Na semana passada prometi trazer este tema. Fiz a promessa porque sabia que ele não ganharia destaque na mídia formal local, por motivos óbvios. Todos pisando em ovos com medo de perderem as verbinhas-migalhas, serem constrangidos, perseguidos e processados.
O que você não leu na imprensa de Gaspar, todavia, você também não precisa deste blog para ser esclarecido e tomar as suas próprias conclusões. Basta de três horas do seu lazer ou trabalho. Você pode vê-lo e ouvi-lo no site da Câmara por inteiro, se não tirarem a gravação dos arquivos do site.
Na terça-feira passada, excepcionalmente, repito, a sessão durou três horas. Duas delas, foi para, humilhantemente, a maioria dos vereadores voltarem atrás e apoiar o veto do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, ao projeto do vereador petista, Dionísio Luiz Bertoldi. Este PL determinava à colocação de câmeras de vigilância nas escolas e creches de Gaspar. O PL, há três sessões anteriores, havia sido aprovado por unanimidade nesta mesma Câmara.
A outra parte dessas duas primeiras horas, foi gasta com moções contra o Abril Vermelho do MST (note-se que a moção reativa, sem notícias de invasões em Santa Catarina, foi apresentada e aprovada em seis de maio. Gente atenta, deveria ter apresentado este tema em março) e contra a obrigatoriedade da vacinação na proteção de crianças à Covid matriculadas em escolas e creches de Gaspar. Esta determinação é Federal. Está na política de prevenção a doenças.
E qual foi o teatro? O Conselho Tutelar de Gaspar apareceu lá. Determinado e técnico, enfrentou uma claque mobilizada, organizada de negacionistas e incomodada diante das ações funcionais do Conselho. Inutilmente, de forma didática, ele se esforçou em provar que ele não é o bandido dessa história como quer fazer crer uma parcela de pais bolsonaristas e de direita radical gasparense ainda sem resultados administrativos para a cidade. Trato disso lá no TRAPICHE
Esta segunda parte pastelão tic-tac aconteceu para esconder à primeira parte da sessão pastel. E tudo com a colaboração do presidente, Alexsandro Burnier, PL, sem capacidade para fazer cumprir o Regimento Interno e a Lei Orgânica. Tanto que ele foi chamado às puas, duas vezes – uma em uma questão de ordem e a outra, no pronunciamento na tribuna pelo mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP. Ele, inclusive, chegou a se levantar da sua cadeira do plenário demonstrando desconforto incomodado com o assalto à liberdade de expressão exercida pelo grupo, inclusive ao posicionamento da vereadora Mara Lúcia Xavier da Costa dos Santos, PP.
O VETO I
Não vou entrar no mérito do Projeto do vereador Dionísio, a postura do governo de Paulo e do seu vice multi-titulado Rodrigo Boeing Althoff, também PL. A sessão-comício teve apenas dois discursos coerentes e que lavaram a minha alma mais uma vez, pois escrevi exatamente isso dias atrás: o do vereador Ciro André Quintino, MDB, um dos que voltou atrás no voto, mas segundo ele, “para dar uma segunda chance ao atual governo“. Credo! “Somos poderes independentes, mas está faltando uma conversa entre o presidente [Alexsandro] e o prefeito [Paulo] para alinhar as prioridades“. E está. Toda a cidade sabe disso e não é de hoje. Já escrevi isso dezenas de vezes. Ou é teimosia ou burrice. Convergências e mudanças para a cidade, até o momento: zero
A outra intervenção foi de Giovano Borges, PSD, outro que voltou atrás nos votos. Ele disse que o chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, que foi chefe de gabinete de Kleber Edson Wan Dall, MDB, ou seja, sinal claro de que nada mudou e possivelmente nada mudará, ainda não disse a que veio na função de intermediação política do governo com a Câmara. Bingo. Toda a cidade sabe disso e não é de hoje. Já escrevi isso dezenas de vezes. Ou é teimosia ou burrice. Convergências e mudanças para a cidade, até o momento: zero.
VETO II
A origem dos problemas de relacionamento está dentro do próprio governo de Paulo e Rodrigo; está na falta de identidade do governo; está na incapacidade de liderar os processos e principalmente de se articular politicamente; está na dificuldade de se comunicar entre eles próprios, controlar os vazamentos que negam, mas que se confirmam em seguida.
E para complicar, há fogo amigo. Ele agora, até faz textos apócrifos, bem elaborados e os distribui nas redes sociais para acusar e constranger os seus. Cruzes. Gente valente que age anonimamente. Tudo para se livrar da responsabilidade, do enfrentamento, de processos, dos riscos, do diálogo, da convergência e da solução. É um governo que vive de fofocas e rasteiras, não exatamente contra a suposta oposição – e que no fundo será só contra o PT, seja quem for o vereador que represente o partido em Gaspar -, mas no seu próprio ninho. Incrível esta perda de tempo. Bolsonaro era assim. Falta-lhes, nestes primeiros cinco meses de governo, de verdade, resultados. Então dá-lhe fumaça preta. O Vaticano em dois dias resolveu o assunto. Então, aprendizado, zero.

Tudo começou quando o governo, o PL e o União Brasil escolheram Alexsandro, o campeão de votos, e só por essa condição, como presidente da Câmara. O Executivo ficou mais fraco. E a majoritária oposição centrista (MDB, PP, PSD) comemorou a manobra errática dos bruxos que rodeiam o “novo” governo.
Resultado: um presidente sem experiência para o primeiro e crucial ano de governo no trato político e conhecimento da gestão de um poder essencialmente político. Um vereador em crise, que não desceu ainda do palanque, porque acha que vai ser candidato a deputado estadual. Agora, na situação, sem porrete fácil na mão contra o governo Kleber. Está perdido. Se não vestiu a liturgia de presidente, voltou a ser vereador falador na tribuna.
Se antes o governo de Paulo e Rodrigo dependia de um voto minerva de um presidente numa composição partidária, agora ele depende de dois votos da oposição para passar qualquer matéria polêmica e se tudo der certo com os seus, os quais vivem batendo cabeça entre eles. E a oposição centrista (MDB, PP e PSD) conseguiu se aproveitar desta dependência na última sessão quando Paulo precisou manter seu veto oriundo exclusivamente de um cochilo dos seus na Câmara. A oposição centrista – a então Bancada do Amém de Kleber -, com a parte mais esperta e experimentada, deu um “voto de confiança” ao “novo” governo. Senhas perfeitas.
VETO III

Sem um presidente da Câmara articulador – ninguém quer que ele seja um Júlio Garcia, PSD, por exemplo -; sem um chefe de gabinete trabalhando com as prioridades do governo e harmonizando as demandas espinhosas na Câmara; sem uma líder de governo capaz de colocar panos quentes nos pontos nevrálgicos mas que preferiu perigosamente um processo de desmoralização contra quem lhe pode ajudar com votos no Legislativo; sem ter a quem recorrer, o governo de Paulo e Rodrigo caiu como um patinho nesta rede que dominou o governo de Kleber e que Paulo e Rodrigo juraram, para ganhar as eleições, que mudariam.
Por outro lado, os que capturaram o prefeito Paulo e os atuais donos do poder de plantão nesta rede, mostraram, ao mesmo tempo, de que Paulo não depende mais dos seus ideológicos, atabalhoados e ou dos que pensam individualmente no sistema de poder. Ao mesmo tempo, os que foram em socorro do veto do prefeito Paulo, desmoralizaram a própria líder de governo, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL. Ela os acusou, há bem poucos dias, de estarem apenas em busca de empregos para os seus na prefeitura e não exatamente para melhorar e mudar Gaspar. Impressionante o tamanho da invertida e do erro tático.
Por isso, foi constrangedor ver o vídeo dela com esta fala dita dias antes na própria Câmara. Este vídeo foi repetido na terça-feira no telão Câmara pelo vereador Dionísio após ser derrotado na votação do veto. Mais cedo do que se esperava, Alyne vai se tornando o que foi Francisco Solano Anhaia, MDB, para o governo Kleber e Marcelo de Souza Brick, PP. Em pouco tempo, se continuar assim, perderá também o crédito e como uma biruta, ficará disponível ao vento que sopra e das tempestades que se armam do gabinete do prefeito Paulo e na Câmara.
O apetite desse tipo de acordo – para garantir um veto quando não se tem uma bancada majoritária e fiel -, normalmente, se conhece lendo o Diário Oficial dos Municípios, seja pelo que se indica, ou por quem deveria ser trocado, para mudar, e não sai. Então o atual governo, cada vez, mais, parece ser a continuidade do que passou, o qual foi retirado amplamente nos votos pelos eleitores e eleitoras de Gaspar.
O VETO IV
Como escrevi, não vou entrar no mérito do veto contra o projeto que instituía à obrigatoriedade das câmeras em escolas e creches municipais em Gaspar. Ora, se há uma equipe técnica na Câmara para produzir pareceres técnicos – incluindo o da constitucionalidade das matérias que vão à votação -, ela foi simplesmente, humilhada. Esses técnicos, provou o Executivo, são perfeitamente dispensáveis. Tragam o procurador geral do município no lugar deles. E nesta vala comum entraram as três comissões temáticas da Câmara, incluindo a líder do governo de Paulo e Rodrigo, Alyne, graduada em direito, que preside a principal delas: a de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação. Votou. Aplaudiu. Resistiu. Ao final, voltou atrás, com autoridade e sem medo de ser feliz.
E seu erro não começou exatamente naquilo que tramitou na Câmara com pareceres favoráveis de todos os lados – inclusive os dela em Comissão permanente e na unanimidade de votos, incluindo o dela – pela tramitação e aprovação do Projeto de Lei, mas à falta do exercício efetivo dela como uma líder do governo, proativamente, ainda mais, sabedora confessa, de que há um chefe de gabinete do Executivo reativo, e que pelo jeito, sequer abre o site da Câmara.
Alyne não comunicou o que se passava na Câmara. Tão pouco, dissociada, conferiu com aquilo que já estava sendo feito dentro do próprio governo: a efetiva instalação das câmeras nas escolas e creches pela secretaria de Educação, a qual estava se antecipando e resolvendo um problema, exatamente para o governo não passar por este vexame. E mesmo assim o governo conseguiu se superar outra vez: o de criar o vexame. I-na-cre-di-tá-vel!
Os quatro votos contrários foram do relator original do Projeto de Lei, Carlos Francisco Bornhausen, MDB e pela coerência não podia ser diferente; do autor do PL, o vereador Dionísio; do vereador Roni Jean Muller, MDB, o que mostra de que pode não estar na mesma balaia de acertos centrista pois ele é um dos que está na mira da CPI do capim seco; bem como a de Thimoti Thiago Deschamps, do União Brasil e supostamente da base do governo. Para manter o seu voto, Thimoti se escudou nos pareceres de constitucionalidades de técnicos sobre a matéria. Eram esses pareceres e a orientação favorável da líder de governo à tramitação, aprovação unânime, além do que a secretaria de Educação já tinha cumprido o que pedia o PL instalando as Câmeras.

E aí que o fogo amigo no parquinho dos radicais que cercam o governo de Paulo e Rodrigo, começa, alastra-se e fragiliza todos do governo. I-na-cre-di-tá-vel! Conhecidos os resultados desta votação, vários memes logo se espalharam pelos aplicativos de mensagens.
Um associava Thimoti – e está – ao vice Rodrigo e tratava ambos como traidores. Sem comentários. No fundo, essa gente não sabe perder. Não consegue respeitar à divergente opinião alheia. O outro meme pegava uma foto de Carlos Bornhausen com o mesmo Rodrigo, em associação semelhante para supostamente estarem armando complôs.
No fundo o que é isto? Tudo para esconder erros, patetas e patetices na tramitação de um Projeto de Lei onde o governo errou a mão, custou-lhe caro sob vários aspectos, causou confusão, criou armações ilimitadas, quis mitigar inventando inimigos ocultos, tudo para se livrar das cobranças de falta de resultados efetivos para a cidade. Nem mais, nem menos. Gente perigosa. Muda, Gaspar!
TRAPICHE

O Ministério Público de Gaspar que cuida dos assuntos de família, infância e adolescência precisa também se interessar mais por este assunto. A parte dos negacionistas que sustenta o governo do “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich e do engenheiro multi-tulado Rodrigo Boeing Althoff, ambos PL, bem como parte da sua minoritária bancada na Câmara, que inclui o presidente Alexsandro Burnier, PL, e a líder de governo, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, estão desqualificando o Conselho Tutelar de Gaspar, por ele, simplesmente, não prevaricar, não se subordinar política partidária ou ideológica e administrativamente ao poder de plantão e estar notificando os casos de pais que se recusam a cumprir o Plano Nacional de Imunização, uma determinação federal, que nada tem a ver com Gaspar, mas que manda as crianças tomarem a vacina da Covid.
Ora, o Conselho Tutelar, com cinco integrantes eleitos pela comunidade, não age sem que haja denúncias e em multicasos tipificados em legislação própria de proteção à proteção familiar. E quem faz estas denúncias, nos casos das vacinas, principalmente? A secretaria de Saúde do município e a secretaria de Educação. Não exatamente porque essas secretarias querem. E sim, porque existe um protocolo obrigatório para isto nas matrículas nos educandários brasileiros e que penaliza quem sonegar estas informações e não denunciar aos órgãos competentes de fiscalização. É difícil compreender isso?.
Os negacionistas, travestidos de cientistas e de pais contrários a determinação legal ignoram isto em fóruns que sabem serem impróprios. Estavam lá, convocados por redes sociais e aplicativos de mensagens para constranger, passar corretivos, sob a aquiescência do presidente da Câmara, à representante do Conselho Tutelar de Gaspar, Érica Jussara Monteiro Marques. Ela foi didática. Não se abalou. Nem mesmo quando a líder do governo, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, sem argumentos técnicos, quis imputar ao Conselho de Gaspar uma ação política reiterada de esquerda na suposta perseguição aos pais contrários ao que determina o PNI. Érica já foi candidata a vereadora pelo PT.
Se há ideologização neste assunto é na direita, infelizmente. Passados cinco anos da criação da vacina contra a Covid e sem dados científicos que refutam os supostos males que elas possam causar aos humanos e só contra ela, os bolsonaristas continuam contra. As demais vacinas, com a mesma origem de proteção e propagação vírus na população, exatamente quando estamos com leitos de UTI estão criticamente tomados na nossa região pelas doenças respiratórias, estranhamente, eles não entram neste confronto tão aberto. Consequentemente com esse descrédito sistemático, o sistema vacinal como um todo, é perigosamente afetado por esse tipo desconfiança e guerra ideológica.
Ah, mas os pais sabem o que é melhor para os seus filhos. Talvez, se assumirem os riscos e não culpassem os hospitais pelas fatalidades que a ciência já gastou anos e bilhões de dólares para nos salvar e aos nossos filhos. Mas, o problema não é este. É o senso de cidadania e responsabilidade coletiva que está em jogo. Cada criança, se adoecida, é uma contaminante potencial de outras nas creches, nas escolas e em casa, as vezes com vulneráveis. É este ciclo de contaminação que se quer cortar com a política de vacinação preventiva e em massa. Evitar gastos com internações, remédios, sequelas e até mortes não dos filhos de pais negacionistas, mas de outros.
Isto me lembra, só para citar um exemplo, mas há outros como o de não fumar em ambientes comuns: a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança em veículos automotores, ou capacete para motoqueiros. “O estado não pode dizer o que eu devo fazer“, argumentava na época a gabola esquerda festiva nos meios de comunicação dominada por ela num tempo que não havia redes sociais e aplicativos de mensagens. Ok. Mas, o Estado, com os nossos pesados impostos – que deveriam ir para outras prioridades – é quem paga à cara recuperação do acidentado, a pensão por incapacidade, a morte, quando tudo isso pode ser evitado ou mitigado com o simples uso de um cinto de segurança ou capacete. Hoje, alguém possui dúvidas que cinto de segurança e capacete salvam vidas?
E por derradeiro. Na sessão constrangimento que perdurou até quando a representante do Conselho não tinha mais condição legal de voz e contraponto, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, insinuou que o Conselho Tutelar de Gaspar é um núcleo para palanque político de esquerda e que ele deveria ser neutro. Ótimo. Se a tese da líder de governo estiver correta, podemos dizer que a Polícia Civil de Gaspar é um núcleo para palanque da direita e que ele deveria ser neutro?
Foram como policiais, usando a imagem e a prestação de serviços da instituição que o delegado Paulo Norberto Koerich e Alyne Karla Serafim Nicoletti, ambos do PL de Jair Messias Bolsonaro, foram reconhecidos e eleitos. Existe algum mal nisso? Por que para uns uma instituição é um pecado mortal e para os mesmos outra não é no mesmo argumento? O governo de Gaspar está sem resultados e precisa dessas discussões estéreis, com os seus mais radicais, antes que eles abram os olhos e comecem a cobrança para valer de resultados pela cidade. Então criam cortinas de fumaças. Todas pretas. Mas, isto tem um prazo de validade. Por que os extremistas não chamam o Ministério Público para dançar neste caso das vacinas que é quem ao final está enquadrando os mais cientistas? Muda, Gaspar!

O Conclave I. Talvez seja a única vez na história deste século – e de outros – que um gasparense tenha participado do Conclave e dos segredos papais na Capela Sistina, em Roma, para a escolha de um Papa: o americano peruano Leão XIV. Não vejo esta comemoração histórica entre nós no fato em si e no voto – não se sabe em quem, exatamente – do cardeal Dom Jaime Spengler, gasparense do Poço Grande, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Uma pena.
O Conclave II. Odir Barni foi contador da prefeitura de Gaspar e fundador do Sindicado dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, o Sintraspug. Também foi professor de contabilidade pública no Colégio Frei Godofredo. O fato que ele conta, aconteceu em 1986. Jaime Spengler, trabalhava nas Linhas Círculo. Era tímido. Num certo dia, ao chamar o aluno assíduo, notou à sua ausência. Mais tarde, o diretor do Colégio, Francisco Hostins (ex-vereador e prefeito), já falecido e também católico fervoroso, acompanhou o aluno Jaime à sala para a despedida e explicações da sua escolha. Tinha decidido mudar de rumo na sua vida e seguir à vocação de ser padre. Ia embora de Gaspar, para sempre.
Voltando ao mundo do diabo. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, quando viu a virada contra o seu projeto, perdeu também a criatividade. Disse que estava de volta a Bancada do Amém Dois. Dois fatos: não é verdade até porque este rótulo fui eu quem criei; além disso, dependendo de como se dará esta configuração, teremos então, a Bancada Abacaxi, ou seja, feia por fora e normalmente, gostosa por dentro.
Nas discussões sobre o veto, é dada como certa a criação da Guarda Municipal Armada em Gaspar, mesmo quando todos no “novo” governo de Gaspar reclamando da falta de dinheiro no caixa da prefeitura, ou do povo chiando do mau atendimento no Pronto Socorro do Hospital, dos postinhos de saúde, da falta de turnos integrais, salas de aulas e contraturno, roçagem que adentra o quinto mês sem a execução e principalmente a falta simples de agentes da Ditran para organizar o trânsito e reimplantação da Área Azul, tema do segundo dia de governo de Paulo Norberto Koerich e Rodrigo Boeing Althoff, ambos PL, e até agora, paralisado na burocracia da prefeitura.
Os partidos vão escolher os novos diretórios municipais. O MDB de Gaspar marcou para o sábado a sua convenção. Mesmo estraçalhado pela sucessão de erros e envelhecido na renovação, haverá disputa: o ex-vereador e secretário municipal Celso de Oliveira, encarna o tradicional. E o vereador Ciro André Quintino, marqueteia de Florianópolis, incluindo recursos para eleitores, para obter o espólio da massa falida por Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seus “çábios”. Qualquer resultado trará consequências no alinhamento e desalinhamento aos que usaram o MDB de Gaspar.
Outra prova da falta do que mostrar. Nas redes sociais, o “delegado prefeito” Paulo Norberto Koerich, PL, trombeteia: “Gaspar conquista o 6º lugar em geração de empregos em SC“. O ex-prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, fazia exatamente isso. Nem o ex e nem o atual foram capazes de apontar o que fizeram para este resultado. Tudo que gera novos empregos é investimento privado e alguns deles, sob insegurança jurídico-legislativa (Plano diretor desatualizado, por exemplo), ou então falta de suporte na infraestrutura (como mobilidade, capacitação, creches em tempo integral, sistemas de proteção…).
O que é feita da CPI do Capim Seco? Ninguém viu. Ninguém sabe. E como no caso do veto da semana passada. Tudo corre para ser empacotado para não faltar votos na Câmara. Vai ficar como a polícia de Blumenau especializada em corrupção levantou para o Ministério Público levar adiante ou não, o caso.

Credo. Então quer dizer que o metro quadrado da disputada Expointer de Esteio, no Rio Grande do Sul, custa R$95,00 para o abrigo de animais e na ExpoGaspar, a que está a cata de expositores, R$100,00? Até agora, ninguém se interessou. Cada vez mais, esta área, por seus bruxos, prova à sua inutilidade. Era previsível.
Perguntar não ofende: o que foi feito da peitada da líder de governo, Alyne Karla Serafim Nicoletti, PL, contra a diretora do Hospital de Gaspar Aline Cristiane Deichmann da Cruz no plenário da Câmara há duas semanas e que a apontou como o centro do mal de tudo que acontece por lá? E depois dizem que eu sou exagerado e descuidado. Está gravado.
Pois é. Estão brincando com fogo, sentimentos e resistindo à realidades. Novamente uma morte no Hospital ganha as manchetes. E muitas explicações oficiais, mais uma vez, de quem não deveria se explicar. Vocês acham que eu vou repetir o que já escrevi aqui tantas vezes sobre este assunto? Não! Vou me limitar, desta vez, a republicar o artigo do pai, advogado, ex-procurador geral do município (2005/08) e graduado em Gestão Pública pela Udesc, Aurélio Marcos de Souza, originalmente publicado nas suas redes sociais dele. Impecável! Boa Semana. Se der, vem mais um artigo esta semana.
O SUPER-HERÓI NÃO VEIO
Era só uma criança.
Tinha uma bicicleta, um sorriso fácil e um mundo inteiro para descobrir.
Caiu. Como todas as crianças caem.
Levantou, como os pequenos sempre fazem.
Mas algo dentro dela não estava bem.
Foi levada ao hospital do município.
O quadro piorou.
Os pais, desesperados, conseguiram um leito especializado em outra cidade.
Faltava apenas o transporte.
Uma ambulância. Uma ajuda. Uma mão estendida.
Eles pediram. Gritaram. Imploraram.
Foram atrás das autoridades, dos que se dizem representantes do povo.
Chamaram um dos “heróis” da Liga da Justiça da vida real — aquele que aperta mãos em época de eleição e promete estar sempre presente.
Mas o herói não veio.
A capa não apareceu.
A resposta não chegou.
Veio apenas o silêncio.
E depois, a morte.
Agora, resta um quarto vazio.
Uma bicicleta parada.
Um brinquedo que não será mais tocado.
Um pai destruído.
Uma mãe em pedaços.
Um avô sem seu neto.
Uma família, sem chão.
E então surgiram os rostos indignados, as notas de pesar, os discursos emocionados.
Mas tudo isso vem depois.
Depois que o sangue já esfriou, depois que o corpo já foi enterrado.
Depois que o povo já chorou.
O jogo de empurra começa.
Ninguém assume. Ninguém responde.
Todos se esquivam.
Mas você que lê, pense bem:
E se fosse seu filho?
Seu neto?
Seu sobrinho?
Seu pequeno?
Não espere a tragédia bater na sua porta para perceber:
Estamos à mercê da sorte.
À espera de um herói que nunca vem.
E no fim, tudo o que aparece…
São apenas lamentações.
E agora, o Dia das Mães se aproxima.
Para muitas, será dia de flores, abraços e comemorações.
Mas para ela… será o silêncio mais cruel.
Porque nenhuma mãe deveria enterrar seu filho.
Nenhuma mãe deveria implorar por socorro e ser ignorada.
Nenhuma mãe deveria ter que sobreviver à ausência do seu pequeno.
Ela não quer homenagens.
Ela queria o filho de volta.
Essa mãe vai olhar para a bicicleta parada, para os brinquedos esquecidos.
E vai sentir a dor de um amor que continua — mesmo quando o filho já se foi.
Não há superpoder que repare isso.
Não há desculpa que acalente esse vazio.
2 comentários em “A SESSÃO DA CÂMARA FOI AO MESMO TEMPO PATÉTICA E CHEIA DE SIMBOLISMOS. SEM RESULTADOS REAIS PARA MOSTRAR, TANTO O EXECUTIVO COMO O LEGISLATIVO, PEFERIRAM GASTAR QUASE DUAS HORAS COM CORTINAS DE FUMAÇA PARA ESCONDER À FALTA DE SINTONIA INTERNA E QUE OS OBRIGARAM À UM DRAMÁTICO RECUO DELIBERATIVO”
O GOVERNO LULA, por Lygia Maria, no jornal Folha de S. Paulo
O MUNDO INVERTIDO DO PT
Lula e seu partido voltaram ao poder com discurso pela democracia, mas preferem afagar ditadores
Em homenagem à inversão de valores e prioridades petista, esta coluna começará pelo fim.
Na sexta (9), Lula, eleito presidente com o discurso de defesa da democracia ante o desvairado de laivos autoritários Jair Bolsonaro, curvou-se ao autocrata Vladimir Putin em Moscou.
O evento, em comemoração ao esforço de guerra soviético para o término da Segunda Guerra Mundial, na verdade serviu como respaldo para a invasão da Ucrânia pela Rússiae contou com a presença de líderes despóticos da China, da Venezuela, de Cuba e outros países avessos ao Estado democrático de Direito.
A desculpa por tamanha incoerência é um datado anti-imperialismo dos Estados Unidosque aceita o imperialismo russo, ditaduras latino-americanas e teocracias no Oriente Médio.
Não à toa, no dia 7, o IBGE resolveu desenhar tal lógica distorcida e lançou um mapa-múndi do avesso, com o Brasil no centro, o Sul em cima e o Norte em baixo. O objetivo seria ressaltar a liderança do país em importantes fóruns globais como o Brics —entidade há muito inútil que reúne desde a pobre Etiópiaaté tiranos como o Irã e a própria Rússia.
Enquanto o instituto de estatística brincava de colorir, dois dias antes uma pesquisa mostrou que 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. E o vexame não para aí. Desses, 43% concluíram o ensino fundamental, 17% se formaram no médio e é assustador que 12% obtiveram diploma universitário.
A taxa caiu de 39% em 2001 para 27% em 2009 impulsionada pela expansão do acesso à educação, mas ficou estagnada, entre 27% e 30%, desde então devido à inépcia de governos nas três esferas para melhorar indicadores de aprendizagem, que são pífios em exames locais e internacionais —note-se que, no âmbito federal, o PT ficou quase 14 anos no poder, sem contar o atual mandato.
Esta coluna deveria ter começado por esse descalabro, e eliminá-lo deveria ser o princípio norteador das gestões petistas. Mas o PT, em seu mundo invertido, prefere afagar ditadores em nome de uma ideologia retrógrada do que cuidar do futuro do país
A QUEM NÃO INTERESSA NÃO INTERESSA A CPI DO INSS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Se for acionado o tradicional sistema de blindagem vigente em Brasília, que costuma unir políticos e partidos de diferentes lados em torno de interesses em comum e enterrar ideias que podem prejudicá-los, a mais que necessária CPI para investigar as bilionárias fraudes no INSS corre o risco de morrer antes mesmo de nascer. O motivo é prosaico: embora possa ser especialmente ruim para o governo do presidente Lula da Silva, uma CPI como essa pode eventualmente apontar malfeitos do governo anterior, de Jair Bolsonaro. Eis a senha para que a turma da contemporização passe a atuar, estancando a eventual instalação da comissão. Se isso acontecer, ficará claro o que todos já intuem: que nem governo nem oposição estão preocupados com os aposentados lesados. O único cálculo, de parte a parte, é de perdas e ganhos eleitorais.
Logo após ser deflagrada a operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) para investigar as fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões, a oposição não teve dificuldades para conseguir as 171 assinaturas necessárias e protocolar um requerimento com vistas a criar a CPI, enquanto o governo, atordoado e perdido, patinava entre a incompetência para gerir a crise e a habitual procrastinação do presidente Lula da Silva – que, torcendo para que o caso esfriasse por conta própria, demorou tanto a demitir Carlos Lupi do Ministério da Previdência quanto a definir quando e como ressarcirá às vítimas os recursos descontados irregularmente ao longo dos últimos anos.
No entanto, em pouco tempo ficou claro que os malfeitos, a letargia e a omissão no caso da roubalheira do INSS transcende governos. Tudo começou em 2016, no governo de Michel Temer, mas foi em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, que disparou o número de reclamações de beneficiários sobre os descontos aplicados, embora pese contra o governo Lula a demora em agir, a despeito dos alertas feitos ainda em 2023. Segundo as investigações, as entidades associativas receberam quase R$ 8 bilhões entre 2016 e 2024, dos quais R$ 2,8 bilhões apenas no ano passado. A maioria dos beneficiários não havia autorizado a cobrança ou acreditava que seu pagamento fosse obrigatório.
Os problemas compartilhados entre o atual governo e o anterior justificaram, por exemplo, o esforço do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) ao publicar em suas redes sociais um vídeo em que discorre sobre o escândalo. Nele, o parlamentar não só acusa o atual governo, como seria de esperar, como tenta defender Bolsonaro e desvencilhar o aliado do caso. Diante da viralização do vídeo, que repetiu a estética e o sucesso nas redes sociais de outro publicado em janeiro, quando o deputado criticou uma suposta taxação do Pix e ajudou a gerar uma crise de imagem do governo lulopetista, os exegetas do Palácio do Planalto se apressaram em respondê-lo, transferindo para Bolsonaro a responsabilidade pelo escândalo.
Entre o sujo e o mal-lavado, os diques de contenção da CPI começaram a ser construídos. Não à toa, a oposição insiste na instalação da comissão com o foco contra o governo Lula, enquanto há governistas ameaçando mirar na gestão de Bolsonaro. Quem conhece os ingredientes que moldam o apetite ou o fastio por investigações em Brasília sabe que há uma forma implacável de neutralizar uma CPI: mostrar que, quando dois lados têm a perder, o mais seguro é não brigar. Sobretudo quando se sabe também que o Congresso teve responsabilidade pela demora na aprovação de uma proposta para garantir a exigência de controle nos descontos.
Este jornal reafirma que o tamanho da rapina e a dificuldade do governo em oferecer respostas com prazo e intensidade adequados justificam a instalação da CPI. A apuração deve ser rigorosa e ir além deste governo, posto que 6 milhões de beneficiários foram prejudicados ao longo dos anos. Há muitas perguntas ainda sem resposta sobre o esquema e uma CPI pode ajudar a iluminá-las. Razões suficientes também para exigir neste momento uma pressão dos brasileiros para evitar que a operação abafa seja bem-sucedida.