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CAMPANHA ELEITORAL ACELEROU AS MORTES POR COVID EM GASPAR

O assunto é tabu em Gaspar. Hoje somos 71 mortos pela Covid-19 desde o dia 31 de dezembro de 2020, número que só foi atualizado e confirmado pela prefeitura de Gaspar no boletim do dia quatro de janeiro de 2021. Já escrevi sobre este estranho e reiterado comportamento da comunicação oficial com a cidade, os cidadãos e cidadãs. Vergonha!

Antes de prosseguir: no boletim estadual de ontem o número era o mesmo, 71 em Gaspar e oito em Ilhota. Ou seja, o possível reflexo das compras, comemorações pré e de Natal e Ano Novo, ainda está por vir, se vier.

Retomo. Para quem passou a acompanhar este assunto mais de perto nos últimos dias, pelo menos duas coisas estão claras nas divulgações oficiais: o número de mortos passou ser irrelevante nos textos e a atualização dele, vêm com reiterado atraso entre nós, mesmo com dado conhecido em boletim da secretaria estadual de saúde.

Se não é algo relacionado ao relapso e à falta de transparência em assunto tão grave capaz de ampliar à advertência, à prevenção e cuidados entre nós, é de má intenção nesta obrigação do poder público para com a sociedade. A doença não desaparece quando se esconde os números desastrosos dela; ao contrário, em decorrência desse comportamento avestruz, ela se alimente e se amplia.

Pior. E quem ousa tratar dessa dura realidade e desses números publicamente, é rechaçado, desqualificado; é constrangido e intimidado pelo poder de plantão, com o uso inclusive da Justiça para se calar. Impressionante!

E isto pode ter uma razão de ser. Se olharmos os números, chega-se à conclusão de que a aceleração do número de mortes entre nós se deu, ou decorreu a partir da campanha política eleitoral, feita de forma tradicional, desprezando-se às recomendações básicas do isolamento ou distanciamento social, da não aglomeração, da higienização das mãoos, cumprimentos pelo toque, do uso intensivo de máscaras…

De um lado a ideologia que ignora – até hoje – a ciência e à gravidade da doença nos seus nefastos resultados. De outro, a gana de vencer a eleição a qualquer custo. Nas redes sociais, havia e foram apagadas, mas ainda estão salvas, fotos de reuniões e encontros sem os cuidados recomendados.

Cada um fez isso, para exibir e marcar “territórios” nas conquistas de cabos e eleitores. Era uma “disputa” visual.

A primeira morte por Covid-19 de um gasparense aconteceu no dia quatro de abril. Um choque. Um empresário. Manchetes. De lá até o dia 15 de setembro – quando se deflagrou o processo eleitoral, ou seja, mais de cinco meses da primeira morte -, foram 33 óbitos, segundo o boletim da própria prefeitura de Gaspar e para não usar outra régua de medida.

Hoje, somente três meses depois daquele 15 de setembro, somos 71 mortes, ou seja, 38 a mais. E contrastando com o declínio do período. A tal segunda onda é algo bem recente. Uau!

Especialistas relatam que a manifestação mortal da doença se dá após o sétimo e décimo dias de contágio, em sua maioria, podendo-se prolongar, dependendo do tratamento e do grau de imunidade – ou resistência – de cada pessoa infectada.

Então, como isso é muito complicado e se deve a vários fatores, ofereço mais os seguintes cortes amostrais nas mortes de gasparenses, todas extraídas dos próprios relatórios da prefeitura de Gaspar.

No dia 15 de setembro (33), 15 de outubro (35) ou seja em um mês apenas duas mortes a mais; dia 29 de outubro (39), ou seja, mais quatro em 15 dias; dia 15 de novembro, o da eleição e semana final dos “comícios” disfarçados, “comício drive thru” (foto), encontros em bares, casas, canchas de bochas, campos de peladas, templos, carreatas e intensificação das visitas (41). Em dois meses, apenas oito mortes por Covid-19 em Gaspar.

Atenção. E foi a partir de então que os números oficiais dispararam (e se esconderam ao mesmo tempo nas manchetes e indignações).

Quinze dias depois, no dia primeiro de dezembro eram 15 mortes a mais (56). E desde o dia 31 de dezembro somos 71. Se tornou uma “rotina”. Insensibilidade. Desapareceram as manchetes, apesar dos números estarem todos disponíveis para as autoridades e à imprensa. Inacreditável!

Estranhamente, foi a partir da segunda quinzena de dezembro que quase “sumiu” do nosso noticiário local, o número de mortos por Covid-19. E exatamente quando ele mais cresceu. Virou um dado lateral, até que passei a comentar este assunto neste blog diante de tanta falta de transparência em tema tão relevante para a comunidade.

Os políticos sabem que eles têm culpa neste cartório e nesses registros. Se não os têm, por que escondem até dos textos oficiais? E nada vai mudar. A secretaria de Saúde será tocada outra vez por curiosos, protegidos pelos guardiões, “çabios” e os pitbulls de Kleber (Edson Wan Dall, MDB).

E a área de comunicação da prefeitura já estará em outra wibe, preocupada com a campanha eleitoral de 2022. Acorda, Gaspar!

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