Oficialmente, este espaço está em férias até o dia seis de janeiro. Os leitores, leitoras e fontes deles e fatos (que ficam velhos se não explorados a tempo), principalmente, não. Então estou obrigado à hora extra; às escondidas da família.

Antes, porém, gostaria de expressar os meus votos de Feliz Natal aos que passam por aqui (leitores e leitoras) e aos que me ajudaram (o Miguel, especialmente, escolhendo as leituras para seu público, bem como o Henrique, no suporte). Sou cristão. Sou fiel; não um beato ou dependente. Respeito, acima de todos, os descrentes, pois eles precisam e merecem luzes. Agradeço muito. Peço pouco. A fé é íntima; o equilíbrio dela é que me afasta dos hipócritas e os donos das verdades, hoje estabelecidas bolhas com sabor de ignorância, contudo, sempre revestidas de saber (duvido, falso ou incompleto). Sou imperfeito. Mas, serei, cada vez menos a cada Natal. Não totalmente. Esta é a mágica da transformação; o permanente caminhar peregrino.
Neste momento especial de transição de governo em Gaspar, parte dos vencedores desaguam suas mágoas por aqui, estranha e exatamente onde ninguém acessa e o lê, como comentam os poderosos do passado, do presente e até os que vão se assentar no futuro governo. Então vou escrever para mim mesmo. Leitores e leitoras não reclamem, por favor.
Já os perdedores que ainda não se aboletaram naquilo que está sendo rotulado como “novo” ou “mudança” e que, teoricamente estão no plantão por alguns dias, sem canais críveis, aproximam-se daqui como se nada fizeram contra este escriba e já iniciaram a campanha para desacreditar quem ainda não teve sequer tempo para dizer a que veio, mas, insistentemente, por outro lado, já está escorregando em cascas de bananas que ele próprio joga do outro lado da rua e a atravessa – com todos os avisos e evidências para não fazer isso – para nelas escorregar por lá.
Este, todavia, não é o meu comentário de extraordinário de hoje e que, mais uma vez, me tirou das férias.
MARQUETAGEM BARATA
Há dias, aconteceu mais uma papagaiada marqueteira tão comum em Gaspar. Foi-nos apresentado a “nova” marca para o turismo de Gaspar ser reconhecido daqui para frente nacional e internacionalmente.
Foram oito anos de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho e Marcelo de Souza Brick, ambos do PP, de puro ostracismo nesta área. A tal ponto da especializada secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo ser tomada por curiosos, sem qualificação para a função e perdedores, sem empregos, que não lograram êxito na disputa por uma vaga na Câmara. Impressionante exigência curricular!
Não é a toa, que perdemos prazos, canais e oportunidade, ficando fora, inclusive, de calendários e exposição de oportunidades oficiais para exibir caminhos, potenciais e equipamentos turísticos gasparenses, num ambiente de um Vale todo ele vocacionado – e estruturado não só em Blumenau, o polo de tudo isso na região – para esta atividade do terceiro setor.
E se não fossem iniciativas particulares – onde o poder público passou bem longe – e isoladas, o nosso leque de oportunidades de atração e diferenciação regional no turismo do Vale Europeu, estariam falidas, mesmo estando num tal Vale Europeu e onde o turismo é um negócio em ampla evolução sustentável do ponto de vista econômico e de proteção das riquezas natutarais. Nós só não estamos totalmente desconectados na propaganda, exposição e interação negocial, graças as redes sociais de grupos ou de iniciativas individuais que trabalham ou sobrevivem do turismo no nosso município. Nem mais, nem menos.
É por elas que florescem e se fortalecem o turismo rural, os hotéis fazendas, a rota italiana, a das águas e cascatas, a arraial d’ouro, a da linguiça… Nem estacionamento para ônibus de turismo para se ver a cidade a partir da Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo – esta sim um símbolo da cidade – há.
UM LOGO COPIADO
No dia 10 de dezembro, festivamente, o Comtur – Conselho Municipal de Turismo – Prefeitura de Gaspar e o Sebrae SC, lançaram a “nova marca” do Turismo de Gaspar. Não é nova. Não é genuína. Não é criativa. Não é particularmente associada a cidade e ao setor em si, ao menos. Como mostra a reprodução na abertura deste artigo, assim como à comparação, esta logo marca, originalmente, está disponível no site Freepik, e sai por R$580,00, sem direitos de exclusividade, para quem assina este site de criatividade de logomarcas e bem conhecido no mundo da propaganda e publicidade mundial. Nada se cria. Tudo se copia, já dizia o Velho Guerreiro, o Chacrinha.
Pelo menos, numa pesquisa rápida, sabe-se que uma fazenda a usa, na sua concepção, apenas trocando as cores do grafismo. E falar tentei resgatar este processo criativo sobre esta logo, aparentemente feita de exclusividade, isto logo virou um ponto de segredo ou de acusação de intromissão indevida. E vejam só: em algo que é público e assim está posicionado, ou seja, para mexer com corações e mentes, atraindo turistas para Gaspar.
Segundo o que publicou o jornal “Metas”, de Gaspar, ao entrevistar Vivian Floriani, consultora do Sebrae e que lidera esta “descoberta criativa”, “o trabalho é resultado de uma construção coletiva”, acrescentou Vivian. A ideia, segundo ela, foi desenvolver uma marca que crie memórias positivas na relação Gaspar e seus atrativos turísticos. “Isso foi importante para que o desenvolvimento da marca estivesse direcionada para a identidade do município, numa clareza de conceitos”.

“Construção coletiva”? Hum! E virou um segredo? Não se pode questionar este tipo de “criação”, custos e usos? Outra: a identidade do município não é ser a “Capital Nacional da Moda Infantil”, também retratada num logo – este aparentemente sem imitações – pobre e que nos remete a algo artesanal e não exatamente ao desenvolvimento robusto, rápido, criativo e adaptativo de moda, materiais e confecção que está cercado este competitivo mercado entre nós? Tudo em casa e da mesma matriz de concepções, ruídos, improvisos e negações.
Afinal, para quem inventou o tal “Avança, Gaspar“, e nada avançou, e por último criou o tal “Ser feliz é viver aqui” e ficou contente em ser rejeitado amplamente nas urnas, nada mais é surpreendente.
VOLTANDO PARA ENCERRAR
Mais de dez dias depois do “lançamento” desta marca de identidade do turismo de Gaspar e ninguém viu que se tratava de um copia e cola, a qual até pode ser, mas deveria ter sido esclarecido e justificado isso à cidade e ao distinto público durante o lançamento? O turismo de Gaspar não merece isso.
E por que o governo de Kleber, Luiz Carlos e Marcelo, apenas 20 dias antes de deixar os oito anos de mandato dá esse presente de grego sem explicar exatamente o que ele significa para um setor que o governo gasparense tanto maltratou e deixou nas mãos de políticos que os acomodou no seu governo? Para uma fazenda, como quem já está usando esta logomarca, parece mais adequado: terra arada (ou plantada) sob o sol (vida) no horizonte. Até para propaganda de casquinha de sorvete pode ser uma ilusão de ótica. Nem o Schmitt ousou a tanto. Credo.
Levaram oito meses para apresentar a marca. E já estão comprometidos outros 21 meses daqui para frente neste trabalho, ou seja, a metade do futuro governo. E ninguém dos eleitos deu um pio até agora em mais esta enrolação. Aliás, deu.
Pois, pior mesmo foi ler na mesmo mesmo jornal “Metas” a opinião do futuro secretário de Desenvolvimento, Renda e Turismo, o empresário Nelson Küstner (Parolli) – com quem já trabalhei, ou seja, ele sabe que conheço desse riscado e o sucesso empresarial dele esteve sempre relacionado a caminhos de escolhas diferenciais, inclusive a coragem de deixar um emprego de aparente de futuro no setor privado.
O que ele Nelson Kustner de que “vamos continuar o trabalho que vem sendo construído e a nossa missão é abraçar essa proposta e transformar Gaspar num grande destino turístico”. Verdade? Sem comentários. Muda, Gaspar!
TRAPICHE

A uma semana da posse, o prefeito Paulo Norberto Koerich, PL, ainda não anunciou o secretário de Planejamento Territorial. É o único que se falta conhecer – oficialmente – no primeiro escalão da atual estrutura administrativa que ele vai herdar da famosa, polêmica e cara reforma administrativa aprovada na Câmara há sete anos.
Ela foi “desenhada” pelo então prefeito de fato, presidente do MDB, Carlos Roberto Pereira, para encaixá-lo nesse poder. Tudo se evaporou.
A escolha do novo secretário de Planejamento Territorial de já está feita e basicamente desde a campanha eleitoral. Gaspar inteira sabe. Alguns apoiadores torcem o bico para o nome que circula nos bastidores e confirmado por Paulo.
Esta secretaria tem uma missão importante. Ela é a que herdará também, por circunstâncias amplamente conhecidas, esclarecidas e debatidas aqui, mais problemas da cidade e que passam ao largo do povo que prioritariamente enxerga os da saúde, educação, água e conservação ou ampliação de equipamentos públicos.
Nesta secretaria se conflitam interesses dos grosssos de investidores, empresários, políticos, poderosos da cidade e principalmente da legislação ambiental nacional ou estadual. A missão é tentar resolver parte desses problemas com a revisão do Plano Diretor, o qual já deveria ter sido revisado em 2016. Entenderam?
Até esta revisão ficar pronta, enrola-se por dois anos e se abre mais exceções e e escancaram-se ainda mais as porteiras como o que se tem feito até aqui. Quanto à Legislação, principalmente a ambiental, os acordos poderão estar comprometidos se o futuro prefeito continuar ser um garantista como diz em público nos seus discursos. Por isso, no seu entorno, há mais bombeiros e incendiários juntos.
Choradeira I – Apoiadores do prefeito eleito e já diplomado (foto acima deste momento) Paulo Norberto Koerich, PL, e o vice, Rodrigo Boeing Althoff, PL, dizem que estão sendo “preteridos” e “traídos” nas escolhas que ambos fazem para preencher o segundo e terceiro escalões nos tais cargos comissionados e em confiança (gente concursada ou efetiva). Estou entupido dessas reclamações. “Estão escolhendo os nossos adversários“, lamuriam. E ao mesmo tempo prometem inundar as redes sociais com “esses indicados” por Paulo e seu entorno, pedindo votos para os derrotados. Será?
Choradeira II – Questionado, Paulo Norberto Koerich, PL, e não podendo negar genericamente essas escolhas, pois muitas delas já passaram pelo crivo burocrático para a nomeação tão logo ele assuma e assim com isso, não deixar a nova administração paralisada no início do “novo” governo, foi curto e grosso no chumbo que disparou como recado aos queixosos: “consideramos diversos fatores, dentre eles: técnicos, políticos, articulação e também, relacionamento“.
Choradeira III – A escolha técnica é algo fora de qualquer questionamento. Mas, até ela, com o tempo pode se provar inadequada. Como a prefeitura é um bicho político com um obrigatório equilíbrio de forças partidárias e de interesses para o eleito ter a mínima chance de implantar o seu estilo de governar e produzir resultados, ela não pode ser olhada apenas pelo lado técnico. Isso acontece até nas empresas. Mas, como exceção.
Choradeira IV – Resumindo: fatores políticos são aceitáveis em certa medida e necessidade numa administração pública que diz que vai mudar para resultados coletivos, supostamente diferentes ao que conseguiu produzir até aqui nesses últimos oito anos. Entretanto, vale reforçar que, o atual governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, provou para si e a cidade que, só a equação política é também desastrosa, inclusive, como resultado político. É só olhar a sova que levou nas urnas e a disfarçou com ampla marquetagem nos últimos dias de governo. Pegou até mal.
Choradeira IV – O que chama a atenção, por outro lado no recado de Paulo Norberto Koerich? As escolhas que o novo governo as definiram como sendo resultados de “articulação” e “relacionamento”. Ou seja, não será um governo técnico, como se prometeu nos palanques e na campanha. Articulação com quem? Interna – a governabilidade na Câmara, por exemplo – ou externamente com instituições que possam dar proteção ou salvaguardar interesses partidários de Blumenau, Vale do Itajaí, Florianópolis, Brasília, PL, Republicanos e União Brasil? Como será medido isso?
Choradeira V – No fundo, e ninguém é ingênuo, a campanha de 2026 já começou e não se sabe como isso terminará. O outro ponto realçado foi o que se denominou de “relacionamento”. Ou seja, ele vai pelo mesmo caminho da “articulação”. Muito mais cedo do que se pode se supor, o foco e a prioridade para mudar e se estabelecer um novo governo com novos resultados coletivos pode estar sendo engolido pelos conchavos de poder, barbeiragens, pressões, conveniências e campanha de 2026. Aliás, em Gaspar, já se ensaia várias campanhas “vitoriosa” a deputado estadual para 2026. Credo!
A federalização do porto de Itajaí e a sua subordinação administrativa ao porto de Santos, patrocinada pelo presidente do Sebrae e do PT catarinense, o itajaiense e ex-prefeito de Blumenau, Décio Neri de Lima, PT, (1997/2004) tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro, PL. Se ele tivesse feito a lição de casa que prometeu ao Brasil e a Santa Catarina, o porto de Itajaí já estaria privatizado e com vida própria, gerando modernização, competitividade, empregos e impostos para a cidade.
Portando, é falsa esta bandeira do governo Jorginho Melo, PL, no movimento contra a intervenção do porto de Santos em Itajaí, tanto como é o valor de uma nota de três Reais.
Por que? O então senador Jorginho Melo, PL, que lhe competia mudar esta situação e trabalhar pela privatização quando Jair Messias Bolsonaro, PL, era o presidente da República. Aliás, neste aspecto, Jorginho mais parece um petista: quer tudo estatizado. Nem mais, nem menos. Agora ele, e os bolsominions estão tirando lascas desse atraso do governo Luiz Inácio Lula da Silva, PT, contra Santa Catarina, Itajaí e o nossa autonomia logística.
Quer um exemplo de agora nesta linha? Jorginho ao invés de privatizar a descapitalizada e tecnicamente frágil Casan, quer que ela comande, sem capital e capacidade técnica, o saneamento em Santa Catarina. Quem perde? Os investidores que atraem turistas para ficarem entalados no gargalo logístico e doentes nas praias com precária balneabilidade.

O governador Jorginho Melo, PL, não está bem. Dúvidas nas contratações. Suspensões sucessivas de editais. Verdadeiramente, ele depois de dois anos de governo, não possui uma marca de governo ou de realizações.
E para complicar, comunica-se muito mal, apesar de ser um longevo e experiente político. Agora, uma pesquisa, publicada pelo grupo ND (família Petrelli), feita pela Mapa, mostrou que o governador Jorginho Melo, PL, tema aprovação de 75% dos catarinenses.
Com este presente de Natal, a marquetagem não deixou esta oportunidade passar em branco. E está certo o entorno do governador. Afinal, João Rodrigues, PSD, prefeito de Chapecó, já lhe atazanará.
E como se fosse um meme orquestrado, os prefeitos eleitos do PL e que ainda nem tomaram posse, entraram na mesma pilha. E dela não escapou o futuro prefeito de Gaspar, Paulo Norberto Koerich.
Ele ele fez carreira na polícia civil, como exímio investigador e por isso chegou a ser delegado Geral e o equiuvalente hoje, a secretário de Segurança – este no tempo de Carlos Moisés da Silva, sem partido -. Paulo, candidato a prefeito, jurou combater a corrupção e já escrevi sobre desnecessidade. Ou seja, a campanha já começou e de forma cega para 2026.
Paulo Norberto Koerich, PL, negou três vezes que tinha assinado a ficha do PL na presença de Jorginho Melo, PL, em Florianópolis, a convite e insistência de Jorginho. Na viagem que fez a capital depois de eleito prefeito, preferiu ir a um subordinado de Jorginho levado por simples vereador daqui, ao invés de ir lá agradecer a aposta e ao padrinho, trazendo uma foto (a do anúncio, é uma montagem). E para completar este ciclo, Jorginho não disse, nem para Paulo, nem para os gasparenses, até agora, o que vai fazer por Gaspar. Mas, Paulo está aplaudindo antecipadamente.
Um exemplo da promoção do turismo em Gaspar pelo poder público: a Cascata Bembem. Consta que ela fica na Rua José Estefano dos Santos. Este é o nome antigo da estrada geral, que hoje se chama José Junkes, no Arraial D’Ouro, no Distrito dco Belchior. E a rua que dá acesso à Cascata Bembem, é Pedro Paulo dos Santos. Essa gente deixa doida até o Google, quanto mais um turista.
A conta no Instagram é “Gaspar Linda”, mas só mostra coisas feias dos administradores da cidade contra os cidadãos e cidadãs? Depois sou eu o exagerado e que enxergo problemas por toda a cidade.
Na diplomação, Paulo Norberto Koerich, PL, dobrou o discurso que fez para ser lido na solenidade. E guardou-o. Das duas uma: ou quem lhe fez o discurso não inspirou confiança e originalidade ou, o clima exigiu o recuo daquilo que seria lido. No discurso de improviso, Paulo ainda estava vestido de delegado e não de prefeito eleito. Cumprimentou mais policiais do que outras autoridades. Por fim, jurou que respeitará a independência do Poder Legislativo. E devia ser diferente?
Manchete pré-natalina do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina: “TCE/SC aponta irregularidades em contratações com pagamentos por hora de serviço, em duas prefeituras”. Perguntar não ofende: só em duas?
Diz um ditado que a língua é o chicote do dono. Os bolsomions de Gaspar, inclusive os já agarrados no futuro governo, reproduzem nas redes sociais, valentias desqualificando o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Isto só, agora, quando ele começa a perder a tinta da caneta. Esses bolsomions, antes, deviam escutar o que disse o ídolo deles, o eleito Paulo Norberto Koerich, PL, na diplomação a Kleber: “um obrigado ao senhor; o senhor cumpriu a sua missão”.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, no último dia de expediente montou um teatro. Faltou pouco para ser carregado nos ombros por servidores e proclamou: “saio de cabeça erguida“. E saiu, mas sem o vice Marcelo de Souza Brick, PP, que escolheu para sucedê-lo. Ambos levaram uma surra daquelas nas urnas dos eleitores e eleitoras da cidade.
Quem, de verdade, saiu morta no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Marcelo de Souza Brick, PP, foi a figueira da praça da prefeitura (suas irmãs gêmeas ainda estão vivas e de pé pela cidade). Em pedaços, ela serviu ainda de souvenir e marquetagem para a festança dos políticos que não cuidaram dela e nem deram bolas aos avisos dos técnicos do meio-ambiente da própria prefeitura de que ela precisava de cuidados para não cair e morrer. Aliás, Kleber prometeu cloná-la. Nem isso, conseguiu.
Para encerrar. O economista Maílson Ferreira da Nóbrega, 82 anos, foi ministro da Fazenda no Governo José Sarney, MDB, durante o período de hiperinflação do fim dos anos 1980. Uma loucura. Olha só o que ele falou nesta semana na TV UOL (Folha de S., Paulo) a um clube de jornalistas da esquerda do atraso, quando lhe perguntaram sobre se Luiz Inácio Lula da Silva e o PT são capazes de fazerem um ajuste fiscal em favor do Brasil e dos pobres que usam para chegar ao poder, via um populismo que não cabe mais no século 21, onde quase todos estão informados e desinformados ao gosto e sabor de seus desejos. Maílson, foi didático.
17 comentários em “É UMA DEPOIS DA OUTRA. E TOMARA QUE SEJA MAIS UMA LIÇÃO DO PASSADO PARA NÃO SER REPETIDA NO FUTURO. GASPAR COPIA E COLA A “CRIATIVA” MARCA DO SEU MAL DIVULGADO TURISMO”
Assim é a vida de vigia das marés. Mais uma vez, a pedidos e diante da silenciosa nova realidade, terei que interromper as férias. Aguardem-me
A ESCALADA DA DESCONFIANÇA E DO DÓLAR, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo
Como estaria terminando este ano se estivessem corretas as projeções registradas há 12 meses? Elas estão no Boletim Focus publicado pelo Banco Central em 8 de janeiro, resumindo a opinião do mercado financeiro e de analistas. Ali se vê que o pessoal esperava um crescimento modesto do PIB, de 1,6%. Errado. A economia brasileira chega ao final de 2024 com forte expansão, de 3,5%, com desemprego em recorde de baixa e renda maior.
O presidente Lula, quando quer criticar o mercado, ataca por aí: o país está crescendo o dobro do esperado pelos “caras”. Mas o Focus não projeta apenas o PIB. Ali se encontram expectativas para inflação, dólar e taxa de juros. Também não se realizaram essas projeções, mas em sentido invertido: o crescimento efetivo é bem melhor que o esperado; o ambiente macro é muito pior que o projetado.
Inflação, por exemplo. Em janeiro, mercado e analistas acreditavam que o IPCA deste ano terminaria em 3,90%, em queda. Na real, termina em alta, na redondeza dos 5% —acima do teto da meta de inflação, de 4,5%. Com perspectiva de um IPCA alto por muitos meses.
Em janeiro deste ano, a taxa básica de juros (Selic) era de 11,25% — e estava em queda por causa justamente da redução seguida da inflação. A projeção era chegar a este mês de dezembro com a Selic a 9,0%. Na real, a taxa de juros hoje é de 12,25% ao ano, em alta. O Comitê de Política Monetária (Copom) já informou que a Selic sobe nas duas primeiras reuniões de 2025, chegando logo a 14,25%. Com muitas analistas dizendo que não para por aí.
Finalmente, o dólar. Lembram? Rodava abaixo de R$ 5 no final de 2023. Pelo Boletim Focus, permaneceria estável em torno dos R$ 5 por todo este ano e 2025. Na real, o dólar escalou durante todo o ano, sempre para cima, até ultrapassar a marca dos R$ 6.
Desse conjunto, resulta, primeiro, uma conclusão política. Quando mercado e analistas previam um PIB modesto, não faziam campanha contra o governo — como já disse Lula mais de uma vez. Tanto não era conspiração que as demais projeções indicavam um ambiente saudável: inflação e juros em queda, dólar estável, sem solavancos.
Por que deu errado?
Porque mercado e analistas não contavam com o tamanho do desarranjo das contas públicas e com o forte crescimento da dívida. Havia, se não confiança, pelo menos o benefício da dúvida em relação ao arcabouço fiscal e à capacidade do ministro Fernando Haddad de mantê-lo de pé. Isso foi caindo ao longo do ano.
Uma primeira virada ocorreu quando Haddad anunciou mudança nas metas fiscais. Não contando com receitas esperadas, o ministro, em vez de cortar gastos, preferiu tolerar déficit maior. A meta deste ano continuou sendo déficit zero, mas com uma margem de tolerância de uns R$ 30 bilhões. Não é déficit zero, mas de R$ 30 bilhões — e ainda com diversas despesas retiradas da contabilidade oficial. Foi nesse momento que o dólar saiu dos confortáveis R$ 5 e começou a subir. Bateu R$ 5,40.
Diversas declarações do presidente Lula — atacando o BC, mostrando má vontade com a conversa sobre desajuste das contas públicas — contribuíram para a piora das expectativas. Quando Haddad começou a preparar o pacote de corte de gastos, para salvar o arcabouço, o ambiente até aliviou.
Mas deu ruim. Sob o comando de Lula, o pacote foi desidratado dentro do governo. E depois mais desidratado no Congresso. Tanto que o próprio Haddad admitiu que precisaria de ajustes mais à frente. Mas o estrago estava feito. Projeções do próprio governo dizem que a dívida pública ultrapassará o perigoso nível de 80% do PIB. Daí vem o resto: dólar a R$ 6, aumenta a inflação, sobem os juros, tudo ameaçando o crescimento futuro.
Foi uma pena. A forte expansão deste ano foi puxada pelo aumento do gasto público. Neste momento, com a economia forte, um ajuste de contas efetivo e crível derrubaria juros e dólar — e mudaria todo o ambiente macroeconômico. Sem isso, dúvidas e falta de confiança avançam para 2025.
Os tempos são diferentes. Em Gaspar, por exemplo, o governo desastroso de plantão fez comunicação delirante o tempo todo. Ao final, nas urnas, silenciosamente, levou uma surra sem tamanho. E mesmo assim continuou pimpão na comunicação se estabelecendo na bolha envenenada. Será que terá seguidores?
UM PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO? por Hélio Schwarstman, no jornal Folha de S. Paulo
Pelo que leio nos jornais, o presidente Lula fará uma reforma ministerial. O objetivo principal seria melhorar a comunicação do governo.
É um clássico. Dirigentes sempre acham que estão fazendo um ótimo trabalho e, se a população não vê isso, só pode ser porque está mal-informada. Mas raramente o problema está na comunicação.
As pessoas não formam seus juízos sobre governantes a partir de dados sobre o que a administração fez ou deixou de fazer, mas a partir de percepções subjetivas moldadas pelas circunstâncias. A economia costuma ter bastante peso aí, mas outros elementos, inclusive os espantalhos produzidos pela polarização e pelas guerras culturais, também influem.
Lula tem, por ora, bons números na economia. O crescimento do PIB foi vistoso, a renda do trabalho aumentou e o desemprego está baixíssimo. Em outros tempos, isso bastaria para transformá-lo num campeão de popularidade e candidato imbatível à reeleição. Mas há sinais de que os tempos mudaram.
Um deles é que os resultados favoráveis da economia praticamente não alteraram a avaliação de Lula, que é quase a mesma da do início da gestão. Outro é o precedente americano. Joe Biden também ostentava ótimos números, mas não só não conseguiu sagrar-se candidato como ainda viu seu partido perder a Presidência e as duas casas do Legislativo.
As razões desse fenômeno ainda não foram inteiramente digeridas. O surto inflacionário do pós-Covid é apontado como uma causa relevante. Se isso é verdade, a alta do dólar aqui no Brasil, em larga medida consequência de barbeiragens evitáveis, não prognostica ventos favoráveis para Lula.
Cientistas políticos já se perguntam se a chamada vantagem do incumbente, que por mais de um século deu as cartas nas democracias, não se tornou agora uma desvantagem, tirando as oposições do papel de azarões naturais para transformá-las em favoritas. É cedo para dizer, mas eu não me espantaria. Vivemos tempos de impaciência. Talvez influenciadas pela tecnologia e pelas redes sociais, as pessoas hoje cobram resultados instantâneos.
NOVO RETROCESSO AGRAVA DESMONTE DA REFORMA TRABALHISTA, editorial do jornal O Globo
s efeitos positivos da reforma trabalhista do governo Michel Temer são inequívocos, mas nos últimos dois anos houve retrocesso numa das maiores conquistas: o recuo na judicialização das relações entre empregador e empregado. Depois de caírem desde 2017, as ações trabalhistas deram um salto de 9,3% em 2022, para 3,16 milhões. Em 2023, cresceram 11,3%, para 3,52 milhões. De janeiro a outubro deste ano, chegaram à Justiça do Trabalho 3,45 milhões de processos, 15% acima do verificado no mesmo período de 2023.
O principal motivo para o salto foi uma decisão de 2021 do Supremo Tribunal Federal (STF). O Supremo derrubou o dispositivo da reforma que atribuía à parte perdedora o pagamento dos custos de processos trabalhistas, ainda que tivesse baixa renda. Determinou que os beneficiários de Justiça gratuita — pelo critério da reforma, quem tem renda inferior a 40% do teto da remuneração paga pela Previdência — não precisariam mais pagar honorários. Com isso, criou um incentivo para a volta das disputas aos tribunais, já que, mesmo derrotados por terem feito demandas descabidas, funcionários não precisam mais pagar aos advogados da parte vencedora.
Na semana passada, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) tomou outra decisão que deverá ampliar ainda mais os litígios. Determinou que, para alguém ter acesso à Justiça gratuita, não é mais necessário comprovar que tem mesmo renda mensal inferior a 40% do teto da remuneração paga pela Previdência. Bastará doravante apresentar declaração de pobreza. Isso significa que mesmo quem tem renda alta poderá reivindicar o benefício — mais um incentivo para abrir ações na Justiça trabalhista.
A multiplicação dos processos não é a única preocupação. Tem havido, de acordo com estudo coordenado pelo sociólogo José Pastore, da Universidade de São Paulo (USP), um dos maiores especialistas brasileiros em relações trabalhistas, um progressivo esvaziamento da reforma. Os pesquisadores constataram resistência dos juízes e do próprio TST à flexibilização dos contratos de terceirização e mesmo à possibilidade, criada pelas mudanças na legislação, para negociar várias exigências da CLT. “A quantidade de ações trabalhistas no Brasil é enorme. Investidores tendem a evitar mercados onde as autoridades judiciais anulam acordos legais ou impõem penalidades sem base na legislação vigente”, afirma Pastore. A segurança jurídica, vital na avaliação de investimentos, tem sido prejudicada pelos retrocessos.
Pelo menos o STF acaba de rejeitar três ações que contestavam o contrato de trabalho intermitente, outro avanço instituído pela reforma de 2017. Em 2023, essa modalidade de emprego representou 10% das vagas abertas no mercado de trabalho. Neste ano, de janeiro a outubro, foram 19% — 407.469 em 2,1 milhões de empregos.
Voltar a engessar as relações trabalhistas — seja por meio de retrocessos regulatórios, seja por decisões judiciais à margem da lei — prejudica o próprio trabalhador. Não faz sentido, em meio a grandes mudanças causadas pela tecnologia no mundo do trabalho, tentar ressuscitar o espírito arcaico da velha CLT.
A IMPUNIDADE DE QUEM PUNE, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo
O Judiciário enfrenta com firmeza a ameaça de golpe, mas quem vai enfrentar os desmandos e escândalos do próprio Judiciário? Não é minimamente admissível que uma desembargadora do TJ-MT receba R$ 130 mil por mês, três vezes mais que o teto salarial do funcionalismo, e ainda por cima autorize um “vale-peru” de R$ 10 mil de presente para ela e os colegas.
Ela não agiu sozinha, tanto que o tribunal descumpriu a ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e liberou o mimo para ele próprio – ou seja, para os pobrezinhos dos desembargadores de Mato Grosso, que certamente precisavam muito dessa verba para ter uma ceia decente no Natal, num país onde milhões não têm o que comer nem no seu dia a dia.
É escandaloso, vergonhoso, e todo mundo finge que não vê, apesar das sucessivas reportagens do nosso Estadão. “Decisão judicial não se discute, cumpre-se”, mas quem toma as decisões judiciais não se sente obrigado a cumpri-las, como no caso do teto constitucional, e nem mesmo de acatar as ordens do CNJ, como a de suspender o “vale-peru”.
A desembargadora e o tribunal de Mato Grosso não são os únicos a se autoconcederem privilégios indecentes, imorais, driblando a própria lei que são pagos pelo povo brasileiro para aplicar. Toda hora surgem relatos, investigações e comprovantes de “penduricalhos” para descumprir não uma lei, mas a lei maior do País, e aumentar ilegalmente salários de juízes e magistrados.
Isso ocorre em vários Estados, ou seria em quase todos?
Mas o pior são notícias avassaladoras sobre vendas de sentenças, envolvendo, ora funcionários, ora os próprios desembargadores, e isso respinga até no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como confiar nos agentes da Justiça e na própria Justiça? E na polícia, nos legislativos, nos executivos?
Alexandre de Moraes é implacável contra golpistas de vários naipes e estrelas e Flávio Dino, contra emendas do Congresso que, não raro, evaporam no destino de forma tão espantosa como se multiplicam ano a ano. Palmas para eles, mas quem será o Xandão e o Dino contra abusos e desvios do próprio Judiciário?
Ouve-se por toda parte, inclusive no Supremo, que as Forças Armadas e os militares devem, ou deveriam, ser os primeiros a se indignar e a cobrar punições dos seus que mataram um músico e um catador ao dispararem 257 tiros ou articularam um golpe e até o assassinato de um presidente eleito, seu vice e do presidente do TSE. O Judiciário e o Supremo não deveriam também ser os primeiros a se indignar e exigir respeito de juízes e desembargadores que usem, abusem e desviem dinheiro público?
Há dias, num consultório, à espera do diagnóstico de imagem e num comentário da Inteligência Artificial provocado por mim, o meu médico, professor em curso de medicina, mais experiente na interpretação de imagens do que a maioria dos radiologistas que lhe remetem imagens por força e dependência de sua especialidade, prognosticou que um dos profissionais que tendem a desaparecer na medicina será a do radiologista sem se subordinar ou se adpatar à progressiva IA. Bingo.
MEDICINA É EXEMPLO DO IMPACTO POSITIVO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, editorial do jornal O Globo
Enquanto o mundo se enche de temores em torno da inteligência artificial, os avanços trazidos pela tecnologia já se fazem sentir em diversas áreas. Em nenhuma, talvez, seu impacto positivo seja tão eloquente quanto na medicina. Sistemas de IA têm significado diagnósticos melhores, mais rápidos e mais baratos.
Os benefícios para os pacientes são inequívocos em diversas especialidades médicas. A tecnologia tem permitido diagnósticos mais precoces de câncer e outras doenças, tornando o tratamento mais eficaz. Também é possível saber mais cedo se lesões ou tumores são benignos, evitando biópsias desnecessárias. Diagnósticos melhores e mais rápidos permitem que os médicos tenham mais tempo para interagir com os pacientes, explicar-lhes o tratamento e analisar outros aspectos dos casos. Deixam de ser surpreendidos por reações imprevistas aos tratamentos.
Hoje as estimativas de erros de diagnóstico giram em torno de 6% do total, e desses perto de 5% resultam em morte ou sequelas permanentes nos pacientes. O uso de IA será decisivo para melhorar tal desempenho. Hospitais que usam IA no diagnóstico de derrames cerebrais têm economizado 40 minutos até o atendimento cirúrgico do paciente, tempo que pode significar a diferença entre a vida e a morte.
A análise de imagens de colonoscopia por softwares de IA cortou pela metade os erros em diagnósticos de lesões potencialmente cancerígenas, constatou pesquisa de 2022 feita por várias instituições científicas americanas. Uma revisão recente de estudos sobre possíveis casos de câncer de pele demonstrou que diagnósticos feitos com ajuda da IA são mais precisos. Outra pesquisa, sobre câncer de mama, demonstrou que a carga de trabalho dos radiologistas caiu 68% graças à IA.
Um estudo de um hospital de Boston constatou que médicos também se saem melhor nos diagnósticos ao usar robôs de IA similares ao ChatGPT. O próprio robô pode se sair melhor sozinho. No estudo, obteve taxa de acerto de 90% nos diagnósticos, ante 76% com a participação de médicos e de 74% sem o uso da IA. Isso não significa que o médico deva ser substituído por uma máquina. Mas certamente a IA propiciará a reeducação dos profissionais para lidar melhor com os próprios erros quando confrontados com as opiniões divergentes de robôs especializados.
Outro campo beneficiado é a pesquisa médica. O AlphaFold2, IA desenvolvida pelo Google, tem sido usado para simular e decifrar as proteínas que governam todas as atividades do organismo humano. Os avanços obtidos no século passado levavam anos de trabalho duro. Com a IA, as pesquisas ganham velocidade e resultam em tratamento mais rápido para várias doenças. A medicina demonstra que, em vez de temer a nova tecnologia, deve-se tratar de aplicá-la em benefício de todos, da forma mais transparente possível.
A COLHEITA QUE NÃO VEIO, por Malu Gaspar, no jornal O Globo
O horizonte parecia limpo para o governo ao final de 2023. O Congresso tinha aprovado a reforma tributária, e o Brasil recebido um upgrade na classificação da agência de risco S&P. O dólar, em queda, valia R$ 4,86. A Bolsa estava em alta. Os parlamentares aprovaram o Orçamento com valor recorde para emendas.
O Supremo, que ainda não havia tentado dar um freio nessa ousadia, ajudou o Executivo em temas cruciais. Entre outras coisas, manteve o drible na Lei das Estatais para que políticos ocupassem cargos de confiança e abriu uma arbitragem empurrando com a barriga a briga entre União e Eletrobras que poderia desfazer parte do contrato de privatização — mas causar estrago na imagem do governo no mercado.
Com o inquérito da trama golpista caminhando para um desfecho, Bolsonaro parecia encurralado, política e juridicamente. Aliviado, Lula celebrou numa amena confraternização com os comandantes das Forças Armadas.
Na primeira oportunidade, o presidente lançou um bordão que repetiria várias vezes nos meses seguintes. Chamando 2024 de “o ano da colheita”, ele disse: “Vamos colher o que nós plantamos em 2023 e vamos plantar novas coisas para 2024, que vamos colher em 2025”.
O cenário com que se termina 2024, porém, é bem diferente do previsto.
O ajuste fiscal prometido ao longo do ano não veio, os juros voltaram a subir, o dólar passou dos R$ 6, e a Bolsa caiu. A relação dívida/PIB subiu de 74,3% para 78%.
As estatais anunciaram prejuízo recorde, mas, segundo a ministra da Gestão, Esther Dweck, foi só porque têm investido muito. O Supremo tentou conter a farra das emendas — mas, desta vez, o governo se uniu ao Congresso para dar uma rasteira nos ministros e liberar o que fosse possível para aprovar o pacote desidratado de Haddad. Ele, que em 2023 impôs sua agenda, encerra 2024 como um ministro fraco.
O inquérito do golpe avançou com a prisão de oficiais do Exército que, no limite, consideravam sequestrar Alexandre de Moraes e matar Lula e Alckmin. Braga Netto, símbolo do golpismo, está na prisão. E, com tudo isso, os militares escaparam dos poucos cortes que o governo conseguiu aprovar no Congresso.
Bolsonaro continua na berlinda, mas o desempenho da direita nas eleições municipais passou um duro recado ao lulismo: economia crescendo, desemprego caindo e ganhos reais no salário mínimo não são mais suficientes para assegurar a vitória nas urnas.
Para além da polarização ideológica, ficou claro que o governo não sabe dialogar com o novo trabalhador brasileiro, sua aspiração empreendedora e sua lógica anti-Estado. A última tentativa, anunciar uma isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, não passou de miragem que só serviu para causar estresse no mercado.
O último Datafolha mostrou que a aprovação de Lula é semelhante à que Bolsonaro tinha nesta mesma altura de seu governo, em plena pandemia. Ainda assim, Lula disse ao Fantásticoque “tudo o que foi planejado a gente fazer até agora está cumprido. Tudo. Tudo”.
Irritado com uma pergunta sobre o ceticismo do mercado quanto ao pacote fiscal de Haddad e a alta do dólar, chamou as preocupações do mercado de “bobagem” e disse que “ninguém neste país, do mercado, tem mais pontos de habilidade fiscal do que eu”.
Afirmou também que o Brasil não tem problema fiscal, e “a única coisa errada neste país é a taxa de juros estar acima de 12%”. Dias depois, ele mesmo recuou numa live à Bolsonaro na biblioteca do Palácio da Alvorada, garantindo que não intervirá no Banco Central na gestão do presidente nomeado por ele, Gabriel Galípolo.
Era tarde. Como presidente de terceiro mandato, Lula está cansado de saber que, nesse negócio de administrar um país, as expectativas contam muito. Ninguém precisa dizer a ele que o problema no mercado não é propriamente a inflação ou o crescimento do PIB, e sim o temor de que seu governo aumente demais o endividamento e sacrifique as contas públicas em nome de alguma gastança ineficiente.
Claro que a missão hoje é diferente e talvez mais difícil. A herança bolsonarista foi pesada, o país está mais complexo, a extrema direita é forte, o antipetismo também. Mas terminar dessa forma um ano que era para ter sido de fartura surpreende e desanima.
Lula, porém, agora promete que a esperada colheita virá em 2025. Diante do que se viu em 2024, convém manter o pé atrás.
BAGUNÇA INSTITUCIONAL, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo
O conflito entre STF e Câmara dos Deputados não é recente nem tem solução. É mais fácil criar uma nova Assembleia Constituinte do que tentar resolver via Judiciário nosso sistema de governo.
Essa geringonça que não funciona é, ao mesmo tempo, causa e consequência da deterioração da ordem institucional. As raízes são históricas e culturais em sentido amplo, mas sua face mais evidente é a da profunda distorção no equilíbrio entre os Poderes.
Não é algo que possa ser resolvido pelo que pensam ministros do Supremo. E o que um bom número deles pensa foi escancarado pelo ministro Flávio Dino ao mandar a Polícia Federal investigar a liberação de emendas parlamentares.
Em conversas particulares vários ministros qualificam a direção coletiva da Câmara como “caso de polícia”. E, ao comentar a queda de braço política entre os Poderes, afirmam que não se trata de disputa por “princípios republicanos”. “É apenas pela grana”, diz um deles, sem rodeios.
De fato, o único princípio realmente em jogo no momento é o de quem manda. Cada um dos Poderes tem avançado nas prerrogativas do outro, e o que tem exibido menos musculatura é o Executivo.
O STF já é, por definição, o supremo poder e comanda um inquérito desde 2019 que permite interferir no dia a dia da política. Com uma enorme diferença em relação aos outros Poderes que fazem política: manda fazer. E entende que cabe a ele “dirigir” a sociedade para onde ela mesma não sabe que tem de ir (exemplo mais recente é a regulação das redes sociais).
O Legislativo abocanhou parte significativa de prerrogativa do Executivo, isto é, a alocação de recursos via orçamento público. Na prática, está virando o jogo: de “refém” do Executivo, situação que assim viam seus líderes antes das emendas impositivas, fez do Executivo seu refém (até com apoio eventual da AGU).
Quando o papel do Executivo na bagunça institucional é a melhor tradução da falta de liderança de seu chefe. Sua mais recente tentativa de mostrar “quem manda”, via decreto instituindo como devem se comportar as polícias, virou mais uma disputa em torno do pacto federativo em matéria de segurança pública – setor no qual o principal partido do governo tem pouquíssimo a mostrar.
Na prática, o País respira um clima insalubre de paralisia e incapacidade decisiva em torno de seus principais problemas. Sem perspectivas de atacar qualquer um deles “por dentro”, isto é, por algum tipo de ação concertada entre as forças políticas. Quem sabe acaba sendo resolvido dependendo do choque de uma crise fiscal.
O NOVO MINISTÉRIO DE LULA 3.0, por Elio Gaspari, no jornal O Globo e Folha de S. Paulo
Com os maus ventos da economia, Lula. preencheu o vazio do período de Festas e o início do recesso com a novidade de uma reforma ministerial. Como ela acabará, não se sabe, mas começou mal.
Paulo Pimenta, o ministro-chefe da Secom, deverá ser substituído pelo marqueteiro Sidônio Palmeira. Essa mudança parte da premissa de que o governo se comunica mal. É uma meia verdade. A outra metade está na falta de ações e de criatividade que marcaram o Lula 1.0. O pacote de contenção de gastos foi envenenado por bruxarias da ekipekonômika plantando as virtudes do confisco de parte do seguro-desemprego, sem ouvir o ministro do Trabalho.
No mundo da comunicação, a única novidade, com que Pimenta nada teve a ver, foi a constatação de que as fotografias postadas pelo Planalto sofrem uma discreta manipulação. Com a ajuda de filtros, Lula aparece sempre corado e fagueiro. Seus visitantes acabam cobertos por uma velatura cinzenta. Disso resultou que Fernanda Torres e Chico Buarque ficaram com uma aura vampiresca. Malvadeza.
Por enquanto, a principal mudança no ministério não se relaciona com um hierarca que Lula quer tirar, mas com o ministro da Defesa, José Mucio, que pediu para sair. Mucio e os três comandantes militares deram a Lula a joia da primeira metade de seu mandato.
Receberam tropas contaminadas pela presunção e pelo golpismo de um presidente que se julgava dono do “meu Exército”. Longe dos holofotes, aplainaram arestas e restabeleceram a disciplina. (Faça-se de conta que não existiu o vídeo impertinente da Marinha, retirado do ar em poucos dias.)
A saída de Pimenta quer dizer pouca coisa, mas o desembarque de Mucio tem grande significado. Como ele não fala, desconhecem-se as joelhadas que tomou. Pode-se intuir, contudo, que algumas delas partiram de companheiros palacianos.
Afora essas duas mudanças, a reforma ministerial de 2025 tem o contorno das anteriores. Nenhum nome da nova equipe tem a marca do mérito. De uma forma ou de outra, são figuras abençoadas (ou amaldiçoadas) pelo Centrão. Fazem parte de um bloco parlamentar para quem um ministério não é importante pelo que lá se pode fazer. O atrativo é o tamanho do orçamento.
A prova do pudim estará no destino da ministra Nísia Trindade, da Saúde. Nos últimos dois anos, ela se equilibrou, com uma equipe parcialmente aparelhada do PT. Um ministério arruinado por Bolsonaro durante uma pandemia com o general Eduardo Pazuello e o doutor Marcelo Queiroga pelo menos saiu das páginas policiais.
A cobiça de parlamentares em cima da Saúde nada tem a ver com o bem-estar da população. O que eles querem é o orçamento.
Durante o atual governo, o ministério produziu um edital para a compra urgente de 60 milhões de kits com escovas de dentes (com o logotipo do programa Brasil Sorridente), dentifrício e fio dental. Coisa de R$ 400 milhões. O Tribunal de Contas e o Judiciário suspenderam a gracinha.
Se é para mexer na Saúde (e no seu orçamento), a questão é saber quem entra. Um gafanhoto petista, que ralou um tempo na cadeia, defendia a ida do deputado Arthur Lira para a cadeira. Felizmente, até agora, Lira diz que não pensa nisso.
Há décadas, estudo este fenômeno para dar solução aos que me pedem. E cada vez é mais frequente de chegar e mais difícil de ir este tipo de fenômeno, ambos devido às redes sociais e aplicativos de mensagens. As coisas, aparentemente vão bem. Mas, que as conduz, vai mal. E não tem jeito. O problema está sempre na forma e principalmente no líder que produz este bom resultado. No caso do Brasil e do artigo abaixo, é o líder. Ele é carismático, mas para outros tempos e que ele próprio jogou na lata do lixo. Para hoje, é um ex-presidiário que roubou, que se redimiu por vias tortíssimas na Justiça – e que também paga por isso -, com sede de vingança, envelhecido nas ideias de mundo e a maior parte dos seus liderados, não são, não fazem parte do seu bando e não compactuam com a corrupção cada vez maior e às escâncaras -não só com aval do líder – do dinheiro do próprio povo via os pesados impostos, cada vez mais altos e on-line e quase impossíveis de serem contestados (até no empate é do guloso governo). Uma equação difícil de encontrar uma solução pela via da credibilidade.
É O MLEHOR NATAL DE 2013, MAS NÃO PARECE, por Vinicius Torres Freire
A leitora diria que o clima no país está bom? É pergunta vaga, que suscita respostas impressionistas. Mas é apenas de um jogo, um exercício mental. Desconsidere, por ora, avaliação mais objetiva sobre condições materiais de vida ou sobre o estado da política, por exemplo. Como parece o humor de seus concidadãos?
Vivemos o “melhor Natal” desde 2013. A expressão vai entre aspas porque costuma apenas descrever balanços de vendas do comércio ou de indicadores como salário médio ou renda per capita. As pessoas podem estar insatisfeitas com sua situação econômica ainda que tenham melhorado de vida. Podem ter insatisfações gerais mesmo que reconheçam melhoras na economia.
Em 2023, a renda (PIB) per capita voltou ao pico anterior, de 2013. Em 2024, será a maior desde sempre. O salário médio será o maior. O nível de pobreza será o mínimo. O consumo médio por pessoa será pelo menos igual ao do recorde de 2013. A desigualdade não mudou a ponto de alterar o peso desses números, se mudou.
A avaliação do presidente Lula está em nível medíocre (35% de “ótimo/bom”, 34% de “ruim/péssimo”), segundo o Datafolha de dezembro. Em relação aos últimos seis meses, a economia está pior para 40% (eram 29% em setembro de 2023), segundo pesquisa Ipec de dezembro. Nos próximos seis meses, vai melhorar para 39% (ante 51% em setembro de 2023).
Deixamos para trás uma década de depressão. O problema é que saímos faz pouco tempo do buraco e talvez não exista segurança de que a melhora persista? A maioria da população não está informada quanto a previsões macroeconômicas ou pacote fiscal. Não vem daí o mau humor.
Uma década ruim deixou traumas? Tivemos Junho de 2013, decepção pós-eleição de 2014, Lava Jato, impeachment, Grande Recessão de 2014-16, prisão de Lula, estagnação de 2017-19, Covid, a grande miséria de 2021 (quando o povo sem emprego foi largado na fome por Jair Bolsonaro).
A confiança do consumidor medida pela FGV (Fundação Getulio Vargas) jamais se recuperou da crise que começou em 2014. É um indicador de avaliação de situação e expectativa quanto à economia, à condição financeira da família etc. Confiança abaixo de 100 significa que há mais avaliações negativas do que positivas. O índice não passa de 100 desde dezembro de 2013. Excluindo o período da epidemia, foi ao fundo do poço em setembro de 2015 (64,5). Subiu à casa de 95 em setembro de 2023 e em novembro de 2024. Em dezembro, ficou em 92.
Considere-se um indicador aproximado de otimismo com o país, de uma pesquisa do centro Pew (EUA). Em 2010, 53% dos brasileiros achavam que o Brasil “um dia será” “uma das nações mais poderosas do mundo”; “nunca será”: 20%. Em 2017, os números eram respectivamente 31% e 48%. Neste 2024, 38% e 34%, ainda longe de 2010. A satisfação com o “funcionamento da democracia” sob Dilma 1 era de 66%; em 2024, de 44%.
Há “polarização”, política, cultural, religiosa. Para quem votou em Bolsonaro em 2022, o país está no “caminho errado” para 82%, segundo pesquisa Ipec; no “caminho certo” para 13%. Para os eleitores de Lula, 23% e 72%, respectivamente.
Década e meia de expansão de redes sociais e a disseminação do ódio e da desrazão não ajudam. O temor de golpe, autoritarismo e violência política, assim como os mitos do risco de comunismo e de opressão “identitária”, pioram o clima.
Ainda assim, o mal-estar é intrigante.
Um artigo didático, fácil de ser compreendido e que deveria ser lido pelos petistas e os da esquerda do atraso, que também não jogam o dinheiro deles fora. Só os do outros (como o nosso).
LULA BRIGOU COM O MERCADO E PERDEU, por Joel Pinheiro da Fonseca, no jornal Folha de S. Paulo
Até quando Lula vai brigar com “o mercado”? Diz-se que o mercado —ou seja, os investidores profissionais— é contra o presidente. Pode até ser. Óbvio que não se trata de profissionais fazendo apostas ruins intencionalmente para derrubar o governo; esse tipo de discurso beira a insanidade. Mas não me parece absurdo ver uma sensibilidade maior do mercado com Lula do que com outros atores.
Quando o Congresso aprova a prorrogação de isenção fiscal a vários setores econômicos, não me consta que os investidores tenham reagido com a mesma sensibilidade com que reagem a uma tirada do presidente.
Mesmo aceitando, contudo, que haja um certo viés anti-Lula (se justificado ou não, é outra história) no comportamento do mercado financeiro, isso em nada muda um ponto que a essa altura já deveria ser óbvio: as reações de Lula só pioram a situação. Não foram falas contra a responsabilidade fiscal ou contra a política monetária que criaram o problema; mas elas dificultam a solução.
Se o mercado já desconfia dele, alimentar essa desconfiança é tudo que ele não devia fazer. Digamos que ele consiga promover a indignação moral de parte da opinião pública com o funcionamento do mercado financeiro. O que melhora? Nada. Pelo contrário, o ambiente político se torna ainda mais arriscado para quem quer investir.
O governo quer, afinal, o dinheiro do mercado? Sim, porque suas contas não fecham, são deficitárias. E o mercado quer uma coisa: ganhar dinheiro. Não é virtuoso, mas também não é necessariamente mau. De nada adianta acusar a falta de consciência social, assim como de nada adiantou a Bolsonaro pedir “patriotismo” ao mercado em 2020.
Neste momento, com economia aquecida, somos lembrados do grande entrave do desenvolvimento nacional: a baixa produtividade. Com a dificuldade de aumentar a oferta, o crescimento logo se traduz em inflação. Para combater a inflação, o BC aumenta os juros. Com juros mais altos, aumenta o endividamento do Estado. Com mais endividamento, um problema fiscal que parecia ainda distante é trazido para perto.
Aos trancos e barrancos, algo tem sido feito para melhorar nossa produtividade: reforma tributária, acordo com a UE, Pé-de-meia e ensino integral para aumentar educação básica, programas de investimento em infraestrutura. Mas a outra ponta continua solta: não se vê um compromisso fiscal claro.
Pode errar, mas também está sempre tentando descobrir erros e se corrigir. Ninguém vai investir para perder dinheiro. Os credores do Estado brasileiro são todos aqueles que têm dinheiro poupado em bancos públicos ou privados, além dos fundos de pensão. Você está disposto a abrir mão dos ganhos de sua aplicação para ajudar o governo Lula?
Se Lula quer mais gente investindo no real e emprestando ao governo, precisa mostrar que temos condições e disposição de honrar esses empréstimos no futuro. Se, pelo contrário, o governo der a entender que honrar esses compromissos não é uma prioridade —que talvez o correto seja brigar para que o Banco Central baixe os juros mesmo com inflação em alta—, então também não terá do que reclamar quando os investidores decidirem não mais apostar no país. O mercado não é Papai Noel.
LULA COLHE TEMPESTADE, por Dora Kramer, no jornal Folha de S. Paulo
Nem tudo o que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) diz vale a crença na escrita. Suas profissões de fé no ajuste fiscal intercaladas com ações em sentido contrário, demonstram isso.
Daí a desconfiança com que foram recebidas suas palavras no vídeo divulgado na última sexta-feira, em texto elaborado de forma a hastear bandeiras brancas ao “mercado”.
Ali o presidente deu um tempo no negacionismo, evitou a versão conspiratória do ataque especulativo ao real com vista a derrubar o governo; firmou compromisso com a estabilidade econômica, o controle da inflação e sinalizou a edição de novas medidas de contenção de gastos.
Tudo muito bem bolado e formatado sob novas regras na comunicação do governo. Coisa de profissional. Gabriel Galípolo de um lado, Fernando Haddad de outro e no meio o presidente tecendo loas à responsabilidade.
Perfeito na forma e no conteúdo. Não fosse o estoque de sinais trocados emitidos pelo próprio Lula.
Na semana anterior, Lula havia dito numa entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que a taxa de juros altos era a única “coisa errada” no Brasil.
Seis dias depois, aparece exaltando a futura administração do Banco Central sob o mesmo Galípolo, que na véspera avalizara o aumento das taxas como corretas ante as circunstâncias e ainda desmontara a versão do ataque especulativo.
Sinais trocados geram descrédito em relação a gestos futuros. São vistos como intenção momentânea a fim de atingir um objetivo específico.
A manifestação presidencial contribuiu em parte para o recuo da desvalorização da nossa moeda frente ao dólar. A outra parcela, a maior, ficou na conta das intervenções do BC no câmbio.
Estabilidade econômica requer muito mais. Lula diz que 2025 será o “ano da colheita”. Já havia dito o mesmo sobre 2024 que foi de semeadura da tempestade a ser colhida no período adiante, se a retórica presidencial seguir na mesma toada.
O mundo do dinheiro é vasto, não se limita à avenida Faria Lima e movimenta a vida de todos. Se Lula se recusa a ajudar por convicção ideológica, que ao menos se disponha a não atrapalhar.
Quanto a parte que me cabe. . .
Mahatma Gandhi dizia: “ Quem não vive para servir, não serve para viver.”
Essas primeiras damas. Elas só são assim, porque seus maridos eleitos permitem e os que rodeiam o político, não fazem o papel deles, e permitem esta aberração.
QUANDO LULA RECLAMA DA COMUNICAÇÃO DO GOVERNO, RECLAMA DE JANJA, por Andreza Matais, no UOL News (Folha de S. Paulo)
Quando o presidente Lula reclama da comunicação do governo, ele está reclamando da Janja, porque quem faz a comunicação do governo é a própria Janja, o ministro Paulo Pimenta está ali quase como uma figura decorativa, porque quem comanda essa área da comunicação é ela
Janja puxou isso para ela. O que me chama atenção nessa pesquisa entre o eleitorado do PT, entre o eleitorado do presidente Lula, é que a rejeição a Janja cresceu bastante, foi de 11 para 33, então a avaliação regular e negativa da Janja.
No momento em que ela se coloca como uma primeira-dama política, uma primeira-dama cabo eleitoral, lembrando que na campanha deste ano municipal, a Janja saiu como cabo eleitoral de várias candidatas, não conseguiu eleger ninguém que ela se aproximou. Então ela se coloca nesse papel político.
É mais um problema para o governo resolver, porque vai fazer o quê? Vai esconder a Janja pra isso não impactar na popularidade do presidente?
A gente tá chegando na segunda metade do governo Lula, o governo tá com muitas dificuldades e qualquer problema como esse de popularidade impacta diretamente na avaliação do presidente Lula. E o presidente estando ruim, tanto economicamente quanto na popularidade, é um prato cheio para oposição que vai disputar com ele as eleições de 2026
Este artigo, poderia ser transportado para o atual governo catarinense e uma advertência para o futuro governo gasparense, o que está obrigado às mudanças.
ABRAÇADO AO ESPANTALHO DA EXTREMA DIREITA, por Diogo Schelp, no jornal O Estado de S. Paulo
Em meio às barbeiragens de fim de ano na política econômica, avançaram nos bastidores do poder federal as maquinações para uma virada de mesa na área da comunicação do governo, escolhida para expiar a culpa pela falta de personalidade do terceiro mandato presidencial de Lula. A troca de comando na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), atualmente nas mãos do ministro Paulo Pimenta, é dada como certa nos corredores acarpetados de Brasília. Costuma-se dizer que uma boa estratégia de marketing é capaz de vender até gelo no Ártico. O desafio, no caso do governo Lula, talvez seja um pouco maior. Já se passaram dois anos e não há grandes realizações para mostrar.
A falta de identidade do governo reflete-se na frequência com que Lula recorre ao espantalho da extrema direita para justificar o seu terceiro mandato e, quiçá, a necessidade de se oferecer em “sacrifício” para uma quarta temporada no Palácio do Planalto. Afinal, como já estamos carecas de ouvir do próprio presidente, ele teria sido eleito para salvar a democracia brasileira e para restaurar políticas públicas “destruídas” por seu antecessor, Jair Bolsonaro. Sua decisão de buscar a reeleição está atrelada à capacidade de “enfrentar uma pessoa de extrema direita”, conforme declarou em novembro. Passou batido qualquer motivo para os eleitores acreditarem que ele tem uma visão inspiradora para o futuro do País ou que é preciso dar continuidade ao que o seu governo tem feito até agora.
A ameaça da extrema direita, na retórica de Lula, é não apenas a razão de ser do seu governo, como serve também de biombo para esconder suas vergonhas na política externa. Ficou famoso o discurso em que o presidente do Chile, Gabriel Boric, em reunião paralela à Assembleia Geral da ONU, em setembro, apontou a postura contraditória de Lula, que criticou a “extrema direita e suas falsas narrativas” e o “autoritarismo” que nasce das falhas da “democracia liberal”, mas calou-se para os abusos da ditadura venezuelana. “Precisamos adotar uma posição única de países progressistas. Violações de direitos humanos não podem ser julgadas conforme a cor do ditador de turno”, retrucou Boric.
Por acreditar que sua missão prioritária no governo é livrar o Brasil do mal da extrema direita, Lula naturalmente supõe legítimo utilizar a estrutura de comunicação do Estado para tal finalidade. Há dois problemas aí. O primeiro é o fato de que, para Lula e para o PT, o conceito de extrema direita é bastante elástico. Ser antipetista, contra o aborto ou a favor da liberação do comércio de armas para a população, por exemplo, não basta para uma pessoa ser colocada na categoria da extrema direita. O extremismo político, seja de direita, seja de esquerda, pressupõe o rechaço às regras do jogo democrático e o desejo de instituir uma ditadura para suprimir posições discordantes. Para Lula e para integrantes do seu partido, porém, muitas ideias defendidas pela direita democrática são “extremistas”.
O segundo problema é que Lula confunde retórica de extrema direita com desinformação. Para ele, combater as fake news é a mesma coisa que combater a extrema direita. Trata-se de um descalabro, pois o uso de desinformação não é exclusividade da extrema direita. As fake news também servem ao jogo sujo da informação da extrema esquerda, assim como, não raramente, da esquerda ou da direita não autoritárias. Lula não apenas ignora isso como se ressente da superioridade da estratégia de comunicação de seus adversários políticos nas redes sociais. “O PT tem culpa e o meu governo tem culpa porque a gente não pode permitir em nenhum momento que alguém que pense como a extrema direita no nosso País tenha mais espaço nas redes sociais do que nós”, disse ele em seminário do PT no início de dezembro.
O conceito elástico que Lula tem da extrema direita e o fato de ele achar que combatê-la é o mesmo que lutar contra as fake news acabam servindo como justificativa para usar os canais oficiais do governo para fins partidários. Isso é perigoso e equivocado. A função da Secom não é combater ideologias contrárias à do governo que ela representa. Sua tarefa é comunicar as atividades e realizações do Poder Executivo e relacionar-se com a imprensa de forma a garantir a transparência e a liberdade de expressão. Reagir a informações fraudulentas a respeito de atos do governo faz parte do pacote. Os canais oficiais e a propaganda governamental, contudo, não podem servir para disputas ou desígnios partidários – que é o que acaba acontecendo quando se enxerga fake news apenas em um lado do espectro político ou quando se trata qualquer posicionamento ideológico contrário ao do partido no poder como extremismo. Se o PT está perdendo a batalha das redes para seus adversários ideológicos, isso é tarefa para os marqueteiros do partido, não para o governo com o uso de recursos públicos.
NOSSA GASPAR, DESEJA CRESCER COMO, PARA ONDE E QUANDO?, por Adilson Luiz Schmitt, médico veterinário, ex-prefeito de Gaspar (2005/2008), eleito no MDB e hoje no PL, o que fez e aprovou o primeiro Plano Diretor da Cidade, isto lá em 2006 e que desde então, mesmo que haja lei disciplinando a revisão para ter sido efetivada em 2016, até hoje nada foi feita, a não ser remendos a gosto de cada freguês, interesse, vingança e poder. Artigo publicado nas redes sociais do autor.
Gaspar, Cidade Coração do Vale, com destaque no empreendedorismo, no crescimento sem grandes preocupações com o futuro, uso indevido do solo, sem respeito as normas gerais de organização legal de seu Plano Diretor, muito menos respeitando o Estatuto das Cidades.
Mas os desrespeitos às lições históricas continuam desafiando as boas normas de exemplos clássicos de aproveitar os erros e acertos dos anos vividos como Norte. Hoje gostaria de expor e exemplificar inúmeras situações de mobilidade que ao longo dos anos já tivemos, temos e poderemos vir a ter.
Desde o século dezenove com o estabelecimento das colônias de imigrantes usamos os recursos disponíveis. O Caudaloso Rio Itajaí Açú serviu de caminho para a ocupação do nosso Vale a partir de Itajaí, além das inúmeras enchentes que sempre são desafiadoras. Mas por limitações de navegabilidade houve necessidade dos desbravadores implantarem vias carroçáveis para permitir melhor agilidade e rapidez da ocupação. Já no século vinte tivemos a implantação da saudosa Estrada de Ferro Santa Catarina entre Itajaí e Barra do Trombudo, hoje Trombudo Central, no Alto Vale do Itajaí. Infelizmente o Brasil optou por centrar a sua mobilidade na indústria automobilista, resultando no abandono dos meios iniciais implantados. Gaspar, já se disse inúmeras vezes ocupa uma posição geográfica invejável. Rio a cortá-la, Estradas carroçáveis transformadas em opções para a nova modalidade de transporte, vide os exemplos da Rodovia Jorge Lacerda e Ivo Silveira, além de outras que nos unem as cidades deste Vale. Hoje vivemos a saga da implantação da BR 470 na sua já duplicação.
Vamos parar um pouco para refletir. Vamos olhar Gaspar num tempo em que Gaspar não dispunha de pontes para vencer a travessia no Rio Itajaí. de usarmos e compartilharmos a nossa histórica Rua Coronel Aristiliano Ramos, com todos para servir de passagem entre o Oeste e Leste de Santa Catarina. A transformação das Rodovias Ivo Silveira SC 108 e Jorge Lacerda SC 412, em pistas simples, mas asfaltadas e retificadas. Mas parece que a História não serve de balizamento para decisões necessárias e impactantes.
Vamos abordar algumas:
A implantação da famosa duplicação da BR-470 não está a merecer, exceção a algumas entidades de classe, dos devidos cuidados de planejamento. Não se vê uma discussão séria sobre a ocupação séria dos solos limítrofes, seu uso como atividades econômicas, ocupação por moradias e a própria mobilidade desta nova realidade a ser implantada. Não se vê um Plano de implantação de redes de águas pluviais e de esgoto, captação, tratamento e distribuição de águas para a nova realidade. Foi dada a ordem de serviço para estes trabalhos tenham início em janeiro de 2025, oremos.
Outro exemplo atual é a discussão da mobilidade de Gaspar entre seus diversos Bairros, cidades do Vale e além de nosso Estado. Graças a visão de alguns Ex-Prefeitos, tivemos a ousadia de começar opções de liberação da referida Rua Coronel Aristiliano Ramos em etapas iniciadas nos longínquos anos setenta. Infelizmente, mais alguns cuidados, não foram tomados, há exceções, com o dimensionamento dos espaços necessários para implantar novos vetores de deslocamento. Hoje existe, graças a visão do Plano Diretor de 2006, feito a luz do Estatuto das Cidades, Lei Municipal 2.803 de 10 de outubro de 2006, projeto de construção de opções entre Bairros e cidades já referidas.
Volto a lembrar a história. Quando Gaspar soube conviver com as autoridades estaduais e federais tivemos ganhos consideráveis. Cito tão somente dois: Ponte Hercílio Deeke com a visão futurista do Prefeito Dorval, inaugurada em 19/06/1960 e a Ponte do Vale Prefeito Dorval Rodolfo Pamplona, inaugurada em dezembro de 2016, preparando Gaspar para usufruir das vantagens da tão esperada duplicação da BR 470.
Exemplos teríamos aos montes. Mas alguns saltam aos olhos de todos e por teimosia e ou desconhecimento teimam em desafiar o bom Planejamento. Que São Pedro do alto da colina inspire e aconselhe os de plantão eleitos e pagos pelo Povo. Gaspar continuará com erros e acertos. O amanhã a nós pertence, basta querer e usar o bom senso e o passado histórico de realizações para seguirmos em frente. Os novos Agentes Públicos que foram eleitos, em 06/10/24, terão vida definida pelo mandato, o povo o poder de mudar pelo Voto. Pregaram a mudança, esperamos que realmente as mudanças aconteçam. Caso contrário serão mudados.
Chega de Planejamento meia boca, interesses atendidos de alguns poucos protegidos e pensar numa Gaspar global, usando como exemplos os trabalhos coletivos das comunidades. Vamos pensar grande, olhar regionalmente, pensando numa Gaspar, Cidade de Futuro!!
Volto a reafirmar: ”NOSSA GASPAR, DESEJA CRESCER COMO, PARA ONDE E QUANDO?”
Feliz e Abençoado 2025!
Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, PT, irritantemente com voz rouca e comendo palavras e frases, ele vai ocupar uma rede nacional de rádio e televisão. Vai vender sonhos e se sustentar em irrealidades. A vantagem desta vez, é que saem os radicais da esquerda do atraso petista que o alimentam nesta bolha e sua mulher Janja, a que acha ser a presidente de fato. Entra, provisoriamente, nesta enganação de Natal, o marqueteiro baiano, Sidônio Palmeira
O GABINETE PETISTA DA DESINFORMAÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo
Incapaz de reconhecer o real motivo da crise de confiança no Brasil e tomar providências para reduzir as incertezas com as contas públicas do País, o governo do presidente Lula da Silva recorreu a uma operação tipicamente lulopetista para explicar a escalada do dólar e as turbulências no mercado financeiro: de maneira claramente organizada, liderada de dentro do Palácio do Planalto, difundiu a “narrativa” de que tudo não passa de um ataque especulativo contra a moeda brasileira, contra o governo e contra o Brasil. Segundo tal lógica, usada por porta-vozes do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT) como quem enfrenta inimigos do povo, os recordes sucessivos da cotação do dólar, cuja disparada só arrefeceu depois da injeção de bilhões de dólares pelo Banco Central (BC), foram resultado de uma espécie de complô malévolo em escala internacional. Os especuladores, representados pela “Faria Lima”, estariam mobilizados para arruinar Lula e, por extensão, o povo brasileiro.
A tese, evidentemente, não se sustenta – como, aliás, afirmou o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nome indicado por Lula para suceder a Roberto Campos Neto. Galípolo demonstrou discordar da ideia de que o País está sob ataque especulativo e lembrou o óbvio: o mercado não é “algo monolítico, tem compra e venda, vencedores e perdedores”. Para ele, “ataque especulativo como algo coordenado não representa bem”. Lula e seus sabujos não pensam da mesma forma. Apesar dessa clareza solar de Galípolo, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mais uma vez reafirmou suas teses persecutórias, seguida de nomes como o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) – que pediu à Polícia Federal para abrir um inquérito contra a “Faria Lima” –; o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA); o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE); e o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli.
Ficou indisfarçável a ideia de que a estratégia foi forjada não apenas nas hostes do partido – que, como se sabe, se impôs à equipe econômica do governo e quer mandar mais na economia do que o ministro Fernando Haddad –, e sim do Palácio do Planalto. A artimanha ficou patente quando o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, foi às redes sociais na quarta-feira (18/12) para difundir a tese, com a ênfase de quem denuncia um golpe de Estado. Definindo o tal “ataque especulativo” como “crime de lesa-pátria”, Pimenta afirmou que “a indústria das fake news está trabalhando mais uma vez contra o Brasil, e nós precisamos agir”, informando que o governo acionou autoridades para identificar autores de frases mentirosas atribuídas a Galípolo – e que tais frases espalhadas pelo mundo livre da internet, e não as lambanças do governo no plano fiscal, teriam produzido as oscilações no câmbio. É o estado da arte do lulopetismo.
O Brasil ainda tem fresca na memória a atuação do chamado “gabinete do ódio” dos tempos bolsonaristas – quando havia uma estrutura de comunicação dentro do governo de Jair Bolsonaro destinada a difundir mentiras e atacar opositores na internet. Mas esse gabinete do ódio, malgrado muito competente em seu mister, foi apenas um aprendiz dos infames “blogs sujos”, que nos primeiros governos petistas recebiam generoso financiamento público para atacar sistematicamente os desafetos do partido. Ou seja, os petistas são a vanguarda veterana na arte de destruir reputações e inventar conspirações e estão sempre a postos para agir quando a coisa aperta, o que costuma acontecer com frequência.
Os atuais inquilinos do Palácio do Planalto, portanto, estão fazendo exatamente o que deles se esperava: contaminam o debate público com bobagens paranoicas que desviam a atenção do País do que realmente importa, difundindo teorias conspiratórias e apontando o dedo para inimigos ocultos sem resolver nenhum dos problemas reais. São métodos característicos de governos populistas e autoritários.