark Zuckerberg, da Meta, afirma que países latino-americanos têm “tribunais secretos”, algo está muito errado. Dá até vontade de voltar à época dos cartazes defendidos por Lula.
interessante observar a estratégia, meta e ambição do presidente americano no artigo acima e o mesmo do presidente brasileiro no próximo artigo…faltou o autor do primeiro falar do discurso do Trump sobre a liberdade de expressão, mas isso eles não expõe, não é? não é do interesse da turma da folha..aliás, bom mesmo é sentir neles o “xilique” com a volta do Trump…e, pelo visto e prometido, vão ter que engolir muito sapo ainda…bom mesmo é cuidar do dever de casa…colocar plaquinhas nas farmácias e obras brasil afora.. #voabrasil
GOVERNO VIRA COMITÊ DE CAMPANHA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
O presidente Lula da Silva avisou formalmente seus auxiliares na primeira reunião ministerial do ano que todo o seu governo deve começar já a trabalhar por sua campanha à reeleição, em 2026. E o fez sem rodeios nem ambiguidades: “O que eu quero dizer para vocês é que 2026 já começou”.
A bem da verdade, Lula já está em campanha há muito tempo, mas agora é oficial – e, claro, tudo por culpa da oposição: “Pelos adversários, a eleição já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha”.
Como tudo o que envolve Lula, há obviamente um bocado de mistificação. O que o petista chama de “campanha eleitoral” da oposição nada mais é do que a exploração política dos inúmeros erros do governo, o que é a essência do embate democrático.
E Lula parece ter entendido que está perdendo esse embate – e de lavada. O já antológico caso da “taxação do Pix”, que humilhou o governo nas redes sociais e fora delas, é apenas o sintoma de problemas muito maiores, alguns dos quais diagnosticados pelo próprio presidente na reunião.
Não é só que, dois anos depois da posse, “a entrega que fizemos para o povo ainda não foi a entrega que nos comprometemos a fazer em 2022”, como disse Lula. A verdade é que o presidente a esta altura parece saber que não tem condições de “entregar” o que prometeu porque os compromissos fiscais assumidos pela equipe econômica, ainda que frouxos, limitam o uso da máquina do Estado para conquistar votos. A não ser que Lula resolva mandar às favas os escrúpulos fiscais, como já fez em seu mandato anterior, será difícil desfazer a sensação de impotência.
Sem o dinheiro farto da era de ouro do lulopetismo, duas décadas atrás, resta a Lula caprichar na propaganda, e foi por isso que transformou um marqueteiro profissional em um de seus principais ministros. Por mais competente que possa ser o referido marqueteiro, porém, não há como convencer os brasileiros de que a vida melhorou sob Lula quando os preços não param de subir, contrariando a famosa promessa de campanha petista segundo a qual o povo voltaria a comer picanha e tomar uma cervejinha. Lula parece saber disso e, na reunião, admitiu que “os alimentos estão caros” e que “é uma tarefa nossa fazer com que os alimentos cheguem baratos à mesa do trabalhador”. A julgar pelo que conhecemos do lulopetismo, a ordem cheira a intervenção do Estado na formação de preços, o que quase sempre resulta em desabastecimento e mais inflação.
O fato relevante, contudo, é que Lula parece ter entendido onde o calo está apertando. O presidente admitiu que ele e seu governo estão desconectados dos anseios da população. “O povo com que estamos trabalhando hoje não é o povo dos anos 1980, que queria ter emprego com carteira assinada. É um povo que está virando empreendedor e precisamos aprender a trabalhar com essa nova formação do povo brasileiro”, afirmou o petista.
Sabe-se lá o que Lula pretende fazer para que esses “empreendedores” deixem de vê-lo como o símbolo de um Estado glutão que cobra muito, entrega pouco, atrapalha bastante e está a serviço de castas e companheiros. Ninguém é bobo: quando Guilherme Boulos, candidato de Lula na recente eleição à Prefeitura de São Paulo, posou de amigo dos “empreendedores”, levou uma surra nas urnas. O mesmo provavelmente se dará com o próprio Lula: como disse o ideólogo petista André Singer em entrevista à BBC Brasil, “o PT não pode aderir a uma ideologia do empreendedorismo do salve-se quem puder”, porque “isso é contra seus próprios princípios” e “é contra aquilo que ele veio propor para a sociedade brasileira”. Ou seja, a adesão do lulopetismo ao empreendedorismo vale tanto quanto uma nota de três reais, e não há ministro-marqueteiro que mude isso.
Diante desse cenário, resta a Lula a carta fraudulenta da defesa da democracia contra o bolsonarismo. O petista deixou isso claro na reunião: “Precisamos dizer em alto e bom som, queremos eleger governo para continuar o processo democrático do País, não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, neonazismo, autoritarismo”. Soa como desespero, mas é só o velho Lula de sempre
O piNçador Matutildo, piNçou:
“A resposta é mais simples do que parece: porque um país não é uma empresa.”
O Bedelhildo, estendeu. . .
E também não é uma pelegoria!
Já o Chatildo. . .
E os municípios?
Idem. idem, e também não o são igrejas, delegacias, entidades pilantrópicas, etc. . .
É O PROBLEMA É A MENSAGEM, por Pedro Dória, no jornal O Globo
O Palácio do Planalto entendeu muito mal o que ocorreu na semana passada no embate do Pix. E, em virtude do diagnóstico errado, corre sério risco de ser pego de surpresa nas próximas eleições, como ocorreu com o Partido Democrata nos Estados Unidos. Nessa ilusão, o grupo no governo não está sozinho. Afinal, convenceu de seu diagnóstico um bom naco da imprensa especializada em política. Bons jornalistas compraram a versão. Mas ainda há tempo de rever tudo.
A tese do governo é que as redes sociais são grandes máquinas de desinformação. De que a população foi enganada a respeito das mudanças implementadas pela Receita Federal. De que é enganada o tempo todo. Alguns no governo se convenceram, até, de que o vídeo do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) só cruzou 300 milhões de visualizações no Instagram porque a Meta, companhia de Mark Zuckerberg, manipulou o algoritmo para lhe dar um empurrão. Não há qualquer evidência disso. Nada além da vontade de não acreditar que milhões tenham se interessado pela mensagem.
A hipótese com que ninguém no Planalto parece trabalhar é que Nikolas tenha construído um argumento convincente. A hipótese com que muitos democratas não trabalham é que o povo seja conservador. E que, no caso brasileiro, concorde com o deputado.
Pois vamos lá. É razoável acreditar que muitos brasileiros que, trabalhando na informalidade, ganham R$ 6 mil, R$ 7 mil, são também sonegadores de Imposto de Renda? Sim, é razoável. É razoável acreditar que esses brasileiros temam que o governo apareça à porta cobrando o imposto devido? Claro que é. Por fim, é razoável que esses brasileiros, compreendendo que o governo opera suas contas no vermelho, creiam que o Planalto esteja desesperado para arrecadar? Sem dúvida nenhuma. Esses mesmos brasileiros, afinal, não esqueceram que lhes foi prometido comprar da Shein sem imposto e, aí, o Planalto mudou de ideia e sobretaxou. Foi uma promessa quebrada — e uma promessa que teve alto impacto nesse grupo.
Esse é o argumento que Nikolas constrói. O governo não compreendeu. Estava distraído explicando que o problema foi desinformação. Não percebeu que foi atropelado por um argumento. Democracias se constroem por argumentos e contra-argumentos. O governo passou uma semana dizendo que a população foi manipulada. Dizer que os eleitores conservadores são crédulos e caem em qualquer mentira que lhes contem no zap é péssima tática.
Com quem Nikolas falava é igualmente importante, pois é um público bastante específico. Principalmente homens das periferias urbanas, classe média baixa, em geral com ensino médio. Gente que tem de encontrar uma saída para crescer na vida e, por emprego CLT, não vê esse caminho. Trabalha muitas horas e tem orgulho disso. Faz parte dos seus valores.
Para responder ao deputado, foi escolhida Érika Hilton (PSOL-SP), uma das deputadas mais à esquerda na Câmara. Érika falou, em seu vídeo-resposta, sobre as agruras das muitas horas trabalhadas por quem está na CLT com salário baixo. A deputada trans é, certamente, um dos grandes nomes da nova esquerda brasileira. É boa de vídeo e boa de oratória. Mas seu vídeo-resposta, gravado com vestido de festa, serviu para quem é de esquerda se sentir bem. Obviamente era a pessoa errada, com o discurso errado para chegar ao público atingido por Nikolas.
A esquerda brasileira sabe falar com quem é pobre. É com quem Érika falou. Com quem vive na carência, gente para quem às vezes falta comida e o teto não está garantido. Quando cruza a linha da carência absoluta, uma pessoa se transforma. A batalha da vida continua, mas suas preocupações são outras. Seus valores mudam. Muitos, na esquerda, dizem que isso é bobagem. Que são, todos, pobres em níveis diferentes. Mas não se sentem pobres. Sentem-se de classe média. Sonham crescer e veem o trabalho árduo como caminho para tal. Não se sentem explorados e acham ofensivo quando alguém sugere que são iludidos.
O discurso que o bolsonarismo faz tem um grande mérito: compreende esses brasileiros, valoriza como eles se veem. Oferece soluções, ainda que apenas no discurso, aos problemas que os eleitores sentem ter. A esquerda os trata como pobres, uma gente enganada com facilidade, que não tem capacidade de compreender o que é melhor para si mesma. Isso quando não parte para um discurso de desprezo.
Ainda é tempo para perceber: o problema não é a desinformação. O problema é a mensagem.
Para os “çábios” da comunicação do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, lerem. Os sinais estão trocados. O povo o elegeu amplamente por mudanças ao que estava. A comunicação ainda não entendeu isso. Na Câmara, a bancada do governo, pelo jeito que vai, vai ser comida naquilo que provoca, não realiza e não compõe a favor do governo.
Os “macacos velhos”, estão a espreita e agradecidos.
Então. . .
Trocou-se apenas os títeres?
Os titeriteiros continuam os mesmos?
Enquanto vereadores bancarem “influencers” (quem mesmo essas pessoas influenciam?!), Gaspar jamais sairá do atoleiro que se encontra.
É muito “flash”, muito “rec” e pouca prática.
Pior são os eleitos, que se iludem como se de um título nobiliárquico fossem proprietários.
A população não merece. Ou melhor, merece e merece muito, pois foram os seus representantes eleitos.
Cobrar mudanças de gente reeleita? Ora, se reelegeram, é porque está tudo indo muito bem, não é?
O instituto da reeleição deveria ser expurgado do ordenamento do país. Para qualquer cargo.
Abrir os olhos pode doer, mas é necessário.
Mas, pela reação, não querem que os olhos do povo sejam abertos. Precisam da ignorância coletiva para a sobrevivência num mundo de medíocres.
Pra nós distribuem spray de pimenta 👀
👏👏👏
Sempre pensei assim, mas…
COM UM REI NA BARRIGA, por João Pereira Coutinho, escritor português, doutor em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa, no jornal Folha de S. Paulo
Quem precisa de políticos? Não seria melhor ter um CEO dirigindo o país? Alguém com espírito analítico e prático, em busca do bem comum?
A pergunta é frequente entre as almas desiludidas com a fauna política. Mas agora há um “filósofo” disposto a defender esse tipo de regime. O nome é Curtis Yarvin e, segundo o New York Times, é nome influente no movimento Maga e no Vale do Silício.
Fácil entender por quê. A democracia não serve, diz ele em entrevista ao jornal. É demasiado lenta com seus freios e contrapesos.
Melhor entregar o governo a um rei-ditador-CEO (ele vai mudando os nomes) capaz de atuar sem esses obstáculos. Donald Trump, logicamente, é esse rei-ditador-CEO, espera Yarvin.
Não vale a pena perder tempo com coisas óbvias. A lentidão da democracia não é um defeito de fábrica. É uma salvaguarda necessária para evitar, precisamente, a emergência de um rei absoluto. Os tais Pais Fundadores dos Estados Unidos sabiam o que faziam.
Além disso, a afirmação de Yarvin de que os reis, no passado, conseguiram construir a civilização de forma pacífica deve ser novidade para os historiadores das Cruzadas, da Guerra dos Cem Anos, da Guerra das Rosas, da Guerra dos 30 Anos, da Guerra Civil Inglesa et cetera.
Curtis Yarvin delira. Mas, apenas como hipótese, vamos levar a sério o delírio: por que não entregar o governo a um CEO?
A resposta é mais simples do que parece: porque um país não é uma empresa. A ambição de confundir os dois é uma ameaça direta à liberdade dos indivíduos.
Foi Michael Oakeshott (1901-1990) quem, há precisamente 50 anos, lidou com essa confusão no seu “On Human Conduct” (1975). Raros foram os livros que tiveram uma tão grande influência na minha cabeça. Existem dois tipos ideais de associação humana, lembrava ele. Existe a “associação de empreendimento” (“enterprise association”,no original) e a associação civil.
A primeira não descreve apenas uma empresa. Pode ser uma universidade, um sindicato, um clube —no fundo, o que define a associação de empreendimento é o fato de procurar um fim determinado— o lucro, o conhecimento, melhores salários, vitórias esportivas etc. Todos os membros da associação de empreendimento contribuem para esse fim.
A associação civil é outra coisa: um tipo de associação onde os membros, respeitando regras e leis gerais, procuram os seus próprios fins. Idealmente, o Estado democrático deveria ser uma associação civil, não uma associação de empreendimento, defende Oakeshott. E por quê?
Por uma questão de liberdade. Numa associação de empreendimento, a liberdade dos indivíduos está sempre preservada porque eles podem entrar e sair da empresa, da universidade ou do clube. Ou seja, não são prisioneiros dela.
Mas como sair da condição civil? Como sair da sociedade política organizada?
Romantismos à parte, não é possível. Na associação civil, a minha liberdade só pode ser preservada se essa associação não se transformar numa associação de empreendimento. Precisamente porque eu não escolhi entrar e não posso escolher sair.
Dito de outra forma, eu só serei livre se o governo não transformar a sociedade numa empresa onde todos têm de se submeter ao mesmo fim, quer queiram, quer não.
Na sua cabeça pueril, Yarvin argumenta: as melhores coisas da vida foram feitas por empresas. Basta olhar ao redor para os objetos do cotidiano. Como duvidar da excelência e da benevolência de um governante-CEO? Mais uma vez, o “filósofo” delira.
O progresso material é valioso e insubstituível, ninguém nega. Mas esse progresso também é feito de erros, fracassos e abusos porque nem todos os empresários correspondem à imagem platônica que Yarvin tem deles.
De resto, “as melhores coisas da vida” não se resumem à evidência material. Só uma criança, fascinada pelos seus brinquedos, seria capaz de acreditar no contrário.
Agora que Donald Trump inaugura o seu segundo mandato com um poder quase absoluto, a esperança derradeira é que ele não tente transformar os Estados Unidos numa empresa, submetendo os americanos (e não só) a um único fim.
Para que essa esperança se cumpra, é bom que a democracia liberal funcione. Que seja lenta. Que seja pausada. Que os freios e contrapesos da Constituição funcionem.
Que a descentralização administrativa que tanto encantou Tocqueville —a teia de governos estaduais, locais, regionais, distritais— possa atrasar ou suspender os piores caprichos do novo César.
E, claro, que o novo César seja mais inteligente do que a corte de “filósofos” que o rodeia.