LUCIANO HANG VAI DEPOR À CPI. É UM EXAGERO. MAS, FOI ELE QUEM CRIOU CLIMA E A OPORTUNIDADE PARA ISSO

Primeiro: eu nunca trabalharia com Luciano Hang.

Segundo: muito provavelmente, nem Luciano comigo se fosse dado a ele este tipo de escolha. Sobre corporações, empreendedorismo, futuro e gestão de crises pensamos diametralmente em oposição. Respeito, mas não concordo. E me espelho numa maioria que faz sucesso no próprio ramo dele no Brasil e no mundo.

Eu acredito no empreendedor que coloca foco e alma naquilo que empreende, conhece, inova, cria equipes desafiadoras e toma riscos para si, a favor do seu negócio lícito em benefício à sociedade. Desconfio e mantenho prudentes distâncias de empresários que se colocam no centro das atenções com exposições pessoais, ou enveredam pelo campo da política partidária, apaixonam-se por palanques feitos de malandros de todos os tipos. E ainda dão a capara ao tapa por esse tipo de gente.

A cidadania pode ser exercida de várias formas, uma delas, é ser respeitado e não se misturar às dúvidas, ou gente de qualidade duvidosa.

Escrito isso, penso que a convocação do filho da dona Regina Hang – para se explicar hoje na relação dela e do filho com a Prevent Sênior -, é um erro dos políticos da CPI, beira ao cinismo, desatino se não é um tiro no próprio pé de quem colocou este bode na sala.

O que se passou no âmbito familiar foi fruto de uma escolha pessoal, um drama íntimo com consequências íntimas, penso. E se houver alguma dúvida, ou indício de crime na escolha do filho Luciano ao tratamento da genitora, não é algo para ser exposto publicamente numa CPI. É um assunto muito particular. E posso afiançar que tudo o que ele fez, como filho, foi na intenção de salvá-la.

Quanto o não estar a Covid-19 no atestado de óbito são outros quinhentos. Como escrevi, é algo policial, é para se apurar e se punir quem escondeu, quem errou com ou sem dolo, exatamente para defender uma causa, um pseudo-tratamento. E isso tudo, fora dos holofotes.

Por outro lado, o circo que Luciano faz com suas convicções o deixaram e o deixam exposto. E desta vez vulnerável. O PT é o demônio dele. Não discuto. Mas, Luciano se agarrou à primeira tranqueira como tábua de salvação para enfrentar o PT.

Luciano não percebeu até agora – ou não pode sair foram deste jogo em que se meteu para não assumir que exagerou ou errou – de que esta escolha foi e é tão demoníaca quanto àquilo que se benze para se livrar. Aos empresários e à economia, o governo Bolsonaro tem sido um pão que bate em doido. Assim é na Saúde, na Educação, na Assistência Social, no Meio Ambiente…

Se Luciano tivesse focado nos seus negócios, talvez estaria melhor posicionado nesta área que requer mais que lojas físicas, ou ser um mero locador – sem concorrência – de suas próprias lojas física; ele não estaria com o IPO – abertura de capital de uma de suas sociedades – sob dificuldades e desconfianças do mercado, e já teria resolvido, por exemplo, o simples fechamento, ou à reabertura da loja física em Gaspar.

Ela nasceu de um erro, fruto de amizades mal calculadas de última hora e de pixotadas de seus assessores, se os têm, e que não os escuta.

Ah, mas Luciano financia sites bolsonaristas, recheado de notícias falsas.

Pode ser. Contudo, esta CPI no Senado não tem este objetivo. Ou seja, está claro que a CPI se envereda num campo perigoso e alheio aos seus propósitos: o do constrangimento, o da ameaça, o da exposição gratuita de quem fez outras escolhas pessoais. A CPI pelo comportamento controverso – e audacioso – de Luciano, tomar hoje um coice xucro.

Este meu espaço não tem financiador público ou privado.

Também não uso mecanismos e nem grana para impulsioná-lo, e mesmo assim sou líder de audiência. Lê quem quer, se lembra, ou acredita naquilo que discuto ou proponho para reflexão. Ou seja, com esses “mecanismos”, poderiam-me fazer atingir muito mais leitores e leitoras. Mas, no meu caso é um hobby. É uma escolha pessoal, apesar de me custar tempo, dinheiro e alguns incômodos. E nem todos – como eu – podem bancá-los.

Além do mais, penso, os tais sites bolsonaristas são atividades lícitas – até o limite das leis que os permitem e os regulamentam – e por isso, no meu entender, podem pedir e serem remunerados por patrocinadores.

E por isso, mesmo, também se é permitido buscar patrocinadores para a sobrevivência e até o lucro dos mesmos.

Os veículos tradicionais fazem o que o dono do site bolsonarista Terça-Livre, Allan dos Santos, alvo das queixas, fez: buscar caminhos, redes de influenciadores, intermediários, agências e contatos para falar com quem possui grana e pode ser seduzido por propostas de patrocínios no seu negócio, o seu blog.

Sou testemunha dessa prática em quase 50 anos nesta área.

Não há delito nesta procura. Não há pecado. Não há proibição formal de que não se possa patrociná-lo. A escolha é exclusivamente do patrocinador. É o patrocinador quem precisa avaliar tudo isso, incluindo contexto, às repercussões sobre seu negócio, a pessoa, a imagem associada…

Aqui em Gaspar há patrocinadores para políticos que compram espaços em rádios para o seu bla-blá-blá políticos travestido de ações sociais, entrevistas e propaganda política. Neles, o merchandising rola solto para a promoção do político. Penso, repito, que seja tudo isso lícito.

Há até, site onde o entrevistador é um comissionado da prefeitura, candidato quase sem votos quando se testou nas urnas. Ele vive fazendo o “serviço” aos seus empregadores políticos, com patrocínios de terceiros. Combina-se tudo, inclusive à escada, às perguntas, às respostas e o que não se quer ver exposto ou devidamente escondido. Eticamente condenável, mas comercialmente, lícito. Perde-se, naturalmente, na credibilidade nesse camelódromo da enganação. Mas, aí é outra discussão.

Então e concluindo: a convocação de Luciano Hang para esta quarta-feira na CPI da Covid do Senado, é no mínimo, desastrosa, e que os atiradores que se cuidem com a culatra; cheira à vingança num tribunal de políticos que não concordam com as ideias e os amigos de Luciano. Tudo isso depõe contra o parlamento e à própria CPI em si.

Como disse César Tralli, ontem na Globonews, ” só faltou a ocultação de cadáver”. Mas, criar cadáveres para sustentar a narrativa de ocultação é algo que beira a novo crime.

Tempos estranhos estes criados pelo bolsonarismo e seus antagonistas.

Atualização das 17h56min. O que aconteceu na CPI se não o que antecipei muito antes dela acontecer? Aprendizes, e esses políticos ainda se fingem de espertos. O tiro saiu pela culatra. Era anunciado. Espetáculo deprimente para todos os envolvidos. Este é o novo Brasil, seja ele vermelho, ou verde e amarelo.

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