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QUASE 120 DIAS DEPOIS DA POSSE, PAULO FINALMENTE PERCEBEU QUE SER PREFEITO É DIFERENTE DO QUE SER DELEGADO. MAIS DO QUE ISSO, ELE JÁ SABE QUE ESTÁ DORMINDO COM O INIMIGO E FINGIDO DE AMIGO. MAS, SE RESOLVER CHUTAR O PAU DA BARRACA EM UM DIA DE CHUVA, CORRE O SÉRIO RISCO DE SE AFOGAR

Vou começar o artigo como iniciei o de sexta-feira “eu deveria estar escrevendo sobre a CPI que a Câmara de Gaspar montou para o espetáculo e mais uma cortina de fumaça, mesmo sob novo governo. Este foi o tema principal de “‘A POLÍTICA NÃO TEM RELAÇÃO COM MORALIDADE’, MAS ESCOLHER NOSSOS GOVERNANTES COM O FÍGADO BEIRA AO SUÍCÍDIO COLETIVO DE NÓS MESMOS“. Mas não vou.

Deixo a imprensa, os vereadores e a Câmara de Gaspar se esbaldarem, por enquanto, no esconde-esconde contra a transparência e o dever de saber dela pelo povo que a paga em mais esta CPI que a Polícia especializada, praticamente, já a resolveu, enquanto há outros fatos que precisam de CPI, como o Hospital de Gaspar, floreiras, lombada no pasto do jacaré, bueiros inteligentes, contratos… Aliás, você sabe quem são os cinco vereadores membros da CPI? A última informação do site da Câmara, no momento que publico este artigo, fala da última reunião dos vereadores mirins. Relevante. Nos jornais locais, nada, nadinha de nada. E assim vai e será…

É também uma pena para a cidade, que o suplente de vereador e agora lotado pela prefeitura no cemitério municipal, Eder Carlos Muller da Silva, União Brasil, 198 votos, não tenha a mesma disposição de montar, com o seu próprio smartphone na Câmara e furar o que tanto ele, bem como o atual presidente da Casa, Alexsandro Burnier, PL, contestaram – e com razão na época – sobre os segredos daquela CPI quase secreta dos áudios com conversas cabulosas dos ex-secretários (Jean Alexandre dos Santos, PSD, e Jorge Luiz Prucino Pereira, PSDB) do ex-prefeito de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ao final, ela foi enterrada por falta de objeto, depois de se gastar mais de R$60 mil do dinheiro do povo para realizá-la.

Então, sem esquecer e prometendo que ainda voltarei aos temas acima, nesta segunda-feira, vou me ater sobre o embate que já começou nos bastidores do governo de plantão e da Câmara de Vereadores. Ela, cria polêmica no próprio governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL. É um guerra silenciosa, que provavelmente você só saberá por este “correspondente de guerra”. 

Nesta batalha, inclui a queda de braço dele com o seu vice, o multi-titulado engenheiro Rodrigo Boeing Althoff, PL, mas nascido nas hostes esquerdistas, tendo feito carreira política no PV, sem contar a passagem pelo PDT, com participação ativa no governo de Pedro Celso Zuchi, PL, e amplo trânsito no MDB de Kleber. E Rodrigo quer ser o prefeito de fato diante da aparente inércia do titular, por refletir, unicamente, a equipe que escolheu para governar.

Retomando ao ponto deste artigo. O que está sobre a mesa da Câmara? Um corpo em decomposição.

O COCHILO OU A ARMADILHA? 

Eu já detalhei na seção TRAPICHE do artigo de sexta-feira o estado desse corpo. E sobrou para a líder de governo, policial, graduada em Direito, ex-subordinada na carreira ao delegado Paulo, admiradores mútuos na profissão, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL (foto de abertura do artigo), que é, vejam só, a presidente da Comissão de Justiça, Cidadania e Redação. Ela não entende de necrópsia. Mas, sabe o que é isto. Ela, ensaiava ser política. Agora, está batizada. E vai ter que engolir ouriços e não sapos.

Foi na Comissão que Alyne preside na Câmara onde tudo se sacramentou antes dos votos de todos os vereadores no plenário, em matéria nascida como Projeto de Lei do vereador petista, Dionísio Luiz Bertoldi. Este PL manda colocar câmeras, centrais e controles de vigilâncias nas escolas e creches municipais. Dionísio pode pedir, exigir e discursar. O que ele não pode é ser autor desse tipo de Lei. É prerrogativa do prefeito, o ordenador administrativo e do orçamento.

Dionísio, que estava em silêncio aos meus questionamentos, quando leu aqui sobre o veto do prefeito, foi outro que resolveu sair da toca. E me mostrou na íntegra, o que eu já tinha visto: os argumentos do relator da matéria, o novato, o homem dos milagres na secretaria de Planejamento Territorial – está aposentado -, ao tempo de Kleber, o vereador Carlos Francisco Bornhausen, MDB.

É claro que o relator não entende do assunto. Quem deu o toque de constitucionalidade que suportou à tramitação da matéria foi a “assessoria especializada” da Câmara. 

Entretanto, quem supriu este viés argumentativo jurídico, foi a assessoria do próprio Dionísio, muito ligada neste ambiente de embate político na preparação para o suporte da aventada legalidade. E é aí que está o pulo do gato. É nele que Dionísio aposta.

O procurador geral do município de Gaspar, vindo de Blumenau, Júlio Augusto Souza Filho, tem outro posicionamento. Resta saber, se terá votos na Câmara para sustentar este atrasadíssimo cavalo de pau; como marcará o terreno para o governo na Câmara; e os desdobramentos disso para o governo Paulo e Rodrigo, principalmente na sua novata, frágil, autossuficiente e desunida base de apoio a Paulo. Isto terá um preço. Restará aguardar para saber qual.

A CONFUSÃO JÁ ESTÁ INSTALADA. E NÃO FOI NENHUMA OPOSIÇÃO QUE A CRIOU

Se eu ainda não vou escrever sobre a CPI espetáculo, a que goza com o pau dos outros, usando o que a polícia especializada de Blumenau já apurou, criando duplo desperdícios quando já deveria este tempo estar sendo ocupado por outras apurações que não tiveram conclusões ainda. Também não vou escrever sobre os argumentos técnico deste constrangedor – para o governo – veto em si. Mas, a razão pela qual ele se tornou um problema para o prefeito e o governo de Paulo.

O que o fato em si demonstra tão claramente à toda a cidade? Que falta ao prefeito, ao governo como um todo, um Chefe de Gabinete qualificado e capaz cheirar enxofre e distinguir de onde ele vem para então, diminuir a infestação do ar.

Ora, este assunto da obrigação das câmeras nas escolas e creches – que é um tema de segurança e um delegado devia saber disso. É tema – a segurança, a proteção – da direita, mas quem se interessou foi a esquerda. E pior, o que Kleber deixou sem solução já estava em solução pela própria secretaria de Educação, via a educadora titular dela, Andreia Simone Zimmermann, PL. Ela, moveu mundos e fundos dentro da prefeitura para acelerar, evitar desgastes ao governo e estava em execução. Ficou pronto antes da aprovação do Projeto de Lei. E isso, não chegou aos vereadores? 

Pior, o PL de Dionísio, não nasceu da noite para o dia. Ele ficou por semanas em trâmite na Câmara e ninguém na prefeitura viu isso? Ninguém tomou a iniciativa que orientar a líder de governo, de conversar com o relator, negociar a pauta com o presidente da Câmara? Meu Deus. Estou de alma, constrangedoramente, lavada mais uma vez . 

Tudo isso é de um primarismo estúpido no ambiente político.

Paulo é culpado? É, na medida em que foi escolheu e se cercou de gente incompetente, ingênua ou sem sangue nos olhos para protegê-lo. É culpado na medida em que em escolheu como chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, exatamente quem não serviu para o governo Kleber. O partido de Pedro tinha outro candidato, identificado e para a continuidade do governo de Kleber e suas dúvidas, amplamente rejeitado nas urnas, quando a proposta de Paulo era a de mudança deste estado de coisas. Jesus!

Ah, mas Pedro é fonte de outra água. Tudo bem. Vamos considerar este fato como verdadeiro. Contudo, como chefe de gabinete falhou neste, e em outros casos, como o que vem aí: o dos vasos de plantas no cemitério, cujo Projeto de Lei, para cumprir uma promessa de campanha, nada mais, nada menos, é do que do vereador Thimoti Thiago Deschamps, União Brasil, ligado ao vice Rodrigo. Nada é coincidência. Nem mesmo o vídeo a respeito disso feito pelo presidente da Câmara, como se ele fosse o autor da ideia do PL de Thimoti. Tudo se encontra naquilo que escrevi antes: cochilo, armadilhas, desunião da base e entrar no bonde alheio. E dentro do próprio governo. Por isso, Dionísio está rindo à toa e tirando lascas.

A taxa de desgaste no governo de Paulo e Rodrigo é alta e tóxica. Está na sua base. Não aqui, como alguns deles insistem, onde estes assuntos são como notícias das páginas policiais que explicam as razões dos crimes. E disso Paulo e Alyne entendem bem.

Ora, se Pedro Inácio Bornhausen quer ser uma peça decorativa de poder, ou quer ser um operacional e que abrir mão da principal função de um chefe de gabinete que é a articulação política aos interesses do governo entre os que compõe o governo, instituições, oposição e principalmente o Legislativo, onde o governo está em minoria desde que deu a presidência a Alexsandro, isto deveria já estar pactuado e clarificado com outra pessoa com essa capacidade, autoridade e voltada a resultados. 

O atual governo de Gaspar foi eleito para mudar. Ainda não conseguiu e nem deu pistas, para que elas fossem a verdadeira cortina de fumaça enquanto tenta por a casa, minimamente, em ordem. Ao contrário. E a campanha que ele colocou emergencialmente ontem a noite no ar, é a prova dessa fragilidade. Voltarei ao assunto. A outra está no TRAPICHE: encontrou um bode expiatório. O que se percebe, falsa ou verdadeiramente, é que o sistema de várias décadas que mandou em vários governos aqui, está enquadrando-o, enfraquecendo-o e expondo-o publicamente. Chegará um dia, e em breve, se não trocar as peças, que vai humilhá-lo. Boa sorte Alyne. Muda, Gaspar!

TRAPICHE

Quem está de malas prontas para sair do governo de Gaspar é o superintendente de Comunicação, Felipe Gabriel Rodrigues.  Mais um que veio da equipe de Mário Hildebrandt, PL, de Blumenau. Não durou quatro meses. Só para comparar. A superintendente de comunicação do ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, durou mais de oito anos. Começou nas campanhas dele antes de Kleber ser prefeito.

Felipe Gabriel Rodrigues e o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL (foto ao lado) estão, em comum acordo, sendo polidos em mais esta fritura. É uma saída necessária. A comunicação está confusa. E a comunicação hoje em dia, é tudo para uma instituição, corporação, produto e governo hoje em dia. É estratégica, antes de tudo. É instantânea. E a de Gaspar, não tinha uma coisa, nem outra. Era antiga e lenta. Fora do tempo. Não sei, ainda, avaliar corretamente se é por causa do Felipe, ou se era o próprio governo que a levou a ficar fora do tempo. E há coisas que parecem, diante disso, não ter mais correção.

A comunicação dos dias de hoje cria focos de distração. Cria heróis. Desfaz e mitiga problemas. Ela é autônoma na medida em que não pode se subordinar a quem não entende do riscado. É técnica. E há respeito. Em Gaspar, as queixas que me chegaram é, de que, havia muita gente leiga e da família dando palpites e escondendo o que está à vista de todos, ou é obrigatório se explicar. As coisas não fluíam. Era como ir ao médico, ser diagnosticado por ele e exames de um mal, mas na hora da receita, você doente, leigo, dizer o tipo de tratamento e medicamento que quer para você. Impressionante.

Esta mania do “novo governo de Gaspar” de desrespeitar o diagnóstico do médico, citado como exemplo acima, está piorando. E a primeira campanha para melhorar a imagem dele, é um tiro nos dois pés. Voltarei ao tema. Cada vez mais está claro à falta de sintonia entre os integrantes da equipe. Profissionais escolhidos para renovar, estão saindo e dando lugar a curiosos e políticos inexperientes. Isto sem falar, que a maior parte da equipe é de gente que levou o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, com Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP, à rejeição sem tamanho por exatamente, falta de resultados e dúvidas. Os que venceram as eleições de outubro do ano passado, disseram que mudariam isso. Então…

Uma boa ideia. O ex-prefeito de Gaspar Adilson Luiz Schmitt, sem partido, (2005/08), está defendendo que a Associação de Municípios do Vale Europeu e a dos Municípios da Foz do Rio Itajaí se unam numa nova macro região com planos e serviços mútuos (turismo, mobilidade, transporte coletivo, saneamento – esgoto, água e lixo -, meio ambiente, saúde, assistência social…). Nela estariam polos como Blumenau, Brusque, Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú.

A ideia é do diretor executivo do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário dos municípios da Foz do Rio Itajaí, João Luiz Demantova (foto ao lado). Em Gaspar quem é deveria estar interessado neste tema além da prefeitura que parece estar acéfalo para sair do buraco onde está metida? As entidades de classe para promover o debate público e a própria Câmara de vereadores, que se alguma coisa avançar, é que se aprovará. Por enquanto, somos feitos de expectadores do futuro. Credo.

Impressionante é o vídeo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, “liberando” as flores nos cemitérios de Gaspar. Ele está, ladeado e lastreado na palavra do “cientista”, o secretário de Saúde, Arnaldo Gonçalvez Munhoz Junior. Ele garante que a dengue diminuiu nas regiões dos cemitérios, principalmente, o Santa Terezinha. No site do jornal Cruzeiro do Vale, a principal manchete da manhã deste segunda-feira, baseada em informação oficial da próprio governo de Paulo e Arnaldo era: “prefeitura vai aplicar fumacê contra dengue e chikunghyunia no Santa Teresinha neste sábado“.

Ué! O Santa Terezinha pelo vídeo do prefeito e seu secretário não era praticamente livre do aedys Egypt? Prá que o fumacê se tudo está contido? Credo! Essa gente não imagina que do outro lado da câmera quando gravam essas coisas tem gente que pensa e fica com a pulga atrás da orelha? O prefeito e o secretário não deveriam, prioritariamente, estar prestando contas do Hospital, dizendo que resolveram os problemas do Pronto Atendimento do Hospital, dos postinhos e policlínica? Depois eu sou eu implicante. E é o próprio governo que joga no lixo a campanha marqueteira que lançou nas redes sociais no domingo a noite. Muda, Gaspar!

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3 comentários em “QUASE 120 DIAS DEPOIS DA POSSE, PAULO FINALMENTE PERCEBEU QUE SER PREFEITO É DIFERENTE DO QUE SER DELEGADO. MAIS DO QUE ISSO, ELE JÁ SABE QUE ESTÁ DORMINDO COM O INIMIGO E FINGIDO DE AMIGO. MAS, SE RESOLVER CHUTAR O PAU DA BARRACA EM UM DIA DE CHUVA, CORRE O SÉRIO RISCO DE SE AFOGAR”

  1. O MERCADO É DE ESQUERDA? por Demétrio Magnoli, em O Globo

    O ouro bateu na marca recordista de US$ 3.500 a onça na segunda passada, dia 21. Na terça, 22, Trump desmentiu a si mesmo, assegurando que não tentaria violar a lei para demitir Jerome Powell, presidente do banco central (Fed) dos Estados Unidos, e insinuou a hipótese de recuo na guerra tarifária com a China. Na quarta, 23, os índices das Bolsas voltaram a subir. Seria o mercado financeiro, no fim das contas, de esquerda?

    A indagação ridícula poderia ser uma réplica lógica ao discurso de Lula e do PT, que cultivam o hábito de apontar o mercado como agente político da direita: o “inimigo do povo”, o longo tentáculo dos bancos, a mão invisível do imperialismo. A ideia, que circula há décadas, atingiu o paroxismo durante a campanha movida pelo governo contra Roberto Campos Neto e, mais amplamente, contra a independência do Banco Central.

    Durante dois anos, a cada reunião do Copom, ouvimos do Planalto a acusação de que os juros altos funcionavam como arma do “Estado profundo” (o BC independente) para sabotar o “governo popular” e engordar os tubarões das finanças. A gritaria cessou subitamente, porém, quando Campos Neto cedeu lugar a Galípolo, o indicado de Lula que deu continuidade à política monetária ortodoxa do antecessor.

    Bancos centrais independentes retiram dos governos o poder de conduzir a política monetária. Governantes populistas tendem a desafiar os limites institucionais a seu poder. Trump foi mais longe que Lula, declarando guerra a um presidente do Fed indicado por ele mesmo, em 2017. Seu recuo não foi imposto pelos republicanos suplicantes ou pelos democratas impotentes, mas por uma reação singular do mercado que ameaça destronar o dólar e, no fim da linha, destruir o “privilégio exorbitante” dos Estados Unidos de emitir a moeda do mundo. O mercado virou à esquerda?

    A pergunta faz tanto sentido quanto o meme que circula por aí exibindo Trump como agente infiltrado de um partido revolucionário marxista no Salão Oval. O presidente dos Estados Unidos reza no altar do protecionismo, odeia os “globalistas”, alinha-se a Putin contra a Ucrânia, despreza Otan e União Europeia, descreve CIA e Fed como órgãos vitais do tal “Estado profundo” consagrado à opressão do “americano esquecido”. Como o século XX ensinou várias vezes, os extremismos de direita e de esquerda compartilham uma coleção de noções antiliberais e antidemocráticas.

    O mercado não é um partido. Não é de direita ou de esquerda, mas a estrutura constituída por incontáveis agentes econômicos que, em ambiente competitivo, buscam preservar e ampliar sua riqueza. No primeiro mandato de Trump, o mercado restringiu os piores impulsos protecionistas da Casa Branca, conservando a estabilidade da maior economia do mundo. No segundo, diante de um presidente mais radicalizado, o pavor toma conta do mercado e, a fim de preservar o patrimônio, os agentes econômicos ameaçam saltar ao mar, abandonando o navio do dólar.

    A Conferência de Bretton Woods (1944) estabeleceu um sistema de paridade fixa entre dólar e ouro que ancorou a economia mundial durante três décadas. No início dos anos 1970, a paridade sucumbiu às pressões inflacionárias. A flutuação da moeda americana, instituída por Nixon, alçou o dólar a um trono indisputado. O “rei dólar” converteu os títulos do Tesouro americano no refúgio inevitável das horas de crise geopolítica ou econômica.

    A segunda ascensão de Trump parecia esculpir uma dessas crises. Há pouco, imaginava-se que, no contexto da guerra tarifária, o dólar experimentaria um ciclo de valorização. Trump, porém, ultrapassou as mais sombrias expectativas, produzindo uma corrida rumo ao desconhecido. A escalada do ouro e a desvalorização da “moeda mundial” descortinam a visão de um abismo.

    O choque entre Trump e o mercado — refletido tanto nos índices das Bolsas quanto nas cotações dos títulos do Tesouro americano —definirá a geometria da economia mundial. Torça pelo triunfo do mercado, mesmo se você é de esquerda. A alternativa é uma caótica tempestade global que empurraria sociedades devastadas aos braços de ultranacionalistas e neofascistas.

  2. GOVERNO LULA ESCONDE GASTOS FORA DO ORÇAMENTO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

    Premido por restrições orçamentárias, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca manter sua política irresponsável de expansão de gastos por meio de mecanismos heterodoxos, repetindo o padrão de administrações petistas anteriores.

    O alerta quanto aos riscos dessa conduta aparece em auditoria recente do Tribunal de Contas da União (TCU). Embora ainda em fase de instrução, o trabalho identificou ao menos quatro fontes de receitas que não são recolhidas à conta do Tesouro Nacional, além do uso de recursos de natureza financeira para custear despesas correntes.

    Quanto às entradas não contabilizadas no Orçamento, um caso é o das verbas oriundas da comercialização de petróleo que seriam direcionados ao Auxílio-Gás, promessa populista de Lula. Do lado das despesas, aparece a mobilização de fundos privados, nos quais a União é cotista e que não transitam pela conta do Tesouro, mas são utilizados em programas de natureza pública.

    Neste rol entra o uso de recursos de dois fundos para financiar os gastos do programa Pé-de-Meia, de combate à evasão escolar. O tribunal já determinara, em fevereiro, que cerca de R$ 6 bilhões fossem incluídos no Orçamento em até 120 dias.

    Também foi citado o problema do emprego sem trânsito pelo Orçamento de até R$ 29,75 bilhões do fundo Rio Doce, criado para compensar os afetados pelo rompimento da barragem da Vale em Minas Gerais. Mesmo que em tese direcionadas a ações de natureza pública, o risco de menor controle das verbas é óbvio.

    Por fim, há os casos do uso de fundos públicos para alavancar políticas de concessão de crédito por meio de bancos oficiais. A ampliação do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) que visa financiar imóveis de até R$ 500 mil contará com recursos de até R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal.

    Todas são formas de burlar até mesmo os limites frouxos do chamado arcabouço fiscal petista. Cria-se um orçamento paralelo, que encobre a situação deficitária das contas públicas.

    Mesmo com os alertas, o Planalto insiste e tenta criar um novo fundo privado, de R$ 6,5 bilhões, para infraestrutura e recuperação de eventos climáticos, com verbas antes voltadas à mitigação dos impactos das enchentes no Rio Grande do Sul.

    Não surpreende que seja assim, já que o próprio governo admitiu candidamente nas diretrizes orçamentárias de 2026, enviadas ao Congresso Nacional neste mês, que as normas fiscais em vigor não se sustentarão a partir de 2027.

    Depois da farra dos últimos dois anos, o que se busca, à expensa do contribuinte, é adiar o necessário ajuste. O custo já chegou, porém. A expansão de gastos além dos limites, mesmo obscurecida nos dados oficiais, pressiona inflação e juros, acelera a escalada da dívida pública, eleva a percepção de risco e compromete os investimentos necessários para o crescimento econômico.

  3. ENTRE CAMINHOS E SILÊNCIOS: UMA CONFISSÃO, por Aurelio Marcos de Souza, advogado, ex-procurador geral do município de Gaspar (2005/08), graduado em Gestão Pública pela Udesc. Artigo, originalmente publicado nas redes sociais do autor

    Às vezes, no meio do barulho do mundo, eu paro e tento conversar comigo mesmo.
    Não é uma conversa fácil. Aliás, quase nunca é.

    Eu olho para a minha trajetória — Direito, Administração, Educação Física — e vejo diplomas que não são apenas papéis.
    São pedaços de mim.
    São histórias de esforço, de dúvidas, de recomeços.
    Agora, sigo na Engenharia, quase lá. Mais um passo, mais uma conquista à vista.

    De fora, pode parecer excesso. Pode parecer confusão.
    Para alguns, é difícil entender.

    E, para ser sincero, às vezes até para mim é.

    Há dias em que o cansaço fala mais alto.
    Há noites em que a dúvida sussurra no escuro:
    — Por que tantos caminhos? Por que não parar?

    Mas no fundo, eu sei. Eu sempre soube.
    Não se trata de querer mais por vaidade.
    Se trata de não caber em um único lugar.
    De ter sede de conhecimento, de desafio, de significado.

    Cada escolha que fiz não foi para fugir. Foi para me encontrar.
    Foi para honrar todas as partes de mim que clamavam para viver.

    É pesado? Às vezes, sim.
    É solitário? Muitas vezes.
    Mas também é verdadeiro.
    E eu aprendi que a pior solidão seria viver negando a minha própria essência.

    Por isso sigo.
    Mesmo com as incertezas.
    Mesmo quando conversar comigo mesmo se torna difícil.

    E se já é complicado para mim — que sinto na pele, que carrego nas costas cada escolha — me entender por completo, imagine para quem só enxerga um pedaço.

    Para quem acha que eu sou só o que falo de Direito, ou só o que falo de Administração, ou só o que falo de Educação Física, ou só o que falo de Engenharia, não sabem que cada um desses mundos é apenas uma parte de mim, uma janela para uma visão mais ampla.
    Eu sou o que aprendi em cada desafio, em cada erro e acerto.
    Eu sou a soma de todas as minhas paixões, dúvidas e descobertas, e nada pode me limitar a uma única etiqueta ou caminho.

    Se é difícil me entender, é porque eu escolhi ser inteiro, não metade.

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